A
manutenção dos presidentes do BNDES, da Caixa e do BB deixa uma interrogação em relação à real disposição de
Dilma mudar sua forma de governar no segundo mandato
Ainda não é oficial, mas tudo indica que a presidente Dilma Rousseff
vai manter nos cargos os presidentes do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, do Banco do Brasil, Aldemir
Bendine, e da Caixa, Jorge Hereda. Ao menos por enquanto.
Um aperitivo do que pode acontecer foi a determinação recente de Dilma para que o BB e o BNDES socorram a Sete Brasil, a maior fornecedora da Petrobras no pré-sal, para evitar a quebra da empresa e a ocorrência de demissões no setor. Como se tornou recorrente em seu primeiro mandato, Dilma não se intimidou em usar mais uma vez seu poder para interferir na política de concessão de crédito dos bancos públicos. Ela pediu a Coutinho e Bendine para destravar empréstimos de cerca de US$ 3,5 bilhões (R$ 9,1 bilhões) para a Sete Brasil poder contratar oito sondas de perfuração de petróleo para a Petrobras. Para resolver o problema imediato da empresa, que tem como seus principais acionistas o banco BTG Pactual e os três maiores fundos de pensão estatais – Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa) – Dilma pediu também a concessão de um “papagaio” de R$ 800 milhões.
A Caixa, por sua vez, é uma muleta à qual Dilma recorreu com frequência em seu primeiro mandato para cobrir despesas do governo e melhorar artificialmente as contas públicas. A instituição é alvo de uma investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) por ter usado recursos próprios para pagar obrigações do governo de responsabilidade do Tesouro Federal, como o Bolsa Família, o seguro-desemprego e o abono salarial – uma ação proibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
A continuidade dos três “banqueiros” de Dilma, portanto, deixa uma interrogação em relação à sua real determinação de mudar o seu jeito de governar e de fazer o que tem de ser feito para equilibrar as contas públicas. Levy está no caminho certo, apesar de as medidas anunciadas até agora representarem um custo penoso para a sociedade, mas a contenção do crédito é um capítulo essencial para a política de combate à inflação e para reforçar o ajuste que ele está promovendo. Se os bancos públicos continuarem a despejar bilhões de reais na economia por motivação política, sem levar em conta os aspectos técnicos das operações, com o objetivo populista de tentar tornar o ajuste menos doloroso, poderão dificultar a vida de Levy na Fazenda. O dinheiro que ficar no cofre do Tesouro acabará saindo pelos guichês da Caixa, do BB e do BNDES.
Fonte: Blog do José Fucs
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