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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Petróleo cai ainda mais e ameaça investimentos no pré-sal brasileiro

Baixa do barril ajuda no curto prazo a Petrobras, mas redução não deve chegar ao posto

[ tivemos o MENSALÃO - PT; o PETROLÃO - PT, está em curso mas não acabou. 

Falta ainda: ELETROLÃO - PT = Eletrobras

BRASILÃO - PT = Banco do Brasil

CAIXÃO - PT = Caixa Economica Federal.

anotem e cobrem]

As cotações do petróleo caíram a seus menores valores em quase seis anos. Ainda não se sabe qual será o impacto total da mudança no patamar dos preços para o Brasil, mas especialistas avaliam que o atual ciclo de baixa pode beneficiar o país e a Petrobras no curto prazo, mas não deve se refletir no preço do posto de gasolina. Pior: a queda pode trazer desdobramentos graves para os investimentos para explorar o pré-sal, as maiores reservas de petróleo brasileiras.


Os preços caíram ainda mais após os Emirados Árabes Unidos reforçarem a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de não cortar produção para sustentar os valores do produto. Desde junho do ano passado, os preços do petróleo já acumulam queda de 60%. O barril tipo Brent, comercializado em Londres, que antes era cotado a 120 dólares, chegou a ser comercializado, no início desta terça-feira, a 45,25 dólares.

Por um lado, o preço mais baixo do petróleo e derivados alivia de imediato a balança comercial brasileira, já que importamos mais o produto do que o vendemos ao exterior.
Até 2016, o país vai ter um ganho porque temos uma balança comercial deficitária. Exportamos menos do que importamos o produto líquido, que agora vai ficar mais barato. Atualmente, a importação de petróleo e derivados está na ordem de 45 bilhões de dólares, enquanto a exportação não supera os 20 bilhões, gerando um déficit de cerca de 25 bilhões. "Para o próximo ano, projeta-se um déficit bem menor de 7 a 8 bilhões", afirma Walter De Vitto, da Tendências Consultoria.
 
Preço da gasolina
No caso da Petrobras, que domina a importação e distribuição do combustível no mercado doméstico, o benefício está ligado ao controle do preço de combustíveis pelo governo -- ou seja, os preços não flutuam livremente de acordo com o preço da commodity no mercado internacional.

Por anos, a Petrobras amargou perdas, já que a estatal comprava o produto pelo valor internacional e o vendia mais barato no Brasil. Agora, mesmo com a queda do barril do petróleo, o consumidor não deve sentir no bolso o valor dessa redução. Em novembro, quando a trajetória de queda já havia começado, a estatal aumentou os combustíveis nas refinarias. A gasolina teve alta de 3% e o diesel de 5%. De acordo com especialistas, a Petrobras aproveitará o novo preço para recompensar o período que precisou subsidiar o valor para o mercado interno. "A Petrobras aplicou preços do produto abaixo do internacional desde 2011. Agora precisam reforçar os caixas", explica De Vitto.

A longo prazo, porém, as consequências da queda do preço internacional podem alterar os planos de investimentos da petroleira. "A empresa vai ter menos lucro com os baixos preços e deve investir menos. O próprio cenário de problemas internos, com a empresa envolvida nos escândalos da Operação Lava Jato, também aumenta a dificuldade de captar recursos para investimentos. É provável que alguns projetos sejam postergados. Nesse momento, o cenário deve inviabilizar algumas explorações de campos do pré-sal e de outros campos não convencionais onde a produção é muito mais cara", avalia o coordenador do MBA de Petróleo e Gás da Fundação Getúlio Vargas, Alberto Machado.

A Petrobras comemorou neste mês ter se tornado a maior produtora de petróleo entre as empresas de capital aberto no mundo, ao produzir 2,209 milhões de barris/dia, mas o plano de dobrar esse volume até 2020 também deve ser adiado, explica De Vitto. "A expectativa é que a Petrobras corte investimento em exploração no novo plano. O ritmo de investimento será menor, não se sabe se vão abrir mão dessa área do pré-sal, mas é certo que haverá uma redução. Com menor produção, com o produto mais barato e menos investimentos, a arrecadação também será menor", explica.

De acordo com Machado Neto, a queda na arrecadação e produção também pode diminuir o repasse dos royalties do petróleo. "Estados e municípios vão receber menos verbas para os setores de educação e saúde", afirma o especialista.

Limite de queda
Para o coordenador da FGV, o atual ciclo de baixa deve durar ainda algum tempo, mas a queda terá um limite. "Existe um limite para a queda desse preço. Não é sustentável abaixar tanto, pois há uma queda de braços entre produtores e usuários. Há países que dependem da venda para sobreviver e outros da compra. Por isso, não é viável nem deixar subir muito, nem cair tanto", explica Machado Neto.

A desaceleração do crescimento mundial no segundo semestre do ano passado, o aumento da oferta mundial e a valorização do dólar foram algumas das razões para a forte queda do preço da commodity. Porém, o professor de finanças do Ibmec no Distrito Federal José Kobori destaca que a disputa de geopolítica também é um fator predominante na alteração dos valores do produto. "A Opep mudou a regra de apoiar o controle dos preços e fez com que os ofertantes cuidassem desse problemas. Os países do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, que não têm grandes custos de extração, conseguirão se sustentar com preços baixos. Por outro lado países como a Venezuela, que tem grande dependência, podem quebrar. É uma briga de poderes", afirma.

Fonte: El País

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