O governo estava certo. Do ponto de vista dele, é claro.
Se seu objetivo inicial fosse ajudar a presidente Dilma Rousseff, a
Central Única dos Trabalhadores (CUT), o MST, a UNE e outros movimentos
sociais não deveriam ter chamado o povo para as ruas, ontem.
Primeiro porque seu apelo certamente não seria atendido – não na dimensão desejada pelos promotores do ato. Como não foi. Segundo porque a realização do ato daria ensejo à sua comparação com o
ato de amanhã, contra Dilma. E, salvo uma surpresa, o ato de amanhã
atrairá muito mais gente.
O ato de ontem foi planejado para mostrar ao governo a insatisfação dos
movimentos sociais com o ajuste fiscal do ministro da Fazenda Joaquim
Levy – o “infiltrado no governo”, como o acusou João Pedro Stédile,
coordenador nacional do MST. Dado que o ato contra Dilma ganhou expressão, os promotores do ato de
ontem resolveram também defendê-la. Assim como à Petrobras.
Então o ato ficou com vários focos – o que na maioria das vezes significa ficar sem nenhum. Ir às ruas contra o ajuste fiscal até poderia dar certo. Mas a favor de
Dilma, aprovada por menos de 10% dos brasileiros? Nunquinha. Resta ao governo torcer para que tenhamos amanhã um domingo de chuva. De muita chuva, de preferência. Do contrário...
Fonte: Blog do Noblat - Por: Ricardo Noblat
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