Cada palavra do discurso de posse de Jaques Wagner, cada declaração
nas inúmeras entrevistas que têm concedido aos diferentes órgãos de
comunicação, maior é a minha convicção que assume a pasta com uma missão
a cumprir, semelhante aos seus dois antecessores.
Jobim,
o gauchão, como a ele se refere um querido amigo, antes de simular a
tal "briga" para ir embora do governo, cumpriu a tarefa que lhe
acometeu. Depois de ter sido considerado quase um herói, ao barrar a
entrada em vigor do famigerado PNDH 3, que o colunista Reinaldo Azevedo
acrescenta um inteligente S de socialista à sigla, acalmou as hostes da
ativa e da reserva das Forças Armadas, ou pelo menos os seus comandos e
lideranças, sobre o projeto de lei de criação da Comissão Nacional da
Verdade.
Reuniu em almoço no Ministério da Defesa em Brasília os três
Comandantes da Forças, os três Presidentes dos principais clubes
representativos do estamento militar e o Chefe do Estado Maior Conjunto
da Defesa para lhes "tranquilizar" quanto às intenções da Presidente da
República. Disse-lhes que não havia, por parte da autoridade maior,
qualquer ideia de revanchismo e que o objetivo seria tão somente atender
compromissos políticos assumidos com determinados setores da sociedade.
E eles acreditaram!
Celso Amorim assumiu, o projeto de lei foi encaminhado ao
Congresso Nacional e teve uma tramitação tranquila, com pouca ou quase
nenhuma oposição. Afinal, todos no Brasil são de esquerda, com raras e
honrosas exceções e imagine qual o congressista iria querer parecer
retrógrado perante a história do país? Aliás, no Senado Federal o
relator do projeto foi um ilustre senador de oposição, que não poupou
elogios à medida. Não preciso relembrá-los da figura do motorista de
Marighela no célebre assalto ao trem pagador em São Paulo.
Aprovado o projeto o circo pôs-se a erguer a sua lona na
tentativa de influenciar a opinião pública e causar comoção. A partir da
solenidade de instalação dos trabalhos da comissão teria que haver uma
reação daquelas autoridades que citei acima, posto que a presidente foi a
primeira autoridade a descumprir a lei, ao nomear todos os membros
comprometidos com a história que a esquerda gostaria de ver contada,
transformando bandidos em heróis!
A seguir, mais um motivo para reagir, a decisão contrária
a lei de restringir a pesquisa ao período pós 1964 e só ouvir uma
versão dos episódios. Talvez, tenho certeza agora, tenha entrado em
campo a figura melíflua do Amorim, apresentando, sabe-se lá que
argumentos, para que até colaboração houvesse, com aviltamentos
inimagináveis, comitivas inoportunas em organizações militares, cessão
de cópias de documentos particulares reservados etc. Leio a citação
explícita do ministro que assume ao trabalho do seu antecessor neste
processo. Só elogios.
E chegamos a era Jaques Wagner. Seu discurso de posse é
dúbio. Não se pode precisar se ele se "voluntariou" com a presidente
para a missão. O certo é que tem uma missão a cumprir. Dar consequência
às recomendações do relatório equivocado da comissão já citada. Como
diria um antigo professor, a comissão "respondeu de maneira inadequada
pergunta não formulada"! E, para não deixar passar em branco a homenagem
a outro querido amigo, este infelizmente recém falecido, de uma maneira
canalha relacionou nomes de homens probos, muitos já falecidos, com
longa lista de serviços prestados à nação, acusando-os, sem provas, de
desrespeitarem os direitos humanos.
Das quase 40 comissões semelhantes
que se estabeleceram mundo afora, foi a única a apresentar tal
barbaridade jurídica, restando aos nominados provarem que são inocentes.
Ainda bem que, neste mister, vários familiares já se manifestaram com
indignação. Mas, e o Jaques Wagner? Ele se antecipou e já cumpriu uma
recomendação da comissão! Lá na Bahia, estado que recentemente lhe
concedeu uma polpuda aposentadoria, substituiu o nome do insigne
Presidente Médici pelo bandido, terrorista e guerrilheiro Marighela,
numa escola! Que belo exemplo para os alunos! Que bela credencial como
Ministro!
Cai, pois, por terra, a história que ele relata sobre
curar cicatrizes e feridas, não andar com lanterna voltada para trás e
outros chavões do gênero que ele vem divulgando. Aliás, provando que não
guardou muita coisa dos seus tempos de aluno de Colégio Militar, quem
conhece algum colega dele aí se apresente, talvez um dos 4 ou 5 que ele
diz ter arrastado, segundo suas palavras para o colégio, repete outro
chavão sobre militares de ontem e militares de hoje. Não aprendeu nada
sobre valores, tradições, história e cultura daqueles que comungam dos
mesmos ideais.
Penso que comecei o ano meio saudosista dos amigos que se
foram. Peço aos que tiverem acesso ao novo ministro que apresentem a
ele as obras e publicações do General Sergio Augusto de Avellar
Coutinho. Se ele não for muito afeito à leitura, sindicalista amigo de
Lula nunca se sabe, mostrem-lhe, apenas, os desenhos da palestra
Revolução Invisível e o pequeno opúsculo intitulado A Neutralização da
Grande Barreira. Assim sendo ele tomará conhecimento que todos os
militares da ativa e da reserva têm perfeita noção da marcha gramscista
de tomada do poder em andamento e a acompanha com muita preocupação. Vai
perceber ali, talvez estarrecido, será(?), que várias medidas já em
implementação e outras tantas recomendadas pela CNV estão ali listadas.
A
começar pela reformulação dos currículos das escolas e colégios
militares. Destaco aqui, parte do curriculum vitae mandado distribuir do
Jaques Wagner; diz que ele estudou engenharia na PUC do Rio de Janeiro.
Fiquei curioso: passou no então vestibular, disputado, tendo saído dos
bancos escolares do CMRJ? Comprovando a excelência do ensino ali
praticado, assim como em todas as demais instituições militares do
Brasil!
Sr Ministro! Se eu pudesse lhe dar um conselho eu diria:
pede para sair! Esta não é sua praia! Seu discurso distorce conceitos de
servir. As Forças Armadas são instituições permanentes que não servem a
governos, servem ao país, á Nação. Sua fala, misturando citação do
Barão do Rio Branco, por favor deixe o Barão em paz, ele já está
estressado demais com as figuras do seu partido que dão ordens lá no
Itamaraty, está muito confusa, talvez não tenha dado tempo para passar
pela revisão.
Acho que já me alonguei bastante, mais do que deveria
para não ser enfadonho. Cabe somente uma última observação: decore o
grito de guerra dos Colégios Militares, Ministro! Decore o zumzaravalho,
pois caso contrário sua primeira visita a um colégio começará mal!
Muito mal!
Por: Marco Antonio Esteves Balbi - Coronel Reformado
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