'Ela é feia mesmo', diz Guedes sobre mulher de presidente da França
Declaração do ministro da Economia foi dada em evento nesta quinta-feira (5) em Fortaleza
Paulo Guedes diz que Brigitte Macron 'é feia mesmo'
Na semana passada, o presidente francês criticou as queimadas na
Floresta Amazônica. Em uma rede social de Bolsonaro, um seguidor
publicou uma montagem de fotos dos dois casais, com a legenda: “Agora entende por que Macron persegue Bolsonaro?” O presidente
brasileiro respondeu: “Não humilha cara. Kkkkkkk.” No dia seguinte,
Bolsonaro afirmou não ter endossado nada, tendo apenas pedido para o
internauta “não falar besteira”. Depois do evento, perguntado por repórteres sobre sua declaração, Guedes
disse ter falado em tom de brincadeira. E ressaltou que Macron havia
chegado a falar em internacionalização da Amazônia.
No início da noite, o Ministério da Economia divulgou nota com um pedido
de desculpas. “O ministro Paulo Guedes pede desculpas pela brincadeira
feita em evento público em Fortaleza. A
intenção do ministro foi ilustrar que questões relevantes e urgentes
para o país não têm o espaço que deveriam no debate público. Não houve
qualquer intenção de proferir ofensas pessoais.” “A intenção foi ilustrar que questões relevantes e urgentes para o país
não têm o espaço que deveriam. Não houve qualquer intenção de proferir
ofensas pessoais”
Para a economista Elena Landau, que atuou nas privatizações no governo Fernando Henrique Cardoso, Guedes “deu um tiro no pé”: —Ele levantou o assunto de uma maneira totalmente deselegante. Deveria
fazer o contrário, não tocar no assunto. É absolutamente inadequado. Não
é questão de feminismo, é educação, postura, liturgia do cargo.
Elena disse ainda que a declaração de Guedes demonstra que as pessoas
estão perdendo a crença no avanço das reformas. Segundo ela, foram
anunciadas mudanças na política de óleo e gás, mas até agora não foi
divulgada a legislação a respeito, entre outras medidas. —É muito ruído, e muito varejo. Por isso as pessoas sentem que as
reformas não estão andando, são muitas promessas, mas nada acontecendo
—disse Elena.
Para Lourdes Casanova, professora da Universidade Cornell, nos Estados
Unidos, e autora do livro “Global Latinas”, sobre múltis brasileiras, a
maior preocupação de Guedes hoje deveria ser a volta do crescimento: —A economia brasileira precisa crescer. Essa deveria ser a principal
ocupação de seus políticos, em vez de insultar as mulheres sem perceber
que, no processo, quem perde são eles mesmos.
A cientista Márcia Barbosa, diretora do Instituto de Física da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e ganhadora do prêmio
L’Oréal/Unesco de Mulheres na Ciência, vê com preocupação a ida de
jovens pesquisadoras brasileiras para o exterior por causa da falta de
recursos e do ambiente de intranquilidade gerado por declarações com
repercussões negativas à imagem do Brasil. —A cada declaração dessas, mais uma mulher fica desestimulada a procurar
emprego, ser uma profissional de destaque neste país, que tanto precisa
de estímulos para voltar a crescer. Surpreende uma declaração dessas
vinda de um economista. Diversidade dá dinheiro —disse Márcia.
Folha de S.Paulo - por e-mail
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