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sexta-feira, 24 de maio de 2019

A política das redes sociais

“Os políticos que emergiram das redes sociais, inclusive presidente Jair Bolsonaro, também estão passando pelo aprendizado de ter que lidar com a política institucional

Foi-se a época em que a política era monopólio dos políticos, dos militares e dos diplomatas. Na política moderna, principalmente depois da II Guerra Mundial, passou a ser também o universo de atuação da burocracia e dos cidadãos, em razão da ampliação da presença do Estado na vida da sociedade e do surgimento de partidos de massas de caráter democrático. Eram esses os grandes atores da democracia representativa, que parecia consolidada após o fim da União Soviética e o colapso do chamado socialismo no Leste Europeu, até que a crise fiscal colocou em xeque as políticas social-democratas e social-liberais e os partidos políticos e a imprensa foram ultrapassados pelas redes sociais na formação da opinião pública.


O Brasil não está fora desse contexto, muito pelo contrário. O que vem acontecendo no governo Bolsonaro, a rigor, é anterior à sua eleição e faz parte desse processo, assim como foi a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, a vitória do Brexit na Inglaterra, a emergência de lideranças populistas em praticamente todos os países da Europa e a eleição de governos de extrema-direita em alguns países do Ocidente. O que acontece, em perspectiva, é uma corrida para reinventar o Estado e dar conta das mudanças provocadas pela globalização e o multilateralismo, nas quais as democracias do Ocidente enfrentam mais dificuldades do que os países autoritários do Oriente que estão se modernizando mais rapidamente.

Estados Unidos e China protagonizam essa corrida. Nas últimas décadas, houve uma mudança de eixo dos fluxos de comércio mundial, que se deslocaram do Atlântico para o Pacífico, o palco principal da guerra comercial entre essas duas potências econômicas, que lideram a economia do planeta. No passado, essa disputa se deu entre a Inglaterra e a Alemanha, de igual maneira, uma potência marítima e outra continental, provocando duas guerras mundiais. Espera-se que agora ocorra num ambiente de paz. O Brasil foi arrastado para essa disputa de maneira esquizofrênica, porque optou por um alinhamento automático com os Estados Unidos ao mesmo tempo em que não pode abdicar da China como principal parceira comercial. O mais correto seria tirar partido dessa disputa.

A eleição de Trump, com sua guinada nacionalista na política externa, nacionalista na economia e ultraconservadora nos costumes, foi uma resposta dos eleitores norte-americanos mais conservadores, ao desemprego e à grande massa de imigrantes latinos. De certa forma, os indicadores econômicos dos Estados Unidos mostram que a guerra comercial de Trump com a China e a contenção da chegada de imigrantes estão rendendo dividendos econômicos favoráveis, revertendo as altas taxas de desemprego. Não se deve subestimar a influência que isso vem tendo na política do Ocidente. Aqui no Brasil, a eleição de Bolsonaro, sua política econômica ultraliberal e conservadorismo radical nos costumes seguem o exemplo de Trump.

Volatilidade
É aí que entra a política nas redes sociais. Sem elas, Trump não seria sequer candidato do Partido Republicano. De igual maneira, Bolsonaro não teria sido eleito presidente da República. As redes adquiriram tal protagonismo que já não se pode fazer política como antigamente, mesmo fora dos processos eleitorais. Isso vale sobretudo para os políticos, cuja relação com eleitores mudou radicalmente. O tsunami que varreu boa parte do Congresso mudou radicalmente o modo de atuar no parlamento brasileiro. Basta ver as “lives” que os deputados eleitos pelas redes sociais fazem constantemente no próprio plenário da Câmara e do Senado, com as transmissões ao vivo de sua atuação e narrativas “customizadas” sobre as sessões legislativas, com posts e vídeos com a interpretação de cada um sobre o que acontece no Congresso em tempo real.

A relação entre o Executivo e os demais poderes, inclusive o Judiciário, cujo vértice, o Supremo Tribunal Federal (STF), também é midiático, mudou significativamente, em meio a disputas pela afirmação de cada poder. Tudo mediado pelas redes sociais, nas quais partidos, grupos de pressão e cidadãos influenciam o posicionamento de cada parlamentar nas votações. Mesmo os meios de comunicação de massa tradicionais, inclusive a televisão, estão sendo obrigados a serem cada vez mais interativos e presentes nas redes sociais, para manterem seus públicos e influenciarem os novos atores. Os políticos tradicionais que sobreviveram ao tsunami de 2018 estão aprendendo a lidar com a nova situação e repensando sua forma de atuação, levados pelo instinto de sobrevivência e pela nova experiência que estão passando no próprio Congresso.

Entretanto, os políticos que emergiram das redes sociais, como o próprio presidente Jair Bolsonaro, também estão passando pelo aprendizado de ter que lidar com a política institucional, com as regras do jogo democrático e a dura realidade da distância existente entre o mundo virtual de redes sociais e a capacidade de dar respostas efetivas e velozes à crise do sistema representativo e do modelo de capitalismo de Estado colapsado pela crise fiscal. No caso do presidente da República, o caráter bonapartista de seu governo não o coloca acima de classes sociais bem definidas e partidos políticos, como no modelo clássico de “regime do sabre”, mas numa espécie de tapete voador ao sabor das ondas telemáticas de uma “sociedade líquida”, com risco permanente de volatilização da própria imagem. E aí que todos os atores em cena — políticos, militares, diplomatas, burocratas, formadores de opinião, influenciadores digitais e cidadãos — estão desafiados a encontrar saídas robustas para os impasses que se apresentam à democracia brasileira.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

 

domingo, 11 de novembro de 2018

O mundo de Bolsonaro

“Os efeitos das tarifas impostas por Trump às importações chinesas, assim como das restrições de acesso a tecnologias americanas, já desaceleram o comércio mundial, o que não é bom para o Brasil”


Na montagem de sua equipe, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, já deu pistas de como a banda vai tocar no seu governo em relação a alguns temas da agenda nacional. Por exemplo, ninguém pode dizer que se enganou em relação ao futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, cuja pasta combaterá o crime organizado e a corrupção. A mesma coisa pode-se dizer quanto ao superministro da Fazenda, Paulo Guedes, que o mercado conhece muito bem. Idem para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), indicada pelo agronegócio de exportação. O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também não engana ninguém: seu estilo e modo de operar no Congresso são conhecidos.

O que permanece uma incógnita é a relação do futuro governo com a política mundial. Os sinais de Bolsonaro eram no sentido de um alinhamento automático com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Deu várias declarações nessa direção, seja em relação aos acordos multilaterais, como o Mercosul e o de Paris, seja em questões mais específicas, como as relações comerciais com a China e a intenção de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Ocorre que essas declarações tiveram repercussão muito negativa, e as eleições norte-americanas de 6 de novembro mostraram que o vento mudou em relação a Trump. Com os democratas conquistando a maioria na Câmara, nada será como antes.

Nos bastidores da transição, com o roque do Ministério da Defesa para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), as quatro estrelas do general Augusto Heleno passaram a brilhar mais do que todas as outras, inclusive as do vice-presidente, general Hamilton Mourão, que é mais “moderno”. Essa mudança tem impacto no posicionamento estratégico de governo sobre vários temas, um deles é a política externa. Desde a Guerra das Malvinas, quando os EUA deram apoio logístico aos ingleses e, inclusive, inviabilizaram a utilização de seus mísseis pelos argentinos, a velha Doutrina Monroe caducou.

Vigorava desde 2 de dezembro de 1823, quando o presidente James Monroe, no Congresso norte-americano, disse que o continente não deveria aceitar nenhuma intromissão europeia: “América para os americanos”, proclamou. De uma só vez, os EUA rechaçaram a criação de novas colônias no continente, a interferência de nações europeias em questões internas e a neutralidade norte-americana em conflitos envolvendo países europeus. Esses princípios funcionaram contra a Espanha e a antiga União Soviética, mas não contra o principal aliado dos EUA no Atlântico, a Inglaterra. A guerra das Malvinas aprofundou o chamado “pragmatismo responsável” dos chanceleres Azeredo da Silveira e Saraiva Guerreiro. Durante os governos Geisel e Figueiredo, respectivamente, o Brasil abandonou o alinhamento automático aos Estados Unidos.

Guerra comercial
Nessa época, o redirecionamento da política externa para as relações Norte-Sul mirava principalmente a África e os países árabes; o eixo do comércio mundial não havia se deslocado do Atlântico para o Pacífico, como acontece agora. Mas, com essa mudança, a China acabou se transformando no principal parceiro comercial do Brasil, desbancando os Estados Unidos. Ocorre que nossa infraestrutura de comércio exterior e logística está voltada para o Atlântico, não temos escala de investimentos para redirecioná-la ao Pacífico com a eficiência e a rapidez necessárias. Quem paga o preço é a nossa indústria.


É nesse contexto que o jovem chefe do Departamento de Estados Unidos, Canadá e OEA do Itamaraty, o ministro de primeira classe Ernesto Henrique Fraga Araújo, encantou Bolsonaro com um artigo “presbítero” publicado na revista do Itamaraty, intitulado “Trump e o Ocidente”. No texto, afirma que o presidente norte-americano está salvando a civilização cristã ocidental do islamismo radical e do “marxismo cultural globalista”, ao defender a identidade nacional, os valores familiares e a fé cristã. Música para os ouvidos de Bolsonaro.

Entretanto, o cargo de ministro das Relações Exteriores exige muito mais do que uma visão religiosa de mundo. Outros nomes já foram sugeridos a Bolsonaro, entre os quais o atual embaixador no Canadá, Paulo Bretas, e os ex-embaixadores em Washington Roberto Abdenur, Sergio Amaral e Rubens Barbosa. A escolha de um deles definirá os rumos da política externa de Bolsonaro, num momento em que o Brasil, como outros emergentes, pode virar marisco na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Os efeitos das tarifas impostas por Trump às importações chinesas, assim como das restrições de acesso a tecnologias americanas, já desaceleram o comércio mundial, o que não é bom para o Brasil, a não ser que os Estados Unidos voltem a reduzir a sua taxa de juros, o que enfraqueceria o dólar e beneficiaria os emergentes. Mas aí já é adivinhação.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB
 

domingo, 3 de setembro de 2017

O que é uma bomba de hidrogênio e o quanto ela é poderosa?

Este artigo foi originalmente publicado em 2016. Recuperamo-lo na sequência do mais recente ensaio nuclear norte-coreano.

Numa bomba de hidrogênio, uma grande parte da sua energia é obtida através da fusão dos núcleos dos seus átomos reações que imitam o que se passa no interior das estrelas, como o nosso Sol, onde os átomos de hidrogênio se fundem, dando origem a átomos de hélio e libertando gigantescas quantidades de energia.

Mas para que os átomos de hidrogênio se fundam nesta bomba, também conhecida como "bomba H" ou "bomba termonuclear", primeiro tem de haver um outro tipo de reações nucleares. Mais exatamente, reações de fissão nuclear, ou cisão nuclear. 

 Neste caso, o núcleo dos átomos (de urânio e plutônio) é partido, em vez de fundido, e é a energia libertada nestas primeiras reações nucleares que permite depois desencadear as reações de fusão dos núcleos de hidrogênio. Resumindo, primeiro há reações de fissão nuclear e em seguida de fusão nuclear.  O resultado é uma bomba nuclear muito mais poderosa do que as bombas unicamente de fissão nuclear, como aquelas que foram lançadas pelos Estados Unidos sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945.

Os principais pais da bomba de hidrogeno são Edward Teller e Stanislaw Ulam, que a desenvolveram para os Estados Unidos. O primeiro teste ocorreu em 1952, no atol de Eniwetok, nas ilhas Marshall, no Pacífico. O atol ficou totalmente destruído. Mike, como foi baptizada a primeira bomba H, tinha uma potência gigantesca: mais de dez milhões de toneladas de TNT. Ora uma bomba de hidrogénio com esta potência liberta 800 vezes mais energia do que a bomba lançada sobre Hiroshima.

Três anos depois dos Estados Unidos, a União Soviética fez explodir a sua primeira bomba de hidrogênio.

Fonte: UOL 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Uma estátua para Donald Trump

O presidente americano merece a homenagem, e ela deve ficar no Itamaraty para ensinar que países não são vagões

Na sua primeira semana de governo, o presidente Donald Trump detonou o acordo tarifário dos Estados Unidos com 11 países da região do Pacífico e anunciou que vai renegociar o tratado de livre comércio com o México e o Canadá.  Como Trump já havia acusado o México de roubar empregos dos americanos, a Casa Branca avisou: “Se nossos parceiros recusarem uma renegociação que dê condições justas aos nossos trabalhadores, o presidente anunciará a intenção dos Estados Unidos de se retirar do Nafta (sigla que denomina o tratado).”

A estátua de Trump deve ficar no Itamaraty, e a homenagem nada teria a ver com a essência de suas decisões. Serviria apenas para lembrar que os países precisam de políticas nacionais. Certas ou erradas, mas nacionais. Quem brinca de vagão acaba abandonado no meio da estrada. Cuba foi vagão da União Soviética e deu-se mal. Em 1994, o México atrelou-se aos Estados Unidos e hoje se vê ofendido, humilhado, como se o Nafta fosse um acordo lesivo aos interesses americanos.

Não é, mas o presidente dos Estados Unidos acha que é, e foi eleito com essa bandeira.
Em 2001, quando a diplomacia americana tentava atrair outros países americanos para o que seria uma ampla associação de livre comércio, a Alca, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, diretor do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais do Itamaraty, disse o seguinte:  “A negociação da Alca é a negociação de um patíbulo. Trata-se de um processo no qual os Estados Unidos, na condução dos seus interesses, querem que o Brasil entre numa zona de livre comércio abrindo mão da possibilidade de ter políticas comerciais, industriais e tecnológicas. Por que a Europa não faz uma zona de livre comércio com os Estados Unidos? E o Japão? Se eles não fazem, por que devemos fazê-lo?” (Mais tarde, o Japão entrou no acordo do Pacífico que Trump mandou às favas.)

Pinheiro Guimarães foi demitido. Violência desnecessária, mas era o tempo do fascínio do tucanato e de muita gente boa pela globalização nos termos dos americanos.  Trump está mostrando ao mundo que países não devem ir atrás de locomotivas. Tem autoridade para dar essa lição porque está no comando da locomotiva, abandonando vagões. Os Estados Unidos têm seus objetivos e não compartilham soberania. Ir atrás de Washington pode ser uma fria.

Durante boa parte do século passado, o Brasil foi vagão. Afastou-se da China e em 1971 passou pelo vexame de ver o professor Henry Kissinger apertando as mãos de Mao Tse-Tung. Rompeu com Cuba em 1964 e, no ano seguinte, enfeitou uma intervenção americana na República Dominicana. Era o que convinha aos Estados Unidos, mas à época o México não se atrelou a essas duas iniciativas.  A história diplomática brasileira tem grandes momentos de independência, infelizmente pouco apreciados e até escondidos

Em 1975, os Estados Unidos meteram-se numa aventura em Angola, e o Brasil alinhou-se com o governo do MPLA. Veio do próprio secretário de Estado, Henry Kissinger, o reconhecimento de que fizera bobagem. (Hoje o MPLA de Angola é uma cleptocracia, mas essa é outra história.)  Num episódio menos conhecido, em 1982, o presidente americano Ronald Reagan estava pronto para invadir o Suriname e mandou o diretor da CIA ao Brasil, para buscar apoio. Não o teve e desistiu.

Fonte: Elio Gaspari,  jornalista - O Globo


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Bombas Atômicas: Sim, Foram Necessárias.

Na semana passada, lembramos os 70 anos do ataque nuclear às cidade de Hiroshima e Nagazaki. A explosão dos artefatos a fissão nuclear levou a destruição e o caos àquelas cidade japonesa. A arma bélica mais letal criado pela mente humana mostrou sua face cruel e destruidora ao varrer do mapa as duas cidades japonesas e causar cerca de 300 mil mortes.Não há duvida quanto à crueldade das bombas. Vidas humanas foram instantaneamente ceifadas. A grande maioria das vítimas eram civis.

A justificativa americana para esses ataques era a de que não havia outra maneira de os japoneses se renderem. Portanto, a demonstração do poderio destrutivo das bombas nucleares poderiam fazer com que o Japão, finalmente, se rendesse de forma incondicional. E foi o que acabou acontecendo. A questão que fica, entretanto, é a seguinte: a rendição japonesa era uma questão de tempo ou o bombardeio atômico foi realmente necessário?

Para que possamos responder a esse questionamento, é necessário que entendamos a formação social japonesa. O Japão era uma teocracia, onde o Imperador era encarado como o próprio Deus. Assim, a população não mediria esforços para sacrificar sua própria vida em seu nome. Não é à toa que o combate no Pacífico caracterizou-se por ser uma luta extremamente aguerrida, com os japoneses jamais se rendendo. Seria por demais ingênuo acreditar que o Exército Japonês se renderia justamente quando os aliados invadiriam o se território.

O que poucos sabem é que os aliados tinham sim um plano para invadir o Japão. Tratava-se da Operação Downfall. Esta jamais chegou a ser concretizada, principalmente devido aos altos custos de vidas humanas que seriam necessários para o seu sucesso. Essa operação seria desencadeada da seguinte maneira:
A primeira invasão tinha o nome-código de Operação Olímpico. Tratava-se de um assalto anfíbio nas primeiras horas da manhã do dia 01 de novembro de 1945. Quatorze Divisões desembarcariam contra posições fortificadas em Kyushu, a Ilha mais ao sul do arquipélago japonês, após um bombardeio aero-naval sem precedentes.A segunda, em 1º de março de 1946 "Operação Diadema" enviaria pelo menos 22 divisões contra 1 milhão de defensores japoneses na ilha principal de Honshu e Tokyo. Seu objetivo: a rendição incondicional do Japão.
 
Com exceção de uma parte da frota britânica no pacífico, a Operação Downfall seria uma operação estritamente americana. Seriam utilizados todo o corpo de Marines, toda a Força Naval do Pacífico, elementos da 7ª Força Aérea do Exército, a 8ª Força Aérea, a 10ª Força aérea e a Força Aérea Americana do Extremo Oriente. Mais de 1,5 milhão de soldados e outros 3 milhões em apoio, ou cerca de 40% de todos os homens em serviço às Forças Armadas Norte Americanas em 1945, estariam envolvidos. As baixas esperadas eram extremamente pesadas.
 
O almirante William Leahy estimou as baixas americanas em mais de 250 mil entre mortos e feridos apenas no assalto a Kyushu. O General Willoughby, chefe da inteligência do general MacArthur, o Supremo Comandante do Pacífico sudoeste, estimou as baixas americanas em 1 milhão no outono de 1946. A própria equipe de Willoughby considerou essas estimativas conservadoras.
 
Como podemos verificar, a estimativa para as baixas das forças invasoras era de cerca de 1 milhão e 250 mil pessoas. Ou seja, somente em baixas por parte do Exército aliado, o número superaria em 5 vezes as baixas causadas pelos ataques nucleares. O presidente americano Truman aprovou os planos para a invasão em 24 de julho. Dois dias antes, as Nações Unidas emitiu a Proclamação de Potsdam, exigindo a rendição incondicional do Japão ou que aquele país enfrentasse a destruição total. Três dias depois, a agência japonesa de notícias transmitiu ao mundo que o Japão ignorara a proclamação e se recusaria a render-se. Durante esse período, o monitoramento das transmissões de rádios japonesas mostrou que o Japão tinha fechado todas as escolas e mobilizado os estudantes, tendo armado a população civil e fortificando cavernas e construções defensivas subterrâneas. A rendição não parecia ser uma "questão de tempo".
 
As defesas japonesas foram subestimadas pela inteligência aliada. As aeronaves japonesas foram estimadas em não mais do que 2500. Entretanto, os japoneses tinham 12725 aviões de todos os tipos. Toda vila tinha algum tipo de atividade ligada à produção de aeronaves. Escondidas em minas, túneis ferroviários, sob viadutos e em porões de lojas de departamentos, trabalho estava sendo feito para a construção de aviões. A marinha japonesa tinha 40 submarinos, com capacidade disparar torpedos de longo alcance, 23 destróiers e 2 cruzadores.
 
Enfrentando as 14 divisões americanas em Kyushu, teriam 14 divisões japonesas, 7 brigadas mistas independentes, 3 brigadas blindadas e milhares de fuzileiros navais. Seriam 550 mil americanos contra 790 mil japoneses. Ainda, tratavam-se de tropas altamente treinadas, alimentadas e equipadas, muito diferente do que os americanos encontraram no Pacífico até então. Os defensores japoneses eram a elite fanática do Exército Imperial.
 
Os aliados enfrentariam inúmeros obstáculos, fortificações, armadilhas e emboscadas. Seria uma guerra por metros ou centímetros, onde cada avanço custaria um número inestimado de vidas. Ainda, caso a Operação Olímpico tivesse acontecido, a população civil japonesa, inflamada pelo slogan "cem milhões morrerão pelo imperador e a Nação", estavam preparados para lutar até a morte. Cerca de 28 milhões de japoneses formavam a Força Nacional de Combatentes Voluntários. Eles eram armados com fuzis antigos, mines, coquetéis Molotovs e morteiros. Outros eram armados com espadas, arcos, machados e lanças de bambu. As unidades civis seriam utilizadas em ataques noturnos, inclusive suicidas, no ponto mais vulneráveis das posições americanas. Estima-se que 1000 pessoas, entre japoneses e americanos, morreriam a cada hora caso a operação fosse desencadeada.
 
Como se vê a rendição japonesa não era "uma questão de tempo". A formação cultural japonesa e os combates que foram travados no Pacífico mostram isso. Eram soldados extremamente aguerridos, fanáticos e dispostos a sacrificar suas vidas pelo Imperador sem pestanejar. E eram cruéis. Durante a invasão á China, milhares de mulheres chinesas foram decapitadas, estupradas e mortas, algumas segurando crianças em seus braços, numa inútil defesa contra lâmina da espada japonesa. Bebês eram atirados ao alto e aparados à baioneta. Sim, os japoneses foram extremamente cruéis e desumanos.
 
Dizer que o lançamento das bombas atômicas foi "um mero teste" é desconhecer completamente os fundamentos da arte da guerra. Crer que a rendição japonesa era uma questão de tempo é desconhecer por inteiro a sociedade nipônica. Tratar o Japão como "coitadinho" por ter sido alvo dos ataques nucleares é nada além de canalhice e falsificação da história. De fato, os artefatos nucleares pouparam o arquipélago japonês de sofrer um banho de sangue sem paralelo na História. Evidentemente, salvaram vidas americanas. E japonesas também. 
 
O impacto visual do grande cogumelo de fogo e destruição ceifando vidas humanas é realmente impressionante. Porém, mais forte ainda é um conflito sangrento envolvendo milhões de pessoas lutando e morrendo por cada palmo de território em busca da vitória. Não fossem as bombas atômicas darem fim à guerra, hoje provavelmente o Japão não existiria.
 
 
PARABÉNS AO Blogueiro Lenilton - finalmente, alguém com coragem de dizer a verdade e mostrar a crueldade dos japoneses.
 
 

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Escravidão humana no mundo: você contribui

Sabe àquela bolsa linda, de marca, ou aquele vestido maravilhoso que é ofertado em certas lojas por uma pechincha e você não resiste e compra? Pois é, saiba que ao adquirí-lo você estará, certamente, contribuindo para o trabalho escravo que ainda hoje, lamentavelmente, existe em grande parte do mundo.


Fazer compras é bom, mas melhor ainda é quando encontramos as peças de roupa que queremos em promoção ou na internet, quase de graça. Pensando bem, como algumas lojas conseguem vender roupas a preços tão baixos? Uma vending machine instalada na Alexanderplatz, a principal praça de Berlim, na Alemanha, ofertava camisetas a um preço de 2 euros. Você sabe qual é o verdadeiro preço disso?

Baratas, as camisetas atraíram muitos compradores que, ao selecionarem o tamanho da peça, encaravam a verdade que estava por trás do preço baixo: uma fábrica de roupas em Bangladesh que paga mulheres e crianças cerca de 13 centavos por hora para costurarem camisetas em um ambiente hostil. Com duração de 16 horas diárias. Que tapa na cara, hein?

Uma pesquisa de 2014 The Global Slavery Index, da fundação internacional Walk Free, revelou que existem no mundo 35,8 milhões de pessoas mantidas em situação de escravidão. O relatório foi lançado oficialmente em 18 de novembro e a versão em português apresentada em 1º de dezembro, no Rio de Janeiro, durante a entrega do Prêmio João Canuto, de direitos humanos. Entre as formas de escravidão estão o tráfico de pessoas, o trabalho infantil, a exploração sexual, o recrutamento de pessoas para conflitos armados e o trabalho forçado em condições degradantes, com extensas jornadas, sob coerção, violência, ameaça ou dívida fraudulenta.

Em entrevista à Agência Brasil, Diana Maggiore, representante da Walk Free no Brasil, disse que o número de pessoas escravizadas hoje cresceu 20%, em relação aos 29,8 milhões de pessoas apontadas no The Global Slavery Index 2013. No Brasil há cerca de 220 mil pessoas trabalhando como escravos. Maggiore explicou que, em 2013, pela primeira vez, o número de pessoas resgatadas de situações de escravidão no setor urbano foi maior que no setor rural no país. "Por causa dos eventos esportivos, tivemos muitos registros na construção civil e a tendência deve continuar até as Olimpíadas. O Brasil está crescendo, daqui a alguns anos pode ser diferente", disse.

Os últimos dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 2012, apontam que quase 21 milhões de crianças e adultos estão presos em regimes de escravidão em todo o mundo. O maior número deles está na Ásia e região do Pacífico, com 11,7 milhões de pessoas nessas condições.  No último dia 23 de outubro um caso se propagou rapidamente no país. A advogada Sandra Miranda, de Brasília, recebeu uma encomenda do site chinês AliExpress com um pedido de socorro: "I slave. Help me (Sou escravo, ajude-me)", provavelmente de quem embalou. O grupo Alibaba, que controla o AliExpress, diz que o caso está sendo investigado. 

Segundo Sandra, um representante da empresa explicou que o site apenas revende os produtos que já chegam embalados de diversas fábricas e que precisaria rastrear de qual vendedor veio a mercadoria. A Embaixada da China no Brasil disse que o país asiático tem leis que proíbem rigorosamente o trabalho escravo e um órgão atua na sua erradicação. [alguém é ingênuo ao ponto de acreditar na declaração dos chineses?]
 
Segundo Luiz Machado, coordenador Nacional do Programa de Combate ao Trabalho Forçado da OIT no Brasil, o perfil de trabalhadores escravizados na Ásia não é muito diferente de outros lugares do mundo. São pessoas pobres, a maioria mulheres e crianças, por serem mais vulneráveis, que geralmente migram do seu local de origem, dentro do próprio país ou não, por conta própria ou forçados, e sem educação formal aceitam qualquer proposta de trabalho; podem ser enganadas ou ter a liberdade cerceada e acabam aceitando a exploração por ser a única forma de ganhar um pouco de dinheiro ou comida.

O Brasil é um dos pouquíssimos países que tem estrutura específica de combate ao trabalho escravo - grupos de fiscalização móvel do Ministério do Trabalho e Emprego, em parceria com a Polícia Federal. De 1995 até 2013, quase 47 mil vítimas foram resgatadas da situação de escravidão no Brasil, entre brasileiros e estrangeiros. Historicamente, os setores agropecuário e sucroalcooleiro são os que mais aparecem na lista suja do trabalho escravo, mas a construção civil e a moda vêm ganhando destaque.

Para o coordenador da OIT no Brasil, o país deve se preparar para enfrentar a questão da imigração, já que cada vez mais latino-americanos, africanos e asiáticos estão vindo em busca de trabalho. "Não há um processo ainda desburocratizado para apoiar o trabalhador migrante". . 

Continuar lendo.............................
 
Fontes: http://www.hypeness.com.br/2015/04/ação-mostraoverdadeiro-preco-daquela-roupa-super-barata/
http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/integra.htm
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/mundo-tem-358-milhoes-de-escravos-modernos/
http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2013/11/legislacao-brasileira-contra-escravidaoeexemplo-internacional-diz-oit-833.html

Autoria/Comentários: Elane Souza OAB/CE 27.340-B

Foto/Créditos:filoparanavaí. Blogspot. Com