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quinta-feira, 26 de outubro de 2023

O Brasil é menos seguro hoje graças ao STF - Marcel van Hattem

Vozes - Gazeta do Povo

Em entrevista à Gazeta do Povo, o secretário de segurança de Minas Gerais, Rogério Greco, afirmou: "A violência só vai ceder quando o STF deixar a polícia cumprir a sua missão”. 
Ele se referia à decisão de 2020 do STF de restringir operações policiais durante a pandemia e que se estende até hoje (ADPF 635). 
O uso de aeronaves, por exemplo, está praticamente proibido em operações policiais deflagradas em áreas dominadas pelo tráfico. 
Como enfrentar o crime sem que o Estado possa lançar mão dos instrumentos legítimos para tal?
 
O que aconteceu nesse meio tempo foi o inverso: em vez de o Estado vencer o crime, organizações criminosas como o Comando Vermelho carioca e o Primeiro Comando da Capital paulista aproveitaram para se organizar.  
Aliás, ambos os grupos expandiram sua atuação e já estão presentes em todo o território nacional. 
Foram vitaminados durante o período em que o Estado se fez ausente e, agora, praticam o terror com violência inédita onde quer que atuem. Qualquer semelhança com organizações terroristas como o Hamas, hoje aterrorizando o Oriente Médio após quase duas décadas de preparação na Faixa de Gaza sob vistas grossas da comunidade internacional, não é mera coincidência. O crime cresce no vácuo do Estado.

É essencial que a polícia possa agir, dentro da lei, sem medo de utilizar todos os instrumentos que estão a sua disposição contra bandidos.

A população brasileira, que vinha experimentando uma melhora nos últimos anos na segurança pública, vive de alguns meses para cá um intenso processo de venezuelização

É impossível dissociar esta infeliz tendência, como bem apontou Greco, das decisões do STF e, acrescento, da volta ao poder em Brasília do petismo. 
As relações de alas do partido com o crime organizado, inclusive do tráfico internacional, já fartamente documentada pela imprensa, como o caso histórico das relações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARCs), integrantes também do Foro de São Paulo, são claros agravantes.
O ativismo judicial do STF está tornando o Brasil um país menos seguro, simples assim
Em vez de restringir-se a sua função de Corte Constitucional, o Supremo continua legislando e interferindo na implementação de políticas públicas. Neste caso específico, ao estabelecer um suposto direito de criminosos nas favelas a não serem incomodados em suas atividades delitivas, o tribunal condena populações inteiras a viverem sob o jugo de traficantes e torna-se, em última instância, o verdadeiro algoz do cidadão honesto e trabalhador que paga imposto para que o Estado lhe proveja segurança pública em lugar do convívio com a barbárie.
 
É essencial que a polícia possa agir, dentro da lei, sem medo de utilizar todos os instrumentos que estão a sua disposição contra bandidos que, hoje, em muitos casos dispõem de armamentos mais fortes e eficazes do que o Estado oferece às suas tropas. 
Tampouco podem nossos homens e mulheres de farda temer retaliações administrativas ou judiciais por cumprirem o seu dever que inclui a nobre missão de defender a vida dos civis colocando em risco as suas próprias vidas. 
Ou o STF reverte essa descabida decisão, que privilegia o crime e faz do cidadão seu refém, ou continuaremos assistindo à escalada da insegurança no nosso país.
 
Conteúdo editado por:Jocelaine Santos

Marcel van Hattem, deputado federal - Coluna Gazeta do Povo - VOZES

 


segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Os bastidores da escolha dos dois novos ministros do STJ - O Globo

Lauro Jardim

Depois de mais de um ano de mistério, Jair Bolsonaro, enfim, nomeou dois novos ministros do STJ: Messod Azulay, presidente do TRF-2, e Paulo Sérgio Domingues, desembargador do TRF-3.  Os últimos dias foram de intensas articulações, pressões e reviravoltas em Brasília em torno dessa decisão, que foi publicada hoje em edição extra do Diário Oficial. Mas, no fim das contas, pesaram as redes de apoios e vetos que cada um dos candidatos possuía, como é o usual nestes casos.

Azulay, por exemplo, era o favorito de Flávio Bolsonaro, mas tinha dois vetos de peso. Era rejeitado por nada menos do que André Mendonça e Luiz Fux. Na semana passada, porém, o presidente do Supremo fumou o cachimbo da paz com Azulay, que há quase um ano entrou na disputa pela vaga contrariando Fux, que apostava num outro carioca, Aluísio Gonçalves, também do TRF-2.

Mendonça, por sua vez, retirou sua oposição a Azulay na sexta-feira, o que abriu definitivamente o caminho de uma nomeação tranquila para ele. Já Domingues sempre foi o candidato de Nunes Marques, hoje o ministro do STF mais influente no Palácio do Planalto quando o assunto é nomeações para o Judiciário. Dias Toffoli também o apoiava. Mas quase deu zebra. Só ontem aos 44 minutos do segundo tempo o jogo ficou favorável de verdade para ele, pois na sexta-feira até Nunes Marques dava como certa a nomeação de um desafeto seu, o desembargador do TRF-1 Ney Bello, candidato apoiado por Gilmar Mendes. 

[o mais importante é que aos poucos começam a entender que no governo Bolsonaro, as atribuições do presidente da República são exercidas por ele, com pressões ou sem pressões,  o presidente faz o que a Constituição Federal lhe permite.  
A melhor prova nesse caso é que os nomes indicados que o presidente considerou 'intragáveis' não foram nomeados.] 
 
​​​​​​​O jogo virou de fato em favor de Domingues ontem. Humberto Martins, presidente do STJ, esteve na manhã de ontem com Bolsonaro. Disse-lhe que apoiava o paulista.  
Maria Tereza de Assis Moura, que assume o comando do STJ no fim deste mês, fez chegar a Bolsonaro, por meio de um emissário, também na manhã de ontem, que o nome de sua preferência era o mesmo de Nunes Marques e Martins.  
 Foi neste momento que a derrota de Gilmar e a vitória de Nunes Marques (na disputa particular entre os dois ministros do STF) ficou definida.
 
Lauro Jardim, colunista - O Globo 

segunda-feira, 28 de março de 2022

Nulidade doriana - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Em recente pesquisa, o governador de São Paulo João Doria conseguiu uma façanha: cair dos seus míseros 2% para apenas 1% nas intenções de voto. Acelerou! 
Em que pese a desconfiança geral com tais pesquisas, que sustentam um favoritismo suspeito do ladrão Lula, está claro que Doria realmente derreteu e não tem a menor chance de vitória. Para alguém tão ambicioso e obcecado com a Presidência, isso deve ser duro de aceitar. Mas é a verdade, e justamente por conta dessa demasiada ambição.

Entender a queda política de Doria é compreender uma lição importante: o excesso de oportunismo cobra seu preço eventualmente. Doria, não custa lembrar, surfou na onda bolsonarista para ser eleito. Sua breve carreira política foi marcada por traições a antigos aliados, o caso mais claro sendo o de Geraldo Alckmin, que agora, sem espaço no PSDB, debandou para o lado criminoso de Lula. Aliás, isso só mostra que tucanos e petistas sempre foram mais próximos do que simulavam ao público, na manjada estratégia das tesouras.

Doria também traiu Bolsonaro, e ainda teria trabalhado para sabotar seu governo. O ministro Paulo Guedes revelou que o governador o telefonou quando Sergio Moro saiu do ministério, pressionando para que o ministro da Economia fizesse o mesmo. 
Doria queria ver Bolsonaro se dando mal, mesmo que isso significasse o Brasil indo junto para o buraco. 
Essa, aliás, é a mentalidade de quase todos esses oportunistas: quanto pior, melhor. Por isso passaram a torcer – e agir – contra o país. Apenas para desgastar Bolsonaro.

Bolsonaro aceita pedido de exoneração e Milton Ribeiro deixa comando do MEC

Quais são as cidades estratégicas da Ucrânia que a Rússia está tentando dominar

Na pandemia, essa postura ficou mais evidente. Doria assumiu o protagonismo entre os governadores da linha autoritária que decretava lockdowns radicais sem qualquer respaldo científico. Não obstante, Doria passou a falar como se fosse a própria voz da ciência, com extrema arrogância. Quem discordasse de seus meios extremistas era um “negacionista” ou um “terraplanista” – sei bem disso, pois o governador usou tais rótulos quando pediu minha demissão ao vivo numa rádio.

Na questão das vacinas foi semelhante: Doria agiu como ninguém para calar qualquer dúvida pertinente, mais parecendo um lobista do laboratório chinês do que um governador. [nos causa surpresa que até o momento não tenha sido questionado, investigado, o comportamento do 'joãozinho', - vulgo calcinha apertada,  segundo o capitão - em agir como verdadeiro caixeiro viajante dos chineses na publicidade da coronaVac.]  Tentou assumir o papel de “pai das vacinas”, mas só cativou mesmo os militantes tucanos disfarçados de jornalistas na velha imprensa – boa parte dela com gordas verbas publicitárias do próprio governo de SP. O povo viu outra coisa: a hipocrisia de quem só aparecida com máscara diante das câmeras, mas circulava em Miami ou em hotel carioca mais à vontade.

Após um jogo sujo de bastidores, Doria conseguiu ser o candidato tucano para presidente, apesar de lideranças do partido ainda tentarem reverter o quadro - o que Doria tem chamado de "golpe". Mas faltou só combinar com os russos. Ou melhor, com o povo brasileiro mesmo, que quer distância dele.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

A Pfolia da Pfizer - Guilherme Fiuza

Revista Oeste

O Carnaval de 2022 promete. Se a Luma era do Eike, agora o folião é da Pfizer. Cada um com a sua coleira (e o seu fetiche)

Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução
Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução


De lá para cá, o mundo deu muitas e muitas voltas. Eike Batista faliu e chegou a ser preso. A patrulha politicamente correta se multiplicou mais do que a fortuna imaginária de Eike. E os libertários de plantão hoje usam coleira vacinal — mais orgulhosos que Luma no Sambódromo.

Acabou definitivamente aquela ideia de que no Carnaval ninguém é de ninguém. Agora todo mundo tem dono. O prefeito do Rio de Janeiro já avisou: com o cartãozinho higiênico é só chegar. Mas não fique achando que daí em diante é libertinagem total. Nada disso. O coração é da mamãe, a cabeça é do papai e o bracinho é do lobby. A chave da cidade não abre mais nada. O Rei Momo vai inaugurar o Carnaval com uma seringa.

Qual coleira você acha mais excitante? A do Eike ou a da vacina?

A que a Luma usava tinha um apelo provocante — uma mulher desejada por uma multidão e marcada voluntariamente como exclusividade de um só. Milhões de fantasias provinham daquela gargantilha, ou coleira, como rosnaram os despeitados. Uns viam coragem e entrega romântica, outros viam sujeição e negação do espírito carnavalesco. Mas, pensa bem. A coleira da vacina traz um apelo que nem uma Luma seminua tem.

Como em todo curralzinho vip, a graça é imaginar quem ficou de fora

No novo desbunde higienista, o grande fetiche está em imaginar quem ficou de fora. A imaginação é a irmã silenciosa da excitação. Não importa que essa vacina não impeça a infecção, nem o contágio
Se os israelenses lideraram a vacinação e continuaram sendo internados com covid, se veste de árabe e cai na folia. E principalmente pensa nos segregados. Pensa nos que você pode chamar de imundos e arcaicos porque não usam uma coleirinha vacinal como a sua. Ai, que delícia. Chora, cavaco.

Como em todo curralzinho vip, a graça é imaginar quem ficou de fora. Olha que Carnaval excitante: todo mundo se aglomerando sem nem pensar em vírus, tipo ministro da Saúde em Nova Iorque. Estava infectado, mas e daí? O importante é estar vacinado e apresentar o passaporte de rebanho vip. Aí você pode tudo. Dane-se a saúde — o importante é a vacina. Isso dá samba. Vamos lá, batuca aí:

Se joga na avenida
É o Carnaval do vacinado
Não conta pra ninguém
Que o vírus não foi barrado
Olê olê
Olê olá
Quem não tem o cartãozinho
Vai ter que rebolar!

O próprio prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, num jorro de sinceridade, avisou que passaria a “dificultar a vida” dos não vacinados — inclusive impedindo acesso à saúde! Nunca se viu uma autoridade assumindo com tanta desinibição a coação explícita ao cidadão. Entendeu o refrão? Vai ter que rebolar para viver. Entendeu o enredo do samba? Não é sobre saúde, é sobre vacina!

Agora senta para não cair: a bravata totalitária e desumana desse folião macabro ficou por isso mesmo. Dois desembargadores decidiram contra essa ilegalidade explícita que não salva vida de ninguém e cria cidadãos de segunda classe, mas no STF (que não falha) o companheiro Fux matou no peito as decisões da Justiça do Rio de Janeiro e mandou Eduardo Paes continuar tranquilo a sua caçada ao direito da pessoa humana.

O carioca indomável, quem diria, virou um cachorrinho de madame. Um rebelde de coleira e focinheira — amestrado pela falsa ciência do consórcio de lobistas. Quem vai parar os urubus dessa ofegante epidemia?

Leia também “Obscurantismo vacinal” 

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste

 

terça-feira, 5 de outubro de 2021

A ciência agoniza no tribunal - Revista Oeste

Guilherme Fiuza

Se a ditadura sanitária não virar ditadura total, as decisões ilegais e anticientíficas serão expostas, e seus autores responderão por isso

O transcurso desse experimento insano para a criação de cidadãos de segunda classe ainda dará muitas voltas. Por enquanto, o problema maior é que a frase acima, um primor de caricatura conspiratória, é hoje a pura realidade. Boa parte do rebanho aceita docilmente um cartão que o permite viver em sociedade em detrimento dos semelhantes a quem é negado esse privilégio (para o discreto e inconfessável prazer dos “consentidos”). Quem está curtindo discriminar e alijar? Fica a indagação sincera.

Mas não são todos. Uma decisão da Justiça do Rio de Janeiro mostrou que a sociedade ainda não está inteiramente amaciada para a apoteose totalitária
Em cerca de 24 horas a decisão foi cassada no STF — essa Corte austera e que nunca faz política, só nos dias pares (ou, se a vontade apertar, nos dias ímpares também). Ainda assim vale observar o que escreveu o desembargador Paulo Rangel ao suspender o decreto brutal do prefeito Eduardo Paes. Depois veremos também o que disse o ministro Luiz Fux para matar no peito a decisão da Justiça do Rio de Janeiro.
O decreto totalitário do prefeito carioca Eduardo Paes é fundado numa falsa ética de proteção coletiva, já que a obrigatoriedade da vacina contra covid não impede o contágio e despreza os riscos ainda não completamente estudados dessa suposta imunização. Acompanhe esse trecho do habeas corpus coletivo concedido pelo desembargador Paulo Rangel: O decreto divide a cidade em dois tipos: os vacinados e os não vacinados, impedindo os NÃO VACINADOS de circularem livremente pelos locais em que cita do Município do Rio de Janeiro com grave violação à liberdade de locomoção. 
O Prefeito está dizendo quem vai ou não andar pelas ruas: somente os vacinados. E os não vacinados? Esses não podem andar pela cidade. Estão com a sua liberdade de locomoção cerceada. Estão marcados, rotulados, presos em suas residências. E, por mais incrível que pareça, tudo isso através de um decreto.”

Luiz Fux não quis saber desse argumento — nem de nenhum outro alusivo ao atentado contra a liberdade

A decisão assinala então um aspecto primário do decreto disforme que transforma a capital da rebeldia em capital da subserviência ao controle discricionário: 
“A hipocrisia chega a tal ponto de não se perceber que o transporte público (BRT) anda lotado de gente. Metrô, barcas, ônibus idem.”  
O desembargador Paulo Rangel continua sua argumentação demonstrando que entendeu perfeitamente os intuitos essenciais daquilo que, na fachada, é apresentado como segurança sanitária: A carteira de vacinação é um ato que estigmatiza as pessoas criando uma marca depreciativa (…) com nítido objetivo de controle social. O propósito é criar uma regra não admitida juridicamente, mas que visa a marcar o indivíduo constituindo uma meta-regra que está associada ao estigma do NÃO VACINADO.” Para quem ainda não entendeu o propósito real, Rangel faz questão de ser claro e direto na descrição do que se passa: “É uma ditadura sanitária. O decreto quer controlar as pessoas e dizer, tiranicamente, quem anda e quem não anda pelas ruas da cidade”.
 
A decisão do desembargador Paulo Rangel traz exemplos históricos de uso da doença ou do medo para subjugar populações e usá-las para espalhar discriminação e perseguição entre os próprios cidadãos.  
Claro que ele passa pelas experiências fascista e nazista. E projeta: “O próximo passo no Brasil é insuflar os vacinados a denunciar e reagir contra os não vacinados, acusando-os de serem vetores de transmissão do vírus. Mas não esqueçam que vacinados também estão contraindo a doença”.
 
O ministro Luiz Fux não quis saber desse argumento — nem de nenhum outro alusivo ao atentado contra a liberdade, ao efeito discriminatório e estigmatizante. Fux aproveitou para derrubar também, já que estava com a caneta na mão, a decisão da desembargadora Elisabete Filizzola, igualmente do Rio de Janeiro, que dava a dois clubes o direito de suspenderem a obrigatoriedade do cartão de vacinação contra covid em outra decisão bastante eloquente sobre a ineficácia do famigerado passaporte como medida de bloqueio do contágio. 
O presidente do STF nem esperou a apreciação das duas decisõesum habeas corpus e um agravo de instrumento — pelo Tribunal de Justiça do Rio. O telejornal não pode esperar.

Se a ditadura sanitária não virar ditadura total, as decisões ilegais e anticientíficas serão todas expostas, e seus autores responderão por isso. Para que isso aconteça é preciso que o número de cidadãos dignos supere o dos covardes.

Leia também “Cidadãos de 2ª classe, cobaias de 1ª”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste


domingo, 18 de outubro de 2020

Ibaneis Rocha fez filantropia com dinheiro da Viúva - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo 

Governador doou 12 mil máscaras a prefeito que pediu 5 mil  -   A filantropia de Ibaneis Rocha

Governador de Brasília, Ibaneis Rocha, doou 22,5 mil equipamentos de proteção sanitária ao município piauiense de Corrente [os moradores tentaram, muitos ainda tentam, realizar testes rápidos de covid-19 e não conseguem - enquanto milhares de testes vencem nos próximos dias = milhões de reais desperdiçados, indo para o lixo.]

domingo, 5 de abril de 2020

Saindo dos trilhos e É a crise, Jogo do bicho, bingos e cassinos ilegais ... O Globo



Dorrit Harazim

Mandetta e Fauci conquistaram o respeito e a confiança de quem os ouve pela abordagem científica e realista



Não se pode atribuir a insanidade do engenheiro ao coronavírus. Mas, à medida em que a humanidade sai dos trilhos pré-Covid 19, é de se prever que o planeta se torne mais propício a insânias individuais e coletivas. Daí a importância de se manter sob rédea curta governantes inseguros no poder, destemperados por índole e/ou despreparados para apontar o rumo em tempos de perigo e medo global. As limitações e inclinações inerentes a cada dirigente tendem a se acentuar à medida que a espiral da calamidade for adquirindo forma mais cruel. Por enquanto, em países onde essa espiral está apenas começando, a real capilaridade do vírus e seu potencial de destruição apontam em uma única direção: dias piores virão.

Nas Filipinas do presidente Rodrigo Duterte, que sofre de várias insuficiências democráticas e comanda com poder quase absoluto o país de mais de 100 milhões de habitantes, a solução para o complexo problema atual é simples: as forças policiais e militares têm ordem de atirar para matar quem descumprir a quarentena imposta. Ponto. Não tem ministro da Saúde, governadores nem imprensa em condições de lhe fazer frente. [é razoável considerar que a bronca de muitos jornalistas, especialmente contra presidentes = Bolsonaro, Duterte, Trump, é por não conseguirem usar a pandemia para  implantar a DITADURA da DEMOCRACIA.
Vejamos:
- se é contra o isolamento exagerado - caso do presidente do Brasil - vai para o tronco,  sendo malhado.
- se é a favor do isolamento e ordena medidas de força, caso das Filipinas, também vai para o tronco, sob malhação.
Trump vive no tronco, por ser presidente de um país rico e estar praticamente reeleito.]

Já Estados Unidos e Brasil têm mais sorte: por força da necessidade e do gigantismo da crise, Donald Trump e Jair Bolsonaro optaram por terceirizar o problema, que acabou em mãos de quem não comunga das crenças e disparates dos dois presidentes. Trump e Bolsonaro acreditaram poder desresponsabilizar-se da marcha da pandemia içando a primeiro plano dois personagens que não poderiam ser mais diferentes entre si — o nova-iorquino Anthony Fauci, a maior autoridade americana em infectologia, e, aqui, o deputado formado em Ortopedia Luiz Henrique Mandetta, atual ministro da Saúde. Ambos conquistaram o respeito e a confiança de quem os ouve pela abordagem científica e realista do combate ao coronavírus. Ambos, também, começam a pagar por isso.

Esta semana o franzino e bem-humorado Dr. Fauci, que já serviu a vários ocupantes da Casa Branca e chegou aos 79 anos de idade com biografia estelar, passou a precisar de proteção extra de agentes de segurança. Tem recebido ameaças de morte em demasia por parte de seguidores de Donald Trump. Em Brasília, Mandetta cometeu o pecado capital de seu Ministério da Saúde ter ultrapassado o presidente em aprovação na condução do combate ao vírus. Não só ultrapassou, esmagou: 76% a 33%, segundo o último Datafolha. [logo um desses partidecos que vivem a procura de holofotes 
- só conseguem, viram manchete,  quando impetram alguma ação judicial, descabida, contra contra o presidente Bolsonaro - 
vai convidar Mandetta para ser candidato a presidente.
Preferência popular, simpatia, em eleições só vale quando são traduzidas em votos - será que em 2022, com o coronavírus vencido sob o comando de Bolsonaro, Mandetta terá tal preferência?]
Sobreviver nessa dislexia nacional não tem sido fácil nos dois países. Em Washington, Donald Trump consegue embaralhar uma frase que começa com “Isto não é uma crise financeira, é apenas um momento temporário no tempo” com o anúncio da injeção de US$ 1 trilhão na economia do país. Em Brasília o comportamento de Jair Bolsonaro é ainda mais errático, sempre que tem um microfone pela frente. Para não concluir de forma sorumbática, vale recorrer às memórias de um generoso humanista do século 20, o escritor Paul Goodman. “Esperança é o contrapeso para o nosso enorme sentido de vulnerabilidade”, escreveu em suas memórias. “É a nossa permanente negociação entre otimismo e desesperança, a contínua negação do cinismo, ingenuidade. Temos esperança justamente por termos consciência de que eventos tenebrosos são sempre possíveis e não raro prováveis. Mas as escolhas que fazemos podem impactar o seu desenlace”.

Efeito coronavírus: Jogo do bicho, bingos e cassinos ilegais cortam 50% do salário de 'colaboradores'
Os efeitos da pandemia chegaram à... contravenção carioca. Com a queda no movimento, as casas de bingo e cassinos ilegais — que costumavam ser frequentados sobretudo por idosos — e as bancas de jogo de bicho já avisaram aos “colaboradores” que haverá corte brusco nos vencimentos: pelo menos de 50%.

O Globo





terça-feira, 17 de março de 2020

'Fiz piada, mas não é gripe comum: achei que ia morrer', diz carioca na UTI; leia depoimento

O Globo

Sem nenhuma outra doença prévia, homem de 55 anos teve pneumonia dupla

Coronavírus: 'Fiz piada, mas não é uma gripe comum. Achei que ia morrer', diz carioca internado na UTI

Um carioca de 55 anos teve que ser internado na UTI de um hospital privado da cidade dois dias depois de apresentar os primeiros sinais da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
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Ele não tem a idade considerada como grupo de risco, que é acima de 60 anos, nem outra comorbidade, ou seja, doenças previamente diagnosticadas, como hipertensão, diabetes ou problemas cardíacos e respiratórios — que também agravam o quadro da doença. — Estava meio de piada com essa história, achando que era bobagem, que era só uma gripe... não é nada disso. Não é uma gripe comum. Achei que ia morrer — afirma o paciente, que segue internado em recuperação.

Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China apontam que a letalidade do vírus é de 0,2% entre 10 e 39 anos; sobe para 0,4% entre 40 e 49 anos; e depois para 1,3% em pessoas com idades entre 50 e 59.  O grupo de risco começa com 60 anos, com uma taxa mortalidade de 3,6% dos infectados; depois pula 8% no grupo entre 70 e 79 anos e chega a 14,8% nos idosos com mais de 80 anos.

Especial visual: Entenda tudo sobre o novo coronavírus

O paciente do Rio, que pediu para não ser identificado, chegou da Suíça na sexta-feira retrasada (6). Na terça-feira seguinte, começou a sentir calafrios com tosse e espirros durante uma reunião. Ele mandou uma mensagem à mulher, que encaminhou ao médico do casal. — Ele me mandou sair da reunião e ir direto para o hospital. Ainda falei com ele que não tinha como sair porque tinha um monte de gente na reunião. Falei que no final do dia eu passava lá. Ele falou: 'Cara, você não está entendendo. Você tem que sair daí agora porque cada pessoa que está aí com você tem risco de pegar. E pode ter um pai velho ou alguém doente que poderá sofrer mais' — lembra o paciente.

Coronavírus:  Em vídeo, Crivella diz que 'não há necessidade de pânico' quanto ao coronavírus no Rio

Foi este argumento que o convenceu. Ele pediu desculpas ao cliente e foi para o hospital. Fez exames — a tomografia detectou que o pulmão estava limpo — e, na quinta-feira, chegou o resultado positivo para a Covid-19.

(.....)

O Brasil tem 234 casos confirmados do novo coronavírus. A informação é do Ministério da Saúde, atualizada às 15h50 desta segunda.
São Paulo segue com o maior número de pessoas doentes. São 152, seguido pelo Rio, com 32.
Em seguida vêm Distrito Federal (13), Santa Catarina (7), Paraná (6), Rio Grande do Sul (6), Minas Gerais (5), Goiás (3), Mato Grosso do Sul (2), Bahia (2), Pernambuco (2), Espírito Santo (1), Alagoas (1), Rio Grande do Norte (1), Sergipe (1) e Amazonas (1).

Em O Globo, MATÉRIA COMPLETA




domingo, 23 de abril de 2017

São Jorge, um guerreiro como todo carioca

Falência do estado e índices de criminalidade em alta fazem aumentar devoção ao cavaleiro da Capadócia no Rio





São Jorge é o santo que teve sete vidas. Reza o mito que suportou as maiores torturas e que venceu até um dragão. Ele derrotou inclusive o poder da Igreja: o fato de ter sido rebaixado na década de 1960 para o terceiro escalão dos santos católicos e reconduzido ao primeiro nível em 2000 por João Paulo II — não diminuiu a devoção à imagem do bravo militar sobre um cavalo branco. 
 
No Rio de Janeiro, quanto mais difícil o quadro de violência, mais pedidos são feitos a São Jorge — o Ogum nas religiões afro no Rio. A veneração ao cavaleiro da Capadócia ganhou força na cidade nos anos 1990, devido à insegurança. De lá para cá, ele esteve presente em enredo de escola de samba; foi tema de novela; estampou roupas de grife e passou definitivamente a fazer parte do mundo da decoração. Com a crise financeira do estado e os índices de criminalidade galopantes, esse culto ao santo guerreiro — que não baixou a cabeça nem para o imperador romano — tende a explodir. Padre Dirceu Rigo, da Paróquia de São Jorge, em Quintino, espera receber neste domingo um milhão de fiéis em busca de proteção. 
 

O santo dos momentos de guerra

 Festa em Quintino deve receber mais de 1 milhão de pessoas este ano - Márcia Foletto / Agência O Globo

No ano passado, passaram pela igreja cerca de 700 mil pessoas. O padre traça um paralelo entre o mito e o dia a dia dos cariocas para explicar tamanha paixão por São Jorge.  — Quantos dragões o carioca enfrenta todo dia? São Jorge tem uma imagem muito forte de bravura, e vejo na nossa igreja as pessoas pedindo força e coragem. E quais são os dragões dos cariocas? O primeiro é a violência. Não temos mais segurança no Rio de Janeiro. Outro tem a ver com a saúde, olha quanto gente morrendo na porta dos hospitais. Temos ainda o dragão da educação e o da corrupção. Por isso o povo se identifica muito com São Jorge, porque o carioca tem essa bravura — afirma padre Dirceu, contando que São Jorge chegou a conselheiro do imperador Diocleciano, que perseguia os cristãos.

O cavaleiro do Império, por ser cristão, era um subversivo. Na narrativa desenvolvida depois pela Igreja, ele, por não negar suas convicções ao ser questionado pelo imperador, acabou preso. Sucumbiu apenas depois de ser chamado pelo Senhor. A professora Georgina Silva dos Santos, do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), carrega sempre com ela um anel de ouro com o santo. Seu nome é uma homenagem ao próprio: seu pai, Jorge, nasceu no dia 23 de abril de 1914 e era da Irmandade de São Jorge. Ela também é do dia 23, só que de junho. Georgina é devota desde o berço e, quando foi fazer doutorado na USP, buscou a explicação histórica para o que sentia e via ao seu redor. Ela lembra que, na infância, essa devoção a São Jorge não era muito diferente da dedicada a outros santos, como a São Sebastião, padroeiro da cidade.

O guerreiro ganha vulto em momentos críticos do Rio: — Essa devoção tem um pico por causa dos índices de violência altíssimos. As pessoas acabam evocando o santo para proteger a cidade. Em que medida essa devoção contribuiu para diminuir a violência, não sabemos. Mas, na dúvida, é melhor pedir — acredita a historiadora, explicando. — Na minha infância tinha festa para São Jorge nas igrejas como havia para Nossa Senhora das Graças, para Santo Antônio... Não era essa coisa pop. A sociedade fala dos seus medos, das suas angústias por trás de certos cultos. No Rio, a segurança é algo que aflige a todos, desde o mais humilde ao mais rico. Ninguém está imune a bala perdida, e hoje se mata por uma bicicleta. A invocação do São Jorge é, no fundo, a declaração de que estamos vivendo um conflito armado. A incompetência dos gestores em se dar conta disso faz com que se apele a uma outra instância, muito superior, para que ela consiga interferir na realidade objetiva.

Entre os lusitanos, os surtos de devoção se dão, tradicionalmente, em períodos de guerra. O primeiro foi no século XIV, quando Portugal derrotou a Espanha numa batalha pelo poder do reino. Com um exército minguado, o condestado (chefe militar da época) fez promessa a São Jorge. Tudo leva a crer que a oração foi forte: com a vitória, o santo ganhou papel de destaque na monarquia, e começou a fazer parte das procissões de Corpus Christi. No Rio colonial, sua imagem tinha grande apelo. Padroeiro da Dinastia de Bragança, durante o Império era venerado pela Corte e, nas romarias, sua imagem era acompanhada por 23 cavalos e saudada com tiros de canhão. Em sinal de humildade, o imperador descobria a cabeça na passagem do santo que lembra um príncipe. — O evento daquela época equivale ao que seria hoje os desfiles de escola de samba, em termos de aparato e acontecimento — diz Georgina. — A comoção vista hoje se aproxima da ocorrida na época do Império.

Ligado aos ofícios de ferro e fogocomo ferreiros, espadeiros, armeiros e mesmo barbeiros, considerados essenciais ao funcionamento do exército —, São Jorge tinha esses profissionais na formação da sua irmandade no Rio. A mistura com as religiões de raiz afro nasce da relação desses homens e sua mão de obra escrava. Além disso, meninos negros vestidos pela irmandade acompanhavam a procissão ao lado da imagem. 


LER MATÉRIA COMPLETA, em O Globo,  clicando aqui


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O DF não tem necessidade nem cultura de carnaval. Insistir em realizar carnaval do DF é desperdício de dinheiro público



FELIZMENTE, golpe de morte na palhaçada que chamam de carnaval no DF !!! Desfile de escolas de samba do DF não terá competição nem arquibancadas

Falta de dinheiro obriga escolas de samba a organizar festa enxuta, sem arquibancadas ou premiação. Governo tentará intervir para que a iniciativa privada ajude no financiamento


Distrito Federal não tem necessidade de carnaval. É desperdício. O Distrito Federal terá em 2015 seu último carnaval,  enxuto, paupérrimo, favela mesmo
Carnaval só vale mesmo o do Rio; o de São Paulo fica em segundo lugar mas bem atrás do carioca e o da Bahia é o terceiro e um arremedo
 


Depois de o Governo do Distrito Federal confirmar que não repassará o dinheiro para a folia, a União das Escolas de Samba e Blocos de Enredo do Distrito Federal (Uniesbe) fará os desfiles sem competição, o número de dias da festa cairá de três para dois e as apresentações serão feitas em área pública, sem as arquibancadas. Esse foi o resultado da reunião entre o presidente da Uniesbe, Geomar Leite, o Pará, o secretário de Turismo, Jaime Recena, e o governador Rodrigo Rollemberg. Na próxima segunda-feira, Pará e Recena voltarão a se encontrar para discutir o apoio de empresas ao evento.

Paralelamente, o secretário e o governador vão procurar a área jurídica do Palácio do Buriti para discutir a aplicação da Lei nº 4.738, de 29 de dezembro de 2011, que determina a responsabilidade do GDF em pagar “a infraestrutura, os serviços públicos de apoio e a divulgação necessários à realização do carnaval do Distrito Federal”. Recena lembra que ao menos a primeira parcela dos R$ 6,35 milhões aprovados pela gestão passada para o evento de 2015 deveria ter sido paga em outubro, o que não ocorreu.

Na tarde de ontem, Recena disse que montará um plano de ação em conjunto com as escolas e a liga dos blocos, para buscar a iniciativa privada. De acordo com o secretário, os representantes das agremiações e dos blocos tradicionais foram compreensivos em relação à posição do governo. “Eles entendem que esse é um problema que herdamos. Sabem que existem outras situações emergenciais e isso é importante para enfrentarmos todas as dificuldades que temos pela frente. A esperança de fazer o carnaval existe. Estamos empenhados e esperançosos de encontrar uma saída satisfatória para todos”, disse.

O presidente da Uniesbe manifestou insatisfação com o cancelamento da verba. Segundo ele, as escolas devem cerca de R$ 1,4 milhão em material e R$ 2 milhões em mão de obra, que foram empenhadas com a garantia de que o governo cumpriria a lei e manteria o financiamento. “Estamos buscando alternativas para sanarmos essas dívidas. Vamos garantir a apresentação das escolas de samba reduzida. Usaremos as fantasias confeccionadas e queremos todas as agremiações presentes.”

Fonte: Correio Braziliense