Popularidade de Dilma derrete: 62% de ruim e
péssimo contra apenas 13% de ótimo e bom; o Nordeste e os mais pobres
desistiram da petista. Pior: há aloprados querendo piorar tudo
A Secretaria de
Comunicação do governo, cujo titular é Thomas Traumann, elaborou um documento aloprado sobre a situação política do país,
propondo um conjunto de ações eivado de ilegalidades. Acredita-se na possibilidade
de reverter o desgaste de Dilma na base da “guerrilha”
de propaganda, como está lá. Leiam post a respeito. Entre as propostas, está intensificar a relação
com os chamados
“blogs sujos”, que seriam os “soldados de
fora” que atirariam com munição
fornecida pelo governo. Pois é…
Se a receita fosse mesmo essa, a Secom teria que, literalmente, chafurdar no mar de lama. Por quê? Dilma
Rousseff derreteu. Em pouco mais de um mês, os que consideravam seu governo ótimo e bom despencaram de 44% para 13%. Os que o
avaliam como ruim ou péssimo saltaram de 23% para 62%, e caíram de 35% para 24% os que o veem
como regular. Os números são do Datafolha e
estão na edição da Folha desta quarta. O instituto entrevistou 2.842 pessoas entre
os dias 16 e 17. Pode-se argumentar que os dados estão sob o impacto dos protestos
do dia 15. Mas também é possível considerar que
os protestos do dia 15 só foram tão bem sucedidos porque esses sãos os números, não é mesmo?
Não há boa notícia
possível para Dilma. Pela primeira vez, desde que
o PT está no poder, a
reprovação ao governo no Nordeste encosta nos números do Sudeste, onde a presidente conta
com apenas 10% de ótimo e bom e 66% de
ruim e péssimo. Entre os nordestinos,
esses números são, respectivamente, 16% e 55%. A região mais severa com a
presidente é o Centro-Oeste: 75% de ruim
e péssimo e só 10% de ótimo e bom. No Sul, estes números são, na ordem, 64% e 13%. Só
a Região Norte destoa um pouco, mas ainda com números francamente hostis à
presidente: 51% de ruim e péssimo e 21% de bom e ótimo.
Dilma, como eu já havia apontado
aqui na pesquisa de fevereiro, viu desabar a sua popularidade entre os pobres: acham seu governo ruim ou péssimo 60% dos que ganham até dois salários mínimos; 66% dos que recebem de dois a cinco; 65%
entre os que ganham entre cinco e dez e mais de dez. O seu mais alto índice de ótimo e bom,
bem mixuruca, está na faixa de até dois
mínimos: 15%; o mais baixo, na de dois a cinco: 10%.
Se os números são ruins, as expectativas podem ser piores. Sessenta por cento acreditam que a situação econômica vai piorar, e só 15%, que vai melhorar. Para 77%, a
inflação vai subir, e só 6% acreditam que
vai cair.
Creem que o desemprego vai aumentar 69%
dos entrevistados, contra apenas 12% que pensam o contrário. Segundo o Datafolha, é o maior pessimismo
registrado no país desde 1997. O governo e os petistas
deveriam parar com essa bobagem de que os protestos contra o governo são coisa
de rico, não é mesmo? Como se nota,
os pobres formam hoje um formidável
público potencial para as manifestações. Ainda que não tenham aderido em
massa à mobilização do dia 15, parece que podem fazê-lo a qualquer momento. Se
a tática desesperada da Secom for posta em prática, aí é que o bicho pode mesmo pegar. A nota atribuída pelos
entrevistados a Dilma também caiu: de 4,8 em fevereiro para 3,7
agora.
O Congresso não merece avaliação melhor em tempos de petrolão: só 9% dizem que seu trabalho
é ótimo ou bom,
contra 50% que o têm como ruim e péssimo. Os números são péssimos,
sim, mas é evidente que a crise política não tem origem no Parlamento. Como
Dilma sai das cordas? Uma coisa é certa: não é alimentando a guerra suja,
como sugere um documento da Secom. Talvez um primeiro passo fosse se cercar de gente capaz de entender
a natureza da crise. Até agora, não há ninguém com esse perfil. O petismo aloprado só a aproxima ainda mais do abismo.
Fonte: Reinaldo Azevedo – Revista VEJA
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