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sábado, 17 de setembro de 2022

O misterioso caso de um certo sítio na Serra do Itapetinga - Percival Puggina

O rapaz, de nome Fernando, acalentava o sonho de possuir um sítio na aprazível Serra do Itapetinga para ali reunir amigos e familiares em momentos de convívio. Como não dispusesse dos meios necessários, juntou-os entre pessoas de suas relações e adquiriu, após muita busca, no município de Atibaia, uma propriedade com as características almejadas.

Vencida essa etapa, cuidou, então, de dar jeito nas benfeitorias existentes. Tanto a moradia quanto as demais construções e áreas de lazer precisavam de reformas que seriam custosas. Mas nenhuma dificuldade ou restrição financeira afastava o proprietário de seu objetivo. Fernando, como se verá, era robustecido pela têmpera dos vencedores. 
Se havia obra a ser feita no seu sítio, nada melhor do que confiá-la à maior empreiteira do Brasil.
 
Marcelo Odebrecht, requisitado, deslocou gente de suas hidrelétricas, portos e plataformas de petróleo, subiu a serra e assumiu a encrenca: casa, alojamento, garagem, adega, piscina, laguinho, campinho de futebol. Tudo coisa grande, já se vê. 
Vencida essa etapa, o ambicioso proprietário se deu conta de que as instalações da velha cozinha remanescente não eram compatíveis com os festejos que ansiava por proporcionar aos seus convidados. 
Para manter o elevado padrão, Fernando não deixou por menos. Deu uma folga à primeira e convocou a segunda maior empreiteira do Brasil, a OAS. E o pessoal de Leo Pinheiro para lá se tocou, prontamente, a cuidar da sofisticada engenharia culinária do importantíssimo sítio. Afinal, uma obra desse porte não aparece todo dia.
 
Opa! Problemas de telefonia. Como habitar e receber amigos em local com tão precárias comunicações?  
Inconveniente, sim, mas de fácil solução. Afinal, todos nós somos conhecedores da cuidadosa atenção que a OI dispensa a seus clientes. Certo? Bastou comunicar-lhe o problema e uma nova torre alteou-se, bem ali, no meio da serra.
 
Concluídas as empreitadas, chaves na mão, a surpresa! Quem surge, de mala e cuia como dizemos cá no Sul, para se instalar no sítio do Fernando? Recém-egressa da Granja do Torto, a família Lula da Silva veio e tomou conta. Veio com tudo. Com adega, santinha de devoção, estoque de DVD, fotos de família e promoveu a invasão dos sonhos de qualquer militante do MST.  
Lula e os seus se instalaram para ficar e permaneceram durante cinco anos, até o caso chegar ao conhecimento público. 
Quando a Polícia Federal fez a perícia no local não encontrou um palito de fósforos que pudesse ser atribuído ao desafortunado Fernando. 
Do pedalinho ao xarope para tosse, era tudo Lula da Silva.

Eu não acredito que você acredite nessa história. Aliás, contada, a PF não acreditou, o MPF não acreditou e eu duvido que algum juiz a leve a sério. Mas há quem creia, talvez para não admitir que, por inconfessáveis motivos, concede a Lula permissão para condutas que reprovaria em qualquer outro ser humano.

Nota: Este artigo reproduz, por oportuno, artigo anterior, publicado em 30 de novembro de 2019.     

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Bolsonaro tem visão: "Tá chegando a hora" - O Globo

Por Ruth de Aquino



O cerco se fecha aos poucos

O presidente receberá o troféu Homem de Visão em 2020, por sua declaração. “Tá chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar”, disse Bolsonaro. Na manhã seguinte, Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho Flávio Bolsonaro, foi levado a seu devido lugar. A prisão. Ficou escondido um ano em Atibaia, SP, na casa do advogado da família Bolsonaro, Wassef, o “Anjo”. Vizinha a uma casa que consta nos bens de Jair Bolsonaro

Esses vizinhos do presidente...que azar. No condomínio da Barra, o vizinho incômodo era o sargento PM Ronnie Lessa, preso pelo assassinato da vereadora Marielle Franco. Agora, é o Queiroz, amigo e motorista de Flávio na Alerj, com tanta história para contar sobre a rachadinha, esquema de fraude e desvio de salários. A prisão dele e de extremistas, a quebra de sigilo de parlamentares incendiários, tudo isso aguçou a visão de Bolsonaro.

Está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar. Aos pouquinhos, com figuras periféricas. Comendo o mingau quente pelas beiradas. Pertence a essas bordas Sara Mini, ah desculpe, Giromini, que fez tudo para ser presa. Punho erguido ou tocha nas mãos, ela grita “somos a sua base, presidente” e ameaça infernizar a vida de Alexandre de Moraes, do STF, relator do inquérito das fake news. Sim, aquiesce Bolsonaro, grato. Vocês são a minha base. Que vizinhos e que base. “Não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca. Fique tranquilo”. Claro, presidente, estamos todos tranquilos na barraca e o mundo inteiro cita o Brasil como um exemplo no combate à pandemia... [Não esqueçam: o Brasil foi o primeiro, talvez único, a judicializar o combate à pandemia - o resultado foi que 27 governadores e 5.000 prefeitos substituíram o governo federal, cada um fazendo de um jeito. 
 Com isto o Brasil se tornou um exemplo para o mundo de que pulverizar as ações de combate à covid-19, causa bem mais prejuízos - contaminações e mortes - do que centralizar o combate.]   “Acertar o rumo da prosperidade” significa tirar dois médicos do ministério da Saúde, menosprezar quase 50 mil mortos e nomear para a pasta mais um general. Cloroquina acima de todos. Bolsonaro tem visão. O essencial agora é um ministro das Comunicações. 

Essencial. Porque a comunicação de Bolsonaro anda estranha. Quanto mais ele se comunica, menos o Toffoli, o Maia e as torcidas do Corinthians e do Palmeiras acreditam que seja um democrata e que respeite as instituições. [lembrando o óbvio: ministério das Comunicações tem como função cuidar da infraestrutura de comunicações e das empresas ligadas às telecomunicações - TV, Rádio, telefonia, internet, etc.
Vale também lembrar que as coisas funcionavam melhor no Brasil quando as telecomunicações eram atribuições de dois ministérios:
- Comunicações; e,
- Justiça.] 
Mas Fábio Faria, marido da Patrícia Abravanel e genro do Silvio Santos, agora ministro, vai dar um jeito nisso. Não está tenso. Patrícia já disse num programa de TV que não deixa o marido sem sexo, senão ele vai procurar fora de casa. Lembre em meu texto “A Bíblia e o sexo”De tanto esticar a corda, o presidente percebe finalmente que, numa democracia, há limites – e que o teatro autoritário tem consequências. Não dá para condecorar ministro que chama juiz do Supremo de vagabundo. Não dá para estimular gangues a invadir hospitais. Não dá para dizer que “o povo armado nunca vai ser escravizado”. Não dá para apoiar tortura e censura. [A Igreja Católica Apostólica Romana decreta que pecados são cometidos por pensamento, palavras, atos e omissões.
A Lei brasileira e de muitos países democratas considera crimes - os pecados na ótica  penal humana -  atos e algumas vezes,  a depender das circunstâncias, as omissões.
Mas, pensar, desejar não são crimes - uma exceção foi no caso de Weintraub que ao expressar seus desejos, ofendeu os alvos e incorreu em outros crimes.
Caso do Weintraub e quanto ao presidente Bolsonaro apenas não se expressou uma opinião de forma clara, dando margem a interpretação mais radical e conveniente aos interesses dos seus inimigos.]

Bolsonaro tem visão. E o que vê não o agrada. O Brasil decidiu buscar quem financia atos pela intervenção militar. E prender a arraia-miúda, disfarçada de apoiadores, assessores. “Quem recebe dinheiro para disseminar o ódio não é militante. Primeiro, é mercenário. (...) Depois, criminoso”, disse o ministro Barroso do STF. “O jogo é bruto”, lamentou o senador Flávio Bolsonaro, que agiu nove vezes para barrar investigações contra ele. Flávio é amigo pessoal dos dois deputados que quebraram em 2018, aos risos e palavrões, a placa de rua com o nome de Marielle. Apoiou ambos. [O deputado apenas apoiou dois cidadãos que destruíram produto de um crime - não podemos esquecer que não se sai dando nomes a logradouros públicos, tem que haver uma lei da prefeitura municipal - ainda que entendamos que a pessoa mereça a homenagem.
A placa pirata, clandestina, deveria ser destruída e os responsáveis pela sua confecção e aposição punidos na forma da lei.
Quanto a suposta exaltação ao AI-5, qual a norma legal que proíbe valorizar  uma lei que salvou o Brasil de ser uma Cuba, uma Venezuela?]  Parece gostar de jogo bruto. 
Ai ai ai ai. Tá chegando a hora. O dia já vem raiando. Eu tenho que ir embora. Em cima da lareira do esconderijo de Queiroz, uma placa exaltava o AI-5. É, tá chegando a hora de colocar tudo no seu devido lugar. 


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Mais 12 anos de cadeia

Lula da Silva não desiste. Condenado pela segunda vez por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente continua a se dizer vítima de “perseguição política”

Lula da Silva não desiste. Condenado pela segunda vez por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente da República continua a se dizer vítima de “perseguição política”. Com isso, quer fazer crer que todos os magistrados que decidiram contra ele – na 13.ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal – estão mancomunados, junto com “a imprensa, o mercado e os poderosos do Brasil e de fora”, para “apagar a lembrança” de Lula da “memória do povo pobre e trabalhador do Brasil”, conforme diz uma nota oficial do PT, que ele continua controlando. 

No texto, o partido diz que Lula é alvo de “uma vingança política sem precedentes na história do Brasil”. Afirma que a primeira condenação que sofreu, no caso relativo ao triplex no Guarujá, se prestou a “impedir que Lula voltasse a ser eleito presidente da República pela vontade do povo”. Com a nova condenação, afirma a nota lulopetista, o Judiciário tenta “influenciar a opinião pública internacional” justamente “no momento em que Lula é indicado ao Prêmio Nobel da Paz por mais de meio milhão de apoiadores” referência a uma campanha inventada pelo partido para tentar tirar o chefão petista do limbo político e midiático em que ele se encontra, como presidiário em Curitiba. 

Lula e seus devotos querem fazer crer que o País vive ares carregados semelhantes aos da ditadura militar e recorrem à retórica embolorada da “perseguição política” porque, ao fim e ao cabo, não têm como se defender ante as provas reunidas nos processos em que o ex-presidente foi condenado. Ademais, afirmar que Lula é um “preso político” é uma afronta aos que padeceram nos porões do regime de exceção e uma ofensa aos que efetivamente lutaram pelo restabelecimento do Estado de Direito – o mesmo Estado de Direito que garantiu ao ex-presidente ampla defesa e amplas possibilidades de recurso. Com o discurso da “perseguição política”, o PT tenta escamotear o fato de que Lula da Silva, que se tem em altíssima conta – na nota, o partido o qualifica simplesmente de “o maior presidente da história do País” –, é hoje apenas um corrupto condenado e preso. 

E as contas que o ex-presidente tem a acertar com a Justiça, no âmbito da Lava Jato, não param de aumentar. Depois de ter sido condenado a 12 anos e 1 mês de prisão no caso do triplex – pena que ele cumpre desde 7 de abril de 2018 –, Lula da Silva foi sentenciado a 12 anos e 11 meses de cadeia por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, na ação que investigou a reforma no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP). Lula ainda responde a uma terceira ação, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro em caso que envolve propina para a compra de um terreno que abrigaria o Instituto Lula, em São Paulo. 

Na sentença relativa ao sítio de Atibaia, a juíza Gabriela Hardt, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, explicitou o vínculo de Lula com o esquema de corrupção na Petrobrás, do qual foi beneficiário na forma de mimos de empreiteiras – como a reforma do sítio – pagos como retribuição pelos contratos com a estatal. A juíza cita um depoimento do empreiteiro Emílio Odebrecht em que ele diz que “a reforma seria uma retribuição do Grupo Odebrecht pela atuação dele (Lula) ‘em prol da organização’, com referência expressa em seguida à atuação dele (Lula) em favor da Odebrecht no setor petroquímico, Braskem, e na Petrobrás”. 

A sentença afirma que “Luiz Inácio Lula da Silva tinha pleno conhecimento de que a empresa Odebrecht era uma das partícipes do grande esquema ilícito que culminou no direcionamento, superfaturamento e pagamento de propinas em grandes obras licitadas em seu governo, em especial na Petrobrás” e “contribuiu diretamente para a manutenção do esquema criminoso”. Logo, diz a juíza, Lula sabia muito bem que o dinheiro que bancou seu bem-estar em Atibaia só podia ser fruto da roubalheira.
Diante desse monumento à corrupção chamado petrolão, uma reforma modesta num sítio em Atibaia pode soar apenas pitoresco – mas serve para simbolizar a pequenez moral dos envolvidos.

Opinião - O Estado de S. Paulo


 

 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O 24 de janeiro de Lula

Só quando o dia terminar é que se saberá o resultado do julgamento de Lula no TRF-4. 3x0? 2x1? Passarão alguns meses para que se chegue ao desfecho de todos os recursos que a lei permite e aí fica embutida outra pergunta: o retrato de Lula estará na urna eletrônica no dia 7 de outubro? 

Nesta quarta (24) fecha-se um ciclo da vida política brasileira, o da ideia de um partido de trabalhadores, que resultou na criação do PT. Fecha-se um ciclo e começa outro, pois nem Lula nem o PT acabarão. Exatamente no dia 24 de janeiro de 1979, no colégio Salesiano da cidade paulista de Lins, um congresso de metalúrgicos aprovou uma tese "chamando todos os trabalhadores brasileiros a se unificarem na construção de seu partido, o Partido dos Trabalhadores". Criou-se uma comissão para cuidar do assunto e nela estava Jacó Bittar, do sindicato dos petroleiros de Paulínia. 

Lula, a estrela desse renascimento do sindicalismo, explicou a essência da iniciativa: "Pouca gente está mais preparada que a classe trabalhadora para assumir uma responsabilidade política deste nível. Não podemos ficar esperando a democracia das elites. Os trabalhadores não devem confundir o Partido dos Trabalhadores com o PTB, MDB ou Arena." (A Arena era o partido do regime agonizante, virou PDS, PFL e, mais tarde, DEM.) 

No poder, o Partido dos Trabalhadores foi o partido de alguns trabalhadores. A primeira proposta do Congresso de Lins era a "total desvinculação dos órgãos sindicais do aparelho estatal, ponto fundamental para o desenvolvimento da vida sindical". O imposto sindical, que sustenta cartórios de patrões e empregados, foi preservado nos 14 anos de poder petista. Extinguiu-o a reforma trabalhista de Michel Temer. 

Do grupo de Lins, Jacó Bittar, o "Turcão", elegeu-se prefeito de Campinas em 1988 e dois anos depois deixou o PT. Foi condenado em duas instâncias por atos de improbidade administrativa. Depois da vitória petista em 2002, Lula colocou Bittar no conselho do fundo de pensão da Petrobras. Dois anos depois, ele ganhou uma "Bolsa Ditadura" de R$ 7.000 mensais por conta de sua demissão da Petrobras. Seus dois filhos, Fernando e Kalil, associaram-se a Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, em empresas de entretenimento e tecnologia digital mimadas com contratos de operadoras de telefonia. Nelas, Lulinha teve um rendimento de R$ 5,2 milhões entre 2004 e 2014.

Fernando Bittar é um dos donos da propriedade onde está o sítio Santa Bárbara, em Atibaia., a Odebrecht gastou R$ 700 mil em obras, e a OAS pagou a cozinha.Nos armários de uma das quatro suítes da casa havia roupas com as iniciais de Lula. Isso e mais uma agenda com seu nome achada numa sala. Veículos a serviço de Lula estiveram no sítio 270 vezes. Entre 2012 e 2016 sete servidores que trabalham com ele receberam 1.090 diárias por terem ido a Atibaia. Cerca de 50 e-mails de funcionários do sítio e do Instituto Lula relacionam o ex-presidente com a propriedade. Num deles, cuidava-se de identificar o bicho que comera os marrecos do lago. Teria sido uma jaguatirica. 

Lula assegura que a propriedade não é dele. Esse sítio nada tem a ver com o apartamento de Guarujá que, segundo Lula, também não é dele. O processo de Atibaia ainda está com o juiz Sergio Moro.    Há dois anos ladrões entraram no sítio, levando vinhos e charutos. Foram presos dois suspeitos, mas a queixa foi retirada. 

Elio Gaspari, Folha de S. Paulo

domingo, 10 de julho de 2016

O ziriguidum da corrupção

Bateu na cadência do samba o mais novo e espetaculoso desvio de dinheiro público levado adiante pela comissão de frente dos saqueadores do Petrolão. Também pudera! 

Em se tratando de roubo petista na esfera estatal o esquema virou um verdadeiro carnaval. Quem é o mestre-sala da vez? Olha o Paulo Ferreira aí, gente! Sim, mais um tesoureiro do PT como passou a ser rotina – meteu a mão na cumbuca dos recursos do Estado e financiou, para estupor geral (se é que ainda é possível se chocar com essa turma), várias agremiações carnavalescas e seus diletos parentes. Farra com verba alheia nos dias de Momo. PF – não confundir com o prato executivo, nem com a polícia que apura o festival de tramoias – tem uma queda pelo batuque dos pandeiros e se transformou até em tema de enredo de escola de samba. 

A Academia Praiana de Porto Alegre o homenageou, como bom patrono que foi, por bancar as fantasias, carros alegóricos e quetais com o dinheiro afanado do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), uma ilha de excelência tecnológica transformada em covil dos bandoleiros do PT. O tesoureiro Paulo Ferreira não fez por menos. Teve até madrinha de escola recebendo um “mensalinho” do padrinho com propina gorda da Petrobras. A Sociedade Recreativa e Beneficente Estado Maior da Restinga (popularmente conhecida como Tinga) não para de aplaudir a generosidade do doador arrivista. Um escárnio sem tamanho! A que ponto a era de governos do PT engabelou o Brasil. 

É incrível que todos os tesoureiros do partido tenham sido pilhados em flagrante nos esquemas de corrupção federal. Repita-se: todos estiveram metidos nas irregularidades, encrencados com as mais variadas delinquências, de extorsão pura e simples a enriquecimento ilícito. Para não perder a evolução do bloco dos quadrilheiros, vale lembrar a lista: como abre-alas, Delúbio Soares, primeiro a ir parar atrás das grades. Seguiu-se a ele o também ex-tesoureiro petista e salafrário de estrela maior, João Vaccari Neto, que continua na prisão. Paulo Ferreira se junta agora aos petralhas do cofre petista. E o último deles, Edinho Silva, para não perder o ritmo do rebolado, é investigado como os demais por ameaçar empresários e exigir contribuições de caixa dois para a campanha da honorável Dilma Rousseff, aquela que nada sabe, nada viu.

Essa, por sua vez, na coreografia ensaiada de porta-bandeira guiada pelo mestre Lula, tratou de entoar o refrão de vítima de uma “farsa jurídica e política”. Palavras dela. Esculhambou com a sua cantilena os poderes constituídos do País, colocando-os na condição de meros embusteiros articulados em conluio para uma ardilosa deposição. Dilma enxerga estandartes de um golpe aonde só existe ritos e regras constitucionais. Ofende a lei e seus executores. Lula, de sua parte, comporta-se como um pierrô abandonado. Tenta voltar à ribalta jogando confetes e serpentinas nos foliões do Congresso para atrair apoio à causa perdida de uma Dilma reestabelecida no trono da algazarra. Na semana passada voou à Brasília no intento de convencer indecisos a votarem contra o impeachment. Prometeu mundos e fundos, como se tivesse crédito para tanto. Dilma, no seu plano, viraria uma rainha sem poder, só fanfarra, consagrando dessa maneira o verdadeiro golpe de que tanto falam. 

E ainda acenou com a possibilidade de ajudar nas campanhas dos prefeitáveis. Francamente, existem ainda políticos nos dias de hoje que desejem o selo de garantia petista, e de um lulismo carcomido, para as eleições que se avizinham? A apoteose no desfile de bizarrices se deu com o pedido de sua banca de advogados para que o juiz da Lava-Jato, Sergio Moro, se declarasse suspeito nos processos que envolvem o ex-presidente. Lula almeja regime de “exceção de suspeição” de Moro por se sentir perseguido quando investigado nos casos do sítio de Atibaia e do tríplex no Guarujá. Nada fez, nada levou dessas propriedades. Entenda-se a extensão infinita de “injustiças” contra os petistas e aliados: dias atrás, o ex-ministro Paulo Bernardo, mais um, teve os bens bloqueados por fraudes no crédito consignado. O ex-ministro Edison Lobão também foi alvo de inquérito por lavagem de dinheiro. O amigo dileto de Dilma, Valter Cardeal, entrou na rota de processos por montar um propinoduto no sistema elétrico, como atravessador de recursos ilícitos ao partido. E no parlamento os senadores investigados Gleisi Hoffmann (mulher de Bernardo) e Lindbergh Farias continuaram a bradar fervorosamente contra a espiral de provas das irregularidades. O escarcéu petista está virando comédia. Como um Quixote a atacar moinhos, até a idealizadora da agremiação, Marilena Chaui, viu fantasias no enredo armado. Disse que o juiz Moro foi treinado pelo FBI e que o objetivo da Lava-Jato é tirar o pré-sal dos brasileiros. Os petistas sapateiam na avenida, com piruetas e enganações, para iludir a plateia em um ziriguidum da corrupção.

Fonte: Editorial - Isto É - Carlos José Marques

terça-feira, 1 de março de 2016

Pedalinhos em sítio de Atibaia foram comprados por assessor da Presidência

Equipamentos custaram R$ 5.600 e foram adquiridos em 2013
Os dois pedalinhos que estão no lago do sítio de Atibaia (SP) e que possuem capa com os nomes de dois netos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram comprados por um assessor especial da presidência da República. O trabalho do subtenente Edson Antonio Moura Pinto, de 48 anos, é "apoio a ex-presidentes da República".

Os brinquedos, em forma de cisne branco, têm capas pretas com os nomes de Pedro e Arthur, e apareceram em uma imagem aérea exibida na edição desta segunda-feira do “Jornal Nacional”.

De acordo com nota fiscal emitida pela Ipê Fibras, em São Lourenço (MG), os equipamentos foram comprados e pagos por Moura Pinto em 2013, pelo valor de R$ 5.600. Ele nos achou na internet e nos ligou. Não chegou a vir aqui e também não disse para quem seria os pedalinhos. Até falei que tinha loja em Atibaia, mas ele preferiu comprar conosco. Ainda dei desconto de R$ 48 - explica o dono da loja, José Reinaldo Ferreira da Silva, de 60 anos.

Fonte: O Globo


quinta-feira, 30 de julho de 2015

Dilma é um retrato na parede - Lula dá sinais de estar perto de jogar a toalha



Além de uma fotografia, o que restará, logo mais, do encontro no Palácio do Planalto da presidente Dilma Rousseff com os governadores de Estado? Os governadores dependem da boa vontade do governo federal para governar com mais ou menos dinheiro.  Em momentos de aperto, como é o caso, o presidente precisa passar ao país a impressão de que politicamente ainda é forte.  Isso pode funcionar quando há espaço para a dúvida em relação à fortaleza ou à fraqueza do presidente. Não é o caso. A popularidade da presidente compete, hoje, com a taxa de inflação. Na verdade, perde para a taxa.

Lembra da pesquisa que apontou a avaliação positiva de Dilma na casa dos 7,7%? Esqueça. Já diminuiu. A inflação aumentou. Para quase 10% ao ano. Há governadores que não gostariam de ser vistos a essa altura na companhia de uma presidente tão rejeitada. Estão constrangidos. Mas não se pode rejeitar um convite presidencial. Por mais que o presidente esteja abaixo do volume morto.

Os governadores voltarão aos seus Estados do mesmo jeito que chegaram a Brasília – de bolsos vazios.  Terão servido de figurantes para o brilho fugaz de uma presidente que mal se segura de pé.  É possível que ela não se perceba assim. Mas é assim que é.
Lula dá sinais de estar perto de jogar a toalha 

Foi um Lula esgotado, aborrecido, impaciente, sem imaginação que se apresentou  para cerca de 200 pessoas reunidas na sede do Sindicato dos Bancários do ABC, na grande São Paulo. Sacou velharias do fundo da memória. Do tipo: “Estou de saco cheio e cansado das mentiras e safadezas”. Ou do tipo: “Estou cansado de agressões à primeira mulher a governar o país”.

Como se Dilma, pelo fato de ser mulher, estar sendo agredida. Ou como se Dilma, pelo fato de ser mulher, não poder ser criticada. “Não tem pessoa com caráter mais forte nesse país do que ela”.  Há pouco mais de um mês, em conversa com religiosos no Instituto Lula, o ex-presidente bateu em Dilma por ela fazer “um governo de surdos”. Disse que ela estavano volume morto”.  Quando um político não sabe o que dizer, costuma se referir à perseguição movida pelos nazistas na Alemanha aos judeus antes e durante a 2ª. Guerra Mundial. 

Foi o que Lula fez:  - O que a gente vê na televisão parece os nazistas criminalizando o povo judeu, os romanos criminalizando o povo cristão, os fascistas criminalizando os italianos. Sei que é difícil para parte da elite brasileira aceitar certas coisas. O  que nazistas, judeus, romanos, cristãos, fascistas e italianos têm a ver com as crises ora enfrentadas pelo Brasil – a política, a econômica e a ética? Lula não explicou.

Seu abatimento, segundo confidência de amigos, decorria das notícias que haviam lhe chegado a respeito da reportagem de capa da revista VEJA deste fim de semana.  Segundo a VEJA, o empresário Léo Pinheiro, ex-operador da construtora OAS em Brasília, começou a negociar com a Justiça a delação premiada.  Ninguém mais do que Léo sabe como Lula enriqueceu depois de chegar à presidência da República. Foi ele que reformou de graça o apartamento de Lula no Guarujá e seu sítio em Atibaia, São Paulo.

Se, de fato, Léo abrir o bico, Lula correrá o risco de ser engolido pela lama provocada pela Operação Lava Jato.  Em certo momento do seu discurso, Lula cometeu uma frase sem sentido: “Não é porque uma criança está com febre que a gente vai enterrar”. Mas foi em frente. Tocou de raspão na crise econômica:  - Temos que dizer para todas as pessoas que acham que o mundo vai acabar, que não há momento na história desse país que o Brasil não tenha passado por uma crise.

Sim, e daí?  Para finalmente arrematar:  - Quem vem apostando no fracasso deste País vai quebrar a cara.

Lula não é mais aquele. O que é que se faz com ele?

Fonte: Blog do Noblat – Ricardo Noblat