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domingo, 28 de outubro de 2018

E o PT criou Bolsonaro - [Foi na gestão de Haddad, na Prefeitura de São Paulo, que começou a reação a aumentos de passagens de ônibus, trem e metrô.]

O recado da sociedade é inequívoco: em busca do novo, tentando enterrar a política do compadrio, da corrupção e da mentira disseminada pelo lulopetismo, o País está prestes a eleger como presidente Jair Bolsonaro, antagonista que o próprio Lula gerou

 

Foi durante um pesadelo que a escritora inglesa Mary Shelley buscou a inspiração para, aos 19 anos, escrever a obra prima da literatura de horror. No livro, o médico Viktor Frankenstein ousa brincar de Deus recriando a vida a partir de uma criatura que constroi a partir de partes de corpos humanos. Logo, porém, o médico percebe que o ser que julgava ter criado era na verdade uma criatura que, logo no primeiro momento após a vida, se voltaria contra seu criador. Há um parentesco óbvio entre a obra de Mary Shelley e o desenlace da disputa presidencial. Em boa parte, foi o PT quem engrossou o caldo de cultura responsável pela provável eleição de Jair Bolsonaro, candidato do PSL. 

O ex-presidente Lula, que já se comparou a Jesus Cristo, fez de tudo para transformar o pleito numa eleição polarizada. Acabou gerando sua própria antítese, que se revelou nas urnas um líder de massas, como ele. Inicialmente, Lula imaginava que o eleitorado brasileiro iria ungí-lo novamente. Sabendo que não poderia ser candidato, com base na Lei da Ficha Limpa, sancionada por ele mesmo quando presidente, considerou que conseguiria transferir sua popularidade para um preposto, como fez com Dilma Rousseff em 2010. Posaria de vítima, reafirmando que sua prisão era política. Ao final, apostava que essa narrativa seria consagrada nas urnas. Era a eleição plebiscitária com que sonhava. Ao contrário da Justiça, que o condenava, as urnas, acreditava, o absolveria. De roldão, viriam juntos absolvidos todos os demais petistas condenados e denunciados.

Armadilha
À medida em que avançava nesse projeto, o PT e Lula radicalizavam o discurso e a postura de vítimas. Afrontavam a Justiça e outras instituições na conformação da sua narrativa. Iam, assim, juntando as peças do seu Frankenstein político. Quando o Frankenstein acordou, revelou-se algo bem mais virulento do que previam. Como reação à radicalização do discurso petista, surgiu em contraposição Jair Bolsonaro, do PSL, um candidato radical, de discurso por vezes perigoso, mas que parece encarnar aos olhos do eleitor justamente a contraface do que, para ele, o PT representa. “Bolsonaro é uma armadilha que o PT inicialmente não previa”, considera o analista político Leopoldo Vieira, da empresa de consultoria IdealPolitik.

O que torna complicada a situação para o PT é que boa parte do eleitorado de Bolsonaro declara saber dos riscos que ele representa. Mas fez a escolha por rejeição ao PT. O efeito teflon migrou de Lula para Bolsonaro. Para o analista político, um dado importante desse fato incontestável é que alguns dos defeitos que o PT aponta em Bolsonaro, o próprio eleitor de Bolsonaro enxerga no PT. Se o aspirante do PSL ao Planalto, agora, é acusado de ter criado uma ampla rede na internet para propagar fake news, antes era o PT quem montava uma estrutura de disseminação de notícias e perfis falsos. Se Bolsonaro às vezes demonstra ter pendores antidemocráticos, expostos por diversas declarações suas e de seus filhos, Eduardo e Flávio, o PT foi além: financiou governos que em nada respeitavam os princípios básicos da democracia, como Cuba e Venezuela. Se o candidato do PSL provoca sobressaltos, capazes de pôr em vigília instituições como o Supremo Tribunal Federal, o PT assustava ao ameaçar levar a cabo atitudes revanchistas caso vencesse as eleições – consubstanciadas na frase do ex-ministro José Dirceu, para quem o partido não iria vencer a disputa, mas “tomar o poder”.

Embriagado pela ideia de reescrever a história e redimir Lula, o PT, portanto, não enxergou os sinais de que a história de radicalização que vinha construindo tinha grande chance de refluir para o nascimento de um contraponto igualmente radical. Atônitos para o que antes do domingo 28 parece já ser uma derrota inevitável, hoje integrantes do partido e de seus aliados, como PDT e PSB, admitem que deveriam ter prestado mais atenção ao que começou a transparecer no país a partir dos protestos de 2013, durante a Copa das Confederações. A gente pareceu esquecer que tudo começou como reação a aumentos de passagens de ônibus, trem e metrô na gestão do próprio Haddad na Prefeitura de São Paulo, observa agora um parlamentar do PT.

Em algum momento da trilha para o fracasso nas urnas, Lula tentou promover uma espécie de evangelização de seus aliados e correligionários. Foi quando comparou-se a Cristo. “Jesus Cristo foi condenado à morte sem dizer uma palavra, recém-nascido. E, se o José não corre, ele tinha sido morto. E olhe que não tinha empreiteira naquele tempo, não tinha Lava Jato”, disse. Às vésperas de ser preso, o petista autoproclamou-se uma “ideia”. “Eu não sou mais um ser humano, eu sou uma ideia misturada com as ideias de vocês”, proclamou. “Minhas ideias já estão no ar e ninguém poderá encerrar. Vocês são milhões de Lulas”. No seu entender, ele havia ascendido à dimensão divina. Agora ele encontra no extremo oposto e “com a mão na faixa presidencial”, o antagonista gestado por ele próprio – embora nem Bolsonaro seja capaz de encarnar o “mito”, alardeado pelo seu séquito, nem Lula possa arvorar-se de ente divino, como querem crer os fanáticos petistas.

Dentro do próprio PT, integrantes da sigla admitem que o antipetismo chegou a um nível tão grande que dificilmente ele será dissipado nas próximas eleições. A grande questão é que esse antipetismo foi fomentado, justamente, por ações do próprio partido. A autocrítica cobrada por muitos, Fernando Haddad só começou a fazer, de forma tímida, na reta final da campanha eleitoral. Para um integrante da Executiva Nacional do PT, um grande equívoco agora seria o partido desistir de aprofundar essa revisão dos seus erros. Ainda que, no que parece hoje improvável, o PT venha a virar as eleições, a autocrítica precisará ser feita. E, no caso mais provável de derrota, será essencial para que o partido não acabe minguando nos próximos anos. Hoje, parte do PT ressente-se de não ter feito o que o ex-ministro Tarso Genro propôs quando presidia o partido logo após o escândalo do mensalão, uma revisão profunda, que chamava de “refundação”. “Éramos para ter cortado na própria carne enquanto havia tempo”, diz o petista.

Ao contrário, o PT não apenas renegou seus erros como passou a atacar todos aqueles que os explicitavam. A começar pela imprensa, passando pelo juiz Sérgio Moro, condutor da Operação Lava Jato, por todos os juízes em todas as instâncias, até chegar ao próprio Supremo Tribunal Federal (STF), e alguns de seus integrantes, como o ex-ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão. Para tanto, valeu-se de uma ampla rede de blogueiros e influenciadores digitais. No esforço para estabelecer uma narrativa distorcida da realidade, o PT acabou criando em contraposição outra realidade igualmente distorcida. Assim, a racionalidade foi ficando de lado e as paixões afloraram.

Outro sinal que hoje os petistas admitem ter ignorado foi a reeleição de Dilma Rousseff em 2014. Estava clara ali uma profunda divisão do país, a partir da constatação de que Dilma vencia o pleito com somente pouco mais da metade dos votos. Deveria ter sido feito, avaliam petistas hoje, um aceno de conciliação. Não foi feito. Nem cogitado. Dilma passou a campanha incutindo nas pessoas o temor de que perderiam suas conquistas sociais caso não fosse reeleita. E de que ela era a única alternativa para evitar a recessão e a crise. Mais uma mentira deslavada propagada pelo PT. Tão logo tomou posse, Dilma passou a fazer exatamente o que dizia que seus adversários fariam. Ali apareceu uma figura que, dizem, hoje Bolsonaro explora: a do petista arrependido. “Quando tentamos rever posições, ele cola na gente a ideia do petista arrependido”,diz um integrante do partido. Ou seja: estabelece uma falta de firmeza e de convicção, em vez de um reconhecimento de erro.

No processo de impeachment de Dilma, já parecia claro, pela falta de reação mais forte das ruas, que a narrativa do golpe não ganhava eco na sociedade. Foi outro sinal ignorado. Com efeito contrário, a manutenção de tal discurso reforçou o antipetismo. Na prisão de Lula, a intensidade só aumentou. Finalmente, o erro fatal: a manutenção da candidatura de Lula pelo máximo de tempo possível quando já se sabia da sua impossibilidade legal. A visão colhida até mesmo de petistas é que, ao insistir em uma candidatura que todos sabiam insustentável, Haddad ficou sem tempo de construir a sua própria identidade. Quando entrou, não era como um candidato próprio à eleição. Era como um reserva de Lula. “Lula é Haddad”, dizia o slogan da campanha. “Com o arrefecimento do antipetismo, Haddad herdou mais a rejeição de Lula do que os seus votos, observa o analista Leopoldo Vieira. Como disse Ciro Gomes, do PDT, era dançar “uma valsa à beira do abismo”. Às vésperas do segundo turno, o PT exibe o que chama de “face perigosa” de Bolsonaro. A essa altura, o eleitor parece decidido. Prefere correr o 'risco' com Bolsonaro, do que endossar a volta do PT ao poder, cujas práticas ele conhece bem e quer ver extirpadas do País.

STF sob ataques
Numa reação orquestrada, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram duros. Entenderam que precisavam se impor como instituição e deixar claro os limites democráticos de um presidente, por maior que seja sua popularidade. O vídeo que começou a circular no fim de semana, em que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, fala que bastam “um cabo e um soldado” para fechar o STF chocou os ministros. “Eu já adverti o garoto”, desculpou-se Bolsonaro.

Em julho, durante uma palestra para estudantes, Eduardo Bolsonaro foi perguntado sobre o que aconteceria se o STF impugnasse a candidatura de seu pai. “Aí vai ter que pagar pra ver. Pessoal até brinca lá, cara, se quiser fechar o STF sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe, manda um soldado e um cabo”, disse Eduardo. Diversos ministros reagiram. Para o ministro Celso de Mello, a fala foi “inconsequente e golpista”. Para o presidente do STF, Dias Toffoli, “atacar o Judiciário é atacar a democracia”.


As reações mostram uma ação combinada de defesa da ordem institucional. Mas não foi a primeira vez que o STF foi atacado. Como reação à prisão de Lula, petistas também falaram em “fechar” o Supremo. Defendiam diminuir a importância da Suprema Corte. “Temos que redesenhar o papel do Poder Judiciário. Temos que fechar o STF. Fazê-lo virar corte constitucional”, disse o deputado Wadih Damous (PT-RJ). Em entrevista a um portal do Piauí, o ex-ministro José Dirceu foi na mesma linha. “É preciso tirar poderes do STF para ser só corte constitucional”, disse. “Nossa Constituição estabeleceu três poderes, mas só existem dois, que são eleitos: o Legislativo e o Executivo”. Afrontar as instituições, bem como ameaçar a imprensa, é moda perigosa e precisa ser duramente combatida.

A criatura
De escândalo em escândalo, o chamado “quadrilhão do PT” termo usado pelo STF para investigar os petistas que comandaram o maior esquema de corrupção já desvendado no Brasil – acabou sendo responsável pelo empoderamento dos grupos que orbitavam em torno de Bolsonaro, como a bancada evangélica (que clamava contra a crise nos costumes), a bancada de bala (inconformada com a onda de violência) e a bancada ruralista (insatisfeita com o crescente desprestígio do agronegócio). Foi o rio caudaloso onde desaguou o capitão reformado. 

Rudolfo Lago e Wilson Lima - IstoÉ 



 

sábado, 20 de outubro de 2018

Que fim levará o Nordeste? Bolsonaro começa a avançar sobre Haddad no Nordeste, reduto histórico do lulopetismo

Bolsonaro começa a avançar sobre Haddad no Nordeste, reduto histórico do lulopetismo. 

Como num jogo de war, conquista principalmente as capitais. Cai, assim, a última cidadela petista. Nas outras regiões, o ex-capitão massacra o PT

No começo, o PT era um partido da classe média intelectualizada e dos operários das indústrias dos grandes centros. Em 2002, quando Lula foi eleito presidente pela primeira vez, o perfil era o mesmo. As políticas assistencialistas da era petista, como o Bolsa Família, provocaram uma mudança radical no quadro. As vitórias passaram a vir dos grotões nordestinos, onde vive a população de mais baixa renda e mais dependente desses projetos sociais. No primeiro turno das eleições deste ano, no entanto, começou a virada no curral eleitoral petista. Bolsonaro ganhou em 23 das 27 capitais brasileiras, entre as quais cinco capitais do Nordeste. Haddad só prevaleceu em três capitais nordestinas. Mesmo no Ceará, um Estado governado pelo PT, Bolsonaro ficou em segundo lugar, atrás de Ciro Gomes, ex-governador do Estado, mas bem à frente de Haddad. Também nas pesquisas feitas neste segundo turno, o candidato do PSL já subiu 7 pontos percentuais do que obteve no primeiro turno na região. A constatação é óbvia: o PT vem perdendo dia após dia seu feudo eleitoral.

Em 2014, a vantagem expressiva obtida por Dilma Rousseff no Nordeste foi fundamental para evitar que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) triunfasse na apertada disputa. Dilma conseguiu na região, no segundo turno, 20 milhões de votos, contra 7,9 milhões dados a Aécio. Desta vez, o PT, sob orientação de Lula na cadeia, tentou manter a hegemonia do partido na região, às custas de um plano maquiavélico de tirar o apoio do PSB a Ciro Gomes, com o objetivo claro de carrear votos para o PT no Nordeste. Embora Haddad tenha vencido na região, Bolsonaro obteve no primeiro turno a maior quantidade de votos nordestinos dada a um opositor do PT desde o pleito de 2002: 7,7 milhões de votos. O desempenho de Bolsonaro foi melhor nas capitais que no interior. Das nove capitais nordestinas, Bolsonaro venceu em cinco delas: Recife, Maceió, Natal, João Pessoa e Aracaju. Haddad figurou em primeiro somente em três capitais: Salvador, São Luís e Teresina. Ao todo, o capitão reformado do Exército conseguiu, no primeiro turno, sagrar-se vitorioso em 42 cidades do Nordeste.

Integrantes do PT e da bancada nordestina no Congresso admitem nos bastidores que a falta da figura do ex-presidente Lula tem prejudicado a campanha do Haddad na região. Depois da primeira fase de “transferência de votos”, ocorrida após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter negado o registro de candidatura de Lula, Haddad tem perdido terreno pela falta de propostas concretas para a região. Em contrapartida, Bolsonaro avança especialmente nos grandes centros nordestinos, como consequência da sua pauta voltada para a segurança pública. O Rio Grande do Norte é atualmente o estado mais violento do país, com uma taxa de 14,9 assassinatos para cada 100 mil habitantes, um aumento de 257% nos últimos dez anos. Sergipe e Maranhão também tiveram aumento em mais de 100% nas suas taxas de assassinatos no mesmo período. Cinco das dez cidades brasileiras mais violentas do País estão no Nordeste, todas na Bahia: Eunápolis, Simões Filho, Porto Seguro, Lauro de Freitas, Maracanaú e Camaçari.

É como se o petismo, mesmo no Nordeste, esteja ficando relegado às menores cidades e às pessoas mais humildes, admitem fontes ligadas ao próprio PT. Muitas delas dependentes de programas sociais do governo federal implantados durante o período Lula. Durante a fase inicial do segundo turno, o PT tentou até disseminar as informações de que Bolsonaro cortaria o programa “Bolsa Família”. O problema é que nem isso chegou, de fato, a ter resultado efetivo contra o eleitor de Bolsonaro na região. O candidato do PSL negou essa intenção. Foi além: disse que será mais rigoroso com as possibilidades de fraudes, e que, se for eleito, beneficiará quem mais precisa do programa. Uma de suas promessas é a concessão do 13º para beneficiários do Bolsa Família.

Além disso, existe um outro componente que tem complicado a vida do PT nesta reta final de campanha no Nordeste: seis dos seus aliados já venceram as eleições no primeiro turno – Camilo Santana (PT) no Ceará; Flávio Dino (PCdoB) no Maranhão; Paulo Câmara em Pernambuco; Rui Costa (PT) na Bahia; Wellington Dias (PT) no Piauí, e Renan Filho em Alagoas. Preocupados já com o início do próximo mandato, esses governadores têm rareado a produção de eventos em prol da candidatura de Haddad. Entre erros do PT e acertos do PSL, a região Nordeste, que era vermelha, vai mudando de cor.

Bolsonaro conquista o Nordeste.

No primeiro turno, Bolsonaro ganhou em 23 das 27 capitais, cinco das quais no Nordeste, até então território petista. Haddad só ganhou em três e vem perdendo terreno para o PSL na região.
> Bolsonaro ganhou de Haddad em Aracajú por 39,9% a 28,4%
> Venceu o petista em João Pessoa por 49,8% a 24,3%
> Bolsonaro derrotou Haddad no Recife por 43,1% a 30%
> O candidato do PSL venceu o petista em Natal por 44,4% a 23,5%
> E massacrou o petista em Maceió por 52,3% a 19,6%
> Em Fortaleza, Ciro Gomes ganhou com 41%, mas Bolsonaro foi o segundo com 34%, à frente de Haddad
> Bolsonaro venceu até mesmo Ciro em 12 dos 104 bairros de Fortaleza, como Aldeota e Meirelles, enquanto que Haddad não venceu em nenhum bairro da capital cearense
> Em pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Ibope na segunda-feira 15, Bolsonaro cresceu 7 pontos no Nordeste neste segundo turno, subindo de 26% de votos obtidos no primeiro turno na região para 33% agora. Nas demais regiões (Sul, Sudeste, Norte e Centro-Oeste), a vitória de Bolsonaro é esmagadora, como os 62% a 28% no Sul


Wilson Lima - IstoÉ
 

 

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

A vitória do cansaço

O eleitorado está farto de ser acusado de insensibilidade por criticar políticas assistencialistas e ser chamado de "golpista" por repudiar a corrupção

As eleições de domingo passado representaram um duro revés para partidos e políticos tradicionais, transformando um deputado do baixo clero, filiado apenas recentemente a uma legenda inexpressiva, no principal eleitor do País. O candidato a presidente Jair Bolsonaro e seu partido, o PSL, são os maiores beneficiários de um movimento desorganizado e espontâneo que ansiava por alguém disposto a liderá-lo em seu desejo de castigar o lulopetismo e sanear o País, visto por esses brasileiros como visceralmente corrompido na política e nos costumes. Se há hoje um partido com ampla penetração nacional, em quase todos os estratos sociais, econômicos e regionais, é o partido da revolta contra a desfaçatez dos que há tempos se assenhorearam do Estado, aparelhando-o politicamente e arrancando-lhe privilégios. Bolsonaro e o PSL deram a face institucional a esses brasileiros.

Tal fenômeno só foi possível porque os partidos ditos tradicionais falharam miseravelmente em sua tarefa de representar os anseios desse eleitorado que cansou de pagar impostos e de receber em troca um tratamento quase hostil de um Estado loteado pelos de sempre; que cansou de ser acusado de insensibilidade social por criticar as políticas assistencialistas; e que cansou de ser chamado de “golpista” por manifestar seu repúdio à corrupção. O ápice da revolta pode ser localizado em 2013, quando milhões foram às ruas para deixar claro ao então governo petista que a farsa do “nunca antes na história deste país” já não enganava mais ninguém. Nem essa imensa demonstração de força foi capaz de tirar aqueles partidos de sua inércia.

O resultado disso pôde ser visto agora nas urnas. PSDB e MDB, dois gigantes da Câmara, farão companhia na próxima legislatura ao pelotão de partidos médios, pois foram punidos em razão de sua timidez perante o desafio de fazer frente às muitas demandas represadas de seus eleitores. Vários dos políticos mais conhecidos e poderosos do País foram barrados nas urnas.  Já o PSL, graças à força do fenômeno Bolsonaro, elegeu 52 deputados ─ um crescimento exponencial em relação à eleição de 2014, quando conseguiu fazer apenas um deputado. Os candidatos a deputado mais votados também são do PSL. Nas eleições estaduais majoritárias, quase todos os candidatos que se apresentaram como aliados ou simpatizantes de Bolsonaro, mesmo pertencendo a outros partidos, tiveram excelente desempenho.

Tal cenário dá a entender que, ao contrário do que se poderia imaginar, um eventual governo Bolsonaro teria razoável base no Congresso para trabalhar, condição essencial para superar os imensos desafios à frente.  Já a esquerda também apresentou desempenho respeitável, mesmo tendo de lidar com a herança maldita do lulopetismo. Somados, os candidatos Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) tiveram 41% dos votos, e o PT deverá ter a maior bancada da Câmara. Assim, Haddad, embora tenha discursado em favor de uma ampla frente “em defesa da democracia” no segundo turno, o que poderia sugerir um aceno aos partidos de centro, não parece fazer nenhuma questão de se distanciar do lulopetismo raivoso que tantos votos lhe garantiu. Ao contrário: seu primeiro compromisso depois do primeiro turno foi viajar a Curitiba para pagar uma visita ao verdadeiro candidato do PT à Presidência, aquele que se faz representar por interposta pessoa na cédula por estar cumprindo pena em regime fechado por corrupção e lavagem de dinheiro. [Lula e a corja petista deram um golpe em Lula e o abandonaram - confirme aqui.
 
Diante de um segundo turno que se afigura muito difícil, em que a vantagem de Bolsonaro está na casa dos 18 milhões de votos, Haddad e o PT parecem inclinados a manter intocado o patrimônio lulopetista com vistas ao futuro ─ pois o partido, noves fora algumas derrotas constrangedoras, como a da presidente cassada Dilma Rousseff ao Senado por Minas, surge como líder natural e aguerrido da oposição a um eventual governo Bolsonaro. Com isso, mais o enfraquecimento dos partidos que não se situam nos dois polos que hoje disputam o poder, pode-se esperar que a falta de moderação que tanto tem marcado esta eleição infelizmente continue a pautar a política nacional por um bom tempo.

Editorial - O Estado de S. Paulo

sábado, 29 de setembro de 2018

A ditadura como princípio

[quem quer ditadura é a maldita esquerda, mas, não conseguirá, mesmo que seja preciso um contragolpe, um freio de arrumação, visto que “Não se faz omelete sem quebrar os ovos...”]

Chegou a hora em que a nova realidade se impõe. Uma das duas forças políticas, populistas por estratégia, extremistas por opção, tomará conta do País. Parece realmente terem ficado restritas a elas as chances nas urnas. As pesquisas sinalizam isso. Os moderados perderam a vez. Perdem campo, rumo e noção do que fazer para reverter o quadro. Foram engolidos pela avassaladora rinha de galo. O conflito está na ordem do dia. 

Quanto mais feroz o adversário, melhor. Em poucas circunstâncias houve registro de cenário político e social tão claramente repartido nos extremos: esquerda contra direita, Norte contra Sul, Sem-Terra contra milicos, pobres contra ricos. Dê-se a alcunha que preferir. Todas cabem no figurino inventado e ajambrado para aliciar eleitores às duas alternativas na ponta da corrida. O Brasil segue embebido na onda do “nós contra eles”. [que foi criado pelo maldito lulopetismo.] Está caindo como pato na pegadinha arquitetada milimetricamente pelos contendores da disputa. O que ambos os lados defendem – é só reservar um tempo para rever nas entrelinhas o arsenal de ideias e propostas partidárias para comprovar o totalitarismo em curso – é menos liberdade e direito, na essência, para você, prezado leitor. Querem o “controle social da mídia” (leia-se espaço restrito à exposição independente de opiniões). [que é uma bandeira da esquerda, desde o primeiro governo do presidiário.]   

Querem perseguição aos adversários e instituições: STF deve ser “readaptado”, eleições investigadas, Congresso ignorado, salvo o caso de prestar apoio incondicional ao futuro mandatário. Flertam, em suma, com regimes ditatoriais com vertentes e sinais opostos. Nesse clima de radicalismo, elogiar torturadores e intervenção do Exército, [a intervenção do Exército é medida extrema a ser usada somente se necessária para manutenção da Ordem Pública e da Segurança Nacional -  quanto aos chamados torturadores não existiram, visto que não houve tortura e sim  a necessidade, após operações contra terroristas, da realização de interrogatórios 'enérgicos'. visto a necessidade da obtenção de informações dos presos para novas operações.] como fizeram bolsonaristas de alto coturno – o candidato à vice, general Mourão, entre eles – ou governos de exceção, como o da Venezuela, Cuba e Nicarágua, venerados pelo lulopetismo, entrou na rotina, sem qualquer pingo de constrangimento. Para distorcer a democracia, os candidatos da vez usam métodos conhecidos. Promessas ilusórias, por exemplo. É o instrumento mais eficaz dentre os disponíveis e sempre o primeiro a ser sacado nessas horas. Não de hoje. Historicamente ocorre assim. 

Os líderes de fala direta e banal, que garantem resolver tudo na base da conversa, verdadeiros demagogos autoritários, se sobressaem sobre aqueles de perfil mais, digamos, administrativo e pragmático. O povo não está atrás de um governante gestor. Prefere o que carrega empatia e carisma como qualidades natas. Se vão resolver o problema, pouco importa. O País caminhou ao longo do tempo nessa toada, ungindo personagens como Vargas, Lacerda, Brizola, Jânio, Collor e Lula. O que pesou a favor deles na hora da escolha esteve menos ligado às respectivas capacidades de promover o desenvolvimento e bem estar social. Contou de fato a tática de persuasão. Bolsonaro e Haddad, cada qual encarnando personagens de apelo específico e hordas de seguidores, estão pontificando pelo que vendem de lorota. Fosse a atual situação um campo fértil de debates construtivos, onde a política estivesse em alta e prestigiada, provavelmente jamais se veria a final trazendo um deputado medíocre, de trajetória sofrível, oriundo do baixo clero do Congresso, contra o poste de um presidiário, propondo mais arruaça e resgate de um caldo cultural alimentado pela corrupção. Retrato da decadência do sistema. 

A perplexidade viceja em mais de 50% dos eleitores que estão fora da polaridade, da escolha de uma mesma moeda com verso e reverso. A turma que ainda aposta em Alckmin, Marina, Álvaro Dias, Amoêdo, Meirelles, do voto nulo e em branco compõe uma maioria dispersa e atônita com a tendência de vitória de um personagem sinistro para presidir o Brasil. A eles resta resistir. A culpa dos omissos nesse momento crucial estará logo precificada. Se há uma hora para a oposição “contra tudo que está aí” acordar é agora.

Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três 

 

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Apelos ao ‘razoável’

Talvez seja o momento de lamentar nossa evidente falta de verdadeiras lideranças

Não acho que as opções mais prováveis que se colocam diante do eleitor após o primeiro turnoa julgar pelo cenário trazido pelas pesquisas mais recentes, seria o confronto Fernando Haddad versus Jair Bolsonaro – sejam uma escolha de Sofia ou possam ser descritas como dilema do prisioneiro.

A primeira é a horrível situação, descrita no filme com Meryl Streep sobre a rampa de seleção em Auschwitz, em que qualquer escolha implica uma tragédia. O segundo é uma adaptação da Teoria dos Jogos, segundo a qual escolhas individuais visando exclusivamente a interesse próprio (nesse contexto, o voto anti-Bolsonaro ou o voto anti-PT) acabam produzindo um resultado coletivo pior para cada indivíduo.

Acho que a questão essencial neste momento é tentar entender a natureza do fenômeno que enfrentamos na próxima votação – duas posturas radicalmente opostas, antagônicas e, a julgar pelo palavreado em curso, irreconciliáveis. Trata-se de ocorrência efêmera, típica de polarização em disputa eleitoral, ou, ao contrário, de uma profunda transformação da política brasileira caracterizada, antes de mais nada, pelo “esfarelamento” do que se poderia descrever como “centro”, “moderação” ou “equilíbrio”?

Tendo pela segunda hipótese. Em primeiro lugar, não é nada novo o fenômeno da resistência ao lulopetismo, que é a expressão do que há de retrógrado e atrasado na política brasileira, resistência que levou ao impeachment de Dilma Rousseff e a resultados de eleições como as municipais de São Paulo de 2016. Em segundo lugar, em oposição à ferocidade como o lulopetismo se dedicou (em parte com dinheiro público desviado, como hoje sabemos) a destruir seus adversários políticos, encarados sempre como “inimigos do povo”, cresceu um vigoroso movimento pendular contrário, com capilaridade, abrangência e características próprias de uma “guerra cultural” (ou seja, de afirmação ou negação de valores).

No meio desse movimento foram apanhadas elites pensantes que, à falta de um projeto de País razoavelmente desenhado, e em dúvida sobre as próprias ideias, parecem pregar a um deserto de ouvintes – e que se sentem “órfãos” de representação – os valores democráticos, harmonia, estabilidade, coesão de princípios e o que mais pareça bonito, socialmente responsável e capaz de arrancar aplausos de gente “razoável”. Neste momento difícil da política, as bandeiras “moderadas” ou “centristas” (não confundir com “Centrão”) realmente parecem empunhadas por quem, perdoem a expressão chula, se veste de freira num bordel.

É óbvio que as pessoas “razoáveis” estão à mercê de uma onda que parece ter demonstrado seu tamanho (o candidato Jair Bolsonaro estacionado na ponta das pesquisas de intenção de voto), mas que está muito distante ainda de dizer para onde eventualmente nos levará. Diante dessa onda, é claro que gente “razoável”, com convicções políticas “razoáveis” e disposta a entendimento entre “razoáveis”, lamenta que se tivesse deixado pela metade reformas de Estado, que se tivesse defendido timidamente o que parecia fazer parte “firme” de seu ideário econômico mais “liberal”, que, em busca do que é “pop”, se tivesse dado tanta crença a marqueteiros e que se esquecesse das estratégias políticas de maior alcance. Dignos apelos ao que se possa considerar “razoável” não surtiram nem me parece que surtirão efeitos a curto prazo. Talvez seja o momento histórico em que mais se deva lamentar nossa evidente falta de verdadeiras lideranças.


William Waack - O Estado de S. Paulo

 


sábado, 15 de setembro de 2018

O slogan do PT, partido PERDA TOTAL, “O Brasil feliz de novo”, é coisa de vigarista

“O Brasil feliz de novo” é coisa de vigarista

O eventual regresso ao poder dos celebrantes de missas negras seria a reedição mais cafajeste do pesadelo que durou 13 anos


A propaganda eleitoral do PT garante que, com a instalação de Fernando Haddad na Presidência, teremos “o Brasil feliz de novo”. Essa conversa fiada confirma que, para a seita cujo único deus é um presidiário, os eleitores destes trêfegos trópicos são um bando de idiotas.  “O Brasil feliz de novo”. É o que promete a tapeação forjada para induzir o eleitorado a acreditar que só depois do “golpe” desfechado por Michel Temer vieram o maior esquema corrupto da história, os 13 milhões de desempregados, os 12 milhões de analfabetos, a economia em decomposição e as relações incestuosas entre políticos e empresários, fora o resto.

Para quem vê as coisas como as coisas são, o eventual regresso ao poder dos celebrantes de missa negra seria a reedição mais cafajeste do pesadelo que durou 13 anos. “O Brasil feliz de novo” é coisa de vigarista. Mas pelo menos os governos de dois países, velhos comparsas do lulopetismo, caberiam com notável exatidão nesse slogan malandro.

Com Haddad no Planalto, teríamos a tirania venezuelana feliz de novo. Um governo do poste fabricado por Lula certamente engoliria sem engasgos os calotes bilionários que o parceiro bolivariano vem aplicando no vizinho perdulário. Também a ditadura cubana ficaria feliz de novo. A ilha presídio parou de pagar o que o BNDES enterrou no porto de Mariel há alguns meses. Haddad vai cobrar o cúmplice caloteiro? Ou vai deixar por isso mesmo?

O despachante de presidiário que virou candidato a presidente [na verdade um LARANJA, podre, do ex-presidente presidiário] precisa ser forçado a dizer o que fará nos debates eleitorais e sabatinas que, finalmente, começará a enfrentar. Confrontado com perguntas sobre o tema, está desde já proibido de dizer que buscará respostas numa cela de cadeia em Curitiba.

Blog do Augusto Nunes - Veja

 

sábado, 2 de junho de 2018

A ameaça da volta do imposto sindical [ministro Fachin não é justo que os trabalhadores voltem a patrocinar, compulsoriamente, sindicatos pelegos, descompromissados os que dizem representar.]



Devido ao grande volume de recursos que a contribuição movimentava, ações chegaram ao Supremo e precisam ser rejeitadas, em defesa do trabalhador

O governo Temer é fraco, mas não se pode desconhecer seu êxito em enfrentar a pesada herança maldita de Dilma e do lulopetismo. Constituir competente equipe econômica e conseguir aprovar no Congresso projetos essenciais são fatos meritórios.  Entre os avanços, está a reforma trabalhista, que já reduz o número de processos na Justiça. Mas é claro que a desmontagem de uma estrutura arcaica, montada a partir do Estado Novo de Getúlio, ditadura instituída em 1937, não ocorreria sem resistências, em vários planos. Um deles, o Judiciário. O que é natural em qualquer democracia.

Em 28 de junho, deverá ser levado ao plenário do Supremo, pelo ministro Edson Fachin, relator do processo, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) impetrada por entidades sindicais pela volta do imposto. Fachin, segundo “O Estado de S.Paulo”, é simpático ao pedido. [Fachin não é somente simpático, é SIMPATICISSIMO; 
já declarou em despacho que se o Supremo no próximo dia 28 não julgar a matéria ele concederá uma medida cautelar atendendo ao pleito das federações e  sindicatos; 
Fachin com o grande poder que dispõe em vários processos dos quais é relator começa se sentir - e pior,  a agir - como o  SUPREMO entre os SUPREMOS, 'primus inter pares' já não satisfaz sua vaidade, sua sensação de onipotência - e no caso presente além de antecipar posição sobre matéria que vai julgar, adota um aposição pró sindicatos pelegos e federações e confederações inúteis - fornecendo a tais instituições condições para se manterem e as suas diretorias de forma nababesca e, mais absurdo, sem o menor compromisso de defender os direitos dos trabalhadores que contribuem conpulsoriamente para manter privilégios de tais entidades, que por dispor de fonte garantida e abundante de renda, não necessitam mostrar serviço, ter interesse em defender os que são obrigados a manter tais feudos.]

A justificativa do fim do imposto é sólida: a contribuição livre obriga o sindicato a prestar bons serviços às categorias, garantindo, assim, a sua legitimidade. Fachin se baseia em dispositivo constitucional que autoriza a União a criar contribuições para sustentar entidades de representação. Sucede, como argumentam juristas, que não é compulsória a instituição de impostos com este fim. Logo, podem ser revogados, como aconteceu na reforma trabalhista.  

O imposto para sindicatos é, na verdade, uma violência contra o trabalhador, coisa de república sindicalista.

O imposto estimulou a criação de sindicatos de papel, para desviar parte do dinheiro arrecadado, algo, ao todo, como R$ 3,5 bilhões por ano. Recursos cujo destino não precisava ser comprovado. Um convite à roubalheira.  No momento, investiga-se novo escândalo no Ministério do Trabalho, agora com o PTB, envolto em falcatruas

Por feliz coincidência, pode ajudar no esclarecimento aos ministros do STF, porque o caso se refere à concessão de alvarás de sindicatos em troca de propinas, um grande negócio enquanto a contribuição sindical foi compulsória.

O Ministério é antiga moeda de troca no fisiologismo. Com a saída do PT do Planalto, no impeachment de Dilma, e sua substituição pelo MDB do vice Michel Temer, nada mudou. Quando o lulopetismo doou a pasta para o PDT de Carlos Lupi, ocorreu o mesmo. Tanto que o ministro Lupi pediu demissão a Dilma, no final de 2011, enquanto reverberava o escândalo de desvio de dinheiro do Ministério por meio de ONGs.  Operação deflagrada pela Polícia Federal na quarta-feira cumpriu 23 mandados de prisão e 64 de busca e apreensão, com diligências tendo como alvos o presidente do partido e ex-deputado Roberto Jefferson, ex-presidiário do mensalão; Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara; Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e Wilson Filho (PTB-PB).

Onde há muito dinheiro existem tentativas de montagem de esquemas de corrupção. Bem-sucedidas, no caso do Ministério do Trabalho, com PDT e PTB. Explorar as possibilidades de enriquecimento nos canais nada transparentes do imposto sindical atrai muitos interessados. Este é um aspecto do julgamento no Supremo [ministro Fachin Vossa Excelência não pode olvidar que se 'sindicalistas de araque' compram ALVARÁS para se tornarem 'donos' de sindicatos, pretendem roubar e as vítimas mais uma vez serão os trabalhadores, que tinham a obrigação legal de manter os ladrões, via contribuição sindical.
Espero que o verbo ter citado continue no passado.]  

Editorial - O Globo








segunda-feira, 21 de maio de 2018

A apatia do eleitor

Há na política nacional um clima de apatia e desencanto. Em menos de cinco meses haverá eleições e o cidadão mostra-se reticente com suas preferências. “Os eleitores estão sem perspectiva de melhora”, diz Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope Inteligência. “Não conseguem ver como sair desse lugar em que estamos, não conseguem enxergar uma luz no fim do túnel.”

O fenômeno da apatia com a política tem traços paradoxais. Nos últimos dois anos, o brasileiro experimentou uma melhora da situação econômica e social do País, que foi em boa medida resultado da mudança do governo federal. O impeachment de Dilma Rousseff serviu de ocasião para retificar os rumos da política econômica, com efeitos diretos sobre a inflação, o emprego, os juros, o consumo. Ainda há muito a fazer, mas a situação do País hoje é incomparavelmente melhor do que há dois anos.

Há evidências empíricas, portanto, de que o modo como o País é governado tem consequências práticas sobre a população. Em tese, tal constatação deveria ser mais que suficiente para que o eleitor reconhecesse a importância da política e, portanto, das próximas eleições, para o seu futuro imediato. Do resultado das urnas dependerá a continuidade da reconstrução do País.  A percepção sobre a importância das eleições é, no entanto, ainda muito frágil. Na prática, a ideia de que as eleições periódicas são fundamentais para o País convive, sem maiores conflitos, com um profundo alheamento da política. Em geral, não se nega o valor do voto, mas ele é visto como incapaz de mudar o País. Segundo esse raciocínio, o melhor seria não criar expectativas com as eleições. Ou seja, o cidadão não parece disposto a utilizar o voto como um poderoso instrumento de mudança.

Entre as causas da apatia, que conduz a graves distorções na representação, ressaltam o populismo praticado pelo PT ao longo das últimas décadas e a demagogia que se tornou método de quase todos os partidos. De certa forma, o eleitor tem razão para estar frustrado. Foi-lhe dito que não era preciso cuidar do equilíbrio fiscal, foi-lhe prometida a diminuição dos juros por simples ato de vontade da presidente da República, foi-lhe afirmado que o déficit da Previdência não era motivo para preocupação, assim como tantas outras barbaridades.

O lulopetismo prometeu ao brasileiro um futuro espetacular sem necessidade de esforço. A única condição para que o paraíso fosse definitivamente instalado na terra era manter o PT no poder. Como bem se sabe, não foi isso o que ocorreu. As lideranças petistas trouxeram de volta a inflação, o desemprego, o aumento dos juros. Em suma, o PT deu motivo para que a população desconfiasse do governo ─ qualquer governo ─ e descresse do País.

Para piorar, a crise econômica veio acompanhada de grandes escândalos de corrupção. Sob o discurso da preocupação social, tão repetido pelos petistas, havia uma enorme podridão moral, capaz de gerar casos como o do mensalão e o do petrolão. Os recursos públicos desviados ganharam proporções inéditas.  Diante desse quadro, houve quem tenha vislumbrado a oportunidade para difundir a ideia de que todo o sistema político estaria podre. Com adeptos no Judiciário e no Ministério Público, essa causa disseminou ainda mais desconfiança em relação à política. Se, como afirmam, tudo está irremediavelmente podre, qualquer medida que venha da política estaria viciada pela raiz. 

Essa atitude é profundamente antidemocrática, pois o trabalho de reconstrução do País caberia apenas a alguns poucos iluminados, que não receberam nenhum voto para isso.
O eleitor precisa resgatar o seu protagonismo, ressaltando toda a importância do voto para o futuro do País. Isso não significa que a simples ocorrência de eleições seja garantia inexorável de um futuro promissor. Significa que o voto é o instrumento democrático e legítimo para a mudança dos hábitos administrativos e dos costumes políticos que têm levado o País ao fundo do poço. Somente a consciência dos nefastos efeitos de escolhas irresponsáveis nas eleições pode levar o eleitor a uma conduta mais madura diante das urnas. Não se constrói um País sem a ativa participação política e o trabalho de seu povo.

O Estado de S. Paulo