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domingo, 7 de janeiro de 2024

A insensatez abunda - Percival Puggina

          A exigência de visto para entrada no Brasil de turistas procedentes do Canadá, da Austrália e dos Estados Unidos começa a valer a partir do dia 10 de janeiro.

O governo brasileiro é pilotado por pessoas com cabeça de militante de centro acadêmico
O pessoal preserva suas saudosas memórias da UNE e mantém seus automáticos alinhamentos antiamericanistas, anticapitalistas e anti-imperialistas. 
Prefere o impávido e exitoso modelo cubano ao do inimigo ianque, tornando inevitável à preservação da honra nacional que a reciprocidade se impusesse: ou os brasileiros são dispensados do visto nesses três países ou vamos exigir visto dos turistas deles!
 
A moçada já grisalha, mas com o cérebro ainda deitado no colchão do centro acadêmico, ficou eufórica: “Agora eles vão ver o que é bom para a tosse!”. Só que o prejuízo será nosso. 
A medida vai afetar o setor turístico porque embora a entrada de canadenses e australianos seja inexpressiva, a de norte-americanos chegou próxima dos 500 mil no ano de 2023.
 
O topete e a presunção desaparecem quando nos propomos uma simples questão: quantos cidadãos desses três países tentam permanecer clandestinamente no Brasil? Ah, pois é
E quantos brasileiros, você conhece que já estão vivendo nos EUA, no Canadá e na Austrália.? Ah, pois é.
 
Aliás é bom que o fã clube nessa turma também saiba: o Brasil está longe de ser considerado um país atrativo no grande negócio do turismo internacional. 
Vir ao Rio de Janeiro, por exemplo, é turismo de aventura, tipo Gaza em versão dietética, e os criminosos fazem questão de proporcionar seus espetáculos na “safra” de verão, reforçando a mensagem que diz – “Não venham!”. 
Então, quando tudo corre bem, o Brasil recebe 6% do número de turistas que visitam a França ou a Espanha e 10% dos turistas que vão à Nova Iorque. E olha que temos espaço para acomodar nossos visitantes!

A insegurança em que vivemos foi cuidadosamente cultivada por sucessivos governos de esquerda que viram a criminalidade como agente da revolução social, a ser paparicada como se parceira de causa fosse. Nossa atual condição de pária internacional em virtude das parcerias do petismo com governos criminosos só veio complicar mais a situação.

O turismo brasileiro fica, então, na grande dependência dos glúteos femininos rebolando nas praias e no carnaval. A insensatez abunda.

Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

 

sábado, 16 de dezembro de 2023

Dino vai ampliar crise de legitimidade do Supremo - O Globo

Pablo Ortellado

A ida de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal não é boa — ou melhor, não é boa do ponto de vista político. Do ponto de vista formal e do mérito, Dino tem todas as qualidades necessárias. Não apenas notável saber jurídico e reputação ilibada, como dispõe de carisma e oratória. 
Nos diferentes cargos políticos que ocupou, demonstrou habilidades de negociação e compromisso que serão muito úteis na Corte. 
Dino, porém, é um político, e um político que se destacou por ser combativo num período de polarização acirrada. 
Num momento em que a Corte é acusada pela oposição de ser politicamente parcial, a chegada dele aprofundará a crise de legitimidade do Supremo. 
 
Duas diferentes pesquisas mostraram o tamanho do estrago. O Datafolha de sábado passado mostrou que 38% dos brasileiros consideram a atuação da Corte ruim ou péssima
Um ano atrás, em dezembro de 2022, a desaprovação era de 31%. Aumento de sete pontos. 
Quando se separa o índice de aprovação pela preferência política, a explicação fica evidente. 
Enquanto a desaprovação é de apenas 15% entre petistas, sobe a 65% entre os bolsonaristas (dois de cada três acham a atuação do STF ruim ou péssima).
Esses dados são confirmados por outra pesquisa. No mês passado, a Quaest também mediu a aprovação da Corte entre os brasileiros. 
Aqueles que têm imagem negativa do STF passaram de 29% em fevereiro para 36% em outubro. 
E, de novo, quando separamos as respostas pela preferência política, o abismo se revela. Entre os que votaram em Lula no segundo turno, apenas 14% têm imagem negativa da Corte. Entre quem votou em Bolsonaro, são 62%. 
 
Na metade do eleitorado que votou em Bolsonaro, a avaliação e a imagem do Supremo são muito ruins.  
Isso não faz bem para a democracia brasileira. 
É uma crise de legitimidade que cobrará um preço no futuro. 
A chegada de um ministro que, como Lula fez questão de ressaltar, “pela primeira vez na História deste país” é “comunista” não ajuda nada. Só aprofunda o problema. 
 
Os motivos por que os bolsonaristas não veem o Supremo com bons olhos não são difíceis de descobrir. Acreditam que o STF é parcial e os persegue politicamente. Na administração Bolsonaro, acreditavam que a Corte bloqueava muitas ações de um governo eleito democraticamente, limitando o escopo da soberania popular. 
Depois, nos desdobramentos do 8 de Janeiro, passaram a acreditar que a Corte manteve preso um número exagerado de pessoas sem provas suficientes e que o TSE implantou um regime de censura nas mídias sociais. 
Por fim, acreditam que o próprio presidente do STF se entregou ao dizer, em evento da UNE, que tinham derrotado o bolsonarismo. 
 
O Supremo teve papel muito importante para conter os excessos do bolsonarismo, especialmente nos momentos críticos entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, quando alguns bolsonaristas arquitetaram [???] um golpe de Estado. Estou convencido de que, sem a ação do Supremo, não teríamos chegado até aqui. Porém me parece igualmente claro que o STF e a instituição irmã TSE se excederam na resposta. Embora o 8 de Janeiro justificasse uma resposta dura, duríssima, houve prisões para as quais as provas eram frágeis
Ainda mais questionável foi o fechamento de contas nas mídias sociais de diversos bolsonaristas. 
Era possível responder duramente com uma observância mais estrita da lei. O que se espera do STF é encontrar o equilíbrio entre defender a democracia com vigor, mas sem excesso e sem viés. 
 
O Supremo pode se iludir com a ideia de que seus excessos são apenas “democracia militante” e que não fará mal à Corte receber mais um ministro com uma imagem politicamente carregada. 
Mas que trabalho de preservação da democracia é esse em que a legitimidade de um dos Poderes da República vai derretendo perante uma parcela tão expressiva da cidadania?
 
Pablo Ortellado, colunista - O Globo 
 
 
 
 

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Barroso na presidência a partir de setembro desperta temor de anarquia ideológica no STF - Vida e Cidadania

Leonardo Desideri  - Gazeta do Povo    Últimas

Ativismo judicial

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal.| Foto: Carlos Moura/SCO/STF.

O ministro Luís Roberto Barroso
assumirá a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 28 de setembro, com a aposentadoria da ministra Rosa Weber. O histórico de votos, pronunciamentos e entrevistas de Barroso, considerado por diversos juristas como o membro mais ideológico da Corte, tem despertado o temor de exacerbação do ativismo político e de crescimento de uma anarquia jurídica que deslegitime ainda mais o Congresso como autor das leis.

Em votos e decisões monocráticas, Barroso é um dos ministros mais engajados no que ele próprio chama de "empurrar a história" e aplicar no país o que define como um "choque de Iluminismo".  
Foi dele, por exemplo, um dos votos pela descriminalização da maconha, em 2015, no julgamento que retornou à Corte recentemente. 
Na pandemia, foi ele quem decidiu monocraticamente que o passaporte da vacina era necessário para entrar no país, antes da confirmação pelo plenário.

Fora dos tribunais, Barroso já escancarou suas visões políticas e é responsável por algumas das falas mais controversas já proferidas por ministros do STF no Brasil. "Nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas", afirmou em julho, no 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) – evento no qual a sua presença, por si só, já seria suficiente para levantar dúvidas sobre sua imparcialidade como juiz.

No ano passado, durante a Brazil Conference, em Boston (EUA), o ministro disse que "é preciso não supervalorizar o inimigo" e arrogou para si a função de "empurrar a história na direção certa". "Nós somos muito poderosos, nós somos a democracia. Nós é que somos os poderes do bem e ajudamos a empurrar a história na direção certa. O mal existe, é preciso enfrentá-lo, mas o mal não pode mais do que o bem", afirmou.

Para Pedro Moreira, doutor em Filosofia do Direito pela Universidad Autónoma de Madrid, a visão de Barroso sobre o papel do STF necessariamente implica a politização da Corte.  "A ideia de que o juiz constitucional deve, em certos casos, 'empurrar a história', atuando 'em favor da causa da humanidade' parece-me completamente imodesta e imprudente. Ela supõe que um conjunto de onze juízes, muito mais que os membros do parlamento ou o próprio povo, é capaz de saber exatamente qual é o sentido correto da história. Na minha opinião, um juiz que atua sob esses pressupostos não tem como exercer imparcialmente a sua função. Por isso, a rigor, é uma espécie de não-juiz", comenta.

Alessandro Chiarottino, doutor em Direito Constitucional pela USP, tem expectativa de que o ativismo político aumente com o próximo presidente do STF. "O Barroso se demonstrou um dos ministros mais ativistas, ainda que ele próprio tenha tentado jogar a responsabilidade desse ativismo na própria estrutura constitucional brasileira, dizendo que a Constituição, afinal de contas, deu muitas competências ao Supremo, principalmente através da possibilidade de julgar ações diretas", avalia.

Para o jurista, Barroso foi um dos ministros "que mais fortemente procurou refundar todo o nosso sistema político-constitucional em novas bases" e o que se pode esperar de sua presidência é "muito pouco daquela autorrestrição, daquela autocontenção que deveria caracterizar o Poder Judiciário".

Barroso nega que ativismo seja um problema no Supremo
O ativismo judicial é um dos males do Supremo mais frequentemente apontados por críticos da atuação dos ministros nos últimos anos. Barroso nega que esse seja um problema no STF. Para ele, o que existe é somente um "protagonismo judicial".

"Existe uma percepção bastante equivocada de que o Supremo Tribunal Federal é extremamente ativista, que inventa legislações e produz decisões que trazem insegurança jurídica. Gostaria de dizer que nada disso acontece. E aqui é preciso distinguir e diferenciar três termos que são muito distintos mesmo: um é a judicialização, outro é ativismo e outro é protagonismo judicial",
comentou em abril.

Barroso terá em mãos alguns julgamentos importantes sobre temas controversos, como a ADPF 442, que abre a chance de descriminalização do aborto. Para Moreira, a possibilidade de que o próximo presidente do STF acelere a análise desse e de outros assuntos polêmicos no campo dos costumes é real. "Barroso é sabidamente favorável à descriminalização do aborto. É o que ele, imagino que sinceramente, acredita que é melhor para o país. A pergunta que temos de fazer é: por que seria legítimo que, em um caso tão delicado moralmente, nos submetêssemos ao que o ministro Barroso pensa que é melhor para o país? O Supremo, cada vez que abandona a autocontenção e cai na tentação de resolver algo que é política e moralmente controverso, aumenta a percepção da sua ilegitimidade", comenta.

Na visão do jurista, não é exagero dizer que a Presidência do Supremo caiu nas mãos do mais ideológico dos ministros. "Não é exagero por uma razão muito simples: basicamente não há diferença entre as convicções pessoais do ministro Barroso e a forma como ele interpreta os princípios e valores constitucionais. Para usar um termo conhecido dos juristas, a 'leitura moral' que ele faz da Constituição é quase sempre idêntica à sua própria e subjetiva leitura moral", explica.

A ex-deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB-SP), doutora em Direito Penal pela USP, é mais otimista. Para ela, embora Barroso seja evidentemente favorável a causas como o abortismo, sua longa experiência como ministro poderá ajudá-lo a apostar na conciliação em vez de pautar temas controversos.  "Apesar de o ministro ser simpático a essas causas, com destaque para o aborto, eu não acredito que usará sua importante posição para implementá-las. Penso que será cauteloso, até em razão do momento vivido. Estou otimista", diz. "Trata-se de um ministro experiente. O país precisa de pacificação. Não creio que quererá marcar seu mandato pelo acirramento. Creio que será cauteloso", acrescenta.

Segundo ela, a recente polêmica gerada pela fala de Barroso sobre "derrotar o bolsonarismo" pode acabar, paradoxalmente, sendo positiva para diminuir o ímpeto de censura da Corte. "Pode fazer com que ele reveja este movimento de cercear a liberdade de expressão e manifestação", afirma.

Na visão de Tadeu Nóbrega, mestre em Direito Constitucional pela PUC-SP, embora Barroso tenha uma postura ideológica, o que realmente permite vislumbrar um futuro de ativismo judicial é a atual composição da Corte, mais do que seu chefe. "O que define isso é mais a composição da corte, porque os temas são levados a Plenário, e menos a atuação do presidente", afirma.

Para ele, se o julgamento sobre o aborto fosse pautado por uma presidente como Rosa Weber, penderia igualmente para uma decisão contra a vida. "Imagino que, neste momento, não faça muita diferença quem seja o presidente, porque, sendo a ministra Rosa Weber ou o ministro Barroso, aparentemente os dois são favoráveis à tese delineada pelo PSOL na ADPF 442", diz.

Decisões ideológicas de Barroso
Votos, decisões monocráticas e manifestações no tribunal revelam que Barroso é um dos ministros mais ideológicos do STF. Relembre algumas delas:

    Em 2016, quando a Primeira Turma do STF revogou a prisão preventiva de médicos e funcionários de uma clínica clandestina de aborto no Rio de Janeiro, Barroso declarou em seu voto favorável à liberação deles que a atual legislação brasileira sobre o aborto é inconstitucional, ao violar direitos fundamentais da mulher.

    Em 2021, em decisão monocrática, Barroso determinou que a apresentação do comprovante de vacinação – o chamado “passaporte da vacina” – seria obrigatório para viajantes que estivessem chegando ao Brasil por aeroportos. O plenário confirmou a decisão posteriormente.
    Durante a pandemia, Barroso decidiu que as decisões judiciais de despejo de áreas invadidas, tanto em cidades como em áreas rurais, estavam suspensas. Mesmo com o impacto da pandemia já reduzido, em 2022, o ministro estendeu o prazo da decisão. Depois, em novembro, determinou que as terras invadidas passem por uma negociação com os invasores antes de serem desocupadas.

    Em 2022, Barroso apelou à ideológica tese do racismo estrutural para restabelecer o mandato do vereador de Curitiba Renato Freitas (PT), cassado após invadir uma igreja em Curitiba.
    Durante as eleições, Barroso autorizou monocraticamente que prefeitos e concessionárias oferecessem transporte público gratuito no segundo turno da eleição, sem que isso configurasse crime eleitoral ou improbidade. O magistrado acatou um pedido apresentado pela Rede Sustentabilidade.

 
Veja Também:

    MPF questiona decisão de Barroso que permite flexibilizar pena por pedofilia
    Barroso concede prisão domiciliar a mulher acusada de tráfico de drogas

    Em agosto deste ano, Barroso concedeu prisão domiciliar a uma mulher presa em flagrante no estado do Pará com mais de seis quilos de “maconha skunk”. 
A acusada é mãe de dois filhos menores de 12 anos e reside na Paraíba e, por isso, o ministro evocou o artigo 318-A do Código de Processo Penal (CPP), que permite a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar no caso de a acusada ser gestante ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência. A medida, porém, se aplica apenas a casos em que a acusada não tenha cometido crime violento ou crime contra seu filho ou dependente.
    Neste ano, durante a retomada do julgamento sobre a descriminalização da maconha – questão sobre a qual ele já votou em 2015 –, Barroso pediu a palavra para afirmar que não está havendo "mínima invasão da esfera legislativa, da esfera de competência do Congresso" sobre o tema das drogas e que, "em muitas partes do mundo, e não só no Brasil, isso acaba sendo decidido no Judiciário".
 
Leonardo Desideri,  colunista- Gazeta do Povo - Vida e Cidadania

domingo, 30 de julho de 2023

A KGB do governo - Revista Oeste

Silvio Navarro

Flávio Dino usa a Polícia Federal para perseguir adversários, restringe a posse de armas e prega o desencarceramento em massa. É o avanço do projeto comunista no país

 Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Justiça, Flávio Dino, durante lançamento do Programa de Ação na Segurança (PAS), no Palácio do Planalto | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em abril de 2018, quando o então juiz Sergio Moro determinou a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva pelos crimes descobertos na Operação Lava Jato, o petista refugiou-se na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
As imagens do prédio cercado por bandeiras vermelhas inflamaram o país. Naquela semana tensa, Lula conversou com o amigo Flávio Dino, ex-juiz federal e governador do Maranhão.
O comunista deu um conselho que por muito pouco não foi seguido: Lula deveria resistir à prisão e não se entregar à Polícia Federal — recomendou que procurasse uma embaixada.

Cinco anos depois, a história ajuda a explicar o comportamento de guerrilha de Flávio Dino, tratado como o mais poderoso ministro por Lula. Naquela época, Jair Bolsonaro ainda não havia sido eleito e o tal “bolsonarismo” que ele diz combater nem sequer existia.  
Mas o maranhense já pregava a ruptura com a lei. 
Também serve para compreender o atual aparelhamento ideológico e o uso das forças de segurança pública, especialmente da própria Polícia Federal, contra adversários políticos. 
 
Alguns episódios recentes são alarmantes. 
Há 15 dias, a polícia fez uma ação de busca e apreensão na casa de uma família em Santa Bárbara d’Oeste, no interior de São Paulo. 
Seus integrantes são investigados por uma suposta agressão verbal — ou até física — contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e seu filho, no Aeroporto de Roma. 
O caso até agora não foi elucidado. 
Mas Dino ofereceu o serviço da Polícia Federal imediatamente — antes até do pedido formal do STF. 
Agentes da PF apreenderam, por razão desconhecida, celulares e computadores. Os carros dos envolvidos também foram vasculhados, numa ação sem nenhum amparo legal.

O expediente tem sido utilizado com frequência na gestão Dino. É chamado de fishing expedition (“pesca probatória”), método altamente contestado no meio jurídico. Foi empregado contra o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro: a polícia bateu à sua porta para buscar a carteirinha de vacinação contra a covid-19, por suspeita de fraude, e levou os telefones dele e da ex-primeira-dama, Michelle. Foto: Reprodução O Estado de S. Paulo (19/7/2023)

Outra novidade na Praça dos Três Poderes é a proximidade de Dino com alguns ministros do Supremo. Ele conversa com frequência tanto com Moraes quanto com Luís Roberto Barroso.  
Foi o responsável por levar, pela primeira vez desde a década de 1930, um magistrado do STF ao palanque da União Nacional dos Estudantes (UNE). O evento ficou marcado pela confissão de Barroso: “Nós derrotamos o ‘bolsonarismo'”.

A UNE é um dos braços do Partido Comunista do Brasil, sigla que Dino frequentou desde a juventude — só se filiou ao PSB tempos depois, por arranjo estadual. O berço comunista explica a tentativa de transformar a Polícia Federal numa espécie de KGB soviética.

(...)

Essa guinada de extrema esquerda do governo é alvo de críticas até do PT no Congresso Nacional. 
Deputados se queixam de ter de defender Dino e seus auxiliares em audiências. 
Especialmente na Câmara, o perfil da bancada petista é mais fisiológico, ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) — ou seja, enquanto eles discutem como conseguir mais cargos na máquina pública e dinheiro de emendas do Orçamento, os aliados de Dino estão presos no confronto ideológico. 
O ministro da Justiça, Flávio Dino (centro), posa ao lado de foliões, no Carnaval de São Luís (MA, 18/2/2023) | Foto: Reprodução/Instagram
 
Anti-Lava Jato
A aversão à Operação Lava Jato é uma marca na trajetória do político maranhense. Ele foi o mentor da criação do grupo Prerrogativas, que reuniu 250 advogados para combater a Lava Jato nos tribunais. 
O objetivo principal foi alcançado: tirar Lula da prisão em Curitiba. Outros dois membros destacados no grupo eram Augusto de Arruda Botelho, que defendia a Odebrecht, e o petista Wadih Damous. Nomeado ministro, Dino levou os dois para o governo: Botelho é secretário nacional de Justiça, e Damus, do Direito ao Consumidor.

(...)

A última cartada autoritária do governo foi o lançamento de um pacote de medidas para desarmar a população e determinar a prisão de quem participar, financiar ou incentivar “atos antidemocráticos”. Quem leu o texto, intitulado Plano de Ação na Segurança (PAS), deparou-se com uma pergunta sem resposta: quem vai definir o que é um “ato antidemocrático”? Provavelmente, o ministro Alexandre de Moraes, que conduz inquéritos — quatro, talvez seis, porque nem os advogados sabem — sobre o tema.

Se o pacote avançar no Legislativo, pela régua institucional atual, um entrevero como o ocorrido no Aeroporto de Roma contra Moraes — ele foi chamado de “ladrão —, ou se fosse contra Lula, poderia terminar em prisão em regime fechado. 
 A lista de autoridades que não podem ser hostilizadas no Brasil de Lula e Dino inclui: presidente, vice-presidente, procurador-geral da República, os presidentes da Câmara e do Senado, e os ministros do STF. Seria a criação dosuper-foro privilegiado— num momento em que o Brasil deveria avaliar o fim dessa blindagem.Pacote antidemocrático | Reprodução/PAS

“Um cidadão que faz isso, ele não é um ser humano a quem se pode respeitar. É um canalha. Se vale a moda, os ministros não terão mais sossego no Brasil. Qual o direito do cidadão de achar que ele pode xingar, ofender, chamar alguém de ladrão sem nenhuma prova? Toda vez que você entrar no lugar e alguém te provocar, esse alguém é ‘171’ [artigo do Código Penal para estelionatário].”
(Lule, durante live na terça-feira, 25)

Outro ponto que chama a atenção é o item número 4 do pacote, que prevê “apreensão de bens, bloqueio de contas bancárias e ativos financeiros nos casos dos crimes contra o Estado Democrático de Direito”. Não bastasse a tomada de patrimônio e de valores em conta bancária, o texto diz que o juiz pode fazer isso “antes de oferecida a denúncia ou queixa”.

Marielle
A semana terminou com Dino de volta às manchetes. Além de uma entrevista semanal, ao vivo, na GloboNews, ele tem dado entrevistas coletivas com enorme frequência.  
Numa delas, colocou-se à frente do anúncio de uma colaboração premiada sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. 
Um dos envolvidos decidiu falar, depois de quatro anos preso, em troca de benefícios — é exatamente o mesmo expediente que ele e o grupo Prerrogativas usou para atacar a Lava Jato. 
 
Mas por que Dino fez o anúncio, e não mais delegados ou o superintendente da Polícia Federal? 
No mês passado, ele entrou num embate porque quer agentes da PF como guarda-costas de Lula a responsabilidade é do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), chefiado por um militar. 
Transferiu a emissão de registros de armas os chamados caçadores, atiradores e colecionadores (CACs)do Exército para a PF. 
Já abriu investigações contra uma série de adversários políticos, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Deltan Dallagnol.


Em dezembro do ano passado, pouco antes da posse, Dino concedeu uma entrevista ao jornal O Globo. Ali já estava tudo explicado. Ele foi direto ao responder sobre a missão dada a ele por Lula a partir de janeiro:— O presidente me orientou: “Flávio, aproxime-se das polícias”.Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino | Foto: Montagem Revista Oeste/Geraldo Magela/Agência Senado/Shutterstock

ÍNTEGRA DA MATÉRIA

Leia também “O golpe do algodão-doce”

Colunista Silvio Navarro, Revista Oeste 



quinta-feira, 27 de julho de 2023

Micareta comunista - Joyce Maffezzolli

 Revista Oeste

Como a UNE transformou a história do movimento estudantil numa fábrica de picaretagens 

Conselho Nacional de Entidades Gerais da UNE | Foto: Divulgação

Como a UNE transformou a história do movimento estudantil numa fábrica de picaretagens Em 1939, a recém-criada União Nacional dos Estudantes (UNE) elegeu o gaúcho Valdir Ramos Borges seu primeiro presidente, num congresso que alicerçou as bases do movimento estudantil no Brasil. A entidade combateu a ditadura de Getúlio Vargas, cruzou a Segunda Guerra Mundial e protagonizou momentos históricos, como a prisão de 800 pessoas — entre elas José Dirceu, Franklin Martins e Vladimir Palmeira — em uma reunião clandestina na cidade de Ibiúna, no interior de São Paulo, quase três décadas depois.

O último encontro da UNE terminou na semana passada, em Brasília, com um show da cantora Valesca Popozuda no Ginásio Nilson Nelson. Será lembrado nos próximos anos pelo discurso escandaloso do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso “Nós derrotamos o ‘bolsonarismo'” e pelas falas de outra estrela do evento, o ministro Flávio Dino (Justiça), em defesa da censura nas redes sociais para calar adversários. É um retrato do que a UNE, comandada pelo Partido Comunista do Brasil, se tornou.

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Estudantes profissionais
A UNE é uma espécie de legião de estudantes grisalhos: são militantes do PCdoB que migram de um curso para outro, de uma universidade para outra e não concluem nenhuma graduação. Assim, permanecem na diretoria da entidade, sustentada com dinheiro dos alunos. Algumas caras são conhecidas, como a dos deputados Lindbergh Farias (PT-RJ), líder dos “cara-pintadas” pelo impeachment de Fernando Collor, e Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do projeto de lei da mordaça na internet. Os dois presidiram a UNE muitos anos atrás.

Fundada oficialmente em 1937, dois anos antes de eleger seu primeiro presidente, a UNE representa, em tese, cerca de 6 milhões de universitários. Eles se organizam nos famosos diretórios acadêmicos (DAs), centros acadêmicos (CAs), diretórios centrais (DCEs), uniões estaduais de estudantes ou executivas nacionais de cursos. Debatem as pautas e reivindicações do movimento estudantil ao redor de uma mesa de sinuca — nos últimos anos, as camisetas com o rosto do guerrilheiro Che Guevara deram lugar a bonés do MST.

Aqui surge a primeira contradição: o próprio estatuto da UNE proíbe vínculos político-partidários. Contudo, desde 1985, a instituição é dominada pela União da Juventude Socialista (UJS), que é financiada pelo caixa do PCdoB. Juntas, UNE e UJS detêm o controle do movimento estudantil. Tornou-se impossível furar essa bolha.

Fábrica de carteirinhas
Para não perder o comando da entidade que sustenta os estudantes profissionais, os movimentos de esquerda se articulam para se manter no poder. As denúncias incluem DCE cassado, contas irregulares e eleição fraudulenta.
 
A última confusão envolve Giulia Araujo Castro, estudante de administração pública na Fundação Getulio Vargas (FGV) e de ciências atuariais na Universidade de São Paulo (USP). Ela é integrante do grupo Juventude Para Todos, do PT. Giulia foi acusada de fraudar o processo de seleção dos delegados nas principais faculdades particulares da capital paulista.“Ela inscreveu alunos da Link School of Business (LSB) que nem sabiam que estavam inscritos”, diz Letícia Perfeito, estudante de economia no Insper e diretora nacional da União Juventude e Liberdade (UJL), único grupo que não é de esquerda. A UJL foi criada como oposição ao monopólio que se perpetua no poder da UNE desde a criação. No Congresso da UNE, na semana passada, cem representantes da UJL foram agredidos e impedidos de participar do evento com a participação de Lula, por 9,5 mil pessoas da esquerda.

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Patrick não respondeu à reportagem | Foto: Reprodução

 
Caso de polícia
O uso indevido dos recursos dos estudantes se repete em outros Estados. Em Minas Gerais, a gestão do DCE da Pontifícia Universidade Católica (PUC) foi cassada. Em 31 de maio, o Conselho de Diretórios Acadêmicos e Centros Acadêmicos da PUC reprovou a prestação de contas do diretório. O relatório da auditoria apontou 15 irregularidades, entre elas: omissão do valor de R$ 40 mil, referente ao patrocínio da empresa Estrela Bet, realizado sem consulta à mesa; omissão da lista de estudantes beneficiados com viagem à Bienal; omissão de gastos e recebimentos, inclusive omissão dos gastos relativos ao empréstimo de R$ 12 mil do Diretório Acadêmico de Odontologia.

Mesmo com a gestão destituída, a diretoria do DCE continua ativa.

A estudante de economia da PUC Minas Sarah Marques afirma que os alunos pediram a divulgação de balancete e demais comprovações contábeis, mas nada foi fornecido. “O cenário do movimento estudantil é muito nebuloso quanto à transparência, enquanto a aprovação de contas está prevista no estatuto do DCE”, diz.

Alguns comprovantes de pagamentos feitos pelo DCE vazaram. Havia uma transferência de R$ 4 mil para a estudante de direito e presidente da UJS mineira, Luanna Ramalho, além do pagamento da mensalidade do seu próprio curso. “A própria Luanna pediu para a gente apagar o link, divulgando o relatório do Centro Acadêmico, mas não apagamos”, diz Sarah. “Ela disse que estava sofrendo com ansiedade e que tudo foi tirado do contexto. Como se tivesse contexto uma mensalidade paga pelo Diretório Acadêmico.”Mensalidade da presidente da UJS de Minas foi paga com dinheiro do DCE | Foto: Reprodução

O presidente da gestão, Gabriel Luna, disse que houve um engano e que o valor se refere a um contrato de aluguel de máquina de algodão-doce. Outro caso de polícia foi uma fatura de motel debitada da conta do Diretório Acadêmico

 

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Conta de motel paga com dinheiro dos estudantes | Foto: Reprodução

Procurado, Gabriel Luna não quis dar entrevista à reportagem, pediu a lista dos nomes dos alunos que questionaram as contas do DCE e finalizou: “São movimentações meramente políticas e de interesse pessoal”.

 O ‘cara-pintada’ que se filiou ao PT
Na biografia de Lindbergh Farias na página da Câmara dos Deputados, o campo sobre sua profissão ainda diz “estudante; escolaridade: superior incompleto”. Na Wikipédia, ele aparece como ex-líder estudantil e político.

De fato, foi assim que o país conheceu Lindbergh Farias. Ele frequentou aulas de medicina e direito, mas nunca concluiu uma graduação.

Em 1992, como presidente da União Nacional dos Estudantes, ganhou destaque como líder dos “caras-pintadas”, movimento pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. Também foi presidente nacional da União da Juventude Socialista (UJS), braço do PCdoB nas universidades. Tomou gosto pela política, ficou famoso na militância de esquerda e virou político — inclusive, aliou-se a Collor décadas depois. Hoje namorado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ele entrou para a carreira política em 1994.

Em 1995, um ano depois de assumir o primeiro mandato, Lindbergh trocou o PCdoB pelo PSTU. Em 1997, em nota intitulada “Triste fim de Lindbergh Farias”, a Direção-Executiva Nacional da UJS comunicou a sua expulsão. Desde 2001, é filiado ao Partido dos Trabalhadores.

Foi deputado federal por três mandatos. Também foi eleito e reeleito prefeito de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e vereador na cidade do Rio de Janeiro. Em 2010, elegeu-se senador. Biografia de Lindbergh Farias na página da Câmara dos Deputados | Foto: Reprodução

 
Ministro da tapioca
Outro que fez escola na UNE para chegar a Brasília, passou pelo menos oito anos na faculdade, mas não concluiu nenhuma graduação é o deputado federal Orlando Silva. Está na Câmara dos Deputados desde 2014. Antes, foi ministro do Esporte, cargo em que ficou conhecido por comprar tapioca com o cartão corporativo do governo.Biografia de Orlando Silva na página da Câmara dos Deputados | Foto: Reprodução

Orlando Silva ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Católica do Salvador, em 1989. No ano seguinte, começou a participar de movimentos estudantis e virou frequentador de centros acadêmicos e diretórios centrais, até chegar à presidência da UNE, em 1995. A eleição do primeiro negro para o cargo também marcou o início da hegemonia do PCdoB no movimento estudantil.

Em 2016, Orlando Silva foi um dos articuladores que levaram o partido a votar em Rodrigo Maia para a presidência da Câmara. Em troca, Maia engavetou o pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar irregularidades no caixa da UNE.Rodrigo Maia | Foto: Câmara dos Deputados

Naquele ano, o deputado Marco Feliciano (PL-SP) propôs a CPI para investigar a organização que teve as contas reprovadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) quatro vezes. O deputado citou o repasse de R$ 44,6 milhões, uma indenização pela “perseguição sofrida durante o regime militar”, paga pela presidente Dilma Rousseff para a construção da sede.

  

Prédio da UNE é destruído durante o governo militar | Foto: Divulgação

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O dinheiro sumiu
A entidade estudantil foi alvo de processo do Tribunal de Contas da União (TCU) por supostamente usar uma parcela dos recursos públicos oriundos de convênios com o Ministério da Cultura para bancar festas, bebidas e contas domésticas. Em um dos casos, segundo o TCU, os representantes da UNE aplicaram de forma indevida parte do R$ 1,5 milhão que deveriam ser empregados na promoção de atividades culturais para comprar uísque, cerveja, vodca, vinho, isotônicos, energéticos, chocolates e produtos de higiene pessoal. Em outra demonstração de mau uso do dinheiro dos pagadores de impostos, eles apresentaram notas fiscais de diárias em hotel do Rio de Janeiro no valor de R$ 5,3 mil.

Indústria de carteirinhas
A última prestação de contas, apresentada em 2019, mostra que quase toda receita vem da emissão de carteirinhas, que assegura aos estudantes o direito à meia-entrada em shows, cinemas e demais eventos culturais, além da metade do preço da passagem no transporte público.

Naquele ano, foram emitidas 273 mil carteiras, com estimativa de renda de R$ 6,2 milhõesuma queda de 56% em relação a 2017, quando o faturamento foi de R$ 14,3 milhões. A redução dos recursos foi em razão da criação da versão digital gratuita, implantada em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro.

A medida provisória, entretanto, perdeu a validade meses depois porque Rodrigo Maia não pautou o tema na Câmara. Hoje, o custo para a emissão do documento é de R$ 40 e tem validade de um ano.

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Os estudantes profissionais estão em universidades públicas e privadas. A história sempre se repete: Bruna Brelaz, de 28 anos, presidia a UNE até o fim de semana passado. Nas redes sociais, ela se apresenta como filha da Amazônia, primeira mulher negra e do Norte do país a comandar a entidade estudantil. Está há dez anos no ensino superior — começou em pedagogia, passou para economia e agora faz direito. Provavelmente, vai se candidatar a um cargo público nas eleições, antes de conseguir um diploma.

Joyce Maffezzolli,  colunista - Revista Oeste

Leia também “O choramingo canastrão dos arrependidos”

 

Revista Oeste - ÍNTEGRA DA MATÉRIA


domingo, 23 de julho de 2023

Carta ao Leitor - Revista Oeste

As ações dos ministros do STF e a usina de picaretagens da UNE estão entre os destaques desta edição

"Foi como se, depois de um campeonato de futebol decidido, o árbitro fosse a um evento dos vencedores e se gabasse, ao microfone, de ter ajudado a derrotar o principal adversário.” 
Criada por Alexandre Garcia, a imagem ilustra com perfeição a perplexidade com que os brasileiros viram Luís Roberto Barroso, ministro do STF, com gesticulação de candidato, mangas da camisa arregaçadas até o antebraço e rosto avermelhado, subir ao palco do encontro da UNE e, entre outras piruetas verbais, berrar: “Nós derrotamos o Bolsonarismo”.
 
 

A Constituição proíbe aos juízes da Suprema Corte o exercício de atividades político-partidárias. Ponto.

Na semana seguinte, foi a vez de Alexandre de Moraes. De novo. O ministro afirmou que um de seus filhos foi agredido no Aeroporto de Roma depois que uma família de brasileiros o hostilizou. 
Não se apresentou nenhuma prova visual ou sonora que esclarecesse o episódio. [e aquela emissora de TV que tem um jornalista que inocentou o atual presidente, praticamente não noticia - comportamento que seria diferente se houvesse provas a exibir. O filho do ministro não é um adolescente - versão da mídia militante - e sim um homem de 27 anos e seu suposto agressor um senhor de 75 anos.]
Mesmo assim, os acusados pelo ministro sofreram uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal na sua casa em Santa Bárbara d’Oeste.

Advogados constitucionalistas informam que a operação foi ilegal.

Dias antes da ação da PF, a ministra Rosa Weber comparou o 8 de janeiro no Brasil ao que ocorreu em 7 de dezembro de 1941, durante a Segunda Guerra Mundial. 
(...)

Além da reportagem de capa desta edição, os riscos decorrentes de medidas fora da lei adotadas por instituições indispensáveis ao Estado de Direito são analisados por Ana Paula Henkel, Augusto Nunes, Roberto Motta e Rodrigo Constantino.

O discurso de Barroso abriu o evento encerrado com um show da cantora Valesca Popozuda. Joice Maffezzolli conta a trajetória da UNE, que transformou uma entidade incumbida de representar o movimento estudantil numa fábrica de picaretagens sob o controle do PCdoB
Fraudes no processo de seleção dos delegados que escolhem os dirigentes, irregularidades na movimentação financeira, compra de bebidas alcoólicas com o dinheiro destinado ao patrocínio de eventos culturais e o sumiço de milhões de reais que deveriam ser investidos na construção da sede são algumas das falcatruas.
 
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INTEGRA DA MATÉRIA

Boa leitura.
 
Redação - Revista Oeste  


sábado, 15 de julho de 2023

A escravidão do pensamento - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

O fechamento das escolas cívico-militares é uma declaração de guerra à disciplina, à educação, ao respeito às leis, aos professores e educadores que não são doutrinadores

 

 Ilustração: Schmock

Em mais uma semana conturbada para a República do Brasil, já apelidada por muitos de “democracia relativa”, dessa vez tivemos um superbônus, ou supremo-bônus, como queiram. 
Ao participar de um evento organizado pela União Nacional dos Estudantes, a UNE, famoso braço da extrema esquerda no Brasil, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, cometeu um ato de extrema sinceridade e, como se estivesse em um palanque partidário, bradou: “Derrotamos o Bolsonarismo!”.  
Se meio mundo suspeitava de que essa turma já estava sem roupa, mesmo com a recente aprovação de mais gastos para as togas luxuosas de cetim, agora o rei está nu.
 
Apesar de ilegal e inconstitucional, a fala do ministro não causa nenhuma perplexidade. 
O ativismo judicial do tribunal que deveria ser apenas constitucional e não político não é um espanto para absolutamente nenhum brasileiro. 
Um país que preza por instituições independentes não terá um futuro próspero com a grave militância à qual o Brasil está sendo submetido por parte de ministros do STF. 
Mas houve outra notícia esta semana, igualmente preocupante, que afeta da mesma maneira nosso futuro como nação. A notícia de que o governo Lula vai acabar com as escolas cívico-militares, modelo educacional criado durante a gestão de Jair Bolsonaro, é uma declaração de guerra à disciplina, à educação, ao respeito às leis, aos professores e educadores que não são doutrinadores.[dificilmente o presidente vai ter êxito em mais essa investida = mais da metade dos estados e o DF já decidiram manter as ESCOLAS CÍVICO-MILITARES com recursos estaduais.]

O Ministério da Educação (MEC) decidiu pôr fim ao Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, em um ofício assinado em 10 de julho pela coordenadora-geral de Ensino Fundamental, Fátima Timóteo, e pelo diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica, Alexsandro do Nascimento Santos. A razão para o corte seria remanejamento de recursos da pasta. Ministro da Educação, Camilo Santana | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil [esse ministro é tão INcomPeTente que por possuir sérios problemas de raciocínio errou feio, quando  em uma entrevista tentou efetuar uma conta envolvendo aritmética básica. Sua professora foi a Dilma]

O programa, criado em 2019 por meio de uma parceria do Ministério da Educação com o Ministério da Defesa, atende estudantes em situação de vulnerabilidade econômica e foi implementado em escolas públicas de ensino regular que possuem um baixo resultado no índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb). 
De acordo com o MEC, até 2022, o programa já havia atendido em todo o país mais de 120 mil alunos. 
Em uma pesquisa com cerca de 25 mil pessoas da comunidade escolar, o programa constatou que a redução dos casos de violência física foi de 82%, além das diminuições da violência verbal em 75%, e da violência patrimonial em 82%. 
O número mais impressionante do programa mostra que a evasão e o abandono escolar diminuíram quase 80%.
 
O término do programa pelo governo Lula não é por acaso
Esse tipo de escola traz em sua concepção um grande perigo a qualquer projeto de poder, a qualquer regime totalitário: a independência intelectual. 
 Alunos que se transformam em cidadãos apreciadores da ordem, da virtude do trabalho, do amor à pátria e da família. 
Conceitos demonizados pelo governo Lula e pela esquerda.  
Quando me perguntam qual foi o maior legado que o esporte deixou para a minha vida, respondo sem pestanejar: a disciplina. 
E o que nem todos podem receber como uma espetacular ferramenta para a vida através do esporte, as escolas cívico-militares oferecem e principalmente para aqueles em situações sociais e econômicas desprivilegiadas na vida.

A atrocidade cometida pelo Ministério da (des)Educação de Lula não fere apenas o promissor caminho acadêmico de crianças e adolescentes. O corte atinge o crescimento intelectual e o coração da alma soberana: a livre visita a diferentes opiniões, o passeio mental pelos caminhos oferecidos e, finalmente, a escolha do que se mostra correto e justo. Um plano arquitetado para que a escravidão do pensamento siga muito bem estabelecida no país. 

O ex-presidente Jair Bolsonaro, durante o lançamento do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim) | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Doutrinação como escola
Já há algum tempo, principalmente durante a pandemia, ficou evidente que governos tentam doutrinar seu povo para aumentar o poder e a influência do próprio governo. 
Infelizmente, governos ambiciosos não se limitam a controlar o que seu povo pode fazer; eles devem controlar suas mentes. 
A doutrinação acontece por meio de muitos canais na vida, como o entretenimento, movimentos culturais e plataformas digitais, mas o principal instrumento de qualquer doutrinação ainda é o sistema escolar. Ali, qualquer semente pode ser plantada desde muito cedo em um solo extremamente fértil. Os professores têm um público cativo de jovens mentes maleáveis por vários anos, e muitos podem não saber como tornar os alunos inteligentes e produtivos, mas podem pelo menos torná-los submissos e obedientes.
 
Há um ponto central no caminho de sucesso de qualquer doutrinação, e esse caminho é religiosamente seguido hoje na grande maioria das escolas: a ausência de pensamento. Infelizmente, até muitos professores que se engajam na doutrinação o fazem inconscientemente. Eles mesmos pegam o que recebem e repassam sem pensar, em um ciclo que pode infectar gerações.
 
A doutrinação nas escolas no Brasil está tão formatada que o currículo, que deveria ajudar a guiar o professor a criar aulas e a usar materiais que vão treinar os alunos a pensar e agir de forma independente, faz o oposto. 
A doutrinação progressiva incubada nas aulas sufoca o pensamento independente e o desenvolvimento intelectual. Em parceria com o politicamente correto, os currículos entregues por professores ativistas efetivamente treinam os alunos a não pensar, enfatizando os padrões relativos sobre os absolutos.

O ensino promove a presença do pensamento ativo — não do pensamento uniforme e é o que acabará por consertar e civilizar nosso país, tão maltratado por supremos doutrinadores

No sistema de doutrinação que impera nas atuais escolas, o oposto das escolas cívico-militares, o pensamento é apenas a articulação da opinião e não tem relação com a verdade. 
Isso significa que as pessoas realmente não precisam pensar de maneira crítica e entender por que acreditam no que dizem ou fazem. 
Elas só precisam ter o ponto de vista correto da turba e forçar os outros a se conformar com a realidade paralela empurrada pela histeria. 
 
Falta de pensamento crítico
E o que esse sistema composto de doutrinadores — e não educadores — está formando? Grupos de pessoas unidas em torno de sentimentos e opiniões, mas não em razão e verdade. E o pior: a falta de pensamento torna todos esses grupos vulneráveis aos meios de comunicação de massa e impede qualquer resistência organizada a um Estado invasor ou a um ideólogo sem lei no poder. 
A doutrinação está completa quando a percepção — ou o que quer que esteja na tela, nos jornais ou que um “especialista” tenha dito — realmente se torna realidade para a maioria das pessoas, porque elas se tornaram estúpidas ou apáticas o suficiente para responder de maneira racional.
A educação nas escolas públicas como conhecemos realmente merece ser tomada pelo modelo da disciplina, do valor ao trabalho, dos valores familiares e patrióticos e, principalmente, do respeito a mestres e professores.
 
Somente o pensamento claro a independência intelectual — trará a morte da doutrinação obscura. E eles sabem disso. 
Em algum momento, a doutrinação sempre cairá sobre si mesma e deixará a mediocridade em seu rastro. Ensinar, ao contrário, é o que sustentará nossa cultura e revelará suas virtudes. O ensino promove a presença do pensamento ativo não do pensamento uniforme — e é o que acabará por consertar e civilizar nosso país, tão maltratado por supremos doutrinadores. 
 
Um salve aos governadores que já decidiram que vão manter as escolas cívico-militares em parcerias com outras forças estaduais! 
A educação nas escolas públicas como conhecemos realmente merece ser tomada pelo modelo da disciplina, do valor ao trabalho, dos valores familiares e patrióticos e, principalmente, do respeito a mestres e professores. 
Não há dúvida de que o sistema da escravidão do pensamento continuará a ser sustentado pelos parasitas de sempre — as elites prostituídas com governos corruptos que dependem do cultivo da ignorância enquanto constroem uma subclasse dependente, complacente e ignorante para sustentar seus vícios, seu hedonismo e sua perversão intelectual. 
 
Apesar da força contra nossos jovens e a verdadeira educação, não tenho dúvida de que a implosão dessa bolha maligna é inevitável — desde que consigamos manter nossa espinha dorsal ereta para combater o totalitarismo que caminha a passos largos no Brasil. 
Se nossa coragem for o único norte para esse propósito, o legado que deixaremos para nossos filhos é o mais divino de todos eles: o direito de nascença ao livre-pensamento.  
O número mais impressionante do programa mostra que a evasão e o abandono escolar diminuíram quase 80% | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Leia também “Um império das leis, e não dos homens”

Coluna Ana Paula Henkel - Revista Oeste

 

Só ditaduras fazem isso… - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo 


  Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

“Eu voltei não porque eu quis voltar, mas porque o povo voltou junto comigo. Para recuperar a democracia e a qualidade de vida do povo. Há muito pouco tempo o Brasil conheceu o que é o fascismo. Em quatro anos vimos como se destrói a democracia. Espero que a gente tenha aprendido a lição de que é a democracia que nos permite viver na diversidade”, disse o presidente Lula em evento da UNE, o mesmo em que o ministro Barroso confessou que eles derrotaram o fascismo, o bolsonarismo.

Só em ditaduras fascistas se tem censura, perseguição, mandatos cassados, disse Barroso
Lula e Barroso venceram. Você, o fascista, perdeu, seu mané
Durante os anos fascistas da gestão de Bolsonaro, não houve qualquer censura, é verdade. Já hoje, com a democracia vitoriosa, temos vários jornalistas censurados pelo STF. Mas é coincidência.
 
No governo Bolsonaro, a imprensa fez o que quis, chamou o presidente de genocida, desejou abertamente sua morte, e nada aconteceu
A liberdade de imprensa foi absoluta durante o fascismo brasileiro. 
Já na democracia vitoriosa de hoje, a Jovem Pan vem sendo perseguida até pelo Ministério Público, e há enorme pressão contra veículos independentes ou comentaristas críticos ao governo ou STF.
 
Deltan Dallagnol teve seu mandato cassado, mas não foi durante o fascismo, e sim na democracia robusta de agora
A turma no governo fala em cassar os mandatos de Nikolas Ferreira, Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli e outros, para cada caso com um pretexto diferente. Durante o fascismo, ninguém foi cassado.
 
Durante o fascismo, que em teoria é um conluio totalitário entre governo grande, sindicatos e grandes corporações corruptas, não houve escândalo de corrupção, o estado foi reduzido por reformas liberais, os sindicatos perderam boquinhas e as grandes empreiteiras ficaram afastadas das estatais
Agora que a democracia está de volta, tudo isso vem sendo revertido, e até a Odebrecht já pode negociar com a Petrobras novamente.
 
Fascismo é um governo autoritário que concentra tudo no estado. Durante o fascismo bolsonarista, houve mais autonomia para os estados e municípios, e o lema do ministro Paulo Guedes era "mais Brasil e menos Brasília". 
Agora que a democracia voltou, tudo passa novamente por Brasília, e a reforma tributária aprovada na Câmara sem leitura dos parlamentares, mas com bilhões do orçamento secreto, caminha nessa mesma direção do centralismo.

Se um alienígena chegasse de Marte hoje, ele poderia jurar, lendo as definições num dicionário, que a democracia pujante que temos agora se assemelha bem mais com o fascismo histórico do que o fascismo bolsonarista, onde reinava incrível liberdade democrática.

Mas são apenas definições ultrapassadas, claro. 
Quem define o que é fascismo e democracia é Lula, Alexandre, Barroso. E este já disse: "Nós vencemos, derrotamos o bolsonarismo". Viva a democracia! Viva Cuba! Viva Venezuela! Viva Nicarágua! Viva China!  
E viva o direito inalienável de ser feito de palhaço!!!

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo