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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Trump promete impor poderio militar americano ao mundo



O nacionalismo deu o tom do discurso do presidente americano na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) nesta sexta-feira

Em seu discurso na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), o principal encontro dos republicanos nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump prometeu nesta sexta-feira que os EUA irão impor seu poderio militar ao resto do mundo.  O nacionalismo deu o tom da fala do republicano para a plateia formada por ativistas conservadores de todo o país, que se reuniram em um complexo hoteleiro nos arredores de Washington. “Eu não estou representando o mundo, estou representando nosso país. Somos americanos e o futuro pertence a nós”, disse.

Trump garantiu que os EUA voltarão a vencer, graças ao grande aumento na despesa em defesa que ele irá promover. “Ninguém irá se meter conosco”, disse. “Quando foi a última vez que ganhamos uma guerra?”, questionou, ressaltando a crença no conceito de “paz por meio da força”.
Os presentes gritavam “EUA, EUA, EUA”.

O presidente americano voltou a criticar o Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta) e aproveitou o evento para defender o plano de reforçar a segurança na fronteira com o México. Trump afirmou que a construção do muro vai começar antes do previsto e reiterou que o controle migratório irá expulsar do país as “pessoas más”.
“Vamos construir o muro, não se preocupem. De fato, começaremos em breve, antes do previsto”, ressaltou.

Críticas à imprensa
Em seu discurso, Trump voltou a atacar a imprensa. “Estamos combatendo as notícias falsas. São falsas, mentiras, falsas. Há poucos dias chamei as notícias falsas de inimigas do povo, e elas são”, afirmou. “Temos que lutar contra eles. Os veículos de imprensa são muito inteligentes, muito astutos e desonestos (…). Ficam irritados quando expomos suas notícias falsas”, indicou o presidente no fórum.


Fonte: Agência EFE


Lava Jato quer ‘tralhas’ de Lula no Palácio do Planalto

A força-tarefa da Operação Lava Jato, no Paraná, pediu ao juiz federal Sérgio Moro que autorize a Secretaria de Administração do Planalto a incorporar uma parte das “tralhas” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao patrimônio da Presidência da República. Os bens estavam no cofre-forte de uma agência do Banco do Brasil, em São Paulo, segundo a Operação Aletheia – que levou o ex-presidente para depor de forma coercitiva no dia 4 de março de 2016. 

Na ocasião, a Polícia Federal achou moedas, espadas, adagas, canetas, condecorações e outros objetos de valor que estavam armazenados no cofre do BB desde 2011, sem custo, segundo informou o gerente da agência. Lula afirma ter recebido o que ele classificou como “tralhas” de presente quando exerceu os dois mandatos (2003/2010). Segundo a Procuradoria da República, os objetos estavam em nome de Fábio Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente, e da ex-primeira dama Marisa Leticia Lula da Silva – que morreu no dia 3 de fevereiro -, “conforme documentação que havia sido anteriormente apreendida por ocasião do cumprimento de mandado de busca e apreensão na residência do ex-presidente”. 

Em ofício de 17 de fevereiro, a força-tarefa da Lava Jato afirmou a Moro que a Secretaria do Planalto apresentou relatório e discriminou quais objetos devem ser incorporados ao patrimônio da Presidência.O documento solicita ainda “autorização para a tomada das providências necessárias para incorporação dos bens em testilha ao patrimônio da Presidência da República”. 

O pedido da Procuradoria destaca que os bens estão descritos no “item 61” de um documento da Secretaria de Administração da Presidência. “O Ministério Público Federal requer que seja autorizada a Secretaria de Administração da Presidência da República a adotar as providências necessárias à incorporação, ao patrimônio da Presidência da República, dos bens descritos no item 61 Relatório Final da Comissão Especial”, solicitam os procuradores. 

Depoimento
No mesmo dia em que foram feitas as buscas no cofre, Lula foi conduzido coercitivamente para depor e, irritado, disse que não sabia onde estavam as inúmeras “tralhas” que ganhou quando presidente e que iria entregar tudo para o Ministério Público. Antes disso, ele havia sido flagrado em um grampo com um advogado fazendo críticas às investigações sobre os presentes e dizendo que iria mandar tudo para um prédio do Ministério Público Federal em Brasília. 

Defesa
“O pedido feito pela Força Tarefa da Lava Jato para que o juiz da 13ª Vara Criminal de Curitiba retire bens do acervo que Lula recebeu da Secretaria da Presidência da República, no final do seu segundo mandato, é mais um exemplo gritante dos abusos e da perseguição imposta ao ex-Presidente”, diz a defesa do ex-presidente por meio de nota. 

“A única interpretação possível é a de que a Lava Jato busca destruir a imagem e a história de Lula. A tentativa de retirar bens de seu acervo presidencial agora posta em curso é parte dessa estratégia impatriótica. Isso porque o processo de recebimento, catalogação e entrega dos bens relativos ao acervo de Lula seguiu os mesmos parâmetros aplicados para os demais ex-Presidentes da República desde 1991, quando entrou em vigor a Lei no. 8.394, que disciplina o assunto”, continua o texto.[a situação de Lula em relação a dos demais ex-presidentes da República é totalmente diferente.
Nenhum dos ex-presidentes confundiu a coisa pública com a privada e fez da apropriação indevida de BENS PÚBLICOS e da VENDA DE FAVORES meio de vida.
O único a usar expedientes tão vis foi o Ignorantácio Lula da Silva. Inclusive envolvendo seu filho Lulinha - que aliás foi o primeiro membro da 'famiglia' Lula a fazer da corrupção meio de vida.] 
 
O ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso prestou depoimento ao juízo da 13a. Vara Federal Criminal de Curitiba, em 09/02/2017, e esclareceu que também mantém em seu acervo presentes recebidos de chefes de Estado e em eventos oficiais, exatamente o que a Força Tarefa quer retirar de Lula”. “Registra-se ainda que, se houvesse vício no processo administrativo que resultou na entrega do acervo de Lula, essa discussão deveria ser feita em Brasília, onde tramitou o processo administrativo. Ademais, somente poderia ser conduzida por um órgão cível da Justiça Federal, uma vez que a matéria é estranha à competência reservada às Varas Criminais”. A nota é assinada pelo advogado Cristiano Zanin Martins. [FHC e outros presidentes respeitaram os limites estabelecidos em Lei para o presente recebido se tornar propriedade do ex-presidente ou do Erário.
Lula não seguiu limites, se tornou dono de tudo.] 

As informações são da Isto É e do Estado de S. Paulo
 
 

A suruba não é só do Jucá

“Juquinha” prestou um serviço à nação com seu sincericídio, ao falar sobre o foro privilegiado 

Olha a cabeleira do Jucá, será que ele é, será que ele é? Conhecido na delação da Odebrecht como Caju, uma referência ao tom dos cabelos, hoje grisalhos, o presidente do PMDB e líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá, poderia ter se eclipsado com uma fantasia de José Sarney, pioneiro na tendência acaju em Brasília. Era véspera de Carnaval, quando a capital fica deserta já na quarta-feira. Mas o senador pernambucano insistiu em continuar Jucá ou “o Juquinha” do Congresso. Prestou um serviço à nação, com seu sincericídio, ao falar sobre o foro privilegiado.

“Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada”,
disse ao jornal O Estado de S. Paulo. Jucá queria “estancar a sangria” da Lava Jato. Pela língua destravada, acabou exonerado do Ministério do Planejamento de Michel Temer 11 dias após ser nomeado. Jucá durou mais tempo como ministro da Previdência Social de Lula: quatro meses. Caiu por acusações de irregularidades com empréstimos bancários. Sangria não, suruba sim.

Traduzindo o raciocínio de Jucá: se for para acabar com o privilégio de políticos suspeitos, que só podem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal e não por nenhum “juizeco” (nas palavras de Renan Calheiros), que então se estenda o fim do foro para os presidentes, magistrados e procuradores. Nada de “prejudicar” só o Legislativo. Suruba precisa ser geral. Fim da suruba também. Para o Executivo e o Judiciário. Até aí, muita gente concorda. Só que o argumento deveria ser igualdade, e não vingança.


Meses antes de assumir a presidência do STF, Cármen Lúcia me falou sobre o foro privilegiado para parlamentares, presidentes e vice-presidentes da República. “Sou contrária a esse foro especial para qualquer pessoa. E já votei assim. Acho que qualquer um de nós tem de responder em igualdade de condições. Uma característica essencial da República é a igualdade. Temos ótimos juízes, competentes e sérios no Brasil. Não vejo nenhuma razão para que casos de algumas pessoas sejam transferidos para o Supremo.”

Durante quase uma hora, Jucá ocupou a tribuna do Senado para defender uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que estenderia aos presidentes do Senado, da Câmara e do STF as prerrogativas do presidente e vice-presidente da República, que não podem ser investigados por nada anterior ao mandato. Pegou tão mal que Jucá desistiu. Mas não amansou. Sob a desculpa de “modernizar uma lei que ficou anacrônica”, Jucá convoca todo mundo para a mesma cama.

Estamos longe de uma “suruba para todos”. O Supremo acaba de proibir o juiz Sergio Moro de investigar José Sarney, o imortal. Ou “o incomum”, assim entronizado por Lula, numa das piores passagens da biografia do petista, convenientemente esquecida por militantes. Lula livrou Sarney de um processo de cassação da presidência do Senado em 2009, acusado de fazer o que melhor sabia, favorecer secretamente parentes e aliados. Agora, Sarney pediu ao STF para não ser investigado por Moro por ter sido citado por Sérgio Machado junto a dois políticos com mandato: Renan Calheiros e Romero Jucá. Sempre eles. Bingo. Sarney é incomum. Foi acusado de receber R$ 18,5 milhões de propina da Transpetro por nove anos.

O senador que disputa com Moreira Franco o posto de melhor amigo de Temer pediu desculpas pela expressão “suruba”, mas parecia envaidecido com a repercussão. Disse ter se inspirado na letra de uma música irreverente. “Eu brinquei que assim não dá, senão vira a música dos Mamonas (Assassinas), a suruba portuguesa.” O refrão da música “Vira-vira” diz assim: Roda, roda e vira, solta a roda e vem/Neste raio de suruba, já me passaram a mão na bunda/E ainda não comi ninguém. Esse indivíduo é o favorito no PMDB para disputar a presidência do Senado em 2020.

Jucá não gosta de “parte da imprensa”, que segundo ele adota métodos do nazismo e da Inquisição. “Não dá chance a ninguém de se defender: escolhe aleatoriamente e parte para o estraçalhamento, sem se preocupar com a verdade, sem se preocupar com a família das pessoas, com a história de cada um.” Há uma parte da imprensa que ele gosta. Possui duas emissoras de televisão em Boa Vista, um jornal impresso e duas emissoras de rádio.


A suruba não se resume ao foro privilegiado. Engloba os maus costumes de Brasília. A folga de Carnaval dos deputados, por exemplo, vai durar 12 dias. Pensar que muitos só foram ao plenário na quarta-feira para registrar presença e não ter o dia descontado no fim do mês. E se mandaram para o aeroporto. Na Câmara, houve apenas uma sessão solene de homenagem aos 100 anos do Lions Club. Isso é piada, não é, Juquinha? Isso é suruba, não é, Jucá?

Fonte: Ruth de Aquino - Revista Época

 

 

Edinho, filho de Pelé, é preso por determinação da Justiça

Justiça mantém condenação e determina a prisão de Edinho, filho de Pelé

Ex-goleiro do Santos teve a pena reduzida para 12 anos e dez meses

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) manteve a condenação e determina a prisão do ex-goleiro Edison Cholbi do Nascimento, o Edinho, por lavagem de dinheiro e associação ao tráfico de drogas. Na decisão desta quinta-feira, o tribunal também reduziu a pena do ex-jogador do Santos Futebol Clube, que é filho de Pelé, de 33 anos para 12 anos e dez meses. 
 Edinho esperava pelo julgamento da apelação em liberdade, por força de uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF). O advogado de Edinho, Eugênio Malavasi, porém, negou ao GLOBO que o cliente responda por associação com o tráfico de drogas. Ele disse que aguarda apenas a expedição do pedido de prisão por lavagem de dinheiro. A publicação cabe à 1ª Vara Criminal da Praia Grande, na qual tramitou a ação penal. Edinho deve ser preso quando o mandado por publicado. O advogado, no entanto, vai recorrer da decisão.
— Devo entrar com o pedido de habeas corpus daqui a meia hora. Com base no precedente do Supremo, aquele que for condenado em 2ª instância deve ser preso. Mas o Supremo Tribunal de Justiça vem sustentando que, enquanto não estiverem exauridos os recursos, não tem que pedir prisão. Tenho conseguido várias liminares nesse sentido — argumentou Malavasi.


Edinho foi preso pela primeira vez, com outras 17 pessoas, na Operação Indra, em junho de 2005, por envolvimento com uma organização de tráfico de drogas comandada por Naldinho, na Baixada Santista. Ele chegou a cumprir seis meses de prisão provisória, mas foi solto por decisão do STF. Na ocasião, o filho de Pelé estava detido na cadeia anexa do 5º DP de Santos e chegou a ser transferido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente.

A ação que condenou Edinho também aplicou pena a Maurício Louzada Ghelardi, mais conhecido como Soldado, e a Nicolau Aun Júnio, o Véio, por lavagem de dinheiro. Além dos três, Clóvis Ribeiro, o Nai, e Ronaldo Duarte Barsotti, o Naldinho, também foram condenados. O primeiro teve a sua prisão preventiva decretada no decorrer do processo e o segundo está foragido, sem paradeiro conhecido há mais de cinco anos.  Todos tiveram as penas reduzidas: Nai, para 15 anos de reclusão; Soldado e Nick, para 11 anos e quatro meses.


Fonte: O Globo


 

Bruno, ex-goleiro do Flamengo, é solto por ordem de ministro do STF; Justiça começa a ser feita; agora é punir com severidade todos os que acusaram Bruno injustamente, começando por aquele delegado que se tornou deputado as custas do Bruno

"Bruno chorou e ficou muito emocionado" ao saber de soltura, diz advogado

O ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes de Souza, 32, "ficou muito emocionado e chorou" ao saber da liminar assinada pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), garantindo a soltura dele.

A afirmação é do advogado do ex-goleiro, Lúcio Adolfo, na entrada da Apac (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado) onde Bruno está preso, desde 2015, na cidade de Santa Luzia (região metropolitana de Belo Horizonte). Bruno aguarda o alvará de soltura que deve chegar à unidade prisional por meio de um oficial de Justiça.

A decisão de Mello é da última terça (21), mas só foi divulgada pelo Supremo na manhã desta sexta-feira (24).  "Ele ficou muito emocionado e chorou quando soube da liminar. Agora está calmo e esperando a soltura", afirmou o advogado, ao UOL, na entrada da Apac. A estimativa de Adolfo é que o ex-goleiro seja liberado "nas próximas horas" –uma vez que a VEP (Vara de Execuções Penais) de Santa Luzia precisa ser notificada da decisão do STF para lavrar o alvará de soltura.

Bruno estava preso desde 2010. Ele foi condenado em 2013 a 22 anos e 3 meses de prisão, em regime fechado, por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver contra a ex-amante, Eliza Samudio, além de sequestro e cárcere privado do filho que ele teve com Eliza. A decisão de Mello é da última terça (21), mas só foi divulgada pelo Supremo na manhã desta sexta-feira (24).  Na decisão, o ministro do STF advertiu que Bruno não pode se ausentar da localidade que definir como residência sem autorização do juízo. Também terá de atender "aos chamamentos judiciais" e "informar eventual transferência e adotar a postura que se aguarda do cidadão integrado à sociedade."

O advogado informou que o ex-goleiro ficará em Minas, mas, por questões de segurança, não especificou onde. Ele também informou que vai trabalhar para que o ex-goleiro tenha outro julgamento. Sobre isso, Adolfo argumentou que Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, foi condenado a uma pena de 12 anos pelo mesmo crime. O defensor avisou que defenderá a tese do princípio da isonomia para pedir o mesmo tempo de pena para o cliente.

Para o advogado, o fato de a acusação apontar que Bruno teria sido o mandante dos crimes --e Macarrão, o comparsa --não deverá interferir nessa linha de defesa pretendida. "Eles têm a mesma tipificação de acusação", resumiu.  Questionado sobre o que o ex-goleiro vai fazer quando sair a prisão, o advogado disse que ele tem propostas de times de futebol, além de "projetos pessoais", que ele não quis adiantar quais são. " Não me sinto habilitado a falar sobre isso", desconversou, sem revelar, também, quais times seriam os interessados.

Defesa havia apelado de decisão do Tribunal do Júri

A defesa do ex-goleiro havia apresentado apelação à Justiça após a decisão do Tribunal do Júri da Comarca de Contagem, que havia determinado que Bruno cumprisse regime inicial fechado e negado o direito de ele recorrer em liberdade --ao afirmar que estavam presentes os requisitos da prisão preventiva, determinada em 4 de agosto de 2010.

Depois de não ser admitido pelo relator, no STJ (Superior Tribunal de Justiça), o recurso foi apresentado ao STF, onde seria relatado pelo ministro Teori Zavascki. Com a morte de Teori em acidente aéreo, mês passado, a apelação foi redistribuída a outro relator, por determinação da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia. Com isso, Mello assumiu a relatoria no último dia 13.

Ao Supremo, os advogados do ex-goleiro argumentaram que houve "excesso de prazo da constrição cautelar, uma vez transcorridos mais de 3 anos desde o julgamento, sem análise da apelação" e definiram que isso se tratava de antecipação de pena. Eles ainda observaram "as condições pessoais favoráveis do paciente –primariedade, bons antecedentes, residência fixa e ocupação lícita" e requereram a revogação da prisão.

Preso tem "bons antecedentes", diz ministro do STF

Na decisão divulgada hoje, Mello ponderou que os fundamentos da preventiva "não resistem a exame" e definiu que "o clamor social" é "insuficiente" para respaldá-la.  "Inexiste, no arcabouço normativo, a segregação automática tendo em conta o delito possivelmente cometido, levando à inversão da ordem do processo-crime, que direciona, presente o princípio da não culpabilidade, a apurar-se para, selada a culpa, prender-se, em verdadeira execução da pena. O Juízo, ao negar o direito de recorrer em liberdade, considerou a gravidade concreta da imputação. Reiterados são os pronunciamentos do Supremo sobre a impossibilidade de potencializar-se a infração versada no processo", escreveu Mello, no despacho datado do último dia 21.

"O clamor social surge como elemento neutro, insuficiente a respaldar a preventiva. Por fim, colocou-se em segundo plano o fato de o paciente ser primário e possuir bons antecedentes. Tem-se a insubsistência das premissas lançadas. A esta altura, sem culpa formada, o paciente está preso há 6 anos e 7 meses. Nada, absolutamente nada, justifica tal fato. A complexidade do processo pode conduzir ao atraso na apreciação da apelação, mas jamais à projeção, no tempo, de custódia que se tem com a natureza de provisória", afirmou. 
O ministro do Supremo ainda advertiu que Bruno não pode se ausentar da localidade que definir como residência sem autorização do juízo. Também terá de atender "aos chamamentos judiciais" e "informar eventual transferência e adotar a postura que se aguarda do cidadão integrado à sociedade."

Pena havia sido ampliada pelo STJ

Em 2015, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) havia acatado parcialmente recurso do Ministério Público do Rio de Janeiro e aumentou a pena aplicada ao ex-goleiro Bruno Fernandes pelo sequestro, lesão corporal e constrangimento ilegal de Eliza, sua ex-amante.
Ex-braço-direito de Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, havia sido condenado apenas pelo cárcere privado. Os crimes, segundo a denúncia do MP, ocorreram no Rio de Janeiro, em 2009, antes de a ex-modelo ser morta, já em Minas Gerais, no ano seguinte.

O STJ havia passado o regime dos dois para o semiaberto e majorou a condenação de Bruno para dois anos e três meses. Já Macarrão viu sua sentença aumentar em mais dois meses. Conforme a assessoria do órgão, a decisão não será somada à condenação que o goleiro e Macarrão cumprem pelo homicídio de Eliza (22 anos de prisão e 15 anos, respectivamente), imposta pela Justiça de Minas Gerais, por se tratarem de processos distintos.

 Fonte: UOL/Notícias

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Sócio de acionista da Camargo Correia diz: "levei mala de dinheiro para Lula"

“Levei mala de dinheiro para Lula”

Ex-sócio de Fernando de Arruda Botelho, acionista da Camargo Corrêa morto em acidente aéreo há cinco anos, Davincci Lourenço diz à ISTOÉ que ele foi assassinado e que o crime encobriu um esquema de corrupção na empresa. O ex-presidente petista, segundo ele, recebeu propina para facilitar contrato com a Petrobras

 A TESTEMUNHA-BOMBA Davincci Lourenço de Almeida diz que ordem partiu de Fernando Botelho, da Camargo Corrêa

 O personagem que estampa a capa desta edição de ISTOÉ chama-se Davincci Lourenço de Almeida. Entre 2011 e 2012, ele privou da intimidade da cúpula de uma das maiores empreiteiras do País, a Camargo Corrêa. Participou de reuniões com a presença do então presidente da construtora, Dalton Avancini, acompanhou de perto o cotidiano da família no resort da empresa em Itirapina (SP) e chegou até fixar residência na fazenda da empreiteira situada no interior paulista. A estreitíssima relação fez com que Davincci, um químico sem formação superior, fosse destacado por diretores da Camargo para missões especiais. Em entrevista à ISTOÉ, concedida na última semana, Davincci Lourenço de Almeida narrou a mais delicada das tarefas as quais ficou encarregado de assumir em nome de acionistas da Camargo Corrêa: o transporte de uma mala de dinheiro destinada ao ex-presidente Lula. “Levei uma mala de dólares para Lula”, afirmou à ISTOÉ. É a primeira vez que uma testemunha ligada à empreiteira reconhece ter servido de ponte para pagamento de propina ao ex-presidente.
 O Lula ia ajudar a vender o produto para a Petrobras? 
- Ajudar a vender o produto para a Petrobras. É.

Ele não soube precisar valores, mas contou que o dinheiro foi conduzido por ele no início de fevereiro de 2012 do hangar da Camargo Corrêa em São Carlos (SP) até a sede da Morro Vermelho Táxi Aéreo em Congonhas, também de propriedade da empreiteira. Segundo o relato, a mala foi entregue por Davincci nas mãos de um funcionário da Morro Vermelho, William Steinmeyer, o “Wilinha”, a quem coube efetuar o repasse ao petista. “O dinheiro estava dentro de um saco, na mala. Deixei o saco com o dinheiro, mas a mala está comigo até hoje”, disse. Dias depois, acrescentou ele à ISTOÉ, Lula foi ao local buscar a encomenda, acompanhado por um segurança. “Lula ficou de ajudar fechar um contrato com a Petrobras. Um negócio de R$ 100 milhões”, disse Davincci de Almeida. 


A atmosfera lúdica do desembarque de Lula na Morro Vermelho encorajou funcionários e até diretores da empresa a posarem para selfies com o ex-presidente. De acordo com Davincci, depois que o petista saiu com o pacote de dinheiro, os retratos foram pendurados nas paredes do hangar. As imagens, porém, foram retiradas do local preventivamente em setembro de 2015, quando a Operação Lava Jato já fechava o cerco sobre a empreiteira. Na entrevista à ISTOÉ, Davincci diz que o transporte dos dólares ao ex-presidente não foi filho único. Ele também foi escalado para entregar malas forradas de dinheiro a funcionários da Petrobras. Os pagamentos, segundo ele, tiveram a chancela de Rosana Camargo de Arruda Botelho, herdeira do grupo Camargo Corrêa. “O Fernando me dizia que a “baixinha”, como ele chamava Rosana Camargo, sabia de tudo”, disse Davincci.

A imersão de Davincci no submundo dos negócios, não raro, nada republicanos tocados pela Camargo Corrêa foi obra de Fernando de Arruda Botelho, acionista da empreiteira morto há cinco anos num desastre aéreo. Em 2011, Davincci havia virado sócio e uma espécie de faz-tudo de Botelho. A sintonia era tamanha que os dois tocavam de ouvido. Foi Botelho quem lhe disse que a mala que carregava teria como destino final o ex-presidente Lula: “A ordem do Fernando Botelho era entregar para o presidente. Ele chamava de presidente, embora fosse ex”. Numa espécie de empatia à primeira vista, os dois se aproximaram quando Arruda Botelho se encantou com uma invenção de Davincci Lourenço de Almeida: um produto revolucionário para limpeza de aviões, o UV30. O componente proporciona economias fantásticas para o setor aéreo. “Com apenas cinco litros é possível limpar tão bem um Boeing a ponto de a aeronave parecer nova em folha. Convencionalmente, para fazer o mesmo serviço, é necessário mais de 30 mil litros de água”, afirmou Davincci.

 (...)

 Acidente ou assassinato?
As negociatas também foram reveladas em depoimento ao promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, que ouviu Davincci em quatro oportunidades. Blat encaminhou os depoimentos à força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba. À ISTOÉ, o promotor disse acreditar que a Camargo Corrêa possa ter usado Davincci como “laranja”. Outro trecho bombástico da denúncia de Davincci à ISTOÉ, reiterado ao Ministério Público, remonta ao acidente fatal sofrido pelo empresário Fernando Botelho no dia 13 de abril de 2012, durante um voo de demonstração, a bordo de um T-28 da Segunda Guerra Mundial, a empresários africanos, com os quais o acionista da Camargo havia negociado o UV30 em viagem à África dias antes. Segundo Davincci, Botelho foi assassinado. O avião, de acordo com ele, foi sabotado numa trama arquitetada pelo brigadeiro Edgar de Oliveira Júnior, assessor da Camargo e um dos gestores das propriedades da empreiteira. Conforme o depoimento, convencido de que o brigadeiro havia lhe dado um aplique, depois de promover uma auditoria interna, Botelho o demitiu na manhã do acidente durante uma tensa reunião, regada a gritos, socos na mesa e bate-bocas ferozes, testemunhada por diretores da Camargo. “O Fernando foi assassinado e o crime tramado pelo brigadeiro Edgar. O avião foi sabotado”, assegura o químico.

Uma sucessão de estranhos acontecimentos que cercaram a tragédia chamou a atenção do Ministério Público. Por exemplo: o caminhão de bombeiros comprado por Botelho exatamente para atender a eventuais emergências no aeródromo de sua propriedade estava trancado no hangar. “Tive que jogar meu carro contra a porta para estourar os cadeados. Peguei o caminhão e fui para o local. Ao chegar lá, as chamas estavam tão altas que não pude chegar muito perto”, afirmou Davincci. Mas o então sócio de Arruda Botelho se aproximou o suficiente para conseguir resgatar o GPS, que havia se descolado da parte externa da aeronave. Porém, o aparelho, essencial para municiar as investigações com informações sobre o voo, não pôde ser conhecido pelas autoridades, segundo Davincci, a pedido do brigadeiro Edgar. “Ele tomou o aparelho das minhas mãos, dizendo que poderia ficar ruim para a família se entregássemos à investigação, e ainda me obrigou a mentir num primeiro depoimento à delegacia”. Com a morte de Fernando de Arruda Botelho, o brigadeiro acabou não tendo seu desligamento da empreiteira oficializado. Já o ex-sócio, desde então, enfrenta um calvário. “Sofri 11 ameaças de morte”, contou.


Motivado pelos depoimentos de Davincci, o caso que havia sido arquivado pela promotora Fernanda Amada Segato em março de 2013 foi reaberto em setembro do ano passado por ordem da promotora Fábia Caroline do Nascimento. As novas investigações estão a cargo do delegado José Francisco Minelli. “Estou na fase da oitiva das testemunhas”, disse à ISTOÉ o delegado. Dois dos quatro irmãos de Fernando de Arruda Botelho, Eduardo e José Augusto, suspeitam de que pode ter havido mais do que um acidente. “Vou ajudar a descobrir a verdade sobre o que aconteceu. Mas um conhecido ligado ao Exército procurou meu irmão (José Augusto) para dizer que estavam convencidos que não foi acidente”, disse Eduardo Botelho em mensagem, ao qual ISTOÉ teve acesso, enviada em janeiro para Davincci.

Ler na IstoÉ Matéria Completa

 

Procura-se um novo golpe

O “golpe” está sumindo na poeira da estrada, e os heróis da resistência precisam de um refrão 

A indicação de Alexandre de Moraes por Michel Temer para o Supremo Tribunal Federal (STF) deixou abismados os guardiões da ética aqueles que até anteontem defendiam a quadrilha da presidenta mulher contra o “golpe”. O problema é que a narrativa do golpe está sumindo na poeira da estrada, e os heróis da resistência democrática precisam de um refrão.

A claque de petistas, genéricos e herdeiros da DisneyLula, em geral, nunca teve indignação semelhante. Eles sempre conviveram muito bem com figuras como Toffoli e Lewandowski, preparados carinhosamente por Lula e o PT para brilhar na aparelhagem do Supremo. Nunca se incomodaram com o petismo de carteirinha de Fachin ou com a erudição à la carte do companheiro Barroso e suas piruetas ornamentais contra o rito do impeachment. 

O famoso Triângulo das Bermudas formado por Janot, Teori e Cardoso, onde desapareciam todas as denúncias contra a mulher sapiens, também jamais inquietou a patrulha legalista.  Mas Alexandre de Moraes é ligado ao PSDB de Geraldo Alckmin, e isso pode macular a isenção da Corte suprema. É comovente a preocupação dos parasitas com a preservação da democracia (deles).

O ex-secretário de Segurança de São Paulo já é também ex-ministro da Justiça e surgiu em tempo recorde na antessala do Olimpo – candidato à toga vitalícia. Um bólido. A quantidade de gafes primárias que já cometeu denota seu apetite proverbial, com boa vocação para o vexame. Um ministro da Justiça que “prevê” no meio da rua o que a Lava Jato vai fazer, que anuncia por WhatsApp para a esposa a hora que o presidente vai anunciá-lo para o Supremo (e consegue a proeza de deixar seu celular ser fotografado) é naturalmente um súdito da vaidade, desses que não desperdiçam uma bravata. Ou seja: perfeito para o STF.

Esse personagem é a nova esperança de petistas, psolistas, marinistas, pedetistas e parasitas associados, desesperados por uma narrativa que lhes devolva o monopólio da bondade, o papel de guerreiros do povo contra a opressão do homem branco. No Brasil e em boa parte do Ocidente, esse truque ainda não caiu no ridículo – e você vê professores, artistas, humoristas (voluntários e involuntários), estudantes e candidatos em geral a ficar bem na foto pagando esse mico: se atiram numa trincheira progressista imaginária, gritando que o inimigo conservador está do outro lado e pronto. Não importa o que se passa no front – nem mesmo se há um front –, o que vale é o grito em si. Contando, ninguém acredita.

Fazendo de novo o serviço sujo de estragar a lenda, vimos por meio desta informar que não vai colar. A tese de que Alexandre de Moraes é o infiltrado pelos decrépitos do PMDB no Supremo para sabotar a Lava Jato não vai render nem um dia de folia. O Supremo é um circo, uma congregação de pusilânimes mais ou menos teleguiados, e nada pode contra a investigação capitaneada por Sergio Moro. Alguém deve se lembrar da já remota notícia de que o fatiamento da Lava Jato por Teori Zavascki ia melar a operação. Na ocasião – lá se vai mais de ano –, avisamos neste espaço que Moro só seria parável à bala. Continua valendo o escrito.

Lula e Dilma (milagrosamente ainda à solta) e mais Marina, Ciro Gomes e outros remanescentes do vale dos dinossauros que só pensam naquilo continuarão acusando Temer de acobertar bandidos. Estão todos sem espelho em casa. A diferença é que, no governo do PT, a bandidagem tomava conta do dinheiro do povo (e assim perpetrou o maior assalto da história das democracias). No governo atual, o dinheiro do povo – Tesouro, Banco Central, Fazenda, Petrobras, BNDES – foi colocado em boas mãos. Aliás, as melhores. Se você acha que isso é retórica de imprensa, saia de sua trincheira politicamente correta, vá estudar e constate por si mesmo.

Mas e os urubus do PMDB que ainda transitam no Palácio? Esses têm a seguinte missão: rezar para não ser presos e garantir apoio às reformas. Outro dia o senador Romero Jucá resolveu surfar na melhora dos indicadores nacionais, defendendo maior redução dos juros. Ele deve estar se confundindo com o governo de sua ex-chefe, em que a economia era a Casa da Mãe Joana. O vento virou, companheiros. O Brasil que trabalha cansou do Brasil que atrapalha. Agora vamos ver quem tem mais lenha para queimar.

 Fonte: Guilherme Fiuza, jornalista - Época


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Temer é o anti-Kirkman

O vice de Dilma batalhou para chegar lá e nada tem a ver com o personagem da série ‘Sobrevivente designado’

As repórteres Simone Iglesias e Catarina Alencastro revelaram que, por sugestão de sua mulher, Marcela, o presidente Michel Temer viu os dez episódios da série “Sobrevivente designado” e gostou. [em tempo: a série voltará a estar disponível na Netflix, com episódios inéditos, no final de março próximo.]


Kiefer Sutherland como Tom Kirkman na série Sobrevivente designado, ABC (Foto: Ben Mark Holzberg / ABC)  Tom Kirkman conseguiu 'luz própria' na  série Sobrevivente designado, mas, o fato de ser ele também o Jack Bauer da conhecida série 24 horas, em muito ajudou.

“Designated survivor”, título original da série da rede ABC, distribuída internacionalmente pela Netflix, conta a história de Tom Kirkman, um irrelevante secretário de Habitação, que acaba presidente dos Estados Unidos depois que um atentado decapitou a cúpula dos Três Poderes do país. Como qualquer freguês, Temer gostou de uma boa série.

Kirkman (Kiefer Sutherland) é meio chato, mas sua chatice acaba virando virtude. Enquanto Frank Underwood de “House of Cards” é um vilão que chegou à Casa Branca manipulando pessoas e situações, Kirkman é um bom moço de série de TV. Se Brasília e Washington têm centenas de candidatos a Frank Underwood, as duas capitais não produzem tipos parecidos com Kirkman.

Michel Temer gostou da série “House of Cards”, mas nunca se proclamou um admirador de Underwood. No caso de “Designated survivor”, é impossível alguém gostar da série sem gostar de Kirkman.  Só o proverbial sangue-frio de Temer pode ter permitido que apreciasse um personagem cuja história é diametralmente oposta à sua. Kirkman nada teve a ver com o atentado que decapitou o governo americano. Quando o mundo acabou, ele estava tomando uma cerveja e comendo pipocas.

Temer foi instrumento essencial e ostensivo do processo que depôs Dilma Rousseff. Nesse sentido, Temer carrega a eterna maldição dos vices. A comparação entre a conduta de Kirkman na Casa Branca e a de Temer no Planalto não pode ir longe porque não se pode saber como seria o governo do vice de Dilma sem a colaboração dos ministros da doutora e de tantos notáveis que a apoiavam. Pela narrativa da série, eles teriam morrido no atentado.
O atual presidente do Brasil pode ser visto como sobrevivente de uma chapa cuja titular foi detonada, mas ele não chegou ao Planalto por acaso. Temer é um experimentado operador das manhas políticas de Brasília. Kirkman é o oposto.

Sem o risco de estragar o prazer alheio, pode-se revelar que há uma conspiração por trás do atentado que explodiu o Capitólio. Como Kirkman não é parte dela, a trama gira em torno da fritura do presidente. É provável que exista uma (e só uma) personagem no Palácio do Planalto que possa ser comparada a alguém da série. É a chefe de gabinete de Temer, Nara de Deus Vieira. Ela desempenha um papel parecido com o da fiel assessora Emily Rhodes, que acompanhava Kirkman desde o tempo em que era um ninguém.

A segunda temporada da série está prevista para março, e é pedra cantada que o primeiro capítulo dará uma certa satisfação a Dilma Rousseff.  Numa trapaça do destino, a rede Netflix, que distribui a série “Sobrevivente designado”, está produzindo outra, sobre a Operação Lava-Jato. A série de Kirkman começa com a cena apocalíptica do Capitólio em ruínas depois do atentado. Às vésperas da divulgação dos depoimentos da Odebrecht, o andar de cima de Brasília teme que a Lava-Jato termine num apocalipse, como o “Sobrevivente designado” começou.


Fonte: Elio Gaspari - O Globo

 

A espiral da mediocridade

O ambiente universitário brasileiro, a exemplo do jornalístico, é um terreno no qual sempre proliferou a mentalidade esquerdista. O Partido dos Trabalhadores, desde os anos 80, é o preferido de professores e alunos, que ostentam sua militância abertamente e com orgulho. Na medida em que o PT foi se tornando um partido de governo, partidos de esquerda mais à margem do poder, como o PC do B, o PSTU e o PSOL, passaram a dividir com os petistas a liderança do movimento estudantil, enquanto os sindicatos docentes, especialmente das universidades públicas, continuaram a ser dominados por petistas. O PT substituiu o antigo PCB, o Partidão – do qual, em muitos aspectos, é um esbirro- na preferência da intelligentsia universitária. Assim, não é novidade que sempre tenha havido, por parte deste setor, uma adesão confessional aos padrões de pensamento e organização marxistas.
A consequência de décadas desta hegemonia esquerdista é aquilo que chamo de espiral da mediocridade.


Para todos os efeitos, estar vinculado ao PT ou, em segundo plano, aos demais partidos da esquerda, aberta ou informalmente, significa, ainda hoje, possuir uma carta de recomendação ideológica, sem a qual é muito difícil abrir as portas para a participação em grupos que dominam a política e movem a burocracia universitária. A credencial é responsável pela ocupação de cargos diretivos e pela consequente ascensão na carreira docente, sem falar na participação assídua em congressos nacionais e internacionais e, principalmente, nas agências estatais de fomento à pesquisa, que controlam a distribuição de bolsas de estudo para alunos e verbas polpudas para professores . Para aqueles que não se ajustam ao perfil ideológico dominante, que são independentes ou não-alinhados ao ideário hegemônico, resta resignarem-se com um autêntico exercício de sobrevivência profissional, em um contexto que, não raras vezes, torna-se, até mesmo, hostil.

A contraface deste esquerdismo que sequestrou a Universidade brasileira é a inexistência de setores articulados mais identificados com referências teóricas de direita. Entenda-se por direita, aqui, não o espantalho reacionário que os petistas, ou a esquerda brasileira como um todo, fabricou para justificar sua doutrinação. A direita que importa é aquela dos conservadores e liberais, que defende os valores da democracia republicana, da economia de mercado, da tradição e costumes judaico-cristãos e da liberdade individual. Esta está praticamente extinta na Universidade, muito por culpa de sua própria falta de combatividade e de sua aceitação pacífica do expurgo ideológico a que foi submetida pela esquerda.

Externamente, apenas para fins de propaganda, os esquerdistas que dominam os campi sustentam que são democratas e que há, na universidade, um fluxo de pensamento livre. Não há. Este fluxo é condicionado pela aceitação, por parte da maioria esmagadora de professores e estudantes, de modo tácito ou explícito, da mentalidade revolucionária marxista ou paramarxista e de sua superioridade moral. Um professor, na área de Humanidades, por exemplo, tem muita dificuldade operacional para expor as ideias políticas de Hume, Burk ou Toqueville, ou a crítica ao socialismo de Mises e Hayeck, num ambiente no qual Marx , Gramsci, Adorno e Dvorkin são praticamente vistos como sublimes.

São imperceptíveis, na Universidade brasileira, os registros do debate e da abertura intelectual. Em seu lugar, há um compadrio doutrinário e a consequência de décadas desta hegemonia esquerdista é aquilo que chamo de espiral da mediocridade. Nas salas de aula e nos encontros de pesquisadores repetem-se à exaustão as fórmulas surradas de pensadores marxistas. Há muito espaço, também, para anarcomarxistas, como Foucault, ou para pós-modernistas como Derrida, além de uma penca de autores de expressão menor que seguem estas linhas. Tudo produzido de maneira repetitiva para consumo da clientela acadêmica. Não há diferença entre formação e doutrinação . A reflexão dá lugar ao automatismo e os modos de expressão, na mesma medida em que a capacidade crítica é substituída por uma adesão do sujeito a uma dogmática já existente, limitam-se a propagar e a produzir cópias caricatas dos modelos que habitam o Olimpo das ideias revolucionárias e desconstrutivistas.

É a este quadro, em linhas gerais, que está reduzida a intelectualidade na Universidade brasileira. É de se reconhecer, no entanto, que está surgindo, devido à degradação política do PT, uma demanda por mais inteligência na sociedade. Esta demanda reflete-se no meio acadêmico, onde a situação confortável da esquerda passou a sofrer alguma contestação, mesmo que ainda incipiente. Uma das defesas do esquerdismo, digamos, corporativo da Universidade, é fazer com que suas práticas e hábitos permaneçam opacas para essa mesma sociedade que a sustenta. A vida intelectual e a burocracia universitárias ainda constituem uma caixa-preta para o cidadão comum. É preciso urgentemente devassá-la.


Fonte: Luis Milman,  professor de filosofia e jornalista - MSM