Um desastre! Assim pode
ser definida a política energética brasileira nos últimos anos. Algo inconcebível em um país com
um amplo leque de opções naturais e cuja
presidente ocupou, ela mesma, a pasta de Minas e Energia antes de assumir o
comando da Nação. Em seu segundo mandato,
ainda em ritmo de largada, fica exposto o tamanho dos erros de gestão cometidos
nessa área. É de sua lavra e autorização o processo que redundou no atual
estágio de risco de apagões em série. Barbeiragens grosseiras ocorreram no
planejamento, na execução de obras, no financiamento do sistema e,
principalmente, na política de preços ao consumidor, que agora vai pagar uma
conta além do razoável. Por meses a fio, esperando a recondução de Dilma ao
poder, uma grande encenação foi montada.
Maquiou-se a realidade. A começar pelo
populismo tarifário, com claro intuito eleitoral, que levou o brasileiro a se
iludir com a lorota de que aqui a luz era abundante, nunca faltaria e poderia
custar mais barato. Um desconto generoso de 20% foi concedido pelo governo aos
usuários. Durou pouco. Empresas geradoras e distribuidoras quase quebraram.
Estranguladas, se endividaram ainda mais.
O rombo,
hoje estimado em R$ 60 bilhões, terá de ser quitado via reajustes nas contas de
luz. Calcula-se que o aumento supere os 30% neste ano, muito acima da inflação
e da reposição de renda do trabalhador. E o racionamento não está descartado,
embora venha sendo negado com veemência. Na verdade, já ocorreu por
determinação aberta do operador nacional do sistema, que na última
segunda-feira 19 decidiu levar dez Estados da Federação mais a Capital Federal
às escuras para evitar o colapso da rede.
No limite de sua oferta, o País tem
que importar energia da Argentina. Faz parte de um “plano de emergência”.
Tivesse obedecido ao cronograma que prometeu de expansão da capacidade, talvez
nada disso fosse necessário. Mas recursos destinados à área foram estancados.
Cerca de 30% dos empreendimentos considerados vitais para o suporte da malha
deixaram de ser feitos. O atraso nas obras em andamento chega aos quatro anos,
devido a adiamentos sucessivos, tanto de usinas (hidrelétricas, térmicas, etc.)
como de linhas de transmissão, que comprometeram seriamente a rede instalada.
Um misto de descaso e excesso de confiança trouxe a tempestade perfeita.
Fonte: Editorial - IstoÉ
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