Provocação
Por mais que os petistas e seus apaniguados
nas redes sociais
queiram transformar em grave ato
terrorista a bomba caseira que atingiu a sede do Instituto Lula em São
Paulo, é preciso ter cautela para caracterizá-lo dessa maneira. O filme da
explosão, feito por uma câmera de segurança, é impactante. Mas quando se vê o resultado do “atentado”, a sensação é de que o teor explosivo do artefato era mínimo.
O buraquinho na porta de metal da
garagem do prédio é tão ridículo que, se não soubéssemos
que foi provocado por uma bomba,
poderíamos achar que um motorista desastrado causou a mossa ao realizar uma
manobra de marcha à ré. Mas não façamos
como o próprio PT que, na campanha
eleitoral de 2010, tentou desmoralizar
uma agressão sofrida pelo então candidato tucano José Serra, menosprezando
uma clara ação contra a pessoa do candidato oposicionista.
Ao agir assim, o PT estimulou a agressividade de sua militância, em vez de coibi-la.
Assim como Lula comparou o candidato do PSDB à Presidência da República ao
ex-goleiro da seleção do Chile Roberto Rojas, que simulou ter sido atingido por
um rojão em partida válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo, em 1989, no
Maracanã, adversários do PT já estão comparando a “bomba caseira” a um simples rojão atirado contra o Instituto Lula.
Não importa se foi um rojão ou uma bomba caseira, nem mesmo se o estrago feito foi pequeno ou grande. O que importa é que aparenta ser uma clara agressão a um símbolo do PT e ao próprio ex-presidente Lula, e essa atitude não deve ser tolerada em uma democracia. [uma pergunta não quer calar: a quem interessa atacar uma coisa que representa corrupção, a incompetência, o desrespeito a coisa pública?
Convenhamos
que o Instituto Lula ao representar o PT e o próprio ex-presidente, é o símbolo
perfeito de tudo que não presta no
Brasil.
O
valor do Instituto Lula é tão insignificante – tanto no aspecto patrimonial,
quanto no moral e até na falta de valor do que pretende representar – que
ataca-lo, só interessa à petralhada, tentando posar de vitima.
A
conjuntura é totalmente favorável aos adversários do PT e da maldita esquerda.
Quem seria estúpido para dar azo a que passem à condição de vítimas.]
A Polícia Federal deve investigar a fundo
para identificar os agressores. Mas também não
é aceitável querer transformar o episódio em um grave atentado terrorista da
direita odienta, nem aproveitá-lo para tentar reverter o ambiente político
desfavorável aos petistas. Se
persistirem nessa toada, vão estimular a versão de
que se tratou de uma ação auto infligida justamente com o fim político de
angariar apoios num momento em que o PT, e mesmo o ex-presidente Lula,
estão em situação delicada diante das diversas delações premiadas que estão em
curso.
A negociação que está sendo feita pelo
ex-diretor da Petrobras Renato Duque, homem
de confiança do ex-ministro todo poderoso José Dirceu, confirmada por seus advogados,
é a que mais se aproxima do PT.
Enquanto permanece a possibilidade de o ex-diretor
da empreiteira OAS Leo Pinheiro realmente fechar um acordo com o Ministério
Público Federal para uma delação
premiada em que a figura central seria o ex-presidente Lula.
Assim como são minoritários os que seguem o
deputado Bolsonaro e pedem a volta dos militares nas manifestações contra o
governo da presidente Dilma, também esses “terroristas” de bombas caseiras não representam a imensa massa que saiu às
ruas no início do ano, e se prepara para voltar a ela em 16 de agosto.
Fez bem, portanto, o governo de não dar a
dimensão política que os petistas gostariam, embora, a começar pela presidente
Dilma nas redes sociais, tenha repudiado o indício de intolerância na disputa
política. Mesmo que essa intolerância seja uma marca
registrada dos militantes petistas, não pode ser a característica
permanente de nossa luta política.
Vamos aguardar as
apurações policiais para ver onde está a origem desse “atentado”, e circunscrevê-lo ao que
realmente representa, uma provocação. Basta ver o “estrago”
causado para ter certeza de que o “atentado”
não passou de uma ação premeditada para criar uma repercussão política
sem causar danos maiores.
Fonte: Merval Pereira
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