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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Em vídeo, mulher de delator diz: “Se não falar, sua filha e sua mulher vão presas”



Gravação foi usada pela defesa do ex-deputado Henrique Alves para pedir anulação da delação de seu ex-assessor Fred Queiroz, sob o argumento de que não foi espontânea 

Uma série de vídeos postados nas redes sociais pela mulher de um colaborador da Justiça estão sendo usados como argumento para um pedido de anulação de uma delação premiada. As gravações foram feitas por Érika Nesi, mulher do empresário Fred Queiroz, ex-assessor do peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN), que contou aos investigadores da Operação Lava Jato ter buscado malas de dinheiro para o ex-ministro. 

Ao se defender de críticas que o casal estava sofrendo por ter “traído” Henrique Alves, Érika Nesi relatou que o marido foi pressionado a fazer uma delação para que ela e a filha não fossem presas. “Junta aí sua família, tá todo mundo preso, prende todo mundo, aí você chega lá na frente do juiz, aí o juiz... aí vamos assim... aí vocês sabem: 'se você não vai contar a verdade, a sua família vai ficar presa, o que que você vai fazer?'”, afirma Érika em um dos trechos, em referência aos investigadores. Em outro, ela diz: “Porque falar é muito bom, mas você quando diz: ‘Ah, se não falar isso, a sua filha, seu filho e sua mulher vai (sic) ficar presa’, eu quero ver o que você vai dizer”. Confira os trechos dos vídeos abaixo:

Veja mais em Época

 

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O senhor das flechas

No bambuzal de Janot sobrou flecha para todo lado. Inclusive na direção dele. 

 A última, desferida pelo próprio, pareceu cena de suicídio. Levou ao sepultamento profissional, político, de imagem e reputação do referido arqueiro. Janot foi o algoz de Janot. Ninguém mais. Traçou um destino vexatório desde os primeiros movimentos. 

Açodado, meteu os pés pelas mãos. Como pode um procurador disparar, por exemplo, uma operação controlada, de grampo presidencial, sem consentimento ou autorização da Corte Suprema? A PGR, sabe-se agora, estava metida até a última haste da flecha endereçada a Temer, naquela que foi a mais rocambolesca e ruidosa gravação de diálogos de um mandatário do País. A conduta anormal, revestida de traços de ilegalidade, pode evidenciar vícios de origem na denúncia decorrente do episódio, motivando a completa anulação do acordo em voga. O assessor direto da Procuradoria, Marcelo Miller, ainda no cargo e exercendo jornada dupla nas atividades pública e privada, auxiliou, orientou e conduziu o delator na sua aventura criminosa. As datas das gravações que demonstram a participação de Miller e de seu desligamento da PGR não deixam margem a dúvidas. Janot, por sua vez, foi pilhado nas gravações sob a acusação de estar ciente de cada passo do malfeito. Vai ter de se explicar. O titular da PGR enroscou-se na ideia fixa de entrar para a história mirando alvos da República com munição de origem duvidosa. 

Em busca de troféus e de uma aposentadoria gloriosa, não mediu ambições. Engendrou acordos espúrios com ladravazes da praça. Deu-lhes guarida e imunidade, na forma de benefícios extraordinários – imorais mesmo! Ignorou a fragilidade das provas e da armação que se erguia ao seu redor. Tombou atingido pelas suspeitas de colaboração do subordinado próximo. Só podia dar no que deu. Vai deixar o cargo nesta semana de maneira melancólica. O ministro do Supremo, Gilmar Mendes, classificou Janot como “a maior tragédia da história da Procuradoria”. Criticou o que chamou de “arranjos” e “mutretas” do seu opositor. A parábola contida no clássico do irlandês Samuel Beckett soa premonitória na atual circunstância. 

Na obra “Esperando Godot”, Beckett fala de personagens que ficam a tratar de Godot, discorrendo sobre suas decisões. Na versão nacional, em roteiro real, não se esperava de Janot outra coisa. ISTOÉ vem mostrando, através de seguidas reportagens, a saga dos equívocos e derrapagens do Procurador, desde que ele alinhou-se à trupe do governo petista. De lá para cá, Janot errou em tudo: nos objetivos traçados, no encaminhamento dos processos, na proteção velada que parecia reservar a alguns diletos parceiros de jornada – os presidentes Lula e Dilma principalmente. Nos dias derradeiros, em meio ao turbilhão de queixas sobre a sua conduta, deu meia volta e resolveu, afinal, denunciar a quadrilha petista que, pelos autos, surrupiou quase R$ 1,5 bilhão – dos quais R$ 230 milhões seguiram direto para as burras do comandante da gangue, o ex-presidente Lula. Muitos estão a se perguntar que país é este no qual salafrários da pior espécie agem à luz do dia escondendo malas de dinheiro, desviando recursos da máquina pública em conluio com empresários picaretas e sob o beneplácito de alguns agentes da lei? 

Em um único dia, a terça-feira fatídica de 5 de setembro, vieram a público os áudios estarrecedores do esquema, as provas da propina na Olimpíada, as caixas e entulhos de dinheiro sujo do ex-ministro Geddel e o roteiro de fraudes da  organização criminosa liderada por Lula e Dilma. Não fosse pouco, a sociedade ainda teve que ouvir as bazófias do açougueiro de reputações, Joesley Batista, que falou em dissolver o Congresso e em “pegar” o Executivo enquanto tripudiava das chances de ser preso.  À Janot faltou prudência, no mínimo, para negociar com figuras dessa espécie. Agora ele trata de imputar a esses interlocutores “crimes gravíssimos”, previsíveis até. A questão fundamental: quem irá pôr um freio nessa banalização da corrupção, que granjeia por todas as paragens?  Procuradores, juízes, senhores da Justiça e até Janot estão com a palavra.

Fonte: Editorial - Isto É - Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três






terça-feira, 5 de setembro de 2017

Auto-grampo de Joesley abala segunda denúncia de Janot

Gravação é garantia que faltava de que Temer deve concluir tranquilamente seu mandato

O primeiro efeito colateral do auto-grampo de Joesley Batista é o esvaziamento completo da segunda denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, planeja apresentar contra o presidente Michel Temer.

O foco agora passa a ser nas irregularidades que, indicam as gravações, ocorreram durante as negociações que resultaram na imunidade total a Joesley e seus comparsas. O envolvimento do ex-procurador Marcelo Miller, quando ainda atuava do lado do balcão da PGR, deve levar a uma caçada a Janot, liderada por Temer e seus aliados: até que ponto o procurador-geral sabia, ou não, que um de seus auxiliares orientava o empresário a conseguir o máximo de benefícios?

A doze dias do final do mandato, Janot deve passar mais tempo respondendo a essas e outras perguntas do que preparando a segunda denúncia contra Temer. Mesmo que consiga finalizar um documento consistente, a chance de obter o aval do Câmara para que o caso prossiga ao Supremo Tribunal Federal é praticamente zero.  Se os deputados não autorizaram o prosseguimento da primeira denúncia, quando não havia dúvidas sobre o áudio, o que farão agora que há indícios de que houve uma armação na negociação?

Com uma dose de cinismo, é possível apontar como lado positivo que a fatura apresentada pelos deputados para enterrar o assunto vai ser menor do que antes. No final das contas, o governo terá de liberar menos verbas e cargos para obter um placar favorável. O auto-grampo de Joesley não apaga em nada os fatos revelados pela sua delação: Temer recebeu um criminoso confesso no porão do Palácio do Jaburu, ouviu uma série de crimes e aquiesceu. Também não anula o fato de que a empresa admitiu ter pago propina a mais de 1.800 políticos, tampouco os R$ 150 milhões relatados em contas de Lula e Dilma. [sempre bom lembrar que a maior parte do que foi narrado pelo delator não está suportado por provas e não merecem sequer ser chamados de fatos.]

No campo jurídico, haverá um longo embate sobre a validade ou não das delações, se o conteúdo foi ou não "contaminado" pelos problemas na negociação.   Mas, do ponto de vista político, o principal alvo da delação da JBS, Michel Temer, já pode comemorar. O auto-grampo de Joesley é a garantia que faltava que ele deve terminar tranquilamente seu mandato, até dezembro de 2018.

Fonte: Pedro Dias Leite é editor de País - O Globo



Leia mais: https://oglobo.globo.com/brasil/analise-auto-grampo-de-joesley-abala-segunda-denuncia-de-janot-21787275#ixzz4rptFlTGu
stest

 

terça-feira, 4 de julho de 2017

Prisão de Geddel dificulta negociação de Temer para sobreviver

Os deputados que vão decidir o destino do presidente sabem que a Lava Jato ganhou mais um potencial – e graúdo – delator contra ele 

 A prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima pela Polícia Federal nesta segunda-feira (3), em Salvador, Bahia, comprova a tendência de que é um perigo ser amigo, assessor próximo ou ex-assessor do presidente Michel Temer. Ele segue o destino de Eduardo Cunha, Henrique Alves, Rodrigo Rocha Loures e Tadeu Filippelli, todos presos acusados de corrupção, todos próximos de Temer. Eles sofrem com a cadeia, mas o mais prejudicado é o próprio presidente. A Lava Jato tem, em suas mãos, um arsenal de potenciais delatores que conhecem bem o que Temer fez. O detalhe é que Geddel vai para a cadeia em um momento  delicado para o presidente. 

A rigor, Geddel foi preso por causa de um ramo da investigação que levantou irregularidades durante sua gestão como vice-presidente da Caixa no governo Dilma Rousseff, na cota do seu partido, o PMDB. Mas o mais importante estrategicamente para a Lava Jato, neste momento, é o fato de que Geddel era o intermediário das conversas entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS. Foi a delação de Joesley que levou Temer a ser denunciado por corrupção passiva e a ficar com o mandato a perigo. Na gravação que fez de Temer, Joesley diz que Geddel era seu intermediário com Temer. 

Depois que ele saiu do governo (por uma denúncia de corrupção, aliás), no ano passado, o suplente de deputado Rodrigo Rocha Loures assumiu a função de intermediário entre Joesley e Temer – até ser flagrado dando aquela corridinha com uma mala recheada de R$ 500 mil em propina. Geddel pode, portanto, esclarecer – e até ampliar – a ligação entre Joesley e Temer e confirmar o que Joesley disse sobre o presidente. É uma ameaça bastante considerável.

Além da possibilidade de delação, com a prisão a Procuradoria-Geral da República aumenta a pressão política sobre o presidente. Temer e seus aliados trabalham para mobilizar ao menos 172 deputados para votar contra admitir a denúncia por corrupção passiva contra ele, posta por Janot. Não tem sido fácil, especialmente porque terão de fazer isso outras duas vezes, já que Janot decidiu apresentar três denúncias separadas, uma para cada crime. A prisão fragiliza um pouco mais a posição de Temer para negociar na Câmara. Os deputados sabem quanto Geddel era próximo de Temer e o tamanho do estrago que ele pode fazer. Passarão os próximos dias calculando qual a chance de Temer ter um futuro para cumprir as promessas que deve fazer a eles em troca de votos. A Lava Jato coloca obstáculos, deixa Temer vazio de aliados e cheio de apreensões.

Fonte: Revista ÉPOCA

 

 

sábado, 10 de junho de 2017

Em que circo vive o Brasil

Senhores espectadores da plateia, mirem o picadeiro. O espetáculo já começou e passou dias de apresentação no Tribunal Superior Eleitoral. Juízes bateram cabeça no melhor estilo comédia pastelão. Argumento “falacioso” de um lado. “Índios não contactados da Amazônia”, do outro. Piruetas verbais superaram, em muito, as expectativas. Sob os holofotes de toda a mídia, a seleção da toga não mediu esforço para brilhar, ao vivo e “online”, em transmissões na maior parte do tempo simultâneas para a Nação assistir a qualquer momento e não perder um lance. Faz muito tempo que os senhores magistrados, de qualquer quadrante, decidiram pontuar suas modorrentas falas e julgamentos com um verniz político que vai muito além da letra da lei. Serve à audiência. Ajuda no clima de “fla-flu” que ganha torcida aguerrida a cada golpe e contragolpe. Não é de hoje, realmente, que a politização do Judiciário – digamos assim – se converteu numa regra e transformou as sessões de debate em shows à parte. A tal ponto que mesmo gracejos são permitidos. 

Em determinado momento da audiência que avaliou o destino da chapa Dilma-Temer, para estupor geral, os “inferninhos” entraram no meio. Cabaré daqui, casas noturnas denunciadas de lá, eis que o presidente da Corte, Gilmar Mendes, indagou ao relator: “E Vossa Excelência não teve de fazer investigações (nesses locais)?”. Ao que o relator Herman Benjamin retrucou: “Não fiz inspeção, não usei de meus poderes de prova para tanto. Mas se vossa excelência quiser propor…”. A animação foi logo contida. Fato: já se viu tantas cenas inimagináveis nessa opereta da Lava Jato que não seria por demais bizarro imaginar homens da lei frequentando o baixo meretrício atrás dos “criminosos” de colarinho com o intuito de angariar novos elementos para as suas abalizadas conclusões. 

Mesmo que entre os suspeitos da vez estivessem as mais proeminentes autoridades da República. O que importa é a pirotecnia. Manter atenta a plateia. Na verdade, se diga, o carnaval de absurdos que de longa data vem exaurindo as forças e paciência dos brasileiros parece não encontrar limites. Na PGR, procuradores afoitos tratam de acelerar diligências para engalanar suas biografias. Rodrigo Janot, que deixa o comando da instituição em setembro próximo, dá sinais de atropelo de etapas elementares ao apresentar denúncia contra, ninguém menos, que o presidente da República. O troféu de um governo derrubado por suas investigações realmente não seria para qualquer um. 

Quantos dos seus pares poderão no futuro ostentar tamanho trunfo? Ao não periciar fitas e se convencer antecipadamente da culpa do acusado, Janot extrapola. No seu entender, Temer fez uma “confissão espontânea”. Não há nas gravações, amplamente difundidas, anuência clara do mandatário aos crimes do interlocutor que soturnamente armou a cilada de uma conversa fétida. Mas isso pouco importa. É mero detalhe. Se for uma medida necessária à causa decretar a prisão de outro íntimo assessor do chefe da Nação, como Rodrigo Rocha Loures, mesmo que não exista nenhum dos três elementos basilares à disposição flagrante delito, condenação definitiva ou provas de obstrução de justiça –, que se cumpra. Os fins justificariam os meios. Por essa cartilha, Janot teve a capacidade de contrariar inclusive seus pares. Ao negociar um acordo que dava salvo-conduto e benefícios inéditos ao delator – hoje livre, leve e solto a passear pelas ruas de Nova York, enquanto o País implode devido às suas confissões -, o procurador-geral ridicularizou o instrumento da delação e colocou em xeque os demais entendimentos firmados até então. Eles podem ser revistos à luz da jurisprudência criada. E para pior. Haveria manobra circense mais ultrajante?

Malgrado o mérito em questão no TSE, relativo a circunstâncias anotadas durante a campanha de 2014 (com notória influência dos acontecimentos recentes), Janot comandará um evento à parte. Demonstra estar tão certo da responsabilidade do seu alvo que corre contra o tempo para liquidar o interrogatório e alcançar à fase da denúncia, rogando angariar o amparo da classe política para consagrar como réu o presidente Temer, um “malvado favorito”. Por isso que, desde as sessões do TSE em diante, o Brasil segue esperando Janot, tal qual a obra do dramaturgo irlandês Samuel Beckett (“Esperando Godot”), na qual homens passam os dias aguardando respostas para o curso de suas vidas, inebriados por discussões nonsense, porque Godot não aparece. É ou não é espetáculo de um grande circo?

Fonte: Editorial - IstoÉ -  Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três

 

 

domingo, 21 de maio de 2017

Ao desqualificar delator, Temer se autoincrimina

Uma das características fundamentais da dificuldade de julgamento é ter que ouvir uma pessoa durante vários anos para chegar à conclusão de que ela não vale nada

Michel Temer conhece Joesley Batista há coisa de seis anos. Já esteve com o personagem incontáveis vezes. Só agora percebeu que dava cartaz a um sujeito desonesto e mentiroso. Temer fez hora extra neste sábado para dizer ao país que o dono do Grupo JBS deveria estar preso, não passeando pelas ruas de Nova York. Temer atacou seu delator a pretexto de se defender. Não conseguiu senão autoincriminar-se.

O presidente esteve com o salafrário pela última vez em 7 de março. Recebeu-o no palácio residencial perto de 11 da noite. Sem saber que falava com um grampo a domicílio, tratou-o com rara fidalguia. O inquilino do Jaburu só notou que o visitante tinha traços criminosos depois que virou um delatado. Ao conviver por tanto tempo com um corrupto, Temer revelou-se moralmente ligeiro. Incriminado pelo ex-amigo, mostrou-se intelectualmente lento. Qualquer uma dessas velocidades é um insulto. Nenhuma delas é compatível com o que se espera de um presidente da República.

Temer exibe sua indignação ao país em conta-gotas. Regula a dosagem de sua revolta à evolução dos fatos. Normalmente comedido, soou um tom acima. Em certos momentos, pareceu fora de si, tornando mais fácil enxergar o que tem por dentro. Na superfície, fez pose de presidente injuriado. Entretanto, ao defender sua honra recriminando o delator, soou como se ecoasse a orientação que os criminalistas esculpiram no fundo de sua consciência: “Cuidado, você agora é um investigado. Dependendo do que disser, pode tornar-se réu.”

Temer escora-se em reportagem da Folha para desqualificar a gravação do diálogo vadio que manteve com seu algoz. “Li notícia de que perícia constatou que houve edição no áudio de minha conversa com o senhor Joesley Batista. Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos.” Pediu a suspensão do inquérito em que é acusado de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.

Do ponto de vista jurídico, a desqualificação do áudio é o melhor remédio para quem, como Temer, busca livrar-se do afogamento. Ao enviar a gravação ao Supremo Tribunal Federal sem submetê-la a uma perícia minuciosa, o procurador-geral da República Rodrigo Janot ofereceu boa matéria-prima para o esperneio do acusado. Como se fosse pouco, Janot e seus pares deram à turma do JBS um prêmio incompatível com a moralidade. Não há delação que justifique o escárnio de tratar a pão de ló quem merece o pão que Asmodeu amassou. O diabo é que, do ponto de vista político, a reação de Temer é ineficaz. Para quem está afundando, um jacaré parece tronco. Mas a essa altura a fita de Joesley não passa de um detrito no monturo que se formou na porta do gabinete presidencial. A mera desqualificação do áudio não é suficiente para restaurar os danos.

Ironicamente, o próprio Temer mostrou que a gravação que ele se esforça para desqualificar não é de todo inservível. Fez isso ao ressaltar “as incoerências entre o áudio e o teor do depoimento” de Joesley à Procuradoria. “O que ele fala no seu depoimento não está no áudio. E o que está no áudio demonstra que ele estava insatisfeito como meu governo”, disse Temer. [o resultado da gravação, após sucessivas edições, tem serventia no sentido de fornecer informações e por elas é que Temer deduziu que o traidor Joesley não gosta do seu governo.
O que torna a a gravação inservível são as sucessivas edições que não dão a garantia da fita exibir conteúdo genuíno, não modificado, ou apresentar um conteúdo formado por trechos avulsos, que permitem moldar o diálogo apresentado ao gosto do traidor.]

Num dos trechos do áudio que Temer considera fidedignos, o delator expôs o que o presidente definiu como “reclamações contra o ministro da Fazenda, contra o Cade, contra o BNDES.” Para Temer, as queixas de Joesley são uma “prova cabal de que meu governo não estava aberto a ele.” Bobagem.  Se esse trecho da fita prova alguma coisa é que um empresário corrupto, depois de se defrontar com servidores que se recusavam a atender às suas demanda$, foi cobrar do presidente da República a solidariedade de que se julga credor. E foi plenamente correspondido. Quando o dono do JBS pediu a Temer, por exemplo, um “alinhamento” de posições que lhe permitisse ser mais direto nas cobranças dirigidas ao ministro Henrique Meirelles, Temer assentiu: “Pode fazer isso.”

Temer parece considerar que foi guindado pelas circunstâncias ao cargo de presidente como exemplo. Falta definir de quê! “O autor do grampo relata no diálogo suas dificuldades”, realçou Temer. “Simplesmente ouvi. Nada fiz para que ele obtivesse benesses do governo.” Como assim? Por que, então, indicou o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, hoje deputado federal pelo PMDB do Paraná, para servir de ponte entre a Presidência da República e o delator? “Não há crime, meus amigos, em ouvir reclamações e me livrar do interlocutor indicando outra pessoa para ouvir as suas lamúrias.” Hã, hã…

O que o presidente ainda não percebeu é que dinheiro que Rodrigo Loures, seu interlocutor, recebeu de um portador do corruptor Joesley dias depois da conversa noturna do Jaburu talvez não dê para vestir 5% das desculpas esfarrapadas que a plateia é obrigada a ouvir. “Houve grande planejamento para realizar esse grampo”, concluiu Temer, flertando com o óbvio. “Depois, houve uma montagem e uma ação deliberada para criar um flagrante que incriminasse alguns, enquanto os criminosos fugiam para o exterior em absoluta segurança.” O que o presidente chama de “ação deliberada” foi, na verdade, uma investigação monitorada pela Procuradoria, sob supervisão do Judiciário. [investigação bem amadora, tanto que não tiveram a preocupação de autenticar a integridade do conteúdo gravado originalmente.]

Nessa investigação, Rodrigo Loures, o intermediário de Temer, foi seguido e fotografado pela Polícia Federal recebendo de Ricardo Saud, executivo da holding J&F, que controla o conglomerado de Joesley, uma mala contendo R$ 500 mil. Trata-se de propina, informou a Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal. Sobre isso, Temer não disse palavra.

Sobre o trecho do grampo em que a Procuradoria enxergou um aval do presidente ao cala-boca monetário que Joesley fornecia ao presidiário Eduardo Cunha, Temer declarou o seguinte:Não existe isso na gravação, mesmo tendo sido ela adulterada. E não existe porque nunca comprei o silêncio de ninguém. […] É interessante: quando os senhores examinam o depoimento [de Joesley] e o áudio, os senhores identificam que a conexão de uma sentença à outra não é a conexão de quem diz: ‘Olha, eu estou comprando o silêncio de um ex-deputado e estou dando tanto a ele. Não. A conexão é com a frase: ‘Eu me dou muito bem com o ex-deputado, mantenho uma boa relação’. Eu digo: mantenha isso, viu?”

Ou seja: o presidente da República recebe no Jaburu, tarde da noite, um empresário que considera corrupto. Mantém com ele um diálogo antirrepublicano. Nessa conversa, o bandido diz à autoridade máxima do país que conserva sua “boa relação” com Eduardo Cunha, um ex-presidente da Câmara condenado por crimes variados e mantido atrás das grades em Curitiba. Temer reconhece que estimulou o relacionamento entre os dois larápios —“Mantenha isso, viu?”. E acha que está tudo normal. A honestidade, está comprovado, é mesmo uma virtude facilmente contornável.

Depois de dizer coisas definitivas sem definir muito bem as coisa$ que o levaram a abrir as portas do Jaburu para Joesley, protagonista de cinco ações penais, agora um corrupto confesso, Temer falou de um Brasil que sua maleabilidade ética comprometeu. “O Brasil exige que se continue no caminho da recuperação econômica que traçamos, para colocar o país nos trilhos.”

De tanto conviver com a corrupção, o brasileiro adaptou-se às reações das autoridades em apuros. Há método na desfaçatez. Percebe-se como tudo vai acabar. O Brasil deixou de ser um país imprevisível. Tornou-se uma nação tristemente previsível. Temer mantém o compromisso de devolver o gigante aos trilhos. Já é possível enxergar o pus no fim do túnel.

Fonte: Blog do Josias de Souza


domingo, 23 de abril de 2017

Eliane Cantanhêde: Fala, Palocci!

Fala, Palocci!

A defesa, o sítio e o triplex de Lula desabam e o foco se desloca para Palocci

Léo Pinheiro é a pá de cal na defesa do ex-presidente Lula, mas a bola da vez é o seu ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que conseguiu a proeza de despencar não de um, mas de dois governos diferentes, e continuou aprontando das suas com uma desenvoltura tão surpreendente quanto seu inalterável ar de bom moço, até cair nas garras da Lava Jato e ser considerado hoje o futuro delator com potencial mais explosivo.

Em suas delações ao juiz Sérgio Moro e aos procuradores, Marcelo Odebrecht contou que era ele, Palocci, quem administrava a conta “Amigo” na empreiteira, um cheque em branco que abastecia as vontades e os luxos da família Lula da Silva. E, no relato dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, os acertos de valores, prazos e formas de pagamento para, primeiro, salvar a imagem do presidente Lula e, depois, os votos do candidato Lula, após o mensalão, foram feitos diretamente no gabinete da Fazenda.

Palocci, aliás, foi preso em setembro do ano passado sob a suspeita de ter favorecido a Odebrecht numa medida provisória sobre benefícios fiscais, numa licitação da Petrobras para compra de navios-sonda, num financiamento do BNDES para obras da empreiteira em Angola e na doação de um terreno para o Instituto Lula.  Em sendo assim, Palocci tinha múltiplas personalidades: era ministro da Fazenda e ditava a política econômica, mas ao mesmo tempo lobista da Odebrecht, operador financeiro do PT e gerente da conta de Lula naquele banco da empreiteira chamado de Setor de Operações Estruturadas. Era três em um, ou melhor, quatro, cinco ou seis em um.

Palocci começou cedo.
Basta olhar para as fotos dele cercado por seus assessores na prefeitura de Ribeirão Preto para perceber que havia algo errado. Bonachão, com seu ar e seus óculos de aluno estudioso, era cercado por figuras que acabaram encalacradas na justiça. Mas Palocci pousou em Brasília com os ventos alvissareiros da primeira eleição de Lula. O médico que assumia a Fazenda. O ex-prefeito com aura de competência. O hábil que driblou vários concorrentes e ficou lado a lado com o presidente. O pragmático que jogou no lixo as teses econômicas do PT e virou o queridinho do mercado – e da mídia.


A primeira surpresa de quem não conhecia as histórias de Palocci em Ribeirão foi saber de uma casa alugada no bairro mais nobre de Brasília, onde eram dadas festas de arromba e havia um estranho trânsito de malas de dinheiro. E ele não teve o menor prurido em usar seus poderes para quebrar o sigilo do caseiro que contara detalhes sobre a casa subitamente famosa.  Palocci desabou da Fazenda de Lula, mas ressurgiu igualmente poderoso na campanha de Dilma Rousseff em 2010 e dali para a Casa Civil. E desabou de novo, por não explicar a compra de um apartamento de R$ 7 milhões, que era dele, mas não era dele, cheio de mistérios. Não se sabe se ele aprendeu com Lula, ou se Lula aprendeu com ele…


É assim, com essa trajetória tão atribulada, sua relevância no centro do poder e agora seu desconforto em sete meses de prisão, que Palocci se torna a bola da vez. Ainda há muito o que contar sobre Lula e os governos petistas, mas o grande terreno a ser desbravado não é do lado corrupto, mas do lado corruptor. O que se sabe do sistema financeiro na Lava Jato?  Em seu depoimento desta quinta-feira, 20, a Sérgio Moro, o ex-ministro foi de uma gentileza que raiou a sabujice ao se oferecer como delator: “Se o senhor estiver com a agenda muito ocupada, a pessoa que o senhor determinar, eu imediatamente apresento todos esses fatos, com nomes e endereços, para um ano de trabalho”. Os investigadores esfregam as mãos, os investigados entram em pânico.


Fonte: O Estado de S. Paulo - Eliane Cantanhêde - Transcrito da Coluna de Augusto Nunes - VEJA

 


quarta-feira, 30 de novembro de 2016

“Crônica da crise anunciada” e outras sete notas de Carlos Brickmann

“É a economia, estúpido”, repetia o estrategista-chefe do candidato Bill Clinton, James Carville

A informação é oficial, do IBGE: a renda da população se reduziu em 5,4% em 2015, último ano completo de Dilma na Presidência.. É a primeira queda em 11 anos.

“É a economia, estúpido”, repetia o estrategista-chefe do candidato Bill Clinton, James Carville. Explorar o desemprego, principalmente, era a única maneira de derrotar o presidente Bush (o pai), vitorioso na guerra contra o Iraque e na defesa do Kuwait, que tinha sido ocupado pelos iraquianos. Clinton ganhou e se reelegeu cuidando da economia. As guerras ele deixou para os republicanos, os dois Bush, pai e filho.

E aqui? O presidente Temer passa seu tempo discutindo política, como se a população empobrecida, desempregada, irritada com tanta roubalheira, estivesse preocupada com o substituto de Geddel. Trata de um assunto ridículo como o apartamento que é de Geddel, mas não foi construído, como se o assunto fosse da alçada do presidente. Houve tentativa de obter favores indevidos? Era muito mais simples afastar do Governo o ministro abusado, para recolocá-lo quando sua inocência estivesse comprovada. E voltar-se ao corte de despesas oficiais, que é o que todos esperavam.

O auxílio-moradia para quem não precisa custou, neste ano, até 18 de novembro, R$ 1 bilhão e pouco – mais que os 900 milhões do ano passado inteiro. E R$ 281 milhões gastou a Fazenda, que deveria cortar despesas.

Há 2 mil anos atrás
Frase perfeita sobre o Governo Temer que o bom jornalista Fernando Albrecht foi buscar em Diógenes, pensador grego do século 4 Antes de Cristo: “Entre os animais ferozes, o de mais perigosa mordedura é o delator; entre os animais domésticos, o adulador”. Michel Miguel Temer Lulia é vítima de ambos.

De volta para o passado
O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá, anunciou que o partido quer mudar de nome e voltar a ser MDB, como foi entre 1966 e 1979. Depois de aprovada em consulta aos diretórios estaduais, a mudança seria efetivada em fevereiro de 2017. A ideia de voltar a 1979 é tão boa que merece ser ampliada: por exemplo, mudar o nome do presidente do partido de Romero Jucá para, como nos velhos e bons tempos, Ulysses Guimarães.

Tudo certinho
Diz Romero Jucá: “Queremos deixar de ser partido e ser um movimento”. Vivendo e aprendendo: este colunista sempre achou que girar os dedos da mão em torno do polegar fixo também fosse um movimento.

A economia é a política
A primeira medida econômica de longo alcance de Michel Temer é a PEC, proposta de emenda constitucional, que estabelece um limite para os gastos do Governo. É uma providência que atende aos desejos de boa parte da opinião pública, favorável à redução da gastança; e por isso está sob fogo dos movimentos lulistas, ansiosos por convencer o eleitorado de que a PEC do limite de gastos se volta contra os orçamentos da Educação e da Saúde (não é verdade, mas a própria Dilma já dizia que em campanha se faz o diabo). E como é que a PEC está sendo apresentada à opinião pública? Não está: pesquisa Ipsos mostra que 40% da população não sabem do que se trata. E não seria difícil apresentá-la convenientemente: 64% são a favor de reduzir os gastos públicos. Da PEC só se mostram os sacrifícios, esquecendo o motivo dos sacrifícios e as vantagens que dizem que trará.

O lado brilhante
Tudo mal? Talvez. Um senador importante, em conversa com o ex-prefeito carioca César Maia, acha que até a crise do apartamento que se existisse seria de Geddel acabará bem para Temer. Este senador, segundo César Maia, é dos que vale a pena ouvir.

A economia e a lei
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou proposta de Ivo Cassol, do PP de Rondônia, que limita os juros dos cartões de crédito ao dobro da taxa Selic. Hoje em dia, os juros cairiam de 475,8%, conforme o Banco Central informou há poucos dias, para 28%.
Ótimo. Mas, se os juros de 12% ao ano, fixados pela Constituição, nunca foram obedecidos, por que um limite fixado por lei seria respeitado?

Ano quente
Lula, no processo em que é acusado de ser mandante do suborno para comprar o silêncio de Nestor Cerveró, deve ser interrogado em Brasília em 17 de fevereiro dois dias depois do interrogatório de Delcídio do Amaral, que foi gravado pelo filho de Cerveró quando lhe passava uma proposta de facilitação de fuga do Brasil, acompanhada de um substancioso suborno.

Este caso não tem nada a ver com o apartamento à beira-mar e o sitio de Atibaia que Lula diz que não são dele, que são examinados em Curitiba.

 Publicado na coluna de Carlos Brickmann

 

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Janot, na prática, diz que delator mentiu porque ameaçado de morte por Cunha! É? E o procurador-geral fez o quê?



É tal a avalanche de denúncias, acusações e vazamentos da Operação Lava-Jato que a imprensa começa a perder a mão sobre o que está em curso e permite que coisas da maior gravidade sejam ditas, assim, como quem afirma que hoje é quarta-feira. Já houve um caso muito sério nesta terça. Nesta quarta, na sabatina de Rodrigo Janot na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, de novo! A que me refiro? Vamos lá.

O senador Humberto Costa (PT-PE), um dos investigados na Lava-Jato, indagou Janot sobre a credibilidade de delatores que mudam de versão. Afinal de contas, o “prêmio” que recebem supõe que digam a verdade. É claro que estava se referindo a Julio Camargo, aquele que primeiro sustentou que não havia pagado propina a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), invertendo mais tarde a sua versão.

Janot afirmou então que os benefícios da delação de Camargo foram mantidos porque as afirmações mais recentes que fez — “Cunha recebeu propina” — contribuíram para avançar na investigação. Muito bem!  O procurador-geral poderia ter parado por aí, mas seguiu adiante e informou que, como castigo, a multa que Camargo terá de pagar por ter mentindo será maior — antes, era de R$ 70 milhões. E agora vem o que realmente é gravíssimo:
“Teve como consequência o agravamento da pena de multa. Não teve nenhuma outra consequência, porque nos convencemos que ele estava em estado de ameaça. Não falou antes porque tinha receio de sua própria vida. Nessa retificação que ele faz, a espontaneidade dele é visível. ‘Eu temo pela minha vida’, ele disse. ‘Só voltei agora, porque a investigação chegou a um ponto que minha omissão está clara, mas continuo temendo pela minha vida’”.

Epa! Aí a coisa ficou séria demais. Todos sabem, porque isso foi tornado público, que Julio Camargo disse que tinha medo de Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Salvo engano, não se havia falado de ameaça de morte, não é mesmo? Eu me lembro de Camargo ter dito que temia a influência do deputado…

Pergunto: é corriqueiro que um procurador-geral da República confira estatuto de verdade à acusação de um delator, que se diz ameaçado de morte pelo presidente da Câmara, e não faça nada sobre o caso em particular? Será que nós, do jornalismo, não estamos perdendo o senso de proporção e de gravidade das coisas?

Se o Ministério Público Federal, na pessoa de Rodrigo Janot, acreditou que Julio Camargo estava mesmo sendo ameaçado de morte por Cunha, qual é a sua obrigação? Deixar para tratar do assunto numa sabatina ou reunir os indícios e oferecer uma denúncia? Se denúncia não há, é porque também inexistem os indícios. Nesse caso, Janot acreditou em Camargo porque quis. Apesar da elevação da multa, é claro que o bandido será premiado mesmo tendo mentido. Ou antes ou agora.

Youssef
É o segundo dia em que uma heterodoxia gigantesca vem a público, embora seja tratada como coisa corriqueira. Nesta terça, em acareação, Alberto Youssef demonstrou conhecer o conteúdo de uma delação premiada que ainda está sob sigilo. Vale dizer: um bandido preso sabe o teor de um depoimento que deveria estar apenas sob o domínio do Ministério Público.

É bom começar a botar ordem nessa história. No dia 26 de agosto de 2015, o procurador-geral da República endossou a versão de um delator premiado, segundo o qual foi ameaçado de morte por ninguém menos do que o presidente da Câmara. Não ofereceu denúncia a respeito, e a imprensa fez de conta que isso é a coisa mais normal do mundo.

Se é verdade que aconteceu, e Janot não ofereceu a denúncia, é grave. Se Camargo mentiu, e Janot comprou a versão, também é grave.
A propósito: Camargo perdeu o medo de Cunha por quê?
a: porque virou, de repente, um corajoso?;
b: porque passou a ter medo de um perigo maior?
c: nda. Isso tudo é só coisa de bandido tentando se safar.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo – Revista VEJA