Ao lado de quatro menores de
idade, Adão estuprou, agrediu e jogou de um penhasco quatro meninas com
idade entre 15 e 17 anos no fim do mês passado. Uma delas, Danielly
Rodrigues Feitosa, de 17 anos, morreu há uma semana. Já R.N.S.R, também
de 17 anos, segue internada em estado grave. Se a Justiça aceitar a
denúncia, o traficante pode ir a júri popular.
O MP
vai denunciar o criminoso pelos seguintes crimes: corrupção de menores
(cinco anos e quatro meses), associação criminosa (quatro anos e seis
meses), porte ilegal de arma (quatro anos), quatro estupros qualificados
(48 anos), três tentativas de homicídio (sessenta anos) e homicídio
quintuplamente qualificado (trinta anos) – motivo torpe, meio cruel,
impossibilidade de defesa da vítima, tentativa de ocultar crime anterior
e feminicídio. “Estou considerando que o juiz aplique a pena máxima”,
diz o promotor.
Para o
MP, ficou comprovado que Adão violentou as adolescentes com mais quatro
menores infratores, também com idades entre 15 e 17 anos, contra os
quais já houve pedido de interação. Os meninos aterrorizavam a cidade:
são alcoólatras e usuários de drogas, além de autores de uma série de
roubos de motos, furtos e arrombamento de casas. Há quase dois meses o
traficante, com passagens pela Cracolândia em São Paulo, fornecia crack e maconha para os jovens no interior piauiense. “Eles
mandaram uma das meninas amarrar as outras, uma coisa terrível. Um
dizia ‘meu patrão gosta de loirinha’. Eles fizeram isso para humilhar,
com desprezo. E no fim crivaram as meninas de pedras”, disse Cavalcante.
Para se certificar de que as garotas não sobreviveriam à barbárie, dois
menores apedrejaram as meninas depois de tê-las jogado de uma altura de
8 metros.
Adão
foi acusado em depoimento à polícia pelos quatro menores infratores de
orquestrar o ataque sexual, torturar as meninas e obrigá-las a manter
relações sexuais e praticar atos libidinosos com todos sob ameaça de uma
faca e um revólver calibre 38. “Adão bateu muito nas meninas”, disse à
polícia F.J.C.J, de 16 anos. O promotor cita na denúncia que o estupro
foi praticado em sistema de “rodízio”. Adão Souza nega participação no
crime. Ele diz que estava fora da cidade na data do crime, 27 de maio,
mas uma testemunha assegura que ele foi visto por volta das 19 horas
daquele dia pedindo velas na região do mirante onde o crime ocorreu. O
processo vai ser protocolado na Vara Única do Fórum de Castelo do Piauí,
cujo juiz responsável é Leonardo Brasileiro. O traficante está preso
preventivamente na Casa de Detenção de Altos (PI).
Menores
Tramita em separado o processo contra
os quatro menores que confessaram à polícia participação no estupro
coletivo – segundo a versão deles, sob ameaça de Adão. Todos ficarão por
45 dias no Centro de Internação Provisória (CEIP). Eles devem pegar só
três anos de internação para cumprir medidas socioeducativas no Centro
Educacional Masculino (CEM) de Teresina, punição máxima prevista no
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Podem deixar o isolamento,
porém, após os primeiros seis meses, quando serão obrigatoriamente
avaliados. O Ministério Público já representou à Justiça pela internação
deles sem prazo determinado para saída.
No
próximo dia 24, a Justiça e o Ministério Público vão ouvir novamente os
depoimentos dos garotos. Até lá, a polícia deve encaminhar o resultado
de exames de DNA das vítimas e dos suspeitos, que estão sendo realizados
em Recife (PE). Além deles, duas das adolescentes estupradas e que já
deixaram o hospital serão convocadas a depor, bem como testemunhas de
acusação e defesa, entre elas o traficante Adão. Os menores, por sua
vez, devem ser intimados como testemunhas no processo contra o
traficante.
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