Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Brent. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Brent. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 18 de março de 2022

Por que a Petrobras não baixa a gasolina? A resposta da estatal, após pressão de Bolsonaro - O Globo

Empresa diz que não pode 'antecipar decisões sobre manutenção ou ajustes' nos valores, devido à alta volatilidade e ao risco de desabastecimento 

A Petrobras divulgou nota nesta sexta-feira em que explica por que demorou para reajustar os preços dos combustíveis e por que ainda não baixou os valores nas suas  refinarias, apesar da queda recente do barril de petróleo.

O presidente Jair Bolsonaro tem cobrado da empresa nos últimos dias que reduza o valor da gasolina e do diesel, após a baixa da commodity no mercado internacional. E já prepara uma estratégia para substituir Joaquim da Silva e Luna na presidência da empresa. O general tem sido resistentes às pressões para baixar os preços.

Remuneração: O bônus milionário que o presidente da Petrobras vai ganhar este ano

FGTS: Caixa divulga calendário de saque de até R$ 1 mil. Veja as datas "Nos últimos dias, observamos redução dos níveis de preços internacionais de derivados, seguida de forte aumento no dia de ontem. A Petrobras tem sensibilidade quanto aos impactos dos preços na sociedade e mantém monitoramento diário do mercado nesse momento desafiador e de alta volatilidade, não podendo antecipar decisões sobre manutenção ou ajustes de preços", diz a estatal em nota.

Depois de bater quase US$ 140 há duas semanas, o barril de petróleo tipo Brent - referência no mercado internacional - caiu abaixo de US$ 100 nesta semana. Mas ontem fechou em US$ 106,64, alta de 8,79%.

Incerteza e preocupação com abastecimento
A companhia diz ainda que o ambiente de incerteza segue no mundo, "com aumento na demanda por combustíveis, num momento em que os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia impactam a oferta".

Como é lá fora:  No mundo inteiro, países adotam medidas para conter alta da gasolina e do gás

Segundo a Petrobras, essa situação cria uma competição pelo fornecimento de produtos, "o que reforça a importância de que os preços no Brasil permaneçam alinhados ao mercado global, para assegurar a normalidade do abastecimento e mitigar riscos de falta de produto".

O Brasil produz volume de petróleo suficiente para seu consumo, mas precisa importar especialmente o diesel, pois o tipo de petróleo aqui produzido não atende especificidades das refinarias locais para produzir certos combustíveis.
O país importa 20% a 25% do diesel que consome. Nos últimos meses, a diferença entre o valor de venda no Brasil e o praticado no mercado internacional levou a temores de desabastecimento porque os importadores não conseguiam comprar o produto a preços competitivos, para revendê-lo no mercado interno.

Peso no bolso: Preço do gás encanado pode subir 60% até o mês de agosto

Distribuidoras, como a Ipiranga, chegaram a limitar a venda do diesel.

Justificativa para alta da semana passada
Na nota divulgada nesta sexta-feira, a Petrobras também esclareceu porque demorou tanto para elevar os preços. A empresa lembra que o mercado internacional do petróleo vem enfrentando forte volatilidade, tendo a Covid-19 como pano de fundo, e que a guerra na Ucrânia agravou essa situação. "Em um primeiro momento, apesar da disparada dos preços internacionais, a Petrobras, ao avaliar a conjuntura de mercado e preços conforme governança estabelecida, decidiu não repassar de imediato a volatilidade, realizando um monitoramento diário dos preços de petróleo", diz a Petrobras em nota.

Viu isso?  Brasil tem a gasolina mais cara do mundo? Entenda o que pesa no preço "Somente no dia 11 de março, após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, a Petrobras implementou ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras de gasolina, diesel e GLP", completou.

A gasolina foi reajustada em 18,77% e o diesel em 24,99% nas refinarias, após 57 dias sem alteração. Já o GLP, popularmente conhecido como gás de cozinha, subiu 16%, após 152 dias de preços estáveis. "Os valores aplicados naquele momento, apesar de relevantes, refletiam somente parte da elevação dos patamares internacionais de preços de petróleo, que foram fortemente impactados pela oferta limitada frente a demanda mundial por energia", diz a Petrobras.

Crise interna? PSDB racha e pode sofrer debandada na Câmara com saída de Leite e Doria estacionado

"Esse movimento foi no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que, antes da Petrobras, já haviam promovido ajustes nos seus preços de venda, e necessário para que o mercado brasileiro continuasse sendo suprido, sem riscos de desabastecimento".

A empresa diz que "segue todos os ritos de governança e busca um equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo que evita repassar para os preços internos as volatilidades das cotações internacionais e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais".

Economia - O Globo


segunda-feira, 7 de março de 2022

Sanções à Rússia estão longe de ser uma resposta ideal - Valor Econômico

O boicote de Xi Jinping às sanções pode dar sobrevida à postura bélica de Putin

Do sequestro de ativos detidos por oligarcas próximos ao Kremlin até o bloqueio à movimentação de reservas do Banco Central da Rússia, os países ocidentais aplicaram contra Moscou uma espiral inédita de sanções econômicas, que visam enfraquecer o presidente Vladimir Putin no plano doméstico. 
Idilicamente, o cerco pode acelerar a transição política em um governo que usurpa a democracia e viola o direito internacional. 
No mínimo, as punições anunciadas constrangem Putin com seus eleitores e demonstram os custos de agredir outras nações sem nenhuma justificativa plausível. 
Pela primeira vez, no entanto, o mundo testa também a capacidade de uma autocracia instalada em potência bélica - não uma ditadura latino-americana, uma ilha de corrupção na África ou um emirado absolutista no Golfo Pérsico - sobreviver escorando-se na neutralidade ou no apoio tácito da China. Pequim pode ter se tornado o fiel da balança.
 
É de se colocar em perspectiva, sim, que as sanções adotadas até agora estão longe de constituir uma resposta ideal. 
Restrições econômicas de todos os lados resultam em sofrimento de toda a população russa. 
Não se pode desprezar ainda o fato de que podem ajudar o próprio Putin a reforçar internamente, com sua máquina de desinformação, o discurso de que é uma vítima do Ocidente e luta apenas para resistir às tentativas de avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). 
Também guarda razoabilidade o argumento de que regimes autocráticos no Irã, na Venezuela ou na Coreia do Norte têm sobrevivido às sanções. [IMPORTANTE: as sanções atingirão todo o mundo -  incluindo os corajosos manifestantes brasileiros, que protestam em Brasília, Esplanada dos Ministérios, em frente ao Itamaraty, contra aquele conflito. Imagine no Brasil com o barril de petróleo abaixo dos US$ 100,  -  antes do inicio das hostilidades, a gasolina já raspava os R$7; agora o petróleo está  acima de US$ 130, podendo chegar a US$ 200. A quanto irá nossa gasolina? - Confiram: O Globo: Barril de petróleo supera US$ 130 e gás na Europa tem alta de 79%. Bolsas europeias caem.  "Após bater na cotação de US$ 139 na madrugada, maior cotação desde o recorde de US$ 147,50 de julho de 2008, o preço do petróleo Brent perdeu força." " No caso do petróleo, contratos de curto prazo de opções de compra, que não são os mais negociados  por isso não são a principal referência, já apontam para o barril do tipo brent cotado a até US$ 200 antes do fim de março"
Transcrevemos e linkamos do O Globo, por todo o complexo Globo ser,  notoriamente,  Ucrânia.]

O cerceamento à Rússia, contudo, ocorre em velocidade e amplitude épicas. Em menos de dez dias houve exclusão do sistema Swift de pagamentos internacionais, proibição à compra de nova dívida soberana, fechamento de espaço aéreo para voos comerciais, quase metade das reservas do BC russo teve seu uso inviabilizado. Companhias de navegação que respondem por 47% do tráfego global de contêineres decidiram paralisar fretes. Dezenas de empresas americanas e europeias anunciaram suspensão dos negócios. Petroleiras como Shell, BP, Total e Equinor se comprometeram a não mais alocar capital no país. Nike, Ikea e Spotify interromperam suas atividades. A lista aumenta dia após dia.

Os efeitos na economia russa já apareceram. O BC mais do que dobrou a taxa de juros (para 20% ao ano), o valor do rublo caiu para um mínimo histórico, há corrida bancária e a Bolsa de Moscou passou a semana inteira fechada. O colchão financeiro preparado pela Rússia para enfrentar a guerra parece não ser suficiente. Ela empobrecerá muito, e rapidamente. Não à toa, em reunião ministerial parcialmente televisionada na sexta-feira, Putin acusou o golpe: "Não temos más intenções acerca dos nossos vizinhos. Eu gostaria também de aconselhá-los a não escalar a situação, a não introduzir nenhuma restrição".

De acordo com o instituto de pesquisas russo Levada Center, 52% dos cidadãos no país temem repressão das autoridades e 58% receiam sofrer prisões arbitrárias - os índices mais altos desde 1994. Por isso, impressiona que protestos tenham sido registradas em 48 cidades diferentes. A filha do porta-voz de Putin escreveu "não à guerra" em seu perfil numa rede social. Esportistas e celebridades têm se manifestado. Nesse ritmo, o apoio da classe média a Putin ficará cada vez mais corroído.

Nada disso garante que Putin aceite um cessar-fogo e, muito menos, uma paz duradoura com seus vizinhos. Trata-se, porém, do único caminho para pressioná-lo sem o impensável emprego de tropas da Otan. O problema é a resistência da China em aderir às sanções. Os países do eixo Ásia-Pacífico absorvem hoje 30% das exportações russas. Pequim já tem mais investimentos na Rússia do que a Alemanha. Putin e Xi Jinping, que já se encontraram 38 vezes e se chamaram de "melhores amigos", anunciaram a construção de um "superduto" que levará gás da Sibéria ao norte da China.

O boicote de Xi às sanções, pelo peso da aliança formada entre os dois países, pode dar sobrevida à postura bélica de Putin e impedir o declínio do regime russo. Ao mesmo tempo, aumentará a desconfiança do Ocidente com a China e a percepção - já alimentada durante a pandemia - de que é preciso tomar cuidado com as cadeias de valor dependentes do gigante asiático. Uma divisão do mundo em dois eixos apartados, no qual suspeitas prevalecem sobre cooperação e integração, é péssimo para o futuro da economia e da estabilidade globais.

Opinião - Valor Econômico 


segunda-feira, 11 de maio de 2020

Crise vai impor uma reestruturação ampla à indústria global de petróleo – Editorial - O Globo

Entre mudanças de regulação que o abalo neste mercado força está o fim do regime de partilha no Brasil

O rumo da indústria mundial de petróleo começou a ser esboçado nos resultados das maiores empresas do setor nos Estados Unidos e na Europa durante o primeiro trimestre. As cinco maiores produtoras dos EUA e da Europa preveem cortes de custos em torno de 23% nos próximos meses, além de redução drástica em dividendos e suspensão parcial de produção. Shell, Exxon, Chevron, Total e British Petroleum perderam valor de mercado nos três primeiros meses do ano. O lucro da BP entre janeiro e março caiu 67% (para US$ 800 milhões). No Brasil, a Petrobras divulga resultados na quinta-feira.

Nada indica uma recuperação do setor nos próximos meses. Há excesso de estoques, guerra de preços e a pandemia do novo coronavírus só começou a ter impacto econômico fora das fronteiras da China a partir de meados de fevereiro. A Petrobras já paralisou 62 plataformas. Ao colapso nos preços soma-se uma queda de 30% no consumo global devido à pandemia.

Sobra petróleo em terra e no mar. Os EUA começam esta semana com 85% de ocupação do armazenamento terrestre, além de manter navios carregados com 20 milhões de barris ancorados na costa oeste, segundo a consultoria francesa Kpler. A Petrobras já reduziu sua produção em 23 mil barris/dia e, talvez, precise ir além, porque o frete para exportação subiu muito. Para portos chineses, por exemplo, aumentou de US$ 3 para US$ 11 por barril no espaço de 12 meses — e esse nível de custo supera o de extração em alguns campos brasileiros. O preço de referência mundial, o do óleo tipo Brent, caiu de US$ 70 em janeiro para US$ 20 por barril.

Esse cenário vai impor uma ampla reestruturação em toda a indústria.
No caso brasileiro, por exemplo, constata-se um otimismo governamental que contrasta com a realidade. Pelas projeções oficiais, na etapa pós-crise seria possível atrair até US$ 100 bilhões em investimentos privados na área de petróleo. Tudo é possível, sempre, mas a dinâmica recessiva da indústria petrolífera em todo o mundo sugere ser essa retórica reveladora de um governo ansioso por fontes externas de financiamento.

Mais realista seria uma união do Executivo com o Legislativo para empreender reformas na regulação setorial. Por exemplo, acabando com regimes de partilha e de cessão onerosa, e adotando um sistema único de concessão. Facilitaria a atração de capitais, até porque as reservas nacionais têm parâmetros de custos de produção bem competitivos.

 O Globo - Editorial 




sábado, 21 de março de 2020

Tempos bicudos e tristes - O Estado de S.Paulo

Adriano Pires 

Custo global da crise pode chegar a mais de US$ 3 trilhões. Ou seja, estamos perdendo o ano de 2020

No Brasil e no mundo parece estarmos vivendo o cenário do apocalipse de um filme de ficção de Hollywood ou, então, uma terceira guerra mundial. Países fechando as fronteiras, as Bolsas quebrando, o barril do petróleo abaixo dos US$ 30, falta de mercadoria nas prateleiras dos supermercados, a saúde colapsando e policiais nas ruas impedindo aglomerações. As projeções de crescimento econômico mundial são da ordem de 1,5% e o preço do barril em torno de US$ 35, na média, para 2020 e 2021. É bom lembrar que no início de 2020 o Brent no mercado futuro era precificado a US$ 66. O custo global da crise pode chegar a mais de US$ 3 trilhões. Ou seja, estamos perdendo o ano de 2020. No caso da América Latina, a combinação de queda dos preços do petróleo, colapso da moeda e coronavírus vai manter o crescimento abaixo dos 2% em 2020.
[curioso é que todas as projeções apontam para um elevado custo para a crise resultante  do coronavírus, crise global, mas grande parte da imprensa insiste em atribuir às incontinências verbais do presidente Bolsonaro as perspectivas negativas para a economia brasileira, com possibilidade de PIB negativo. 
Ainda que o presidente fizesse um voto de silêncio o Brasil não poderia, especialmente após 13 anos do assalto lulopetista aos cofres públicos, ter um resultado econômico diferente da tendência mundial.]

O fato é que as consequências ainda são muito incertas. Até o momento, o que se pode ver é uma total desorganização dos mercados financeiros e produtivos, alcançando custos tão gigantes e sem precedentes que é impossível prever qualquer resultado. O problema não é mais preço nem o valor das empresas. É falta total de liquidez. Ninguém compra ao contrário, vende. Todos passaram a querer estocar desde alimentos até dinheiro.

Estamos distantes de ter a capacidade de responder qual será o novo patamar de preço do petróleo, quando devemos voltar a comprar ações, quanto tempo teremos de crise econômica e quando chegará a vacina do coronavírus. Ou seja, muitas dúvidas e poucas certezas.  Este clima de histeria e de pânico com as lideranças nacionais e mundiais contaminadas pelo vírus da mediocridade só traz o caos aos mercados e à sociedade, criando um vírus econômico que pode levar a uma terceira guerra. É inacreditável que, diante deste cenário de guerra, não seja convocada uma reunião do chamado G-8. O que os grandes líderes mundiais estão pensando? Lamentavelmente, não temos mais um Churchill e um Eisenhower. E, com isso, o vírus econômico já está promovendo uma crise sem precedentes, que vai causar estragos na economia mundial de proporções incalculáveis e que exigirá prazos mais longos de recuperação do que os provocados pelo coronavírus. Resta aos investidores buscar empresas com balanço sólido o suficiente para atravessar a crise. E esperar os bancos centrais darem assistência à liquidez.

O petróleo continua sendo a principal fonte de energia do mundo. Um barril do produto abaixo dos US$ 30 vai tornar os veículos elétricos menos atrativos para os consumidores. Os preços baixos podem adiar o timing da chamada transição energética. A atual crise do petróleo poderá levar a mudanças nas políticas dos governos em relação às fontes renováveis de energia. Por outro lado, preços muito baixos do barril podem levar várias empresas americanas de óleo de xisto a um estresse financeiro. Dos aproximadamente 13 trilhões de títulos corporativos (Corporate Bonds) emitidos por empresas americanas, 20% são de empresas de óleo de xisto. Com um preço do barril inferior a US$ 35, é enorme a possibilidade de essas empresas sofrerem um downgrade em seus ratings de crédito, levando a problemas de liquidez e mesmo a um default. É bom lembrar que estamos em ano de eleições americanas e o governo Trump vai ter de reagir promovendo políticas de tempos de guerra.

Enquanto isso, no Brasil, o governo demorou a reagir. Não estamos vendo o governo mobilizando a sociedade e criando saídas em conjunto com o Legislativo, governadores e prefeitos. Só pronunciamentos patéticos, que não apresentam soluções de curto prazo para os diferentes setores da economia em tempos de guerra. Isso assusta e preocupa. No setor de petróleo, a crise pode pôr em xeque o calendário dos leilões de petróleo e da abertura do mercado de downstream. Tempos bicudos e tristes com a conjugação de três vírus: o coronavírus, o econômico e o da mediocridade, que atingiu já faz tempo a maioria de nossos líderes políticos no Brasil e no mundo.

Adriano Pires - O Estado de S. Paulo