Blog do Noblat - Veja
Witzel invadiu os domínios do capitão
Anteontem, ainda
hospitalizado, o presidente Jair Bolsonaro negou que tivesse ordenado ao
PSL carioca a retirada do apoio ao governador Wilson Witzel (PSC).
Ontem, o PSL carioca anunciou que seus 12 deputados estaduais deixarão
de apoiar Witzel.
Nada de mais. Nada de
original. Bolsonaro não tem compromisso com o que diz. E por não ter,
orientou seus correligionários a dizerem que o rompimento se deve ao
fato do governador do Rio ter revelado que será candidato a presidente
em 2022.
Não foi por isso. É fake!
Bolsonaro foi o primeiro a saber que Witzel pretende se candidatar à
sua sucessão. Mas desde que ele, Bolsonaro, não seja candidato. Como
Bolsonaro soube disso? Ouviu do próprio governador ao sobrevoar o Rio em
um helicóptero ao lado dele.
Testemunhas da confissão
de Witzel: agentes de segurança de Bolsonaro e o ministro da Defesa,
general Fernando Azevedo e Silva. Bolsonaro ouviu a confissão calado, e
não gostou. Ela serviu para aumentar sua desconfiança e antipatia pelo
governador. O copo d’água transbordou
quando Bolsonaro assistiu Witzel pontificar no desfile militar de 7 de
setembro a bordo de um tanque de guerra do Exército. O que é isso?
Witzel quer fazer média com os militares, [um dos redutos.] reduto eleitoral de Bolsonaro?
Pode parar!
E o PSL desembarcou
Reforma ministerial adiada
O presidente Jair
Bolsonaro desembarcou, ontem, em Brasília furioso com a informação de
que encomendou aos auxiliares que o cercam mais de perto o esboço de uma
ampla reforma ministerial que pretende fazer em breve. Está à caça da
fonte, ou das fontes, que vazaram a informação para as jornalistas
Helena Chagas e Lydia Medeiros, editoras do boletim TAG Reporter. Este
blog obteve a mesma informação.
Recomenda-se ao
presidente que amplie a investigação que pretende fazer em busca do que
chama de “traidor” infiltrado entre as pessoas de sua confiança. A quem
poderia interessar o vazamento da notícia? Resposta óbvia: a quem
desejasse abortar o que estava sendo estudado. Ou porque seria
prejudicado com a reforma ou simplesmente porque discordava dela a essa
altura. O governo passaria cedo demais o recibo de que vai mal.
O episódio da reforma
negada por Bolsonaro, especialista em se desdizer e em desmentir o que
com frequência acaba se confirmando adiante, lembra episódio parecido
que ocorreu em 1984 quando a eleição de Tancredo Neves para presidente
era dada como certa. Em um esforço desesperado para vencer, Paulo Maluf,
candidato do regime militar, convenceu o presidente João Figueiredo a
fazer uma reforma ministerial a seu favor.
A informação vazou para
Tancredo. Então pela primeira e última vez na sua vida, ele deu uma
entrevista coletiva em “off”. Repassou a informação para um grupo de
repórteres dos maiores jornais da época mediante a condição de não ser
citado. Deu o nome dos ministros que seriam demitidos e dos que
entrariam com a missão de ajudar Maluf. Ao ver a informação publicada no
dia seguinte, Figueiredo desistiu da reforma.
Não se cobre a Bolsonaro
conhecimentos históricos nem sabedoria política em excesso, apanágio de
figuras que existiram no passado e de raras que ainda vivem. Bolsonaro é
binário – preto ou branco, terra ou ar, amigo ou inimigo. É da sua
formação. Paraquedista faz parte das chamadas Forças Especiais do
Exército. O governo está repleto deles. Não é estimulado a pensar muito e
tampouco a discutir. Ordem é ordem. Quando acionado, cai atirando para
matar ou morrer. Selva!
Fora do hospital antes da hora
Tudo bem
Seria um exagero dizer que o presidente Jair Bolsonaro se deu alta do
hospital onde foi internado em São Paulo para mais uma operação por
conta da facada que levou há um ano em Juiz de Fora. Mas se tivesse dependido unicamente dos médicos que cuidam dele,
Bolsonaro ficaria por lá mais alguns dias. Sua recuperação foi boa e não
há indicação de retrocesso. Bolsonaro voou de volta a Brasília porque, na sua paranoia, enxerga
perigos por todos os lados e não confia em ninguém – salvo na mulher e
nos seus filhos.
Está disposto a fazer o que disse – comparecer à abertura da Assembleia
Geral da ONU, em Nova Iorque, nem que seja em cadeira de rodas. Um bom
paraquedista não foge ao combate. Os médicos acham cedo demais para que ele viaje – mas que médicos dizem
não a um presidente da República? Está para nascer o primeiro. Não
disseram não a Tancredo Neves e foi o que se viu.
O racha em meio aos bolsonaristas preocupa Bolsonaro e os garotos.
Aumenta entre os devotos do capitão a desconfiança de que esfriou seu
compromisso com o combate à corrupção. E tudo por causa do envolvimento de Flávio com desvio de dinheiro
público, do acordo entre Bolsonaro e o ministro Dias Toffoli para salvar
Flávio, e, por consequência, o enfraquecimento de Moro. A viagem a Nova Iorque foi esvaziada. Descartaram-se encontros com
Bolsonaro pedidos por chefes de Estado. O presidente preferiu se reunir
com generais americanos no Texas.
Até lá, deverá estar se alimentando normalmente. No momento, alimenta-se
de coisas cremosas. Evoluirá para as pastosas. Está proibido de falar
muito. Mas como forçá-lo a obedecer? Resta aos devotos e às pessoas de bom coração torcerem para que tudo dê certo. Selva! Ou melhor: Amém!
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