Aliados de Jair Bolsonaro avaliam que, eleito, o presidenciável do
PSL terá atritos incontornáveis com o Supremo Tribunal Federal. Estimam
que a primeira fricção ocorrerá no início de 2019, quando o presidente
da Corte, Dias Toffili, pautar o julgamento das ações sobre a prisão de
condenados na segunda instância. O pano de fundo do debate é o
encarceramento de Lula.
O líder máximo do PT está na cadeia desde 7
de abril porque o Supremo negou-lhe um habeas corpus por 6 votos a 5.
Graças a um decisivo voto da ministra Rosa Weber, prevaleceu a
jurisprudência que tornou válida a prisão de condenados em segunda
instância. No último domingo, Bolsonaro declarou que, se depender de sua
hipotética Presidência, Lula ''vai apodrecer na cadeia''.
Para
modificar a regra sobre prisão, o caminho jurídico não é o pedido
individual de liberdade, mas a ação declaratória de constitucionalidade
(ADC). Há duas no Supremo, uma do PCdoB e outra da OAB. Relator, o
ministro Marco Aurélio Mello pediu, em dezembro do ano passado, que
fossem incluídas na pauta. Mas sua colega Cármen Lúcia manteve a gaveta
fechada.
Substituto de Cármen Lúcia na presidência do Supremo,
Dias Toffoli já avisou que abrirá a gaveta no ano que vem. A defesa de
Lula acredita que a polêmica será pacificada, pois o Supremo julgará
dessa vez as ações que questionam a prisão em segunda instância em
termos abstratos, não no caso concreto do prisioneiro de Curitiba. Os
advogados imaginam que o voto de Rosa Weber será diferente. Alega-se
que, ao negar o habeas corpus a Lula, a ministra ressalvou sua posição
conceitual contrária à antecipação da prisão. Esclareceu que negou o
pedido de Lula em respeito à decisão colegiada do Supremo, que havia
alterado sua jurisprudência sobre a matéria em 2016.
Se os
advogados estiverem certos, voltará a vigorar a regra que permite aos
condenados recorrer em liberdade até os tribunais superiores de
Brasília. Nessa hipótese, Lula ganharia o meio-fio. Se estiver na
Presidência da República, Bolsonaro, que já sinalizou a intenção de
promover Sergio Moro de juiz da Lava Jato a ministro do STF, não ficará
em silêncio, preveem seus aliados.
Pesquisa do Datafolha
divulgada em 2 de outubro revelou que a maioria dos eleitores (51%)
acredita que Lula, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, deve
continuar preso. Outros 8% defendem sua transferência para a prisão
domiciliar. Quer dizer: elegendo-se, Bolsonaro confrontará o Supremo
escorando-se no pedaço da opinião pública que o chama de ''mito''.
Blog do Josias de Souza
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