A
mais recente novidade amarga é o veto da
presidente à correção de 6,5% da inflação na tabela do imposto de renda. O governo quer correção de 4,5%,
o centro da meta que nunca alcançado nos últimos quatro anos. Na prática, vetar corrigir pela inflação é aumentar o
imposto à pessoa física, que já paga na fonte, antes mesmo de receber. É
pesado.
O
governo teve que fazer um ajuste fiscal porque as contas do primeiro mandato
estavam em completa desordem. Desde que assumiu, essa nova equipe tem dito e feito isso. Primeiro
cortou gastos, fez o certo. Agora, faz o ajuste pelo lado da receita. No
aumento de impostos, é importante saber os efeitos. A elevação, mesmo que doa
no bolso do contribuinte, pode ter efeito positivo. A maior arrecadação virá,
de fato, da Cide, que é um imposto sobre combustível fóssil. O mundo inteiro
pratica isso e tem elevado os recolhimentos para desincentivar o consumo de
produtos derivados dele. Além do incentivo a diminuir a emissão de gases de
efeito estufa, também torna mais competitivo o etanol, combustível mais limpo
que é produzido por uma grande cadeia produtiva. Antes de se decidir sobre aumentos
de impostos, seus efeitos devem ser levados em consideração.
Aumentar o imposto de
renda da pessoa física através desse mecanismo de não
corrigir a tabela pela inflação, por outro lado, é muito ruim, até mesmo porque está sendo feito
indiretamente. A renda das famílias ficará mais comprometida. O aumento do IOF na tomada de crédito pela pessoa física vem no momento em que as famílias estão
muito endividadas. Elas estão se esforçando para pagar dívidas e a
inadimplência não vem crescendo. Mas a medida vem no momento em que o BC já
está no meio de um ciclo de aumento de juros que continuará amanhã,
quarta-feira. Pode ser um complicador
para quem está endividado.
A
economia brasileira, que já é fechada, também sofrerá mais uma elevação do
imposto de importação. Desse pacote de ajustes pelo lado da receita, nem todos
os aumentos de impostos têm a mesma qualidade. No dia de ontem, não tinha
mãos a medir. Era muito assunto para uma coluna só. Falava com uma fonte sobre
crise de energia e ligava para outra para saber sobre os aumentos de impostos. E hoje, terça-feira, já temos mais
novidades. Não nos falta matéria-prima.
Em
nota, presidente nacional do PSDB diz que falta responsabilidade à presidente
Dilma
Após o anúncio de
medidas de correção e aumento de impostos, no mesmo dia em que um
apagão atingiu onze estados e o Distrito Federal, o presidente nacional
do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse nesta segunda-feira que a população vai a
conta pagar dos erros do governo do PT. Aécio afirmou ainda que faltou
responsabilidade à Dilma durante a campanha e agora ela não tem coragem de reconhecer que está
fazendo o contrário do que prometeu.
Em nota
distribuída nesta segunda-feira, Aécio afirmou que "o Brasil está assustado com o tamanho da herança maldita que o
primeiro governo Dilma deixou para o país". Para o tucano "apagão, racionamento de
energia, aumento de impostos, cortes de direitos trabalhistas já preocupam e
demonstram como milhões de brasileiros foram enganados durante a campanha
eleitoral".
O senador
disse que "os erros do governo do PT
não podem mais ser 'escondidos embaixo do tapete', e a conta de todos esses
erros será, injustamente, paga pela população". O tucano cobrou
uma manifestação da presidente: "Em
meio a tudo isso, o país se pergunta: onde está a presidente?". Para
Aécio, "ao se omitir no momento do
anúncio de medidas que afetarão gravemente a vida do nosso povo, a presidente
parece querer terceirizar responsabilidades que são essencialmente dela".
Segundo
ele, o governante tem de ter responsabilidade
e coragem. "Durante a campanha eleitoral faltou responsabilidade à
presidente. Focada apenas em vencer as eleições, a candidata adiou
medidas necessárias que agora, diante de um quadro agravado, vão custar ainda
mais caro à população", afirmou. Aécio
avaliou que agora "falta à presidente coragem para olhar nos olhos dos
brasileiros e reconhecer que está fazendo tudo o que se comprometeu a não fazer".
Fonte: O Globo
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