Os dois dias de depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello expuseram a
força e o flanco frágil da Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado
da Covid-19. E a fonte de ambas é a mesma. O governo está em minoria na
comissão, e isso ajuda a CPI a concluir ao final sobre a
responsabilidade do governo, em particular do presidente da República. Mas
o governo estar em minoria na comissão também ajuda a fazer crer que,
independentemente dos achados durante os prováveis 180 dias de CPI, a
conclusão dos trabalhos já está desenhada.
A história das CPIs
mostra que elas têm maior ou menor sucesso conforme chegam, ou não, a
algum fato realmente novo, e que oferece a prova da tese que se buscava
demonstrar. E que quebra a unidade do bloco alvo. E aí o
julgamento é também político, claro. O que a Fiat Elba tinha a ver com a
definição de crime de responsabilidade? A rigor nada. Mas catalisou a
comoção popular que deu impulso ao impeachment de Fernando Collor.
O
objetivo da CPI é apontar o presidente da República como responsável
último pelo elevado e trágico número de mortes por Covid-19 do Brasil. E
os senadores oposicionistas trabalham em várias frentes: isolamento e
afastamento social, vacinação, tratamentos de eficácia não comprovada,
falta de oxigênio no desastre de Manaus. Todos esses fatos estão
bem registrados, [lembrem-se: tem que ser provado o efeito REAL que os atos e omissões que tentam atribuir ao presidente da República, causaram realmente os danos que tentam atribuir a comentários do presidente Bolsonaro - é sabido que há dúvidas quanto aos beneficios que isolamento e distanciamento social produzem no combate à pandemia;
recomendar medicamentos de eficácia não comprovada para tratar uma peste para a qual não há um TRATAMENTO COMPROVADAMENTE EFICAZ, com remédios que não são proibidos no Brasil (no máximo, para venda, ocorre a retenção da receita médica) e cujos danos quando usados no tratamento contra covid-19 nao foram comprovados, pode ter resultado no aumento do número de mortes/casos?] mas o desafio da CPI é encontrar o elemento novo para
fazer ruir a cidadela do um terço que vai sólido na base social de apoio
ao presidente.
Mantido esse cacife, ele está capacitado a preservar
reunida uma tropa de políticos que verão nele em 2022 a locomotiva dos
projetos eleitorais deles. E que portanto estarão interessados em
preservá-lo. [cabe considerar que o tempo trabalha a favor do presidente Bolsonaro - apesar de alguns 'soluços' na evolução da peste e que deixam a impressão de uma terceira onda, o caminho inexorável é o FIM DA PANDEMIA.
É também questão de tempo - rogamos a DEUS que bem antes de dezembro próximo - que a combinação aumento do número de vacinados (aumentando a disponibilidade de vacinas, consequência da inevitável redução da demanda por imunizantes = quanto mais pessoas vacinadas, menos a vacinar - redução do número de casos/mortes e o retorno do crescimento da economia, começará a trabalhar a favor dos que querem realmente o crescimento do Brasil, liderados pelo presidente Bolsonaro.
Os depoimentos do ex-secretário de comunicação, do
ex-chanceler e do antecessor do atual ministro da Saúde não parecem ter
trazido essa "bala de prata", ainda que seja provável a CPI ir para cima
dos três no relatório final. Mas o jogo, como já se disse e se sabe,
está só começando.