Blog do Josias
No
Legislativo de um país como o Brasil, civilização é tudo o que sobra para ser
desenterrado dez mil anos depois. Num futuro remoto, quando os arqueólogos
desencavarem as antiguidades de Brasília, encontrarão escondida nos
subterrâneos do Congresso uma escola de cinismo, perfídias e malandragens.
Ficará finalmente esclarecido por que o bolso do brasileiro amanhecia violado
sempre que os parlamentares davam expediente noturno.
A
propósito, segure a carteira. Os deputados fizeram serão na noite desta terça-feira.
Aprovaram um projeto que permite, entre outras barbaridades, o uso de verbas do
fundo partidário —dinheiro seu, meu, nosso— no pagamento de advogados para
políticos encrencados com a lei. Repetindo: o partido vai filiar o picareta,
ele mesmo patrocinará a corrupção, ele mesmo fornecerá o advogado. Nesse ciclo
de autossuficiência, você entrará com o bolso.
O
texto-base do projeto passou com relativa facilidade: 263 votos 144. Quer saber
como seu representante votou? A íntegra da lista de votação está disponívelaqui. Nesta quarta-feira, os deputados analisarão as emendas que sugerem
modificações pontuais no projeto. No essencial, há no texto uma cota de
desfaçatez que deve ser preservada. Inclui do afrouxamento de regras eleitorais
à suavização de penalidades.
Inclui
também a recriação da famigerada propaganda partidária semestral, fora da
temporada de campanha —uma boçalidade que havia sido extinta para evitar o
desperdício de verbas. Faltou definir o valor do fundo eleitoral que irá bancar
as eleições municipais do ano que vem. Os desejos oscilam entre R$ 2,5 bilhões
e R$ 3,7 bilhões. Esse bote sobre sua carteira será efetuado mais adiante, na
hora em que for votado o Orçamento Geral da União para 2020. Os congressistas não
perdem por esperar. Ganham.
Blog do Josias de Souza
LEIA TAMBÉM: Bolsonarose acha exemplo, falta informar de quê
[um 'pequeno' comentário sobre o post acima linkado - o uso de um helicóptero da FAB para transformar familiares do presidente Bolsonaro do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, para a Zona Oeste da mesma cidade não representa nenhuma ilegalidade.
O deslocamento por via terrestre implicaria em passar próximo a vários 'complexos de favelas' com alto risco para os transportados.
A legislação brasileira autoriza, em situações excepcionais, que familiares de autoridades recebam segurança do governo brasileiro.
Exemplo: o ministro Fachin, mora e trabalha no DF, mas tem um pequeno contingente de agentes em Curitiba - PR, - no momento, não posso precisar se só da PF ou só da segurança do STF - salvo equívoco são agentes das duas corporações.
Moram familiares do ministro na capital paranaense, sofreram ameaças, e passaram a receber proteção.
Os filhos do presidente da República - a maior autoridade da República Federativa do Brasil - por óbvio, até mesmo uma questão de isonomia, fazer jus a segurança necessária.]
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