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sexta-feira, 13 de maio de 2022

Graças às redes e às ruas! - Percival Puggina

A pandemia, o “Fique em casa!”, os lockdowns e o terrorismo sanitário-financeiro na comunicação social foram grandes parceiros da supressão de nossas liberdades nos últimos anos. Com os plenários em silêncio, com as pessoas guardando distância e a vida em stand-by, os vivaldinos pretenderam domar a sociedade e cavalgá-la com

 Só que não. Houve uma parcela que rejeitou a sela! Refiro-me àqueles que têm expressado seu descontentamento nas redes sociais e nas manifestações ocorridas ao longo do período em ruas e praças do país. Convencido de sua absoluta utilidade, estive em todas, testemunhando a indignação comum ante os avanços de uma tirania que desdenha deveres e limites constitucionais.

É principalmente através das redes sociais que, todo dia, ouço a voz das ruas. Não é raro que ali se expressem opiniões no sentido de ser tudo inútil porque nada muda. São pessoas que colhem dos eventos um sentimento de fracasso. Ele é estimulado pelo comportamento da CUJO (Central Única do Jornalismo Obtuso) que, em seus poderosos veículos, se esmera em desqualificar a representatividade dessas manifestações.

No entanto, creio poder afirmar no sentido oposto. O fato de essas manifestações públicas haverem resistido ao tempo, ao vento, à chuva e ao vírus é um sinal de contradição que ninguém em sã ou em nociva consciênciapode deixar de ponderar. Ninguém pode desconhecer a clamorosa derrota, nesses dois territórios de liberdade, daqueles que anseiam pela consolidação da tirania e pelo retorno dos que desejam retornar para concluir sua obra sinistra.

Não é difícil entender o que estaria acontecendo no país não fosse a resistência das redes e das ruas, não fosse tão nítido o caráter ético, cívico, civilizado, familiar e verdadeiro daquilo que expressam em dimensão nacional. Imagine! Imagine se tudo acontecesse legitimado pelo silêncio nacional. Imagine se estivessem caladas as vozes dos livres, dos que desejam o bem do país e podem, pelo amor que dedicam à Pátria e por seu patrimônio moral e espiritual, fornecer a ela a energia da reconstrução e dizer basta ao arbítrio.

Serem tão odiadas e tentarem reprimi-las certifica de modo eloquente seu valor. Mostra que se há um muro intransponível, percebido como tal por tiranos e negocistas, ele está nas redes e nas ruas.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sábado, 4 de setembro de 2021

O recado de Alexandre de Moraes aos aloprados do 7 de setembro

Ações violentas, atos contra a democracia e ameaças aos poderes que integram o Estado Democrático de Direito não serão tolerados pelo STF 

Uma das maravilhas da democracia, a liberdade de protestar e defender ideias está no centro do debate travado entre ministros do STF neste pré-feriado de 7 de setembro, com prisões de dois aloprados que pregavam uma campanha antidemocrática nas redes. 

[duas certezas:
1 - o ministro Moraes, nem seus pares, estarão nos  protestos; 
2 - as manifestações serão pacíficas  - eventuais atritos serão causados por elementos da esquerda, infiltrados, e que tentarão, bagunçar as manifestações de apoio ao presidente Bolsonaro e de repúdio a arbitrariedades praticadas contra os conservadores (arbitrariedades cometidas invocando respaldo da Constituição = usam a Constituição, interpretada da forma adaptável ao momento =  para suprimir direitos que são conferidos pela mesma.)
De qualquer forma os conservadores estarão atentos aos infiltrados que serão prontamente neutralizados.
Um complicador que pode surgir, especialmente havendo intervenção do condutor do "inquérito do fim do mundo" é a forma peculiar com que aquela autoridade interpreta a Constituição, especialmente no uso contra conservadores e bolsonaristas.]

Os apoiadores bolsonaristas irão às ruas para defender ideias e bandeiras do presidente Jair Bolsonaro. Tudo válido até aí. O direito de criticar vale para todos os brasileiros, menos para uns poucos que usarão da liberdade de expressão para atacar e ameaçar a democracia.

Essa é a linha que define o julgamento do ministro Alexandre de Moraes, quando decide prender bolsonaristas por atos antidemocráticos. O recado do ministro é claro: protestar é próprio da democracia, tudo certo. O que não está certo, e é passível de prisão, é usar esse direito para pedir o fim da democracia e atacar instituições inclusive com ameaças de violência.

Radar - VEJA


domingo, 18 de outubro de 2020

Em vez de batom, é dinheiro na cueca, mas o senador Chico Rodrigues não será afastado pelo Senado nem pelo STF

Eliane  Cantanhêde 

Quem pode pode!

A semana passada começou com a canetada do ministro Marco Aurélio, que soltou o líder do PCC André do Rap, e terminou com uma outra liminar monocrática, do ministro Luís Roberto Barroso, afastando o “senador da cueca” do mandato e abrindo uma crise entre Judiciário e Legislativo. O presidente do STF, Luiz Fux, tem ou não razão em mirar o excesso de decisões individuais?

Marco Aurélio já beneficiou 79 presos com base na mesma lei que usou para André do Rap e, segundo levantamento do Estadão, o governo e os cidadãos brasileiros estão consumindo fortunas para recapturar 21 desses presos soltos na leva marcoaureliana. O governador João Doria (SP) calcula gastos de R$ 2 milhões só para André do Rap e desabafa: “Dá vontade de mandar a conta para o ministro!” E não é que dá mesmo?

Aliás, o traficante ofereceu R$ 8 milhões de propina para os policiais que o prenderam, o que é um agravante. Imaginem a irritação desses policiais com todo seu esforço jogado fora e um sujeito deste tipo solto por aí, no bem-bom. De útil, esse erro serviu para acordar a opinião pública para decisões idênticas que vinham se repetindo; ratificar a posição de Fux ao derrubar a liminar de Marco Aurélio; avisar ao mesmo Fux que presidentes não estão acima dos demais e só agem assim em casos excepcionais; abrir o debate sobre a avalanche de decisões individuais num tribunal de 11 votos.

O efeito prático, porém, foi jogar luzes no artigo 316 do Código Penal. Ao contrário do que se imagina, e até com boas razões, a intenção do legislador não foi beneficiar corruptos e bandidos como André do Rap, mas sim trazer uma solução para um problema crônico: os mais de 200 mil brasileiros que neste momento estão presos provisoriamente, muitos indevida ou até injustamente. O objetivo foi evitar que provisório se eternize.

Não deu certo. Em vez de beneficiar pobres, negros e desvalidos, o artigo 316 é usado por bandidos cheios de dinheiro, como André do Rap. Por isso, o nonsense de Marco Aurélio serviu também para o plenário limitar a abrangência do artigo: ele não obriga a soltura do preso, só abre o questionamento sobre a manutenção da prisão.

Assim como soltar André do Rap causou uma comoção nacional, os R$ 33 mil na cueca do senador Chico Rodrigues (DEM-RR) mobilizaram mídia, redes, chargistas e gozadores em geral. E assim como Marco Aurélio não titubeou em botar um em liberdade, Barroso também não ao afastar um senador do mandato. Nova confusão! O ministro explica que sua decisão – que só chegou ao Senado na sexta-feira à noite, obviamente para dar tempo a um acordo – não foi por causa da cueca, mas sim porque Rodrigues era simultaneamente (até então) da comissão do Senado sobre recursos da covid e investigado por desvios na Saúde em Roraima. O fato é que isso dividiu o Senado e o STF.

Rodrigues tem a cara do Professor Raimundo do Chico Anísio, mas não é fraco, não. Além da “união estável” com Jair Bolsonaro e da vice-liderança do governo no Senado, é amigão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que depende do Supremo e dos senadores para uma missão que, se não é, deveria ser impossível: a reeleição para o cargo.

Os dois são senadores do Norte e do DEM e Rodrigues liderava as articulações para as ambições continuístas de Alcolumbre, que quebra a cabeça, com a Advocacia do Senado, para sair da enrascada. Uma coisa é certa: com ou sem dinheiro na cueca – que é só a parte pitoresca da história –, o senador não será afastado pelo Senado, nem pelo STF.

Há três anos, a corte decidiu que só Câmara e Senado têm poder para suspender ou cassar deputados e senadores e, vamos combinar, nenhum dos dois tem pressa em julgar colegas, mesmo presos ou de tornozeleira. Não é, deputada Flordelis?

Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo


quinta-feira, 2 de julho de 2020

Alvo errado – Editorial - Folha de S. Paulo

Solução para desinformação nas redes não pode sacrificar privacidade de usuários

O projeto de combate às fake news aprovado pelo Senado na noite de terça (30) é mais uma tentativa desajeitada dos políticos brasileiros de fazer algo para enfrentar a praga da desinformação na internet. Resultado de discussões conduzidas de forma atropelada em meio à pandemia do novo coronavírus, a propositura nasceu com inúmeros vícios —e foi enviada à apreciação da Câmara dos Deputados com vários deles intocados.

Foram abandonadas algumas ideias esdrúxulas das primeiras versões, incluindo dispositivos que ameaçavam a liberdade de expressão, abriam caminho para censurar opiniões nas redes sociais e ofereciam proteção especial a políticos. Ainda assim, o texto final preservou mecanismos que põem em risco a livre circulação de ideias e a privacidade dos usuários da internet, sem criar instrumentos capazes de impedir o uso das redes por organizações criminosas e outros grupos que agem de má-fé.

No campo das boas intenções, o projeto prevê novos procedimentos a serem adotados por empresas como o Facebook e o Twitter antes de apagar conteúdos que violem os termos de uso das plataformas, garantindo aos usuários direito a contraditório.  Mas o capítulo sobre o assunto também estabelece de forma vaga obrigação de conceder direito de resposta dos ofendidos pelas publicações removidas, mesmo sem determinação judicial, deixando às empresas a definição de critérios.

Em tentativa de conter a propagação de notícias falsas por aplicativos de mensagens privadas, determina-se que os provedores dos serviços guardem informações sobre qualquer mensagem transmitida por mais de cinco usuários. O texto toma cautelas ao exigir ordem judicial para acesso às informações e restringir a três meses o tempo em que os dados poderiam ser guardados. Mesmo assim, a medida atingiria os usuários dos aplicativos de forma indiscriminada, criando risco de vazamento dos seus dados.

Penalidades previstas nas primeiras versões do projeto para os responsáveis por campanhas de distribuição de notícias falsas em massa, como as reveladas pela Folha durante a última campanha presidencial, ficaram pelo caminho. No mundo inteiro se discute a necessidade de regulação das plataformas dos gigantes da tecnologia que dominam a internet, e esse debate é bem-vindo no Brasil. Entretanto é preciso buscar alternativas que impeçam o sacrifício da liberdade de expressão e da privacidade dos cidadãos. A chegada do projeto de lei à Câmara cria oportunidade para que um debate mais aprofundado sobre o tema corrija equívocos e encontre soluções mais adequadas.

Editorial - Folha de S. Paulo


quarta-feira, 6 de março de 2019

O general diz que sua função no governo é assegurar a estabilidade, cutuca o filósofo Olavo de Carvalho e confessa que não liga para as redes sociais

SAIU DE CENA o general que em 2015 chamou a eventual queda da então presidente Dilma Rousseff "descarte da incompetência, má gestão e corrupção". E que, dois anos depois, acusou governo de Michel Temer- de ser "um balcão de negócios". Em seu lugar, entrou em cena o político de terno bem cortado, autor de declarações que colidem com o que diz e pensa seu chefe, o presidente Jair Bolsonaro.


A Venezuela pega fogo? 
"É problema dos venezuelanos, não vamos nos meter", disse ele. Jean Wyl]is renunciou ao mandato de deputado pelo PSOL por se sentir ameaçado? "Lamento, pois numa democracia lodo mundo tem o direito de defender suas ideias", decretou Antonio Hamilton Mourão, de 65 anos, torcedor do Flamengo e jogador de vôlei, está à vontade no cargo de vice-presidente, e com a corda toda. A seguir, sua entrevista.


O senhor acaba de participar na Colômbia de uma reunião sobra a Venezuela. A crise venezuelana tem jeito?

Tem. E passa pela saída de Maduro e sua turma mais próxima. Em seguida, por meio de eleições livres, justas e sob supervisão internacional, os venezuelanos escolherão seu novo presidente. A não ser assim, a crise ainda se arrastará por muito tempo.

O senhor achou desleal e vazamento dos áudios trocados por Gustavo Bebianno  e o presidente?

Conversas íntimas são intimas. Se Bebianno queria provar que se comunicara como presidente, poderia ter escolhido outro diálogo qualquer para divulgar. Aquele sobre a Amazônia, por exemplo, em que o presidente cancela urna viagem à região. E não uma conversa em que o presidente se refere a uma rede de televisão (a Rede Globo).

O presidente não teria sido desleal antes, ao chamar seu ministro de mentiroso em público?

No momento da troca de mensagens, o presidente se recuperava de urna cirurgia. Estava sob o efeito de antibióticos fortes. Não era momento para discussões.


Até quando os filhos do presidente se meterão em assuntos do governo?

A família do presidente é muito unida por tudo o que enfrentou. Com ele em forma, cada filho entenderá o tamanho da cadeira que tem.


É certo que uma pessoa vá despachar com o presidente e encontre ali um de seus filhos?

Se o assunto a ser despachado for sigiloso, acredito que o presidente não permitirá a presença do filho.


A atuação dos filhos preocupa a ala militar do governo?

A grande preocupação que temos é que o governo realize aquilo a que se propôs. Que não se perca num emaranhado de questões menores. Que se concentre no que de fato é relevante.


O senhor já conversou com o presidente sobre a questão dos filhos?

Não. Desde que sofreu o atentado, o presidente tinha uma situação de saúde difícil, com risco de vida, e a família se aproximou muito dele. Era a defesa do patriarca. Agora, ao ver que o pai está bem, cada um dos filhos cuidará de suas atividades. Se a partir de agora ocorresse algo distinto, aí seria o caso de eu conversar com ele.


Esgotou-se a crise provocada pelo episódio que envolveu Bebianno e o presidente?

Sem dúvida. Acho que há um espírito crítico muito aguçado sobre o nosso governo, principalmente em tomo da figura do presidente. Desde o primeiro dia é urna cobrança para que tudo seja resolvido logo, como se tivéssemos urna varinha de condão. Estão aí o projeto da nova Previdência, o do combate ao crime e ã corrupção. Acho natural a pressão sabre o governo, mas o episódio Bebianno acabou.

"Agora, ao ver que o pai está bem, cada um dos filhos cuidará de suas atividades. Se a partir de agora ocorresse algo distinto, aí sena o caso cie eu conversar com ele"


A cobrança não acontece com todos os governos?

Acompanho o trabalho dos analistas. Mas o que disseram sobre a eleição do presidente do Senado? Que se Renan Calheiros fosse eleito seria ruim para o governo. Ele perdeu. O que passaram a dizer? Que a derrota dele seria ruim para o governo. Nossos analistas ainda estão querendo entender o que se passa. Por exemplo: a história de ala militar do governo. Não tem, não tem grupo militar.


Não tem?

Existem militares que foram selecionados pelo presidente. Eu me coloco fora disso. Fui eleito junto com ele. Nada tenho a ver com o pacote grupo militar. O general Augusto Heleno também não, porque ocupa cargo destinado à militar. Você sempre poderá dizer que o general Fernando Azevedo e Silva, da Defesa, ocupa um cargo que na maioria das vezes pertenceu a um civil, Mas ali ele não é um estranho no ninho. Parece até que os militares se reúnem todo dia e perguntam: "E ai, o que vamos fazer agora?". Não existe isso.


O presidente consulta os militares antes de tomar uma decisão?

Não, não. A imprensa está criando uma tutela que não existe.


Nos três últimos governos do período militar havia, em cada um deles, sete ministros militares em cargos tradicionalmente destinados a civis. Agora, são oito.

O presidente é oriundo do meio militar. A relação com seus auxiliares mais próximos é de confiança. Tenho confiança em fulano, vou botar o fulano. O que acontecia antes? Você pegava o ministério A e o entregava ao partido B. E seguia o baile. Era assim que funcionávamos.


°General Eduardo Villas Boas disse que é preciso separar o Exército do governo.

Concordo com ele. O Exército continua a cumprir sua missão constitucional.


Para quem está de fora é difícil achar que governo e Exército seguem separados.

Tem de ser visto assim, cada um do seu lado.


Se o governo der errado, o fracasso poderá respingar nas Forças Armadas?

Risco há, mas as Forças Armadas sempre serão unia instituição permanente. Devido a erros recentes, criou-se a mentalidade de que a correção de rumos só se daria por meio de um grupo militar. Ela ocorrerá, sim, pela ação dos brasileiros de bem.


O senhor recebe com frequência pessoas das quais o presidente prefere manter distância. Qual é a Ideia?

O presidente, assim como eu, tem urna visão clara: fomos eleitos para governar para o pais todo. Hoje eu me vejo como uma pessoa que pode receber muita gente, estabelecei ido assim um diálogo. O presidente é mais ocupado, tem de tornar decisões o tempo todo.


Isso cria ruído entre o senhor e o presidente?

Não. Eu recebo as pessoas, sias demandas, e as que considero justas encaminho aos ministérios competentes, ou então vou conversar com o presidente a respeito.
 

Por que o presidente se mantém afastado de mídia ou de parte dela?

Parte da mídia nunca foi condescendente com o presidente. Tratou-o até com certo sarcasmo, como uma figura folclórica. Ele não é isso. Sempre foi um homem de ideias, quer você concorde ou não com elas. Ele ainda está magoado. Só o tempo poderá resolver.


O senhor não tem mágoa?

Nunca sofri as críticas que ele sofreu. Às vezes falam, basta olhar as redes sociais. Mas não dou bola para isso.


Trump e Bolsonaro dão, não?

Esse ainda é um caminho que está sendo descoberto. As redes sociais viraram o que era o sonho da esquerda: a democracia direta.


Até que a esquerda perdeu a hegemonia nas redes.

Na verdade, ela não tinha hegemonia nas redes. Tinha na grande imprensa, por questões que não seria o caso de discutirmos aqui. As redes sociais permitem que todos escrevam. Não sou fã delas. Estou no Twitter, porque é aquela história: se você não pode com ele, una-se a ele. Tenho um assessor que se encarrega de postar. Mas tudo o que sai ali é sob minha supervisão. Às vezes, respondo a comentários.


O senhor exclui comentários incômodos?

Não, deixo lá. Não estou preocupado com essas coisas.


Nem com os comentários do filósofo Olavo de Carvalho?

Olavo nunca se sentou para conversar comigo. Nunca li livro dele, mas li artigos em jornais. Em determinado momento no Brasil, ele era o único cara que tinha um pensamento de direita.


O senhor gostava do que lia?

De algumas coisas, sim. Outra, eu achava que ele estava muito além do jardim...

Olavo de Carvalho emplacou dois ministros no governo e faz a cabeça dos filhos do presidente e até a dele mesmo. 0 senhor não o subestima?


Não é questão de subestimar. Olavo arrumou aí, em linguagem militar, uma via de acesso por onde progride, conquista adeptos, os filhos do presidente gostam dele... É urna questão de gosto.


O senhor e o presidente conversam muito?

Durante a campanha, ele passou boa parte do tempo no hospital ou em recuperação. Depois da posse, viajou e novamente se hospitalizou. Trocamos mensagens pelo celular. Não gosto de perturbá-lo. Prefiro manter uma posição mais recuada, e, quando ele precisa ou eu adio que devo ir lá, vou. Várias vezes, sozinhos, já tivemos longas conversas.


O presidente não poderia aproveitar melhor o senhor?

Na primeira reunião depois da nossa vitória, ele perguntou se eu não queria um ministério. Não quis. Até para que ele pudesse compor o governo de maneira mais ampla. A figura do vice existe para assegurar a estabilidade. À medida que for necessário, o presidente poderá me delegar missões. Estou naquilo que em linguagem militar se chama "dispositivo de expectativa".
 

"Parte da mídia nunca foi condescendente com o presidente. Tratou-o até com certo sarcasmo, como uma figura folclórica. Ele não é isso. Ele ainda está magoado"

O senhor gostou de trocar a farda pelo terno de politico?

Meu tempo de Farda havia se esgotado. Foram 51 anos usando uniforme.
Quando terminar o mandato. pretende continuar na politica?
Vamos ver o que acontecerá daqui para a frente. Se o presidente prosseguir...


E se não?

Se ele não prosseguir, acho que terminarei por aqui A renovação é importante.


A democracia brasileira está forte ou inspira cuidados?

Forte. A democracia liberal enfrentou e venceu a crise dos impérios na I Guerra, o nazifascismo na II Guerra, o comunismo, e agora vive a crise da sociedade de consumo, da comunicação ampla, da queda de todas as fronteiras. A nossa, em particular, tem dado mostras de sua força. Veja o que enfrentamos nos últimos tempos.  E todas as crises foram resolvidas dentro dos limites do nosso sistema.


E assim continuará?

É claro. Sou crítico de várias coisas. Do nosso sistema político. Do partidário, que é uma zorra. Deveríamos ter partidos políticos que representassem as várias correntes de pensamento, e ai estaríamos até mais fortes.


O PT fez boas coisas pelo Brasil?

Vamos colocar assim... A parcela boa do PT tem o pensamento voltado para a solução dos problemas sociais, apesar de eu não concordar com ela em tudo. Você não tem de dar esmola, mas capacitar as pessoas oferecendo-lhes saúde, educação de qualidade. Não adianta querer fazer tudo por decreto, achar que todos serão felizes, porque os seres humanos são diferentes. Assistencialismo apenas não resolve.


VEJA – Entrevista General-de-Exercito Hamilton Mourão - Transcrita do site DefesaNet



segunda-feira, 18 de julho de 2016

Tumulto no Aeroporto Santos Dumont

Novas regras de inspeção provocam tumulto no Aeroporto Santos Dumont

Longas filas se formaram para revistas de passageiros no setor de embarque

[o terrorismo deve ser combatido com rigor e todas as medidas preventivas são válidas; só que as autoridades não podem esquecer que só no Rio o número de assassinatos - por falta de policiamento preventivo nas ruas - ultrapassa por mês ao número de mortos em Nice e nada é feito para combater de forma efetiva e eficaz as causas da matança.
Turistas e viajantes devem ser protegidos, ter segurança efetiva e permanente - mesmo em época que não seja de grandes eventos - mas o brasileiro comum, o cidadão comum, também precisa ser protegido = a vida dele vale tanto quanto a do turista.]
 
Houve confusão no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, nesta segunda-feira, primeiro dia das novas regras de inspeção para voos nacionais e internacionais. Por volta das 6h, era grande o número de passageiros aguardando em filas para serem revistados. Foi preciso criar uma fila para passagem com embarque imediato. Mas segundo passageiros que acompanharam o tumulto, muitas pessoas que não tinha o embarque imediato entraram nesta fila. O problema aconteceu entre 6h às 7h, considerado horário de pico, quando 3.600 passageiros embarcavam no terminal - sendo 2.500 pela Gol. Três filas em formato de caracol se formaram em frente ao setor de embarque. Centenas de pessoas foram prejudicadas. 
 
Hoje de manhã foram muitas filas, e houve um pouco de confusão porque era muita gente. Tinha poucos agentes orientando. Então montamos uma fila preferencial para quem estava com embarque imediato. Eles dividiram com quem não estava de embarque imediato. Quem chegava não sabia dessa informação e entrava na fila de embarque imediato. Então ficou um pouco confuso. Era muita gente, dava voltas e voltas na fila. Depois aumentou o número de agentes, mas no começo não havia muitos agentes da Infraero. Eu não cheguei a ver ninguém perdendo o voo — contou Gabriela Santos, de 28 anos, gerente de uma loja próximo ao setor de embarque. 
Essa era a situação no Aeroporto Santos Dumont, hoje pela manhã, por conta das novas medidas de segurança.
 O executivo francês Olivier Custeau, de 50 anos, que mora no Rio, considera normal as medidas rigorosas e chegou a mencionar o atentado em Nice, na França, quando mais de 80 pessoas foram mortas:  — Acho perfeitamente normal diante do que aconteceu em Nice, o terrorismo e dos Jogos Olímpicos chegando. Acho muito importante esta medida — disse ele, que recebeu um saco plástico para guardar celular e o computador para passar pelo raio X.

A engenheira de produção Tais Moura Sá Barroso, de 26 anos, acha importante zelar pela segurança. — Acho importante porque precisamos prezar por segurança independente de Olimpíada. Acho importante ter esse tipo de controle e acho que não é tão rigoroso como nos voos internacionais, mas agora vou tentar chegar mais cedo — afirmou ela antes do embarque para São Paulo.

Especialista em TI, Rômulo Coutinho, de 30 anos, chegou mais cedo no aeroporto porque foi avisado. — Estou vendo um pouco antes agora porque a companhia me avisou que inspeção ia ser mais rigorosa, que a gente ia pegar uma fila maior. Então recomendaram chegar uma hora e meia mais cedo. Estou entendendo que é para segurança aqui do país, porque está vindo gente de um monte de lugar. É importante essa preocupação. Não é o ideal, mas faz parte da vida — disse Coutinho.

Policial civil de São Paulo aposentado Carlos Roberto dos Santos, de 54 anos, afirmou que não vê problema numa inspeção mais rigorosa. — Acho que toda a medida de segurança é bem-vinda, apesar do atraso que vai proporcionar. Pode inibir — acrescentou.


REPERCUSSÃO NAS REDES
As novas medidas de segurança nos aeroportos do Rio repercutiram nas redes sociais nesta segunda-feira. "Bom dia pra quem acordou as 4 da manha pra ir no aeroporto e se deparar com a patética nova revista", escreveu um internauta no Twitter.
Outro disse que "#SP e #RJ vivendo um caos no #aeroporto por causa de uma #fiscalização mais rigorosa, mas a bandidagem rola solta nas ruas! Kd a #segurança?"

 Fonte: O Globo


quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Até Dilma Bolada abandona Dilma Rousseff

Nem Dilma Bolada manteve seu apoio a Dilma Rousseff.  

Neste quarta-feira, o publicitário Jeferson Monteiro - criador da personagem que brinca com a imagem de durona da presidente ao mesmo tempo em que a enaltece - anunciou rompimento com o governo federal. Confira o texto integral a seguir:

O publicitário costumava afirmar que o apoio à presidente era espontâneo. É uma versão difícil de acreditar, contudo.

Suspeitas de que Monteiro deliciava a plateia a soldo sempre existiram. A tal ponto que, em agosto, segundo o jornal Folha de S. Paulo, parlamentares defenderam uma investigação sobre o publicitário. O objetivo era checar a suspeita de que ele apenas fazia parte da estratégia do PT para angariar simpatia nas redes.

Os perfis de Dilma Bolada ganharam as redes em 2010, com Twitter e Facebook. Hoje, têm, respectivamente, 472.000 seguidores e 1,6 milhão de fãs. O anúncio do rompimento logo ganhou as redes, ocupando o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados do Twitter (TT).