Com medo de desgaste, Senado pode adiar votação sobre Aécio
Petista Humberto Costa defende que a Casa espere a decisão do STF
Arrefeceu no Senado, nesta terça-feira, o clima de guerra que havia
ontem para confrontar o Supremo Tribunal Federal (STF) e derrubar, em votação
no plenário, a decisão da Primeira Turma da Corte de afastar o senador Aécio
Neves (PSDB-MG) do mandato e determinar o seu recolhimento domiciliar
noturno.
Diante do
desgaste da opinião pública, que enxerga na disposição do Senado uma posição
corporativista para salvar Aécio — e não uma defesa da instituição —, líderes
defendem que se espere uma semana até a decisão definitiva do Supremo sobre a
necessidade de medidas cautelares impostas a parlamentares terem de ser
avalizadas por suas casas respectivas. [lembrando que a maioria dos líderes que agora querem que o Senado se curve à decisão de três ministros do STM - que em onze representa menos de 1/3 - são os mesmos que assinaram o requerimento de urgência para a reunião de hoje e que agora querem adiar.
Explicação: estão aceitando sugestões de um senador petista.]
Outra
coisa que pesa, é o fato de o ministro Edson Fachin poder deliberar ainda hoje
ou nos próximos dias sobre ações de Aécio e do PSDB para
suspender efeitos da decisão da Primeira Turma até o STF terminar
outro julgamento, marcado para a semana que vem. A ação do PSDB é mais simples:
pede pura e simplesmente a suspensão da decisão da Primeira Turma. Se a Corte
aceitar os novos pedidos, pode não haver necessidade de votar o caso no Senado.
O PT, que
foi muito criticado por divulgar nota de apoio à votação para derrubar a
decisão da Primeira Turma, vai defender, na reunião do colégio de líderes
marcada para a tarde de hoje, que se adie e se espere o Supremo. Se o colégio
de líderes decidir votar o caso hoje mesmo, a sessão está prevista para começar
às 16h. O presidente do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), busca uma
solução negociada, mas está muito pressionado para votar logo. — Espero
que não aconteça hoje. Na reunião de líderes vamos defender que se espere o
Supremo, que vai dar uma decisão definitiva sobre o caso. E não podemos acirrar
uma crise institucional em que ninguém ganha. O STF marcou uma data para votar
a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) e isso foi um gesto para
distensionar. Vamos esperar — disse o líder da oposição, Humberto Costa
(PT-PE), após reunião da bancada do partido.
— Meu
feeling hoje é que o clima mudou de ontem para hoje. O Aécio e o PSDB
impetraram as ações e isso mudou o humor, vai ser decidido lá no Supremo —
disse um dos líderes de partido que ontem defendiam a votação ser hoje como
forma de a Casa dar uma resposta.
Segundo
avaliação de interlocutores desses líderes, o contato com a base no fim de
semana ajudou a "cair a ficha" de que a votação seria vista como um
socorro a Aécio, que está com a imagem muito desgastada. O entendimento, então,
é que seria melhor deixar o Supremo decidir a questão. A
tendência no PT, que entrou com representação pedindo a cassação de Aécio no
Conselho de Ética, é que se o PSDB e outros partidos insistirem em votar hoje,
muda de posição da semana passada e vota a favor de manter a decisão do
Supremo.
Fonte: O Globo
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