Renato Onofre, Camila Turtelli e Daniel Weterman
Já Davi Alcolumbre, presidente do Senado, divulgou nota em que chama fala de "absurdo" e uma "inadmissível afronta à Constituição"
Além dos presidentes das duas casas legislativas, partidos políticos
também criticaram as falas e pediram punição para o filho do presidente
Jair Bolsonaro.
[o que torna as reclamações dos políticos incabiveis, desrespeitosas à inteligência dos cidadãos, é que eles focalizam apenas um aspecto da questão.
O deputado Bolsonaro quando foi questionado sobre a situação do Chile, incluiu em sua resposta a menção de que se a situação interna do Brasil apresentasse um quadro de sequestro de aviões, assaltos a bancos com motivação política e outras práticas resultantes da radicalização da esquerda, se tornaria necessário adotar medidas para reverter tal quadro.
De forma democrática, Eduardo Bolsonaro citou várias possibilidades incluindo, sem limitar, mudanças via plebiscito (destacando que a Itália, país democrata, se valeu de tal opção) e outras medidas, incluindo entre elas a edição de medidas nos moldes do AI-5.
Em nenhum momento, o deputado ameaçou fechar instituições, golpe ou algo do gênero.
Apenas apresentou a necessidade de medidas e, por óbvio, ficou implícito que ações seriam realizadas conforme tais medidas.Onde está à apologia ao crime? ou sugestão de desrespeito a algum dos Poderes da República?
Em suma: a repórter fez uma pergunta, o deputado respondeu e agora um número variados de pessoas que presidem instituições, organizações e outras coisas do gênero, simplesmente, manifestaram de forma clara que são favoráveis a sequestro de aviões, assaltos a banco com motivação política e outros malfeitos do tipo - afinal, foram veementes em condenar medidas que poderiam conter as desordens, atentados e outros crimes.]
Maia disse que as declarações do filho do presidente de um “novo AI-5”
se a esquerda radicalizar são “repugnantes” e “têm de ser repelidas como
toda a indignação possível pelas instituições brasileiras”. “Manifestações como a do senhor Eduardo Bolsonaro são repugnantes, do
ponto de vista democrático, e têm de ser repelidas como toda a
indignação possível pelas instituições brasileiras. A apologia reiterada
a instrumentos da ditadura é passível de punição pelas ferramentas que
detêm as instituições democráticas brasileiras. Ninguém está imune a
isso. O Brasil jamais regressará aos anos de chumbo”, diz Maia em nota
divulgada nesta quinta-feira, 31.
De acordo com o presidente da Câmara, uma “nação só é forte quando suas
instituições são fortes”. “O Brasil é um Estado Democrático de Direito e
retornou à normalidade institucional desde 15 de março de 1985, quando a
ditadura militar foi encerrada com a posse de um governo civil”, disse.
Maia lembrou que Eduardo Bolsonaro “jurou respeitar a Constituição de
1988”. “Foi essa Constituição, a mais longeva Carta Magna brasileira,
que fez o país reencontrar sua normalidade institucional e democrática. A
Carta de 88 abomina, criminaliza e tem instrumentos para punir
quaisquer grupos ou cidadãos que atentem contra seus princípios - e atos
institucionais atentam contra os princípios e os fundamentos de nossa
Constituição”.
Davi Alcolumbre, que assinou a nota lembrando que é presidente do
Congresso Nacional, divulgou nota afirmando que "é lamentável que um
agente político, eleito com o voto popular, instrumento fundamental do
Estado democrático de Direito, possa insinuar contra a ferramenta que
lhe outorgou o próprio mandato". "Mais do que isso: é um absurdo ver um
agente político, fruto do sistema democrático, fazer qualquer tipo de
incitação antidemocrática. E é inadmissível esse afronta à
Constituição", afirmou.
Eduardo Bolsonaro deu a declaração em entrevista à jornalista Leda Nagle
ao ser questionado sobre a participação do Foro de São Paulo nas
manifestações de rua que ocorrem atualmente no Chile. "Se a esquerda
radicalizar a esse ponto, vamos precisar dar uma resposta. E essa
resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada
via plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser
dada", afirmou Eduardo.
O Ato Institucional nº 5 foi o mais duro instituído pela ditadura
militar, em 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao
presidente da República o direito de cassar mandatos de parlamentares,
intervir nos municípios e Estados. Também suspendeu quaisquer garantias
constitucionais, como o direito a habeas corpus. A partir da medida, a
repressão do regime militar recrudesceu. O filho "03" do presidente Jair Bolsonaro já havia afirmado em discurso
no plenário da Câmara, na última terça-feira, 29, que a polícia deveria
ser acionada em caso de protestos semelhantes e o País poderia ver a
"história se repetir". Na ocasião, ele não disse a que período se
referia. Partidos da oposição, como PT e PSOL, pretendem entrar com representação
contra Eduardo, que é líder do PSL, no Conselho de Ética da Câmara e no
Supremo Tribunal Federal.
O Estado de S. Paulo - Política
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