Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Anuncia-se entre os bem alimentados da Terra, com grande aflição, uma
crise de escala mundial na produção, oferta e distribuição de alimentos.
Essa falta ou escassez de comida estaria próxima, ou já chegou; mais e
mais, nos próximos meses, populações inteiras estarão passando fome. É o
que se prevê por aí.
Somente 10% do território brasileiro é utilizado para fins de agricultura| Foto: Michel Willian/Arquivo Gazeta do Povo
O secretário-geral da ONU, que faz declarações ainda publicadas pela mídia, falou de suas “preocupações” com o assunto. Uma revista de circulação internacional, considerada até alguns anos atrás como uma das principais fontes de sabedoria da humanidade, anunciou a vinda, em breve, de uma “catástrofe”. Os burocratas mais graúdos das entidades internacionais pagas para promover o bem-estar do mundo falam que a situação “é grave”.
A fome, dessa vez, não vem por causa da seca na África, ou de alguma desgraça natural no terceiro mundo;
as vítimas, da mesma forma, não são apenas as populações miseráveis de sempre, amontoadas em barracas no meio do nada, com direito à exibição no horário nobre de crianças à beira da inanição e de gente com físico e cara de campo de concentração.
Agora, segundo o consenso geral, o principal detonador da crise é a guerra na Ucrânia – e os atingidos, eventualmente, poderiam ser estômagos brancos, globalistas e revoltados com o aquecimento da calota polar. Sua produção, que tem um peso importante no abastecimento de trigo e de óleos vegetais para a Europa, está em colapso; os embarques internacionais estão parados por causa do bloqueio dos principais portos de exportação do país. [bloqueio de portos é um dos muitos ônus de uma guerra.]
A crise alimentar que se anuncia equivale a um curso de pós-graduação na estupidez fundamental com que os países ricos se acostumaram a tratar a questão alimentar “no planeta”, como costumam dizer suas multidões de ambientalistas. Basicamente, e de um modo geral, as lideranças do primeiro mundo querem restringir ao máximo a produção agrícola e pecuária,em favor de uma suposta necessidade de “salvar a natureza” e de alimentar a população com “comida orgânica”,virtuosa e nutricionalmente correta. Ao mesmo tempo, querem que não haja nenhum tipo de fome no mundo.
É uma proposição impossível. Com 8 bilhões de pessoas que precisam comer três vezes por dia, a única saída é fazer o contrário do que as sociedades ricas estão querendo – é produzir muito mais e muito melhor.
O Brasil, nesta equação, é um elemento-chave – e um exemplo notável de como a questão está sendo malversada. O agronegócio brasileiro, hoje, é fundamental para alimentar o mundo, mas é tratado pelos governos e elites da Europa e dos Estados Unidos como um inimigo da humanidade; nossa soja, milho e carnes estariam destruindo a “Amazônia” e ameaçando “o clima mundial”, razões pelas quais a produção nacional tem de ser “contida” imediatamente.
Na calamidade alimentar que se anuncia para breve, o Brasil deveria estar sendo tratado como o principal fator de esperança para sairmos todos vivos ao fim da história. Deveria, mais do que tudo, estar sendo apoiado com o máximo de empenho pelo mundo desenvolvido; somos a possibilidade de solução, não o problema. Mas não é assim que está sendo.
Hoje em dia quem determina a política mundial em relação à produção rural brasileira, e todas as questões ambientais, socioeconômicas e políticas existentes em relação a ela, são o ator Leonardo di Caprio, a índia Guajajara e os militantes de ONGs e facções da esquerda radical.
A mídia mundial em peso, com a colaboração integral da brasileira, assina em baixo.
Governos, entidades e grandes empresas estrangeiras dizem abertamente que o agronegócio brasileiro precisa ser “detido”.
O presidente da França propõe, publicamente, a amputação de 5 milhões de quilômetros quadrados de território do Brasil – quer “internacionalizar” a Amazônia, que na sua opinião está em chamas e impede o resto do mundo de respirar. Não recebeu sequer uma carta de protesto pelo que disse.[esse presidente francês é desorientado, um sem noção - já chegou a propor plantar alimentos, especialmente soja, em jardins suspensos. Tal proposta diz tudo sobre ele. A proposta de 'internacionalizar' a Amazônia - tornar terra de ninguém - é mais uma estultice das que ele expele regularmente. ]
Os países ricos, as multinacionais e as milícias ambientais “do planeta” têm diante de si uma realidade chocante:
o Brasil, hoje, é um dos dois ou três maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo e, para conseguir isso, ocupa menos de 10% dos seus 850 milhões de hectares.
O que aconteceria – ou melhor, o que acontecerá – com a sua posição mundial se passar a ocupar apenas 20% do território nacional, por exemplo?
É perfeitamente sabido, da mesma forma, que o Brasil não precisará tocar em uma única árvore da Amazônia paradobrar, ou triplicar, sua produção rural;
o cultivo de soja e milho, os principais produtos da agricultura brasileira, não tem absolutamente nada a ver com a floresta amazônica, e continuará não tendo. Até quando, então, será possível sustentar a mentira que o agronegócio brasileiro está “queimando árvores” e cometendo outros crimes ambientais?
A crise alimentar está aí, pelas razões que se sabe – entre elas, a limitação das áreas que podem ser aproveitadas para a agricultura nos cinco continentes.
O Brasil é um dos poucos países do mundo que não tem esses limites. Pode, portanto, ajudar a si e a todos – se obedecer a lógica, não se dobrar a manifestos de artistas e fizer as coisas certas.
Quando a
esquerda ganhou status e representação política, ser de esquerda
significava trazer acima do colarinho ideias oxigenadas no altiplano da
sabedoria. Nenhum politólogo aparecia para dizer que esquerda e direita
compunham uma classificação vazia, sem qualquer significado político
objetivo. Pense numa coisa boa. Pois isso era “a” esquerda. A direita
era o contrário.
Ah, os anos
dourados do petismo e do esquerdismo prêt-à-porter! Industrializado no
mundo acadêmico para servir à causa, significava ser a favor de tudo de
bom! A essas alturas, éramos poucos os que falávamos sobre as invasões,
as greves políticas, as reputações friamente assassinadas, a tolerância
para com a criminalidade, os braços fora da lei que prepararam o caminho
para o poder. A sociedade já se habituara a esse cardápio.
Instalada a
esquerda nos palácios do Planalto Central, o inevitável aconteceu,
reproduzindo um século de história do esquerdismo mundial.Não preciso
evocar tragédias morais. Terão sido elas que derrotaram a esquerda
brasileira em 2018? Não. Parcela expressiva da nossa sociedade não
deveria, mas convive bem com a corrupção. O que derrubou a esquerda e
fez renascer seu oposto foi perceber o esquerdismo impondo um turbilhão
de pautas cujo produto final seria a varredura de valores apreciados pela ampla maioria da sociedade.
Refiro,
entre outros, o direito à vida desde a concepção,
a proteção das
crianças e de sua inocência, a instituição familiar,
a fé e a liberdade
de culto, o combate às drogas,
o direito de defesa com uso de armas,
a
igualdade de todos perante a lei, a liberdade de expressão,
o direito de
propriedade,a recusa aos despautérios da ideologia/pedagogia de
gêneros e bandido na cadeia.
Esse
enfrentamento é um fenômeno político recente no Brasil. No entanto,
bastou que se manifestasse para começar seu descredenciamento. Havia um
rótulo pronto, impresso nas gráficas que atendem o marketing
esquerdista. Nele está escrito “extrema direita”, “fascista” e outras
gracinhas congêneres.Entendi: direita e esquerda existem no mundo
inteiro, em todas as eleições, nos parlamentos e nos noticiários. No
Brasil, só a extrema direita tem reconhecimento acadêmico.Dá-me forças
Senhor!
De uns
meses para cá, insiste-se em que a sociedade está dividida e, claro, a
culpa é dos conservadores e liberais da tal“extrema direita”. Quem não
vê nisso a terceira via procurando trilho para a locomotiva que não teme
vender o mesmo produto esquerdista no mercado ao lado?
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Nenhuma fake news em circulação hoje se compara ao
complexo de falsificações montado para sustentar que o agronegócio
brasileiro está ameaçando o planeta
Máquina agrícola fazendo a colheita em campo de soja, no Estado do Mato Grosso | Foto: Sergio Sallovitz/Shutterstock
A dúvida é saber onde se mente mais, se no Brasil ou lá fora. Deve ser no Brasil: aqui, além da produção própria, importamos com paixão as mentiras manufaturadas na Universidade Harvard, ou no governo da Alemanha, ou no Le Monde. Qual a novidade? País subdesenvolvido é assim mesmo: copia tudo o que ouve ou que lhe mostram, e considera como verdade matemática tudo o que vem embalado em inglês, francês ou outra língua civilizada. Isso complica consideravelmente a questão.
Qualquer alucinação originada nos centros mundiais da sabedoria, da democracia e do politicamente correto entra no Brasil com a facilidade e a rapidez com que entra por aqui a cocaína da Bolívia.
Entra e cai direto no ouvido dos que mandam, influem e controlam — eis aí todo o problema. A partir daí, as mais espetaculares criações da estupidez mundial viram lei neste país, ou algo tão parecido que não se percebe a diferença.
O agronegócio brasileiro, de acordo com os militantes ambientais [em sua maioria, comprados por interesses estrangeiros] causa terremotos, erosão do solo e incêndios
De todas as mentiras de primeira grandeza que estão hoje em circulação no Brasil e no mundo, provavelmente nenhuma se compara ao complexo de falsificações montado para sustentar que o agronegócio brasileiro, e em especial a pecuária,está ameaçando a sobrevivência “do planeta”. Segundo o rei da Noruega, o diretor de marketing da multinacional high tech (e mesmo low tech) ou o cientista ambiental de Oxford, nossa soja e o nosso boi, que têm um papel cada vez mais fundamental na alimentação de talvez 1 bilhão de pessoas, ou mais gente ainda, são um terror.Juntos, destroem florestas, envenenam o mundo com “carbono” e provocam todo tipo de desastre natural — das enchentes às secas, dos incêndios à erupção dos vulcões. Não se deve discutir mais nada do ponto de vista científico, técnico ou da mera observação dos fatos — todos os que estão “conscientes” da necessidade de “salvar o planeta” concordam que a “humanidade” tem de “agir já” se quiser “sobreviver” à “crise climática”.
Imagens de bois brasileiros no pasto, ou colheitadeiras trabalhando na safra de grãos, são diretamente associadas, nos comerciais de grandes empresas, órgãos internacionais e ONGs milionárias, a tsunamis na Ásia, a inundações na Austrália ou a seca no sul do Sudão. O agronegócio brasileiro, de acordo com os militantes ambientais, causa terremotos, erosão do solo e incêndios — mesmo os incêndios da Califórnia ou do Canadá. É responsável pela fome na África.(Não tente entender: o Brasil está produzindo neste ano quase 300 milhões de toneladas de alimentos, mas o cientista político da Sorbonne garante que agricultura e pecuária modernas são geradoras de miséria.)
Nem é preciso falar, é claro, da Amazônia. Os cientistas, especialistas, ambientalistas etc. do mundo inteiro dão como indiscutível, há anos, que o trabalho rural está destruindo, ou já destruiu, a Floresta Amazônica.
A Amazônia está lá, visível para todos — continua sendo, disparado, a maior reserva florestal do mundo. Praticamente a totalidade dos grãos brasileiros é produzida em Mato Grosso, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e áreas desenvolvidas do Nordeste — que diabo esses lugares teriam a ver com a Amazônia?
O produtor rural no Brasil é o único no mundo obrigado a reservar 20% de suas propriedades, nem 1 metro quadrado a menos, para áreas de mata; não recebe um tostão furado por isso. (O que aconteceria se os agricultores americanos ou europeus tivessem de fazer a mesma coisa?)Mas nada disso importa; ninguém levanta essas questões, ou se permite alguma dúvida. A agropecuária está destruindo a Amazônia, o Brasil e o mundo, dizem eles. É proibido apresentar fatos desmentindo isso, ou simplesmente discutir o assunto.
Toda essa mentira poderia fazer parte, apenas, de um mundo que não está aqui, ou de realidades que não são as nossas — como o ski nos Alpes suíços ou o Carnaval de Veneza.
Querem achar que o zebu está causando poluição em Berlim, ou que a soja destrói “a floresta”?
Pois que achem. O que se vai fazer? Mas as contrafações produzidas no exterior não ficam no exterior. São metabolizadas imediatamente pela mídia, o mundo político e as classes intelectuais do Brasil, e passam a fazer parte da nossa realidade formal e imediata. São mentiras ativas. Determinam quais as decisões que devem ser tomadas, a começar pelas sentenças da Justiça. Estabelecem quem está com a razão. Definem como o país tem de ser governado. São as mentiras mais potentes em circulação hoje em dia. Mentira brasileira pega ou não pega; muitas não pegam. Mentira construída na Europa ou nos Estados Unidos pega sempre.
As exportações não sofrem absolutamente nada com a “imagem” do Brasil no exterior; ao contrário, acabam de bater um recorde histórico
Os meios de comunicação são uma peça-chave nesse embuste todo. Uma mentira não deixa de ser mentira por ter sido dita, por exemplo, pelo presidente Macron — por sinal ele já mentiu pesado, tempos atrás, exibindo fotos falsas de um incêndio “na Amazônia”. Mas quem liga para isso? Se é Macron quem diz, a imprensa brasileira passa a ter certeza instantânea de que é verdade. É por isso que você poderá ler, a qualquer momento, uma manchete assim: “Bois brasileiros estão comendo as árvores da Amazônia, denuncia Macron”.
Ou: “Macron revela que bois brasileiros estão soltando carbono demais na atmosfera, incentivados por Bolsonaro”.
Tire Macron e ponha algum outro, uma Merkel ou um Leonardo DiCaprio da vida, ou umEl País qualquer. Vai dar exatamente na mesma — seja lá o que digam, a mídia brasileira vai transformar em verdade indiscutível.
As áreas de vegetação preservadas pelos agricultores brasileiros equivalem à superfície de 14 países europeus Foto: Divulgação Embrapa
O problema não está nas pretensas “implicações econômicas” que as mentiras estrangeiras podem causar, porque não há implicação nenhuma: o Brasil exporta mais para a Tailândia do que para a França, ou mais para a Malásia do que para a Inglaterra, ou mais para a Índia do que para a Itália. As exportações brasileiras não sofrem absolutamente nada com a “imagem” do Brasil no exterior; ao contrário, acabam de bater um recorde histórico, com US$ 280 bilhões(e um superávit superior a US$ 60 bi) em 2021. Que raio de “impacto negativo” é esse?
Como seria possível estar em crise comercial externa com números assim?
Mais: o Brasil é o país ocidental que tem o maior saldo comercial com a China; exporta para lá mais do que para os Estados Unidos, a União Europeia e o Mercosul juntos.
Como a China dá importância zero para o que dizem sobre o meio ambiente os professores de Princeton ou os comunicadores da Suécia — e menos ainda para os jornalistas e militantes ambientais brasileiros —,toda essa mentirada não dói no bolso do agronegócio brasileiro, nem afeta o seu crescimento cada vez maior.
Mas constrói-se assim uma história de falsificação. Desmoralizam a ciência. Proíbem a verificação dos fatos mais simples. Enganam os jovens. Intoxicam os currículos das escolas. A soma disso tudo é muito ruim.
A pecuária, neste momento, é onde se concentra o grosso das calúnias contra o agronegócio brasileiro. Até o Bradesco entrou nesse linchamento; a exemplo de tantas outras grandes empresas brasileiras fanatizadas pelas causas “identitárias”, “progressistas” e socialisteiras, colocou no ar uma campanha publicitária pelo “carbono neutro” na qual denunciava a pecuária brasileira pela“crise” ambiental e convocava a população a comer menos carne.
É um despropósito completo, do ponto de vista dos fatos.
A pecuária, segundo a comprovação científica mais séria, neutra e fundamentada na experiência, gera efeitos exatamente contrários ao que a militância ecológica espalha pelo mundo afora.
A criação de bois, em qualquer escala, faz o solo absorver carbono, e não espalhar veneno na atmosfera, como acreditam nove entre dez “influenciadores” de opinião. É fundamental para preservar a boa qualidade do solo — e para combater a expansão de desertos.
É o que mais se recomenda para salvar as terras secas da África, melhorar o ambiente natural e prover o sustento de populações inteiras sem agredir a natureza nem a vegetação nativa.
Não há miséria, nem solo devastado, onde há pecuária.
Da mesma forma, é evidente que não há criação de gado na Floresta Amazônica.
Como poderia haver? Não faz sentido nenhum: quem iria criar boi no meio do mato?
O Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo, com cerca de 220 milhões de cabeças. É o maior exportador mundial de carne, com US$ 8 bilhões em 2021. A maior empresa brasileira do setor, a JBS, fatura perto de R$ 350 bilhões — mais do que todas as montadoras de automóveis, caminhões e demais veículos somadas.
Como seria possível um país sair praticamente do zero e tornar-se o número 1 do mundo na exportação de carne com métodos primitivos de criação, tal como dizem os militantes do antiagronegócio?
O Brasil só tem os números apresentados acima por força do avanço tecnológico e da competência dos pecuaristas, pelo investimento e pela excelência da terra ocupada pelas pastagens, ou das técnicas de confinamento — não porque está cortando árvores para ocupar o terreno com gado, ou por estar destruindo a natureza.
Não é possível, simplesmente, um país ter o maior rebanho de bois do mundo e, ao mesmo tempo, comportar-se de maneira selvagem na sua pecuária.
Mas qual a honestidade do atual debate ambientalista? A verdade é o que menos interessa; só vale a fé nos próprios desejos, ideias e interesses.
A ciência, no mundo de hoje, passou a ser uma questão de crença e, como crença, transformou-se em religião.
Não se trata mais de questionar, investigar nem observar fatos; trata-se de decretar que a realidade é como querem os proprietários da virtude. Estamos em plena Era da Mentira Universal.
O PT envelheceu. Ou se liberta de Lula ou não terá futuro
Lula
jamais imaginou que seria condenado pela Lava Jato. Uma vez que foi,
jamais imaginou que seria preso. Uma vez preso, imaginou que acabaria
solto a tempo de tentar se reeleger presidente da República pela
terceira vez. Quem sabe não compensaria as três vezes (1989, 1994 e
1998) em que foi derrotado, duas, em primeiro turno, por Fernando
Henrique Cardoso. Lula nunca perdoou Cardoso por isso.
Condenado, preso e
impedido pela lei da Ficha Limpa de se candidatar, Lula algemou-se ao PT
e o PT docilmente a ele, com a esperança de que, um dia livre, pudesse
reconstruir sua imagem, e dispondo de um partido ainda razoavelmente
forte, voltar à boca do palco da política brasileira. O sonho tem tudo
para se evaporar quando o Supremo Tribunal Federal julgar o pedido para
que anule sua condenação no processo do tríplex.
Condenado em primeira
instância no processo do sítio de Atibaia, reformado de graça para ele e
sua família pelas construtoras OAS e Odebrecht, Lula é candidato a ser
novamente condenado na segunda instância. Escapará à nova prisão porque o
Supremo decidiu que prisão só é possível depois da sentença transitar
em julgado, e isso costuma levar muito tempo, tantos são os recursos
protelatórios permitidos.
A direção do PT sabe
disso. Os militantes do partido, também.O que todos fazem questão de
ignorar é a verdade dolorosa para eles de que ou PT se liberta de Lula
ou não terá futuro. Por ora, há um ensaio de reflexão sobre a
encruzilhada em que ele o partido se encontra. Mas um ensaio tímido.
Quem sabe, hoje, quando o receber no Vaticano, o Papa Francisco não
operará o milagre de converter Lula à realidade?
De protagonista sem que
ninguém lhe fizesse sombra da trajetória espetacular do partido de
esquerda mais bem-sucedido da América Latina nas últimas décadas, Lula
virou o algoz do PT. O PT pouco ou nada apreendeu com o que fez de
errado nos quase 14 anos em que governou o país. E nada esqueceu. Não se
renovou – envelheceu a galope. Renunciou a muitos dos seus caros
princípios.
Lula livre significou o
PT preso a ele.Lula solto, pelo que se vê, significa o PT atado aos
ditames do seu dono. Gleisi Hoffmann seria presidente do partido se não
fosse um pau mandado de Lula? Não somente ela. Os que integram a
corrente majoritária do PT se comportam como se os tempos não fossem
outros. Acreditam que foram vítimas de um golpe e que a História
reconhecerá isso mais adiante, devolvendo-os ao poder.
Foram surpreendidos pela
jornada de julho de 2013 quando milhões de brasileiros, sem a ajuda ou
provocação dos partidos, saíram às ruas para gritar que não o faziam só
por 20 centavos a menos ou a mais no preço das passagens de ônibus. Para
que retornassem às suas casas, a presidente Dilma prometeu o que podia e
o que não podia. Ao cabo, nada fez. Caiu porque perdeu o apoio que
tinha para governar.
No parlamentarismo, o
voto de desconfiança derruba o primeiro-ministro. No presidencialismo, o
impeachment. O Congresso americano tinha razões de sobra para aprovar o
impeachment de Donald Trump. A Câmara aprovou. O Senado, não, porque,
ali, ele contava com o apoio de todos, menos um dos senadores
republicanos. Nos estertores do governo Dilma, ela nem mais contava com o
apoio integral do próprio PT.
A reconstrução do PT
passa por um exame dos seus erros até para não repeti-los; pela defesa
de propostas que falem ao coração e à mente da maioria dos brasileiros; e
por uma injeção de sabedoria e de humildade que o leve a abrir mão da
ideia tacanha e restritiva de que exerce e de que deverá continuar
exercendo o monopólio da oposição. Se não for assim, resigne-se por um
longo tempo à hegemonia da extrema-direita.
Amadorismo na política e corporativismo militar são riscos à aprovação da proposta
Poucos presidentes na história recente do Brasil tiveram a oportunidade
de, com uma única ação, definir o sucesso de seu governo e ter quatro
anos de relativa tranquilidade econômica e política. Mas Jair Bolsonaro
não enxerga a reforma da Previdência como prioridade. E aí reside um
risco enorme não só à aprovação da medida, mas ao êxito de seu
quadriênio presidencial. Na transmissão ao vivo que fez do Chile na última quinta-feira,
Bolsonaro explicitou exatamente o que pensa do assunto: por ele, não
gostaria de fazer reforma nenhuma. Mais: o presidente da República
voltou a agir como um sindicalista, se referindo aos militares como
“nós” e defendendo a forma excepcionalíssima com que as Forças Armadas
foram tratadas na discussão da reforma. [comentário 1: o 'nós' é normal entre os militares - quem foi, ou é militar, sempre será;
o lema da PE - Uma vez PE! Sempre PE! - vale para qualquer uma das Forças, seja singular ou auxiliar.]
A má vontade com que encaminha o projeto se traduz no desastre da
articulação política. Nem o PSL, a colcha de retalhos em forma de
partido à qual hoje o presidente é filiado, tem manifestado apoio firme à
reforma. Insistindo no discurso vazio de que não cederá à velha política para
negociar, Bolsonaro corre o risco de perder o principal interlocutor
pró-reforma hoje, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ainda que tenha procurado
reduzir o tom nas últimas entrevistas, o presidente da Câmara deixou
claro o que pensa do governo: um deserto de ideias mais preocupado com o
Twitter que em resolver os problemas do País, como desemprego e
pobreza. E ele está correto no diagnóstico.
Isso fica evidente quando um dos assessores diretos do presidente,
Filipe Martins, faz no mesmo Twitter uma série de posts com pretensão de
alta filosofia política em que identifica uma suposta ala
“anti-establishment” no governo, que seria a chave para, com base em
mecanismos próprios de democracia direta, promover uma mobilização
popular permanente via redes sociais capaz de pressionar o Congresso a
aprovar as agendas do governo, entre elas a reforma.Trata-se de um diagnóstico absolutamente descolado da realidade, típico
de alguém que nunca acompanhou os meandros do Legislativo e ignora as
diferentes realidades sociais de um país complexo como o Brasil, no qual
a militância virtual é uma ínfima e irrelevante fração. [comentário 2: a Venezuela se f ... foi com a tal democracia direta - primeiro passo para o governo plebiscitário.
o nosso presidente precisa dizer a esse seu assessor que a hora é oportuna para reformas, os diagnósticos de outros problemas e soluções ficam para depois e serão feitos por quem de direito - o que não inclui o Martins.]
Mas Bolsonaro está preso a essa quimera. Três meses depois de empossado
segue acreditando que o discurso ideológico de Foro de São Paulo para
cá, ideologia de gênero para lá será capaz de lhe garantir governança. A
ponto de chegar ao ridículo, sem ter ninguém que o alerte para tal, de
repetir essas platitudes em plena Casa Branca. E desdenha dos índices
que mostram rápido derretimento de sua popularidade no mundo real,
aquele em que as pessoas precisam de emprego e a economia continua
travada. Além de viver a ilusão de que é possível governar a partir dasredes
sociais, o presidente dá corda ao corporativismo militar. Por mais que
as Forças Armadas estejam com suas carreiras e seus soldos defasados,
fazer essa reestruturação concomitantemente com a inclusão dos militares
na reforma foi um tiro no pé.
Como defender um discurso de que a reforma foca em privilégios se o
ganho com o aperto noBenefício de Prestação Continuada, que atinge os
mais pobres, responderá por uma fatia bem maior do sacrifício que
exigido dos poderosos militares? Não há como, e isso ficou patente no
semblante derrotado dos outrora confiantes técnicos do Ministério da
Economia, que viram o esforço de narrativa virtuosa da reforma ir por
terra. Com o amadorismo na política e o corporativismo renitente de Bolsonaro, a
reforma corre risco. Mas não parece haver humildade nem sabedoria da
cúpula do governo, com exceção da “ilha” Paulo Guedes, para mudar o rumo
e salvar o único projeto capaz de definir o sucesso da administração.