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sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Bolsonaro escala ex-ministros: segundo turno acirra disputa no Nordeste

Candidatos ao Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) travaram um duro embate, com acusações mútuas, numa disputa pelo eleitorado dos estados do Nordeste. Com estratégias distintas para alcançar o mesmo objetivo, as duas campanhas preparam investidas nos próximos dias para ganhar terreno na região, dominada pela esquerda nas últimas décadas. Enquanto os petistas vão aproveitar o Dia do Nordestino, comemorado amanhã, para tentar colar em Bolsonaro o selo de preconceituoso, o postulante à reeleição convocou aliados a manterem seus comitês abertos e a militância mobilizada para compensar a ausência de palanques naquelas unidades da federação.

O assunto tomou conta do debate depois que o presidente da República relacionou o bom desempenho de Lula na eleição ao analfabetismo do Nordeste, aproximadamente quatro vezes maior do que as taxas do Sul e Sudeste do país. Durante transmissão ao vivo nas redes sociais, anteontem à noite, Bolsonaro afirmou que “outros dados econômicos também são inferiores” porque tais estados “há 20 anos estão sendo governados pelo PT”. [o presidente Bolsonaro falou apenas e tão somente a verdade - aqui cabe um  'verdade dos fatos'; é uma situação que se arrasta desde o século passado, mas que se acentuou no inicio deste século quando a esquerda, o PT, passaram a governar os estados daquela região. O mentiroso nato, patogênico,  destas eleições é o petista Lula,  e Bolsonaro não quer essa pecha, por ser, merecidamente, de propriedade única e exclusiva do Lula.] 

Lula venceu em nove dos dez estados com maior taxa de analfabetismo. Vocês sabem quais são os estados? No nosso Nordeste. Esses estados estão sendo há 20 anos administrados pelo PT. Onde a esquerda entra leva o analfabetismo, leva a falta de cultura, leva o desemprego, leva a falta de esperança acusou Bolsonaro.

O ex-presidente terminou o primeiro turno com cerca de 13 milhões de votos a mais do que Bolsonaro no Nordeste — 67% a 26,8%. A campanha de Bolsonaro acredita que, apesar da diferença, há espaço para crescer na região. Lula, porém, trabalha para ampliar a rejeição ao adversário naqueles estados, intensificando ataques, como fez ontem. 

(...)

A estratégia bolsonarista no Nordeste passa pela captação do eleitorado feminino e evangélico local. Se entre as mulheres Bolsonaro enfrenta forte rejeição, junto aos religiosos, ele lidera. Nesta quinta-feira, João Roma ciceroneou a ex-ministra e senadora eleita Damares Alves (Republicanos), assim como a deputada federal reeleita Bia Kicis (PL), ambas do Distrito Federal, numa reunião com mulheres conservadoras em Vitória da Conquista (BA). A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também deverá se empenhar na empreitada.

— Vamos atrás das pessoas que estão desinformadas. Vou coordenar essa ação no Nordeste junto com Damares e a primeira-dama. Vamos atrás de deputados, prefeitos, lideranças. Vamos falar com todo mundo — afirmou Bia Kicis.

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Bolsonaro pediu até a aliados que não disputarão o segundo turno para manter seus comitês abertos com o objetivo de facilitar a distribuição do material gráfico do presidente. As ações vão mirar prioritariamente as capitais em que ele venceu em 2018, na disputa contra Fernando Haddad (PT) — Recife, João Pessoa, Fortaleza e Natal. Há a previsão de que haja uma rodada de atos nessas cidades neste fim de semana, possivelmente com a presença do próprio candidato à reeleição ou de Michelle.

Dois dados animam a campanha. Nos cálculos dos bolsonaristas, cerca de 30% dos evangélicos ainda não decidiram em quem votar. O trabalho no Nordeste pode conquistar parte desses brasileiros, na avaliação dos aliados do presidente. Eles também apostam que aumentará a abstenção, tradicionalmente maior no segundo turno, o que tende a prejudicar o candidato que está na frente, no caso, Lula. 

Em O Globo - MATÉRIA COMPLETA

 

sábado, 1 de maio de 2021

Manifestações pró-Bolsonaro marcam o Dia do Trabalho - Revista Oeste

Apoiadores do presidente da República pedem respeito às liberdades individuais e clamam pela aprovação do voto auditável

Manifestações pró-Bolsonaro marcam o Dia do Trabalho


Manifestantes favoráveis ao presidente Bolsonaro ocuparam a Avenida Paulista
Manifestantes favoráveis ao presidente Bolsonaro ocuparam a Avenida Paulista | Foto: Abraão Soares/Futura Press/Estadão Conteúdo

Apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, reuniram-se em diferentes capitais do país neste sábado, 1° de maio, para manifestações em favor das liberdades individuais e do voto auditável. Pela manhã, o protesto tomou as ruas de Natal, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Recife, entre outros Estados e municípios.

Em São Paulo, os manifestantes se concentram na Avenida Paulista, com bandeiras e faixas em apoio ao presidente. No Rio de Janeiro, a manifestação ocorre na orla de Copacabana. Em Brasília, o ato ocorre no gramado da Esplanada, com participação de integrantes e apoiadores do governo, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

Leia também: “Bia Kicis vê com preocupação mudanças na Lei de Segurança Nacional”

Revista Oeste


segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Último capítulo sem surpresas - Fernando Gabeira

Blog do Gabeira

Não foi uma boa para mim lá embaixo, pensava eu quando o carro alcançava a Rodovia Reginaldo Rossi, saindo de Porto de Galinhas para Recife. O trabalho duro transcorreu bem. Mas as notícias pareciam me espancar. A mais importante delas, a decisão do Supremo de acabar com a prisão para condenados em segunda instância.
Já escrevi muito sobre isso. Sabia que esse seria o resultado. Achei até que Toffoli se esforçou no jogo de cena para buscar uma atenuante. Mas era a pura e simples queda da prisão em segunda instância que estava em jogo. Com essa decisão e também com o bloqueio de investigações sobre atividades financeiras, demos um passo atrás, depois de tanta esperança popular no combate à corrupção.

Que sentido tem argumentar de novo? Agora é esperar as consequências, não apenas na inquietação popular, mas também na vida política em geral. Não voltamos à estaca zero. Mas foi uma guinada que interessa àqueles que ainda esperam enriquecer com dinheiro público. Como se não bastasse, a grande pancada, Bolsonaro atingiu três vezes minhas convicções, isso num prazo de 24 horas. No campo da cultura, promoveu um diretor de teatro que ofendeu Fernanda Montenegro. O governo não reconhece os grandes talento nacionais porque está envenenado pela luta ideológica.

Bolsonaro decidiu ainda que vai mandar um projeto de mineração nas terras indígenas. Compreendo que os militares veem uma vantagem estratégica na exploração de minério na Amazônia. Tenho uma visão estratégica diferente; além do mais, venho de Minas. Aprendemos a dizer: olhem bem as montanhas. Não só no sentido de cuidar delas. Mas de olhar mesmo porque elas desapareceram. Segundo a Constituição, será preciso uma lei complementar para autorizar esse passo. Romero Jucá tentou muito. E não conseguiu ao longo dos anos em que tive a oportunidade, entre outros, de combater essa ideia.

Não contente, Bolsonaro revogou um decreto que proibia o avanço da plantação de cana-de-açúcar no Pantanal. Um dos grandes defensores dessa ideia foi o governador André Puccinelli, que ameaçou inclusive Carlos Minc, na época ministro do Meio Ambiente. Puccinelli foi preso por corrupção e deixou a cena. Romero Jucá não foi preso nem deixou totalmente a cena política. Perdeu a eleição e foi várias vezes citado na Lava-Jato. De qualquer forma, a luta desses dois políticos do PMDB é hoje recompensada pela visão de Bolsonaro. Não se trata, como se vê, de um problema partidário.

São duas grandes questões que precisam ser respondidas com argumentos adequados. Quero dizer: não basta ser contra a mineração nas terras indígenas, mas é necessário também apresentar uma visão estratégica para a Amazônia que seja mais interessante e moderna do que a velha expectativa de enriquecer com o minério, quando outras fontes de riqueza da produção do conhecimento e a indústria do turismo devem ser levadas em conta. [em termos de curto prazo investir na indústria do turismo e na produção de conhecimento, não é um bom negócio para o Brasil - por enquanto com a promoção dos indígenas à condição de maiores latifundiários do Brasil, ficamos com grandes riquezas intocadas e que poderiam ser exploradas de forma não destruidora do meio ambiente e favorável à Economia nacional.
Investir nas fontes sugeridas  será manter a ociosidade total das terras das reservas e colocar mais dinheiro público para atender a um suposto desenvolvimento das novas fontes.]
O Pantanal já teve canaviais no século XIX. Havia indústrias e quase 200 quilômetros de plantação. O Pantanal não acabou. Acontece que estamos no século XXI, e o Pantanal não é mais o mesmo. Tornou-se mais vulnerável com os grandes incêndios, explorou suas belezas naturais e sua fauna, tornando-se um polo turístico nacional. Assim como a mineração nas terras indígenas, o crescimento de canaviais no Pantanal não aparece hoje num contexto de falta de alternativas econômicas.

Pelo que conheço do Congresso, não foi até hoje, nem será simples agora, aprovar a mineração nas terras indígenas. É bandeira de Bolsonaro? É. Mas significa de fato a aspiração da maioria dos brasileiros ou a bandeira ficou meio dobrada diante de outras mais sedutoras eleitoralmente?  Combater a proposta de Bolsonaro não significa nem combater as ideias da maioria. É combater uma visão minoritária sobre a Amazônia.
Numa semana em que se apanha na Justiça, na cultura, nas propostas antiecológicas de Bolsonaro, felizmente, como todos, segui trabalhando. Idas e vindas na Rodovia Reginaldo Rossi. Ele tentou ser vereador e perdeu. As derrotas nem sempre derrubam. Costumam dar um samba-canção ou um bolero.

Blog do Gabeira - Fernando Gabeira, jornalista

Artigo publicado no jornal O Globo em 11/11/2019

quinta-feira, 7 de março de 2019

Perde o Brasil, de novo

Coluna publicada em O Globo - Economia 7 de março de 2019


Está marcado para a próxima semana o primeiro leilão de privatização do governo Bolsonaro. Se tudo der certo, serão concedidos à iniciativa privada 12 aeroportos, divididos em três blocos, um dos quais inclui o estratégico terminal de Recife (pouco mais de 8 milhões de passageiros/ano, uma porta de entrada para quem vem da Europa). O governo espera arrecadar pelo menos R$ 218 milhões com as outorgas, passando aos concessionários a obrigação de investir R$ 1,5 bilhão na melhoria dos terminais.

Não é um baita negócio. Os 12 aeroportos respondem por apenas 10% do movimento nacional de passageiros, mas se trata de um teste importante. Haverá muitos interessados? Virão empresas internacionais de peso? Pode-se dizer que o sucesso (ou não) do leilão dará sinais sobre a confiança no governo e no andamento das reformas para reequilibrar a economia brasileira.  É, portanto, uma pauta importante, que se soma a outros temas cruciais na agenda do governo Bolsonaro: previdência, pacote Moro, formação das comissões e lideranças no Congresso.  Enquanto isso, o governo ocupa o twitter global (ou seria globalista?) com um vídeo pornô posto em evidência pelo próprio presidente. O que seria isso? Permitam-se citar um aprendizado de décadas de jornalismo. Sempre que se apresenta a seguinte dúvida – terá o governo feito um lance genial que a gente não entende ou cometido um enorme equívoco em 99% dos casos é a segunda opção que se confirma.

Dizem, por exemplo, que Bolsonaro está propositadamente desviando a atenção da reforma da previdência, um tema que reduz popularidade, para colocar na pauta temas de agrado de seu público religioso e moralista. Ou seja, ficaria todo mundo discutindo a “golden shower” enquanto a reforma da previdência passava de fininho, o Paulo Guedes vendia uma dúzia de aeroportos e Moro aprovava seu pacote. Que tal?
Não faz o menor sentido.  O fato é que o presidente efetivamente se interessa mais e se ocupa mais à vontade de questões como os pecados do carnaval e a posse de armas.

Tome-se o caso da reforma da previdência. É verdade que ao apresentar a proposta no Congresso, o presidente disse que estava errado quando, como deputado, foi contra a reforma. Mas, como se o passado pesasse mais, o presidente aceitou logo de cara mudanças no texto produzido pelo seu governo – que reduzem a eficácia do projeto – e nada mais fez além de reproduzir peças de propaganda das medidas. Uma reforma dessas, como a tributária, outro exemplo, só passa com ação pessoal e convincente do presidente da República. Ou de ministros do primeiro escalão, assim credenciados pelo presidente. Ou, por outro lado, o presidente se ocupando de pornografia carnavalesca só convence seu próprio público, que não precisa ser convencido disso, mas das reformas e privatizações.

[Bolsonaro não errou ao publicar o vídeo e sim na forma como fez.
Aquele vídeo mostra apenas uma fração do que de ruim acontece no carnaval de rua.

Além do que acontece a impunidade corre solta - o mostrado no vídeo é crime, previsto na Legislação Penal e era DEVER de qualquer policial prender em flagrante os indivíduos.  

Só que a própria polícia se sente desestimulada a cumprir seu DEVER - apesar de dever não ser algo para só ser cumprido se quiser.
Mas, prender aqueles 'ratos', ainda que em flagrante, resultaria em nada: seriam conduzidos a uma Delegacia, autuados em flagrante, levados a uma 'audiência de custódia' (isso se o delegado não entendesse que lavrar um termo circunstanciado seria suficiente) liberado, ficando livre para ingerir mais cerveja e fazer novo show.

ERRO DE BOLSONARO:
 mais uma vez o nosso presidente demonstrou que ainda não se acostumou com, ou mesmo não entendeu, a liturgia do cargo que ocupa pela vontade soberana de quase 58.000.000 de eleitores brasileiros.
Mas é questão de tempo se acostumar - um egresso da Aman é inteligente mais do que o suficiente para se adaptar.

O que Bolsonaro deveria ter feito - afinal seu desejo de contato mais direito com o povo, nunca foi escondido, e,  apesar das críticas, pode ser exercido desde que moderadamente - seria identificar vários vídeos com cenas iguais ou pior do que aquela, fazer a apresentação da forma que fez e indicar os links, colocando antes mesmo da entrada uma recomendação no sentido de 'ser material sensível'.

Mas, a denúncia foi conveniente e apenas mostrou que o carnaval de rua não é tão inocente para merecer verbas públicas;
aqui em Brasília, em vários locais e ocasiões foliões, ou bagunceiros, promoveram desordens, a polícia em alguns casos agiu com energia - tem momentos que um cassetete é excelente para repor as coisas nos lugares corretos - e agora estão preocupados em encontrar meios para punir os policiais.

A propósito, gosto de Carnaval e sou MANGUEIRA - mas, não estou obrigado a me submeter ou meus familiares a cenas deprimentes como aquela.

O carnaval de rua precisa ser moralizado e a legislação penal se tornar mais severa - o que Moro está tentando fazer.]

  O silêncio de Mourão
Pena que o general Mourão, o vice-presidente, tenha evitado comentários sobre o video pornô. Seria interessante saber como ele, autor de várias declarações sensatas e moderadas, não sem alguma ginástica verbal, encontraria uma explicação qualquer para o caso. Mourão foi bem no caso da cientista política Ilona Szabó, indicada e dispensada pelo ministro Sérgio Moro para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Moro indicou-a por ter tomado conhecimento de suas ideias, críticas às propostas de Bolsonaro. E dispensou-a por pressão de uma ala do governo, com forte participação dos filhos Eduardo e Flavio Bolsonaro.

Mourão explicou bem. De um lado, disse, houve a bronca “da ala mais radical dos apoiadores do presidente”, que a considerou uma futura sabotadora. De outro, completou o vice-presidente, a esquerda, território de Ilona Szabó, também a patrulhou, acusando-a de aderir ao governo.  Tudo radicalizado e errado. Ela ia participar de um conselho consultivo, sem qualquer condição de sabotar, muito menos de aderir. [o simples fato de ser da esquerda, é suficiente para qualquer elemento indicado para compor o governo, ser desconvidado, ou se empossado, demitido sumariamente.]
E quando não se pode colocar pessoas diferentes para conversar, “perde o Brasil”, comentou Mourão.
Também perde, acrescentamos, com o tal vídeo.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

O peso da invisibilidade das pessoas com deficiência

Adolescente pernambucano com paralisia cerebral percorre 1.400 quilômetros toda semana para fazer tratamento especializado em Recife. 

Mãe do rapaz denuncia falta de acessibilidade nos ônibus rodoviários e desrespeito de motoristas. 

Família mora em Lagoa Grande, mas a Prefeitura alega não ter condições de atender o jovem. "Não é possível que o Brasil permaneça, como faz há décadas, fingindo que não existem pessoas com deficiência", afirma especialista em direitos do cidadão com deficiência. Situação é flagrante descumprimento da Lei Brasileira de Inclusão, de outras legislações do setor e até da Constituição.

Adolescente pernambucano com paralisia cerebral percorre 1.400 quilômetros toda semana para fazer tratamento especializado em Recife.
Crédito: Arquivo Pessoal / Jucineide Caldas.

Victor Gabriel Caldas Saraiva, de 15 anos, tem tetraparesia severa provocada por uma paralisia cerebral. Mora na cidade de Lagoa Grande, interior de Pernambuco, a 700 quilômetros de Recife. Essa, aliás, é a distância que o menino percorre com a mãe, a dona de casa Jucineide Santana de Caldas, de 38 anos, duas vezes por semana, há 12 anos, para receber tratamento especializado na Apae da capital pernambucana.

O trajeto é feito em ônibus da Auto Viação Progresso, com passagens subsidiadas pela Prefeitura de Lagoa Grande, por meio do TFD (Tratamento Fora de Domicílio), instrumento legal do Ministério da Saúde, conforme a Portaria Nº 55, de 24 de fevereiro de 1999.

Além do longo tempo de viagem, as dificuldades enfrentadas por Victor e Jucineide são agravadas pela falta de acessibilidade nos veículos da Progresso. Neste ponto, é importante destacar que todos os prazos para a oferta de recursos acessíveis no transporte coletivo rodoviário (frota de veículos e infra-estrutura dos serviços) já foram encerrados, conforme determinado no Decreto 5.296/2004.

A situação é flagrante descumprimento da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (nº 13.146/2015) no que diz respeito ao atendimento prioritário (Art. 9º), na questão do direito à saúde (Art. 18º) e, principalmente no que se refere ao transporte e à mobilidade (Capítulo X, Art. 46º ao Art. 52º) e no direito à acessibilidade (Art. 53º ao Art. 62º).


Jucineide afirma que já tentou conversar várias vezes com a Progresso e jamais foi ouvida pela empresa. Em um dos casos, no dia 16 de dezembro de 2018, um domingo, ela precisava embarcar no ônibus com partida para Recife às 20h, mas diz ter sido destratada por funcionários da companhia.

“Nos deram as poltronas 23 e 24, que não são acessíveis e ficam no meio do veículo. Questionei o motorista, perguntei se ele poderia priorizar nosso embarque, mas ele foi muito ignorante e mal educado, gritou comigo e disse que não era responsável pela poltronas, apenas pelas passagens, que não tinha obrigação de colocar a cadeira de rodas e nossas malas no bagageiro”, conta a dona de casa.
“Nesse dia, eu pedi para o motorista parar na base de Polícia Rodoviária Federal, mas ele se recusou a ainda ameaçou chamar a Polícia Militar. Eu falei que seria até melhor, mas ele não chamou. Então, gravei um vídeo”, conta Jucineide.

O #blogVencerLimites entrou em contato com a Auto Viação Progresso, que tem sede na cidade de Jaboatão dos Guararapes, e pediu esclarecimentos sobre a falta de acessibilidade nos veículos e sobre a conduta do motorista citado por Jucineide, mas a empresa não respondeu.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável pela regulação, supervisão e fiscalização dessas atividades, tem um setor específico para o envio de denúncias, inclusive sobre os problemas de acessibilidade. Para fazer a reclamação, o usuário pode ligar para o telefone 166, que é gratuito e funciona todos os dias, durante 24 horas. Também é possível enviar mensagem para ouvidoria@antt.gov.br ou correspondência para Setor de Clubes Esportivos Sul (SCES), lote 10, trecho 03, Projeto Orla Polo 8 – CEP: 70200-003 – Brasília / DF. 
 Neste mesmo endereço há atendimento presencial de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h.
A ANTT mantém ainda atendimento online que pode ser acessado no endereço http://www.antt.gov.br/faleConosco/index.html.

MATÉRIA COMPLETA em O Estado de S. Paulo

 


sábado, 20 de outubro de 2018

Que fim levará o Nordeste? Bolsonaro começa a avançar sobre Haddad no Nordeste, reduto histórico do lulopetismo

Bolsonaro começa a avançar sobre Haddad no Nordeste, reduto histórico do lulopetismo. 

Como num jogo de war, conquista principalmente as capitais. Cai, assim, a última cidadela petista. Nas outras regiões, o ex-capitão massacra o PT

No começo, o PT era um partido da classe média intelectualizada e dos operários das indústrias dos grandes centros. Em 2002, quando Lula foi eleito presidente pela primeira vez, o perfil era o mesmo. As políticas assistencialistas da era petista, como o Bolsa Família, provocaram uma mudança radical no quadro. As vitórias passaram a vir dos grotões nordestinos, onde vive a população de mais baixa renda e mais dependente desses projetos sociais. No primeiro turno das eleições deste ano, no entanto, começou a virada no curral eleitoral petista. Bolsonaro ganhou em 23 das 27 capitais brasileiras, entre as quais cinco capitais do Nordeste. Haddad só prevaleceu em três capitais nordestinas. Mesmo no Ceará, um Estado governado pelo PT, Bolsonaro ficou em segundo lugar, atrás de Ciro Gomes, ex-governador do Estado, mas bem à frente de Haddad. Também nas pesquisas feitas neste segundo turno, o candidato do PSL já subiu 7 pontos percentuais do que obteve no primeiro turno na região. A constatação é óbvia: o PT vem perdendo dia após dia seu feudo eleitoral.

Em 2014, a vantagem expressiva obtida por Dilma Rousseff no Nordeste foi fundamental para evitar que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) triunfasse na apertada disputa. Dilma conseguiu na região, no segundo turno, 20 milhões de votos, contra 7,9 milhões dados a Aécio. Desta vez, o PT, sob orientação de Lula na cadeia, tentou manter a hegemonia do partido na região, às custas de um plano maquiavélico de tirar o apoio do PSB a Ciro Gomes, com o objetivo claro de carrear votos para o PT no Nordeste. Embora Haddad tenha vencido na região, Bolsonaro obteve no primeiro turno a maior quantidade de votos nordestinos dada a um opositor do PT desde o pleito de 2002: 7,7 milhões de votos. O desempenho de Bolsonaro foi melhor nas capitais que no interior. Das nove capitais nordestinas, Bolsonaro venceu em cinco delas: Recife, Maceió, Natal, João Pessoa e Aracaju. Haddad figurou em primeiro somente em três capitais: Salvador, São Luís e Teresina. Ao todo, o capitão reformado do Exército conseguiu, no primeiro turno, sagrar-se vitorioso em 42 cidades do Nordeste.

Integrantes do PT e da bancada nordestina no Congresso admitem nos bastidores que a falta da figura do ex-presidente Lula tem prejudicado a campanha do Haddad na região. Depois da primeira fase de “transferência de votos”, ocorrida após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter negado o registro de candidatura de Lula, Haddad tem perdido terreno pela falta de propostas concretas para a região. Em contrapartida, Bolsonaro avança especialmente nos grandes centros nordestinos, como consequência da sua pauta voltada para a segurança pública. O Rio Grande do Norte é atualmente o estado mais violento do país, com uma taxa de 14,9 assassinatos para cada 100 mil habitantes, um aumento de 257% nos últimos dez anos. Sergipe e Maranhão também tiveram aumento em mais de 100% nas suas taxas de assassinatos no mesmo período. Cinco das dez cidades brasileiras mais violentas do País estão no Nordeste, todas na Bahia: Eunápolis, Simões Filho, Porto Seguro, Lauro de Freitas, Maracanaú e Camaçari.

É como se o petismo, mesmo no Nordeste, esteja ficando relegado às menores cidades e às pessoas mais humildes, admitem fontes ligadas ao próprio PT. Muitas delas dependentes de programas sociais do governo federal implantados durante o período Lula. Durante a fase inicial do segundo turno, o PT tentou até disseminar as informações de que Bolsonaro cortaria o programa “Bolsa Família”. O problema é que nem isso chegou, de fato, a ter resultado efetivo contra o eleitor de Bolsonaro na região. O candidato do PSL negou essa intenção. Foi além: disse que será mais rigoroso com as possibilidades de fraudes, e que, se for eleito, beneficiará quem mais precisa do programa. Uma de suas promessas é a concessão do 13º para beneficiários do Bolsa Família.

Além disso, existe um outro componente que tem complicado a vida do PT nesta reta final de campanha no Nordeste: seis dos seus aliados já venceram as eleições no primeiro turno – Camilo Santana (PT) no Ceará; Flávio Dino (PCdoB) no Maranhão; Paulo Câmara em Pernambuco; Rui Costa (PT) na Bahia; Wellington Dias (PT) no Piauí, e Renan Filho em Alagoas. Preocupados já com o início do próximo mandato, esses governadores têm rareado a produção de eventos em prol da candidatura de Haddad. Entre erros do PT e acertos do PSL, a região Nordeste, que era vermelha, vai mudando de cor.

Bolsonaro conquista o Nordeste.

No primeiro turno, Bolsonaro ganhou em 23 das 27 capitais, cinco das quais no Nordeste, até então território petista. Haddad só ganhou em três e vem perdendo terreno para o PSL na região.
> Bolsonaro ganhou de Haddad em Aracajú por 39,9% a 28,4%
> Venceu o petista em João Pessoa por 49,8% a 24,3%
> Bolsonaro derrotou Haddad no Recife por 43,1% a 30%
> O candidato do PSL venceu o petista em Natal por 44,4% a 23,5%
> E massacrou o petista em Maceió por 52,3% a 19,6%
> Em Fortaleza, Ciro Gomes ganhou com 41%, mas Bolsonaro foi o segundo com 34%, à frente de Haddad
> Bolsonaro venceu até mesmo Ciro em 12 dos 104 bairros de Fortaleza, como Aldeota e Meirelles, enquanto que Haddad não venceu em nenhum bairro da capital cearense
> Em pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Ibope na segunda-feira 15, Bolsonaro cresceu 7 pontos no Nordeste neste segundo turno, subindo de 26% de votos obtidos no primeiro turno na região para 33% agora. Nas demais regiões (Sul, Sudeste, Norte e Centro-Oeste), a vitória de Bolsonaro é esmagadora, como os 62% a 28% no Sul


Wilson Lima - IstoÉ
 

 

domingo, 14 de janeiro de 2018

INsegurança Pública no DF - atualização - Recomendação dos EUA procede; só que limitaram o risco a apenas quatro cidades, quando o risco é em todo o DF, incluindo Plano Piloto

EUA pedem que americanos evitem quatro cidades do DF devido à violência

Segundo o Departamento de Estado do país, os crimes em Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá são comuns principalmente à noite

O Departamento de Estado dos Estados Unidos da América divulgou, nessa quarta-feira (10/1), um novo alerta de viagens que coloca quatro cidades do Distrito Federal no nível 2 de risco, que exige maior cautela dos viajantes norte-americanos ao Brasil por conta da criminalidade. Segundo o órgão americano, as cidades de Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá devem ser evitadas durante à noite.

recomendação, principalmente entre 18h e 6h, se dá devido à “crimes violentos, como assassinatos e assaltos à mão armada, que são comuns em áreas urbanas, de dia e de noite”. O alerta ainda ressalta que as atividades do crime organizado são generalizadas no país.   A escala de alerta americana varia de 1 a 4, e o Brasil está na mesma categoria de países europeus como Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Dinamarca e Bélgica, por causa da possibilidade de ataques terroristas nesses países .[como bem destaca a matéria são situações distintas, já que nos países europeus a insegurança é resultado de ações terroristas, enquanto no Brasil, NÃO HÁ TERRORISMO, a criminalidade é devido falta de polícia mesmo.
Provavelmente a fonte dessa informação deve ser o FBI e a CIA, que falharam feio ao citarem apenas quatro cidades do DF, 'esqueceram' de mencionar:
- proximidades da Praça do Buriti, TJDFT, Câmara Distrital, onde recentemente foi assassinato um ciclista - crime ainda não esclarecido;
- não citaram a 408 Sul, coração do Plano Piloto, local em que neste final de semana uma senhora de 54 anos foi baleada no peito em uma tentativa de latrocínio - crime ainda não esclarecido;
- não mencionaram Taguatinga, Águas Claras e outras cidades em que ocorrem crimes tanto durante o dia quanto a noite - homicídios,  assaltos, roubo de veículos e assemelhados;
- não foi citado o campus da UnB, onde ocorrem vários tipos de crimes, de furto de veículos a homicídios, passando por estupros ou tentativas;
- não relacionaram o Parque da Cidade, que no estado de abandono que se encontra, passou a ser uma área de altíssimo risco, especialmente a noite, quando fica infestado de adeptos/portadores  do homossexualismo;  

- não citaram  áreas de Condomínios de alto padrão, onde ocorrem crimes com frequencia, merecendo destaque o duplo assassinato de dois vizinhos, praticado em meados de dezembro passado, por um agente de segurança do MPF - o assassino só foi preso devido após o crime ter ido comemorar o feito em um bar das proximidades.

- citaram só o período noturno mas os crimes ocorrem a qualquer hora - o tiroteio de ontem (13) no P Sul, que tudo indica foi continuação do ocorrido na sexta-feira, ocorreu no inicio da tarde; 

- ocorrem tentativas de assaltos durante o dia até no Conjunto Nacional de Brasília - um exemplo: loja de celulares às 15h - shopping localizado no coração da Capital Federal e este não foi o primeiro assalto;

a INSEGURANÇA PÚBLICA é resultado da falta de polícia e a criminalidade é democrática, se espalhando por todo o DF - inclusive com invasões de residências no Lago Sul.
Exceto algumas residências oficiais, o que inclui os palácios  do Planalto, Jaburu e Alvorada, residências oficiais de generais do EB situadas no Setor Militar Urbano, proximidades do 'Forte Apache', residência dos presidentes da Câmara e do Senado, da procuradora-geral da República  - todos os outros locais oferecem baixa segurança.

Para comprovar a FALTA DE POLICIAMENTO como a principal causa de INsegurança Pública no DF, o atual efetivo da Policia MIlitar do DF é pouco mais da metade do existente no inicio do milênio e de 90 para hoje a população do DF praticamente dobrou;
o efetivo da Policia Civil do DF é inferior a metade do existente no inicio do século.
A população cresce, as áreas a serem patrulhadas aumentam e o número de policiais encolhe.
Assim não dá!!!]

Saiba mais, clicando aqui

Entre as dicas de segurança estão o cuidado ao caminhar ou dirigir à noite, não exibir sinais de riqueza, como o uso de relógios caros ou jóias. Outra orientação do departamento é a de que os estrangeiros no país não reajam a assaltos e evitem pedir ajuda a desconhecidos. Outro item de segurança apontado é o cuidado ao usar o transporte público, especialmente à noite.

A determinação do Departamento de Estado dos Estados Unidos irritou o Governo do Distrito Federal. O GDF emitiu nota de repúdio à recomendação do governo norte-americano na tarde desta quinta-feira (11/1), em que declarou que a segurança nas quatro cidades está "dentro da normalidade".

Outros locais de risco

A recomendação ainda diz para evitar áreas dentro de 150km das fronteiras terrestres internacionais com a Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e o Paraguai. Ainda é recomendado que os turistas evitem frequentar favelas, porque nestes ambientes "nem as empresas de turismo nem a polícia podem garantir a segurança". O documento ainda faz uma menção quanto à praia de Pina, em Boa Viagem, no Recife, local também considerado inseguro. 

O Correio entrou em contato com a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil para obter mais explicações sobre a formulação da lista e continua aguardando retorno.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

A febre amarela pode chegar às cidades?

O surto da doença em Minas Gerais lembra que o vírus se mantém à espreita 

No início de janeiro, no norte de Minas Gerais, eram pouco mais de 20 casos suspeitos de febre amarela, uma doença que já foi o principal problema de saúde pública no Brasil até o século XIX. Duas semanas depois, até o fechamento desta edição, já somavam 206 em 29 cidades do estado – além de oito casos no estado vizinho, Espírito Santo. Trinta e quatro foram confirmados, entre eles 23 mortes. 

Em São Paulo, quatro casos importados foram confirmados e no Distrito Federal registrou-se uma morte. A escalada de casos da doença – que mata cerca de metade dos pacientes graves por complicações renais, hepáticas e hemorrágicas – voltou a chamar a atenção das autoridades de saúde e de especialistas. Eles temem que o vírusda mesma família dos que causam dengue, zika e chikungunya – volte a assolar as cidades nas asas de um velho conhecido dos brasileiros, o mosquito Aedes aegypti.

O vírus chegou ao Recife em 1685, em um navio vindo da África que fizera escala nas Antilhas durante uma epidemia. No Brasil imperial, dizimava milhares a cada episódio. Em 1850, quando chegou ao Rio de Janeiro, 9.600 adoeceram e mais de 4 mil morreram. Em Salvador, vitimara 2.800. O desenvolvimento de uma vacina, em 1937, e uma campanha agressiva para erradicar o Aedes à base de um pesticida poderoso, o DDT, hoje proibido, afastaram a ameaça da cidade e a confinaram às áreas de mata. Desde 1942, quando os três últimos casos de febre amarela transmitida por Aedes foram confirmados em Sena Madureira, no Acre, não há registro em áreas urbanas do Brasil.

O vírus corre zonas silvestres em mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que vivem na mata e se alimentam preferencialmente do sangue de macacos, como bugios, mas também de humanos. Ano a ano, o país registra casos de pessoas que contraem febre amarela nas zonas rurais (leia o quadro acima). A cada sete anos, em média, há registros de surtos maiores. Se os casos suspeitos se confirmarem, o Brasil está a caminho de seu maior surto em décadas. Para cada infectado com sintomas, há outros dois assintomáticos. A Organização Mundial de Saúde estima que, em surtos, o número de casos seja entre dez e 250 vezes maior do que o confirmado. Como quase um terço dos casos é grave e o Aedes, o vetor urbano, é frequente nas cidades, o país convive com a sombra da reurbanização da doença.

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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Presos vendem celas = Este é o Brasil em que a presidente da República, também ex-terrorista, defende traficantes de drogas

Presos vendem celas por até R$ 5 mil no Complexo do Curado, no Recife


No presídio criou-se um mercado em que se vendem e se alugam celas por até R$ 5 mil. Quem controla tudo, mesmo a circulação nos pavilhões, são os presos

Os sobrados são enfileirados um ao lado do outro. Cada andar tem um morador. O acesso ao piso superior é feito por escadas de madeira improvisadas. Graças a gambiarras elétricas, alguns deles dispõem de comodidades como frigobar, televisão e exaustor. O cenário lembra uma viela de favela. Mas os sobrados são celas do presídio Complexo do Curado, localizado, ironicamente, na Avenida da Liberdade, no Recife. Como qualquer imóvel privado, as celas viraram ativos valiosos num mercado imobiliário criado dentro do presídio. Quanto maiores forem a ventilação e a iluminação, maior é o valor de venda ou aluguel, afirma a assistente social Wilma Melo, uma das fundadoras do Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões (Sempri). Há três décadas, Wilma dedica seus dias ao Curado, onde perdeu o marido, um ex-detento. Ela acompanhou, desde o início, o crescimento da favela encarcerada. 
 SOBRADO
Custo: R$ 5 MIL
A construção, segundo denúncias, é feita com dinheiro das
famílias dos presos. O governo de Pernambuco nega

O metro quadrado mais caro, diz Wilma, ultrapassa R$ 2 mil – equivalente ao metro quadrado na periferia de São Paulo ou de um bairro classe média em Belém. Como troça, os presos apelidaram os sobrados de Minha Cela, Minha Vida, uma alusão a um dos programas de governo mais caros à presidente reeleita Dilma Rousseff. Eles foram construídos pelos próprios presos. Segundo o padre Wilmar Varjão, da Pastoral Carcerária, parte do material de construção é comprada com dinheiro das famílias dos presos. Chega em caminhões ou em carriolas.
 CASA DE POMBO
Custo: R$ 2 MIL
Os buracos, construídos nas paredes das celas, servem de cela para quem pode pagar
Vagabundos estivessem sob regime de 'trabalhos forçados' 12h por dia, sete dias por semana logo se enquadravam
Além dos sobrados, existe outra modalidade de cela: as casas de pombo. Ou tocas, como são chamadas no relatório geral do último mutirão carcerário do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). São buracos feitos pelos presos dentro das paredes, um ao lado do outro – como urnas num cemitério vertical (confira a foto abaixo). Cada buraco é equipado com um colchão e tem um dono. Para subir a eles, os presos usam escadas. O preço dos buracos, como os sobrados, tem variações. Com ventilação e luminosidade, pode custar até R$ 2 mil, afirma Wilma. Os presos, diz ela, não buscam conforto apenas para si próprios. Cada um deles quer um lugar melhor para receber a família nos dias de visita. A diária de um buraco chega a custar R$ 50.

Os presos que não têm poder ou dinheiro para comprar ou alugar um sobrado ou um buraco são obrigados a dormir no chão das celas, dos banheiros, dos pátios ou das BRs, apelido dado aos corredores do presídio – outra troça, alusão às siglas das rodovias federais. Em uma das vezes em que o advogado Fernando Delgado, da Clínica de Direitos Humanos da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, perguntou a um preso sobre a lotação de uma das celas, recebeu uma resposta confusa: “Aqui dorme cinco, mas conta 24 (sic)”. Delgado entendeu, depois, a matemática do presídio. O preso queria dizer que aquela cela tinha 24 presos, mas cinco haviam comprado o direito de dormir em colchões. Os outros ficavam no chão. Nos dias de visita íntima, aos sábados, redes e cabanas aramadas são enfileiradas no pátio. Cada um protege a própria intimidade com um lençol. As mulheres pernoitam no presídio.
O chão do pátio de um dos pavilhões onde dormem presos
O “pacto pela vida”
O Curado nasceu em 2012, com capacidade para 2.114 presos,  para substituir o presídio Professor Aníbal Bruno. O complexo foi criado com uma estrutura de três unidades independentes e muradas, cada uma com diretor, enfermaria, cozinha e escola. Um dos motivos para a mudança, segundo o governo de Pernambuco, era tratar os presos com “mais humanidade” e melhorar a organização.


A criação do Curado foi também uma resposta ao aumento da população carcerária em Pernambuco, um dos efeitos do Pacto pela Vida,  programa de segurança pública implementado pelo ex-governador Eduardo Campos (1965-2014). Vitrine do PSB, partido no comando de Pernambuco há oito anos, o Pacto, lançado em 2007, criou bônus salariais para os policiais que atingissem metas de apreensão de drogas e prisões preventivas. A taxa de homicídios do Estado caiu mais de 30%. Entre 2006 e 2012, também aumentou em 206% o número de encarcerados por posse de drogas. Um relatório do Ministério da Justiça, de novembro de 2012, diz que o Pacto tem pontos positivos, “mas é uma bomba de efeito retardado”. O CNJ, em outro relatório, de maio de 2014, diz que “a falta de investimento, a demora no julgamento processual e a manutenção da prisão de pessoas que cometeram pequenos delitos transformam as casas prisionais em verdadeiros depósitos de pessoas”.


Nos dias 8 e 9 de maio de 2013, a procuradora da República Carolina de Gusmão Furtado, acompanhada de outras autoridades, visitou o Curado. “Verificamos que a divisão do presídio em três unidades resumiu-se a uma simples separação murada, que em nada minimizou a questão da superlotação”, diz Carolina. Hoje, amontoam-se no Curado 7.031 detentos, pouco mais de um quinto da população carcerária de Pernambuco. Sobram presos – e faltam defensores públicos, promotores e advogados. “A Justiça de Pernambuco é muito problemática. É um quadro de quase caos”, afirma o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Nos mutirões feitos no Curado, o CNJ, não raras vezes, encontrou detentos com penas vencidas havia mais de cinco anos. Os presos, muitas vezes, não sabem nem quanto tempo ficarão atrás das grades. Em uma das inspeções feitas por autoridades federais no Curado, o então secretário de Ressocialização (Seres) de Pernambuco, coronel Romero Ribeiro, disse que não informava as previsões das penas aos detentos por receio de instabilidades no presídio. Ribeiro foi exonerado do cargo há dois meses.



  Porrete com dizeres “Direitos Humanos”
O chaveiro
No Curado, os agentes penitenciários não entram nos pavilhões. O diretor do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Pernambuco, Nivaldo Oliveira, diz que os agentes ficam em funções administrativas e na gaiola, a entrada do presídio. Em uma das visitas de monitoramento, entre os dias 26 e 27 de agosto de 2013, trabalhavam 16 agentes, ou um para cada 400 presos. O CNJ recomenda um para cinco. “O Curado é uma brincadeira de mau gosto do Estado. Nosso efetivo é uma vergonha”, diz Oliveira.


Em Leviatã, o filósofo Thomas Hobbes (1588-1679) afirma que o homem, no estado de natureza, impõe-se ao outro pela força, ferramenta para conquistar e manter o poder. Para evitar o estado de guerra, cria-se um contrato social, a base da filosofia política moderna. Todos abdicam de suas liberdades para que o eleito assegure paz e proteção a todos. Cinco séculos depois, o CNJ encontrou dentro do Curado o homem primitivo e o eleito de Hobbes personificados em uma só figura, o chaveiro. Num relatório de 2010, assim é descrito o chaveiro: “Um preso, geralmente condenado ou respondendo por crime de homicídio, que impõe a ordem e a disciplina no pavilhão... Relaciona presos a serem encaminhados aos médicos, psicólogos, advogados e assistentes sociais. É assessorado por um auxiliar e um mesário”.

O número de chaveiros é desconhecido. Nos 17 pavilhões oficiais há ao menos um, geralmente ligado a grupos de extermínio. Os carcereiros paraestatais gerenciam as celas e outras áreas, como a enfermaria e a cantina. São alçados aos cargos de chefia ao ser indicados por outros chaveiros, diz Wilma. Há denúncias de que presos recrutados pelo Estado para trabalhar na cadeia seriam chaveiros.

Cada chaveiro dita as próprias regras. Em geral, cobram, à parte, por material de limpeza e higiene pessoal e por idas à enfermaria e até mesmo ao banheiro, se o preso não tem condições de ir sozinho. O chaveiro decide qual preso pode ter assessoria jurídica e o horário das visitas. O chaveiro tem, além disso, o poder de decidir sobre a liberdade de movimentação na cadeia. Nos presídios, existe a cela da disciplina. Em tese, apenas quatro homens deveriam permanecer ali por um determinado período. No Curado, até 70 presos ficam no isolamento por tempo indeterminado, afirma Delgado, de Harvard. Alguns dos presos confinados foram jurados de morte. Outros, descobertos delatores. E há os encaminhados pelo chaveiro. Como o chaveiro tem a prerrogativa de dizer quem está certo ou não, pode  atribuir mau comportamento a qualquer preso e mandá-lo para o castigo. ÉPOCA conversou com uma pessoa cujo parente foi para o castigo pelas mãos de um chaveiro. O parente, acusado de incitar violência, está há quatro meses no isolamento. A condição para a saída do confinamento uma cela com uma única entrada de ar e uma bica é o pagamento de R$ 2 mil ao chaveiro.

No relatório do CNJ de 2010, o chaveiro também é descrito como “o responsável pela venda de drogas e, não raro, é o traficante”. As drogas não entram pela porta do presídio, diz Wilma. Lá, o controle é severo. Os pacotes, bem como as armas, chegam por cima dos muros. Embora seja proibido por lei, o Curado está localizado no perímetro urbano do Recife. A proximidade de casas facilita o trabalho dos arremessadores. Depois de jogar a encomenda, eles são abrigados pelos vizinhos do presídio. A troca da guarda no presídio é uma das brechas. Além disso, cerca de 50% das guaritas em torno do presídio estão desativadas.

Dentro do Curado, buracos nos muros entre as unidades prisionais permitem que tanto drogas quanto facões circulem (confira nas fotos abaixo). O preso que não pode pagar pelo consumo da droga ou é jurado de morte ou pede ajuda para a família. Um pai de um preso disse a representantes do Ministério da Justiça, segundo o relatório de inspeção de novembro de 2012, que pagava o fumo e a sobrevivência do filho usuário de droga por depósito bancário. Os dados da conta do traficante chegavam por mensagem de celular. Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Pernambuco, Pedro Henrique Reynaldo Alves, “sem a droga, os presos não conseguem permanecer sem se rebelar”.
“Pior que Pedrinhas”
“O Curado é pior que Pedrinhas”, diz Delgado. O Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, ganhou destaque no ano passado com rebeliões em série e mortes violentas, como decapitações. Delgado é um dos cinco denunciantes que levaram, em 2011, o Curado à Comissão Internacional de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Desde então, instituições em defesa dos direitos humanos contabilizaram 265 denúncias de atos violentos no Curado. Uma das promotoras que acompanharam o caso, Rosa Maria de Andrade, escreveu num relatório de outubro de 2012 que “atrocidades há muito vinham ocorrendo sem quaisquer providências”.



Em 2010, durante visita de monitores de ONGs de direitos humanos, um preso foi encontrado com as costas raspadas por faca e uma fratura exposta no braço esquerdo. Em um documento da Seres de 30 de outubro de 2012, um preso alegou ter sido espancado por agentes, disse que recebeu choques elétricos e foi violado com um cabo de vassoura. Num relatório do Ministério Público (MP) de Pernambuco, de 31 de outubro de 2012, aparecem denúncias de tortura e maus-tratos cometidos por agentes e chaveiros. Em 20 de junho de 2013, um preso morreu envenenado. No boletim de ocorrência, consta causa da morte desconhecida.

Em uma das inspeções feitas por Delgado, um porrete de madeira foi encontrado na área do presídio destinada à Polícia Militar. O porrete tinha arame numa extremidade e vinha com a inscrição “Direitos Humanos” (foto acima). O material foi entregue ao diretor do presídio. Segundo Delgado, o caso não foi solucionado. As fotos da apreensão constam no documento entregue à Comissão de Direitos Humanos da OEA. Como o Brasil não apresentou avanços significativos na solução dos problemas do presídio, o caso do Curado, em maio de 2014, subiu para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, onde o país assumiu uma posição equivalente a de um réu. É uma situação vexatória, em que o país, em tese, passa a ser obrigado a cumprir as determinações da Corte para atenuar a superlotação, a falta de assistência jurídica, a violação de direitos humanos, entre outros problemas.


Para salvar a imagem do país, criou-se um fórum permanente dos governos federal e estadual sobre o Curado. A cada três meses, o governo brasileiro manda à Corte um relatório sobre os avanços feitos ou não. Na ata da reunião de 28 de agosto de 2014, o fórum disse ter verificado avanços no sistema de saúde e monitoramento dos presos. Caso não haja avanços, a diplomacia é acionada em busca de um acordo. Para os defensores de direitos humanos, manter o Brasil como réu é uma maneira de forçar a implementação das medidas. “Não vejo como a situação pode mudar sem uma intervenção federal”, afirma Delgado.

Há duas semanas, uma reportagem da TV Globo flagrou detentos do Curado portando celular e facões. O então secretário da Seres, Carlos Humberto Inojosa, pediu demissão. O novo secretário de Justiça e de Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, Pasta responsável pela Seres, assumiu em 2 de janeiro. Eurico diz desconhecer o comércio de celas e negou a existência da cela de isolamento. A ÉPOCA, anunciou revistas semanais nos pavilhões, alambrados de 6 metros nos muros, contratação de 162 agentes penitenciários, renovação do sistema de monitoramento atual – por ele considerado “ineficiente”–, revisão das máquinas de raios X e a criação de 3.700 vagas em presídios do Estado até 2016. Os casos de tortura até então sem solução, diz Eurico, serão investigados.

Mudanças no sistema prisional exigem muita transpiração – e dinheiro. Pernambuco tentou construir mais presídios em parceria público-privada, mas a empresa responsável faliu e o projeto parou. Em dezembro, o promotor Marco Aurélio Farias, coordenador de Cidadania e Direitos Humanos de Pernambuco, protocolou na Justiça estadual um pedido de interdição parcial do Curado. “Esperava do governo um sinal que não aconteceu”, afirma Farias. O juiz Luiz Rocha, da 1ª Vara de Execuções Penais do Recife, responsável pelo Curado, não demonstra muita pressa em julgar a ação. Diz que tem 17 mil processos para acompanhar e que não sabe se o Estado de Pernambuco sequer responderá ao MP. A Justiça deveria mostrar mais agilidade. Para o promotor Farias, Curado pode implicar uma sentença internacional sem precedentes para o Brasil. “O caso Curado pode extrapolar para um monitoramento do sistema prisional de Pernambuco e de todo o país pela Corte Interamericana”, diz Farias. Não é difícil entender por quê. O Curado expõe sem retoques as condições medievais de nossas cadeias.


 Para saber mais:

A barbárie no presídio de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. Um novo Maranhão?

O que diz o relatório do CNJ que escancarou a barbárie nos presídios do Maranhão

Penitenciária de Joinville aponta a solução para o falido sistema carcerário