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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Vexame!



Foi o pior desempenho de um presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) nos últimos anos.

Na hora de votar, Cármen Lúcia gaguejou mais do que deveria, disse o que não era inteiramente verdade, tentou conciliar o que de fato era inconciliável e acabou perdendo na prática o comando da sessão.  Como qualquer outro dos ministros, tinha o sagrado direito de votar como quisesse no julgamento da ação que poderia beneficiar o senador Aécio Neves (PSDB-MG), afastado do mandato por decisão da Primeira Turma do tribunal e proibido de sair de casa à noite.

Votou menos para beneficiar Aécio, e mais para evitar uma colisão ruidosa entre o Supremo e o Senado. Ao fazê-lo, perdeu-se no seu próprio labirinto.  Disse que acompanharia "em quase toda a a sua integralidade" o voto do relator da ação, o ministro Edson Fachin. Provocada por Fachin, admitiu que no essencial divergiria dele. Fachin votou contra a necessidade de o Congresso avalizar eventuais punições aplicadas pelo STF a parlamentares. Cármen votou a favor do aval. Posições diametralmente opostas, pois.

Cármen ainda quis dar um jeito para parecer que a maioria dos ministros votara unida. Como unida? Aconteceu o contrário. Por um único voto de diferença – o dela – o STF submeteu-se à vontade do Senado.  [O STF não se submeteu à vontade do Senado Federal ou de nenhum outro dos Poderes; 
submeteu-se à Constituição, da qual é guardião e não redator ou revisor geral, e apesar da quase crise resultar de erro da ministra presidente ao dar oportunidade para o Quarteto do Barulho aprontar, Cármen Lúcia teve a dignidade, a coragem, de consertar seu erro votando com os ministros que defenderam o cumprimento da Constituição.]  Por fim, Cármen ensaiou reabrir o debate. Três ministros já haviam abandonado a sessão. Os demais acabaram batendo boca por mais uma hora.  Foi o ministro Celso de Mello quem pôs ordem na casa.

Um vexame!

Fonte: Blog do Noblat - O Globo

 

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