Tese de petista pode acelerar processo do petrolão
Ex-ministro Gilberto Carvalho acusa empreiteiras de corruptoras, e, com isso, pode estimular executivos a assinar acordos de delação premiada
O ex-ministro Gilberto Carvalho, o que na despedida do cargo de secretário-chefe da Presidência da República saiu-se com o brado “não somos ladrões!”, aproveitou uma reunião fechada com militantes, assistida pelo GLOBO, para desenvolver rebuscada tese inspirada na mais fina teoria conspiratória, a fim de explicar o petrolão.Para Carvalho, conhecido no PT pelas ligações com os chamados “movimentos sociais”, haveria uma “central de inteligência” a serviço de interesses obscuros, para levar petistas às “barras dos tribunais”. Um exemplo citado pelo ex-ministro foi o noticiário das investigações em curso na Justiça sobre o possível uso de uma empresa do ex-ministro José Dirceu para a captação de dinheiro de propina cobrada a empreiteiras que prestam serviços à Petrobras.
Esperemos o resultado das investigações. Mas cabe o registro de que Dirceu já foi levado “às barras dos tribunais”, o Supremo, e condenado como mensaleiro, num julgamento em que exerceu todo o direito constitucional de defesa. E cumpre prisão em regime semiaberto. O devido processo legal foi respeitado à risca, sem qualquer sanha — condenatória ou absolutória.
No entendimento maniqueista do ex-ministro, os altos funcionários da Petrobras foram vítimas de empreiteiras corruptoras, atuando em cartel. Mas uma curiosidade nisso tudo é que o outro lado, as empresas, detalha, com seus advogados, enredo oposto: a Petrobras, pelo cacife financeiro que tem, é que teria induzido a formação do cartel. Na verdade, nenhuma das teses se sustenta isoladamente, e os dois lados no escândalo precisam ser responsabilizados pelo assalto à Petrobras.
Fonte: Editorial - O Globo
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