Foi o pior desempenho de um presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) nos últimos anos.
Na hora
de votar, Cármen Lúcia gaguejou mais do que deveria, disse o que não era
inteiramente verdade, tentou conciliar o que de fato era inconciliável e acabou
perdendo na prática o comando da sessão. Como
qualquer outro dos ministros, tinha o sagrado direito de votar como quisesse no
julgamento da ação que poderia beneficiar o senador Aécio Neves (PSDB-MG),
afastado do mandato por decisão da Primeira Turma do tribunal e proibido de
sair de casa à noite.
Votou
menos para beneficiar Aécio, e mais para evitar uma colisão ruidosa entre o Supremo
e o Senado. Ao fazê-lo, perdeu-se no seu próprio labirinto. Disse que
acompanharia "em quase toda a a sua integralidade" o voto do relator
da ação, o ministro Edson Fachin. Provocada por Fachin, admitiu que no
essencial divergiria dele. Fachin
votou contra a necessidade de o Congresso avalizar eventuais punições aplicadas
pelo STF a parlamentares. Cármen votou a favor do aval. Posições diametralmente
opostas, pois.
Cármen
ainda quis dar um jeito para parecer que a maioria dos ministros votara unida. Como
unida? Aconteceu o contrário. Por um único voto de diferença – o dela – o STF
submeteu-se à vontade do Senado. [O STF não se submeteu à vontade do Senado Federal ou de nenhum outro dos Poderes;
submeteu-se à Constituição, da qual é guardião e não redator ou revisor geral, e apesar da quase crise resultar de erro da ministra presidente ao dar oportunidade para o Quarteto do Barulho aprontar, Cármen Lúcia teve a dignidade, a coragem, de consertar seu erro votando com os ministros que defenderam o cumprimento da Constituição.] Por fim,
Cármen ensaiou reabrir o debate. Três ministros já haviam abandonado a sessão.
Os demais acabaram batendo boca por mais uma hora. Foi o ministro Celso
de Mello quem pôs ordem na casa.
Um
vexame!
Fonte: Blog do Noblat - O Globo
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