Joaquim Levy sabe que ou pede demissão ou será demitido.
É questão de tempo Dilma atribuir ao Levy - que não deveria ter aceito estar ministro do desgoverno Dilma - a responsabilidade das mazelas do seu segundo mandato, cuja derrubada poderá ser concluída no próxima dia 15 de março
Da Revista Veja - Blog do Reinaldo Azevedo
Levy ameaça se demitir, Dilma corre e envia projeto de lei com parte do conteúdo da MP devolvida
Nunca,
mas nunca mesmo!, incluindo o governo Collor, se viu tamanha
incompetência na coordenação política do governo. Acreditem ou não, o
Palácio do Planalto foi surpreendido com a decisão de Renan Calheiros de
devolver a MP da reoneração da folha de pagamentos, embora ele próprio
já tivesse dito há alguns dias que a parceria com o PT era capenga e já
houvesse faltado, na segunda, a um jantar oferecido por Dilma a
peemedebistas. O clima de barata-voa se instalou, e chegou à presidente o
recado de Joaquim Levy: sem o ajuste fiscal, ele está fora do cargo.
Vocês entenderam direito: na prática, o ministro da Fazenda se demitiu.
Dilma,
então, imediatamente enviou um projeto de lei, com pedido de urgência,
repetindo parte do conteúdo da MP, concentrando-se apenas no que chamo
de reoneração. Vai passar pelo Congresso? O mar não anda para peixe.
Como justificar a oneração da folha com desemprego crescente e com uma
recessão que já não é mais uma possibilidade, mas um fato? Eis o
busílis. Será que os senhores parlamentares estão dispostos a assumir
esse ônus?
O governo
faz um voo cego. Por incrível que pareça, no jantar do dia 23, no
Palácio do Jaburu, da equipe econômica com líderes peemedebistas, o
vice-presidente da República e sete ministros do partido, ninguém tocou
no assunto. O petista Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, estava
presente. Cabe a pergunta: que diabo de coordenação política é essa?
Eis o
ponto: não existe! Um país com crescimento de 5%, inflação de 2,5%, os
juros de 4% e Petrobras como exemplo de eficiência não poderia ter no
comando político o seguinte Quarteto Fantástico: Mercadante, Pepe
Vargas, Jaques Wagner e Miguel Rossetto. Dilma brinca com o perigo. Até
eu acho que se encontra coisa melhor no próprio petismo.
Mas a
presidente não tem uma virtude que, admito, Lula tem: ele costuma se
cercar de pessoas mais capazes do que ele próprio. Podemos não gostar,
mas isso é fato. Dilma, ao contrário, faz questão de exercer também a
liderança intelectual. E, nesse caso, amigos, a coisa pode ser mesmo
explosiva. O governo
não via a hora de Janot entregar a sua lista. Contava com ela para
amenizar o peso sobre os ombros da presidente. Em vez disso, ela está
com uma crise nova nas mãos.
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