O
Supremo Tribunal Federal resolveu declarar guerra ao governo federal.
Grande novidade. Ele está guerreando contra o governo há anos, na cara
de todo mundo – e não só contra o governo atual. Felizmente agora
resolveu rasgar a fantasia e confessar que quer a ruptura. Melhor assim.
Chega de dissimulação.
As eleições de 2022 estão sob suspeita
porque todas as perícias – da Comissão de Constituição e Justiça à
Polícia Federal – comprovaram a vulnerabilidade do sistema. Mas o
presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso,
vocalizando a posição política – repetindo: política – do STF desinforma
reiteradamente sobre a segurança das urnas eletrônicas no sistema
atual, afirmando tanto que não há vulnerabilidade, quanto que o processo
é passível de auditagem.
Subsidiado por relatórios técnicos que
não foram refutados por ninguém – com exceção da gritaria dos
negacionistas – o presidente da República passou a defender o
aprimoramento do sistema de votação e aferição dos votos. Isto levou o
STF e o TSE a uma guerra aberta contra essa proposta – porque, como se
sabe, o nome do jogo é investir tudo no antibolsonarismo religioso, que
dá muita manchete e espaço na TV. Eles acham que isso é poder. A
história dirá se é mesmo.
Até simpatizante petista protagonizou
campanha institucional do TSE – Barroso escolhe bem os símbolos da
isenção – para dizer que a urna eletrônica atual é segura. O próprio
presidente do TSE passou a discursar dia sim outro também afirmando que o
sistema é inviolável. Aí apareceu o que não podia aparecer de jeito
nenhum: relatório da Polícia Federal mostrando que o sistema eleitoral
foi invadido e violado em 2018.[invasão que foi confirmada em Nota Oficial do TSE, onde reconhece o acesso indevido.]
Pelo menos um invasor passou mais
de seis meses dentro do sistema, a partir da captura de códigos fonte.
Que tipo de fraude ele preparou lá (e outros que eventualmente tenham
seguido o mesmo caminho) ninguém saberá porque o TSE apagou os arquivos
que continham todos os registros do sistema nas eleições de 2018.
O
presidente da República criticou a falsidade do ministro Barroso ao
negar uma violação já constatada e reconhecida pelo próprio TSE. Aí veio
a resposta ao feitio dos supremos companheiros: o TSE denunciou
Bolsonaro por “fake news” e, surpresa, Alexandre de Moraes aceitou a
denúncia enquadrando o presidente no famigerado inquérito do fim do
mundo. Ainda bem que eles agora não precisam mais fingir que isso não é
politicagem – viva a sinceridade.
O problema do STF não é com Bolsonaro. A corte
esteve no centro do cerco ao governo Temer. Foi o palco da homologação
em tempo recorde (Fachin) daquela delação arranjada de Joesley Batista –
instruído pelo ex-braço direito do então procurador-geral Rodrigo
Janot, que estava no front da armação com declarações tipo “enquanto
houver bambu, lá vai flecha”. A delação acabou suspensa e Joesley preso,
mas a mesma imprensa que trata hoje o STF como vítima do fascismo
imaginário apoiou ostensivamente, por mais de ano, a tentativa de virada
de mesa contra Michel Temer.
Até que enfim o STF admite que quer
a ruptura. Antes tarde do que nunca. Como você já entendeu pelo exposto
acima, ele aposta nela há bastante tempo. E você tem todo o direito de
querer acreditar em eleições seguras com um árbitro desses. Mas
tem um país inteiro saindo às ruas para dizer que sem auditagem do voto
não vai dar. Essa imprensa que já conspirou contra dois presidentes
finge que não vê o país nas ruas. E o clube dos ricos que manda nos
altos burocratas do lobby (aqueles que envenenaram a comissão do voto
auditável) finge que acredita na imprensa cega. Escolha a sua
posição na foto. Se estiver com preguiça de afirmar a democracia,
certamente terá um lugar quentinho na elite intelequitual que resolveu
fingir que voto auditável é uma espécie de terraplanismo. Com tanto
cínico saindo do armário cheio de charme você não há de ficar
constrangido.
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