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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Os “toma lá...” Do presidente Bolsonaro - Sérgio Alves de Oliveira



Eu era ainda uma criança lá pelo anos 50 e ouvi certa vez  do meu: pai : “filho,muito cuidado com aqueles  que em todas as oportunidades sentem necessidade de dizer que “são honestos”, porque esses são  justamente os “piores”, os maiores” ladrões”. [Conheço a frase de algum tempo e ainda ontem,  ouvi de minha esposa.
Motivo: conversávamos com um vizinho récem chegado e em menos de dez minutos de prosa, ele destacou por 4 ou 5 vezes, que era honesto,correto nos negócios.
Quando saímos minha esposa, comentou com a frase. Não resisti e comento.]

Não entendi bem o que ele quis dizer. Na época meu  pai militava na política gaúcha, tendo sido Deputado Estadual pelo extinto “Partido Libertador-PL”, e exercido por dois  mandatos alternados o cargo de prefeito de Montenegro/RS, tendo conquistado para a cidade, por duas vezes, o título de um dos cinco municípios de ”Maior  Progresso do Brasil”, cujos diplomas foram entregues pelo então Presidente Juscelino Kubitschek.

Nessa época, lá pelos anos cinquenta e sessenta, a principal característica da política brasileira era a “honradez”,cultivada  pela imensa  maioria dos políticos. Cito um exemplo: na Assembléia  Legislativa  do Rio Grande do Sul, os deputados da época não possuíam NENHUM assessor à disposição, e tudo  o que precisassem de “mão de obra” relativa ao exercício do mandato teria que ser solicitado à  Secretaria Geral da Assembléia.”Igualzinho” a hoje,não ?

Mas voltando ao assunto daqueles que a todo o momento batem no próprio peito,  garantindo sobre a sua “honestidade”, hoje compreendo perfeitamente o que o meu pai  queria dizer. O ex-Presidente Lula da Silva, por exemplo, já  “gastou” a própria  garganta,  e   quase  todos  os microfones do “mundo”, sempre  declarando  ser  a “alma mais honesta do Brasil”. Mas pelo que apontam as diversas operações da Polícia e do Ministério  Público Federais, bem ao contrário do que ele diz, tudo indica que seria [foi, é e sempre será - poderá perder o posto se o filho, o fenomenal Lulinha resolver seguir a política = afinal, foi ele o primeiro da família Lula da Silva  a entrar 'oficialmente' na vida do crime.] o maior ladrão  da política brasileira de todos os tempos, tendo sido apontado pelo MPF como “chefe de quadrilha”. Garantem alguns que durante o período (2003 a 2016) em que o partido de Lula, o PT, governou, teriam sido desviados do erário a exorbitante quanta de 10 trilhões de reais.

Agora tudo se repete em perspectiva totalmente diferente. O candidato presidencial Jair Bolsonaro, às eleições de outubro de 2018, e que acabou saindo vitorioso no pleito, sempre levou como principal bandeira da sua campanha eleitoral a guerra que declararia, se eleito, contra o chamado “TOMA LÁ-DÁ-DÁ”, que seria o “troca-troca” de  favores, vantagens e benefícios diversos, todos ilícitos, entre os políticos, autoridades públicas e agentes políticos, de todos os  Três Poderes Constitucionais. Mas ao que tudo leva a crer, o antigo “contestador” do “toma lá-dá-cá”,parece “puxar a fila” dos praticantes desse perverso “troca-troca”  entre políticos e autoridades públicas. Mas ele só pratica o “toma lá”. E os  beneficiários  desse “toma lá” nunca retornam com a “compensação” do  “..dá cá”, dificultando o que podem a sua governabilidade.Portanto o “toma lá” de Bolsonaro dá no  mesmo que jogar dinheiro fora.

Fiquei pasmo com a “solução” encontrada  pelo Presidente Bolsonaro após o “estouro” do escândalo, em que pela tremenda repercussão midiática  que teve ,ele acabou sendo “constrangido” a demitir o “vice” da Casa Civil, pelo  uso abusivo de um “Legacy” da FAB, que o levara  à Suiça e à Índia.  Ora,o uso abusivo dos aviões da FAB,por políticos e autoridades públicas, para vôos “domésticos” e “internacionais”, não é nenhuma novidade.  Esses vôos absolutamente imorais, propiciados a autoridades  “sem noção”, foram “chancelados” por diversos decretos  governamentais, a começar pelo decreto Nº 4.244,de 2002, baixado pelo então Presidente FHC, secundado pelo decretos 6.911/ 2009,7.961/2013,e 8.432/2015, todos da época do PT (Lula e Dilma),que “aperfeiçoaram” as mordomias dadas pelo FHC.

Toda a “bandalheira” praticada à luz desses “decretos” presidenciais,gerou absurdos inacreditáveis. O Deputado Federal  Rodrigo Maia, o “campeão”, Presidente da Câmara, por exemplo, só em 2019, fez 230 viagens com jatinhos da FAB,46 delas para a  sua casa,no Rio de Janeiro. Isso significa quase vôos  “diários”. Ao exterior, fez 7 viagens. [o presidente da Câmara tem uma justificativa, que apesar do nome não justifica e nem explica.
o deputado federal (reeleito, em 2018,  com pouco mais de 70.000 votos, conseguiu ser  presidente da Câmara (se houver chance, tetará mais uma reeleição) e se autonomeou primeiro-ministro e corregedor-geral dos 3 Poderes = dá pitaco em tudo.
Se percebe que são muitas funções e sendo ele apenas UMA pessoa, tem que voar mais que legislar.]

O Presidente do Supremo, Dias Toffoli,não fica muito atrás. Voou nos jatos da FAB em 95 ocasiões, além de diversos vôos internacionais em aviões de carreira, pagos pelo erário.Onde essa gente arruma tempo para “trabalhar”? Ganhando tanto ?
E fiquei pasmo com a “solução” encontrada pelo  Presidente para “acabar” com esses abusos . Ao invés de revogar,liminarmente, esses malditos decretos, podendo ser até  com a sua “bic”,  ele afirmou que não vai mexer na “legislação”(leia-se os 4 decretos) para impedir tais abusos, pedindo aos usuários “conscientização” sobre o problema.  Mas esse “apelo” dá no mesmo  que sugerir   a assaltantes de banco que se abstenham de fazer isso, e passem a frequentar as  “missas dominicais”. Bolsonaro, portanto, age igual  àquela  pobre mulher que apanha todos os dias do marido carrasco, mas insiste em ficar ajoelhada na sua frente, submissa  a ele.
Essa é a realidade. Muito triste. Mas é a realidade !!!


Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo

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