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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Vetar a correção do imposto de renda é aumentá-lo, na prática. ‘População vai pagar a conta dos erros do PT’



A mais recente novidade amarga é o veto da presidente à correção de 6,5% da inflação na tabela do imposto de renda. O governo quer correção de 4,5%, o centro da meta que nunca alcançado nos últimos quatro anos. Na prática, vetar corrigir pela inflação é aumentar o imposto à pessoa física, que já paga na fonte, antes mesmo de receber. É pesado.

O governo teve que fazer um ajuste fiscal porque as contas do primeiro mandato estavam em completa desordem. Desde que assumiu, essa nova equipe tem dito e feito isso. Primeiro cortou gastos, fez o certo. Agora, faz o ajuste pelo lado da receita. No aumento de impostos, é importante saber os efeitos. A elevação, mesmo que doa no bolso do contribuinte, pode ter efeito positivo. A maior arrecadação virá, de fato, da Cide, que é um imposto sobre combustível fóssil. O mundo inteiro pratica isso e tem elevado os recolhimentos para desincentivar o consumo de produtos derivados dele. Além do incentivo a diminuir a emissão de gases de efeito estufa, também torna mais competitivo o etanol, combustível mais limpo que é produzido por uma grande cadeia produtiva. Antes de se decidir sobre aumentos de impostos, seus efeitos devem ser levados em consideração.

Aumentar o imposto de renda da pessoa física através desse mecanismo de não corrigir a tabela pela inflação, por outro lado, é muito ruim, até mesmo porque está sendo feito indiretamente. A renda das famílias ficará mais comprometida.  O aumento do IOF na tomada de crédito pela pessoa física vem no momento em que as famílias estão muito endividadas. Elas estão se esforçando para pagar dívidas e a inadimplência não vem crescendo. Mas a medida vem no momento em que o BC já está no meio de um ciclo de aumento de juros que continuará amanhã, quarta-feira. Pode ser um complicador para quem está endividado.

A economia brasileira, que já é fechada, também sofrerá mais uma elevação do imposto de importação. Desse pacote de ajustes pelo lado da receita, nem todos os aumentos de impostos têm a mesma qualidade.  No dia de ontem, não tinha mãos a medir. Era muito assunto para uma coluna só. Falava com uma fonte sobre crise de energia e ligava para outra para saber sobre os aumentos de impostos. E hoje, terça-feira, já temos mais novidades. Não nos falta matéria-prima.

Em nota, presidente nacional do PSDB diz que falta responsabilidade à presidente Dilma
Após o anúncio de medidas de correção e aumento de impostos, no mesmo dia em que um apagão atingiu onze estados e o Distrito Federal, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse nesta segunda-feira que a população vai a conta pagar dos erros do governo do PT. Aécio afirmou ainda que faltou responsabilidade à Dilma durante a campanha e agora ela não tem coragem de reconhecer que está fazendo o contrário do que prometeu.

Em nota distribuída nesta segunda-feira, Aécio afirmou que "o Brasil está assustado com o tamanho da herança maldita que o primeiro governo Dilma deixou para o país". Para o tucano "apagão, racionamento de energia, aumento de impostos, cortes de direitos trabalhistas já preocupam e demonstram como milhões de brasileiros foram enganados durante a campanha eleitoral".

O senador disse que "os erros do governo do PT não podem mais ser 'escondidos embaixo do tapete', e a conta de todos esses erros será, injustamente, paga pela população". O tucano cobrou uma manifestação da presidente: "Em meio a tudo isso, o país se pergunta: onde está a presidente?". Para Aécio, "ao se omitir no momento do anúncio de medidas que afetarão gravemente a vida do nosso povo, a presidente parece querer terceirizar responsabilidades que são essencialmente dela".

Segundo ele, o governante tem de ter responsabilidade e coragem. "Durante a campanha eleitoral faltou responsabilidade à presidente. Focada apenas em vencer as eleições, a candidata adiou medidas necessárias que agora, diante de um quadro agravado, vão custar ainda mais caro à população", afirmou. Aécio avaliou que agora "falta à presidente coragem para olhar nos olhos dos brasileiros e reconhecer que está fazendo tudo o que se comprometeu a não fazer".

Fonte: O Globo
 

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