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sexta-feira, 17 de maio de 2019

Com estudante não se brinca


Não é boa política brigar com estudantes, principalmente secundaristas. Nunca foi. O erro político —tanto do presidente da República quanto do ministro da Educação — de preferir viés ideológico a argumentos técnicos para justificar cortes no orçamento de universidades e institutos federais rendeu onda de protestos tão precoce quanto volumosa contra uma gestão que não completou cinco meses. Não à toa, o movimento tomou as redes sociais pela hashtag #tsunami da educação. [antes mesmo das duas letrinhas e de um número mágico que surgiram em 68 - AI 5 - a polícia já havia acabado com uma suposta impunidade ... imunidade territorial que os universitários entendiam existir e que os leva a entenderem que a polícia não podia entra no campus - no caso o da UnB.
A suposta imunidade evaporou, o que mais se via era a polícia no campus, estudantes em fila, mãos cruzadas na nuca - tanto em Brasília, quanto no Rio e outras cidades.
Os secundaristas também foram domados. Nada impede que, se necessário, a história se repita.
A suposta 'multidão' que participou dos protestos  tem consistência - seja moral, ideológica, etc].
São, como bem definiu o presidente Jair Bolsonaro, 'idiotas úteis', que servem de massa de manobra para uma corja de espertalhões, que desesperados por ver que a cada dia a esquerda mingua, tentam encher a rua de estudantes.
Nada séria e que merece atenção especial. Na hora conveniente, voltaram para o curral.]

Tão habituados a usar tendências demográficas para explicara necessidade de reformar a Previdência, os cérebros do governo Jair Bolso na rode veriam ter consultado a pirâmide etária também para antever o 15 de maio. As projeções de população do IBGE sugerem que, neste 2019, há 50,4 milhões de brasileiros com idade entre 15 e 29 anos. Eles representam um em cada quatro habitantes. Os gestores de um país que atravessa o pico da população juvenil não podem se dar ao luxo de depreciar o grupo.

Na falta de estatísticas, uma passada olhos nos livros de História ou nos arquivos de notícias tampouco faria mal. Destratar estudantes nunca rendeu bons dividendos. Em março de 1968, o assassinato do secundarista Edson Luís de Lima Souto por policiais militares que invadiram o restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, resultou numa onda de protestos que abalou o regime militar. [o coitado do estudante foi um inocente útil que forneceu o cadáver que a esquerda queria;
digamos que ocorreu uma leve sacudida na estrutura do governo e que em dezembro do mesmo ano, com o surgimento das letrinhas citadas no inicio, as sacudidas cessaram e a esquerda foi sufocada.] No dia do sepultamento, a cidade parou diante de atos e faixas que denunciavam: “Mataram um estudante. E se fosse seu filho?”. Cinemas da Cinelândia amanheceram com letreiros dos filmes “A noite dos generais”, “À queima roupa” e “Coração de luto”. São Paulo também marchou. A onda de manifestações atormentou a ditadura, que respondeu com o AI-5, marco dos anos de chumbo.

Já no período de redemocratização, o impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992, deve muito ao movimento dos caras pintadas, jovens estudantes que saíram às ruas para protestar contra o então presidente com os rostos riscados por tintas preta, verde e amarela. O lema era Fora Collor. A tensão política que culminou coma saída de Dilma Rousseff da Presidência, em 2016, começou três anos antes, com manifestações de jovens, primeiro, contra o aumento das passagens de ônibus; depois, contra-tudo-que-ali-estava. No Rio, a mobilização deu na saída antecipada de Sérgio Cabral do Palácio Guanabara, que cedeu a cadeira a Luiz Fernando Pezão, reeleito na sequência, em 2014.

O rol de episódios sugere que estudantes despertam empatia. Não é por acaso que nos lembramos de Alex Schomaker Bastos, estudante de Biologia da UFRJ, morto aos 23 anos com sete tiros durante um assalto em frente ao campus da universidade na Praia Vermelha, em 2015. E de Maria Eduarda Alves Ferreira, a estudante de 13, baleada e morta por um PM dentro da escola, em Acari, em 2017. E de Marcos Vinícius da Silva, de 14, assassinado a caminho do colégio, na Maré, no ano passado. Nada mais triste que tragédias com estudantes. [lembrar dos que morreram é normal e até mesmo desejado.
Também lamentar, especialmente quando são vitimas de fatalidades - os três casos citados.
Lembrar dos mortos em um gesto de humanidade é um DEVER e não significa convalidar quando os estudantes perturbam a ordem pública.]

A faixa etária, 2013 já ensinou, é a menos contemplada com políticas públicas. O Bolsa Família vai até 17 anos —recentemente, o ministro Osmar Terra, da Cidadania, anunciou um bem-vindo, porém insuficiente, pagamento extra de R$ 48 a famílias com jovens de 18 a 29 anos matriculados em cursos técnicos ou à frente de negócios. Famílias brasileiras já incorporaram a educação como valor e meio de entrar no mercado de trabalho e ascender socialmente. É natural que se sensibilizem quando estudantes lideram manifestações contra corte de verba na educação.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE 2017) mostrou que 87% dos adolescentes de 15 a 17 anos estão matriculados; na faixa de 18 a 24, 31,7%. A despeito dos fenômenos da evasão e dos nem-nem (aqueles que nem estudam nem trabalham), há um contingente expressivo ligado a instituições de ensino, mais de 80% na rede pública.  É grave erro político tratar de contingenciamento de recursos via depreciação de alunos e professores por rancor pessoal e perseguição política, como fizeram Abraham Weintraub e Jair Bolsonaro. [o contingenciamento é normal em época de escassez de recursos, caso da crise econômica que o Brasil atravessa;
por excesso de falta de bom senso é que o genial Weintraub, tentou apresentar  uma situação que atingiu até o Ministério da Defesa em punição para três universidades, entre elas a de Brasília,  que antes de Bolsonaro já vivia  uma situação caótica e de conivência com a desordem e baderna.]
Se há incapacidade em Matemática e Química dos estudantes, como afirmou o presidente, o antídoto é priorizar e aumentar a eficiência dos gastos em educação, não aplicar uma tesourada ideológica em universidades federais e instituições como o secular Colégio Pedro II.
A resposta de estudantes, pais e professores começou com uma marcha modesta até o Colégio Militar, no Rio, onde Bolsonaro participava de cerimônia dez dias atrás. Acabou em protestos caudalosos em duas centenas de cidades, aí incluídas todas as capitais, no #15M. Se o governo não acertar o passo, sabe-se lá onde essa caminhada vai parar. [a caminhada vai até onde o Governo permitir.]



domingo, 17 de fevereiro de 2019

Especialistas e alunos divergem sobre efetividade de colégios militarizados

Projeto do governo de delegar à Polícia Militar a responsabilidade de gerenciar disciplina em colégios não é consenso. Alunos reclamam de exigências, como o corte de cabelo, mas especialistas defendem o modelo adotado em quatro centros de ensino

Cabelos curtos para os meninos e presos em coque para as meninas. Brincos e adereços apenas para as garotas e com a ressalva de que devem ser discretos. Uniforme, disciplina, regras, padronização e amor à Pátria e aos símbolos do país. Além disso, segurança. Essas são as promessas do GDF para as quatro escolas públicas do DF inseridas no projeto de gestão compartilhada, que coloca a Polícia Militar na coordenação da disciplina dos colégios, em vigor desde segunda-feira. 



PM faz continência no Centro Educional 3 de Sobradinho: rotina dos estudantes alterada desde a implementação da gestão compartilhada(foto: Minervino Junior/CB/D.A Press )
PM faz continência no Centro Educional 3 de Sobradinho: rotina dos estudantes alterada desde a implementação da gestão compartilhada (foto: Minervino Junior/CB/D.A Press )


A proposta, porém, não é unanimidade. Especialistas, alunos e parlamentares divergem sobre a efetividade da medida e dos métodos aplicados. [aluno tem o DIREITO e o DEVER de comparecer as aulas, seguir as normas, estudas com aplicação e afinco e os senhores parlamentares devem em vez de dar palpites sem fundamento, procurar 'estudar' as leis que aprovam e não propor medidas absurdas e que tornam a Câmara Legislativa do DF campeã absoluta em número de leis que aprovaram e foram declaradas inconstitucionais.

 “Educai as crianças e não será preciso punir os homens”]

Do lado favorável à “militarização” de escolas públicas, um dos argumentos é de que a presença da PM se justifica pela falta de segurança de alunos e de professores e pela necessidade de ações mais rígidas e eficazes para resolver problemas de disciplina. Quem discorda da medida, no entanto, destaca a padronização como estratégia de imposição com poder para minar a identidade de cada aluno e contesta a efetividade da adoção da doutrina militar na qualidade do ensino. [os que discordam da medida deveriam, retificando, devem, ser investigados; o argumento que usa de estratégia de imposição de poder é que eles só aceitam um poder: o da criminalidade.
outra bobagem é contestar a qualidade do ensino - esquecem os colégios militares sempre se destacaram, e continuam se destacando, pela excelente qualidade de ensino, valendo ressaltar que entre os barrados pela 'cotista' USP tem aprovados em Medicina e outros oriundos de colégios militares das Forças Auxiliares.

Tem 'professor' sendo contra alegando 'falta de estrutura familiar' ser a causa dos problemas.
Enquanto 'especialista' de tal quilate ficam palrando contra o que defendem na realidade é a bagunça, a indisciplina.
Os estudantes tem que aprender sério, se prepararem para enfrentar a concorrência que vão enfrentar quando forem disputar uma vaga no 'mercado de trabalho', sendo inadequado que percam tempo com esse papo vazio da esquerda (felizmente rumo à extinção) de risco de retrocesso nas politicas afirmativas e  de diversidade.

Tais políticas não podem nem devem ser priorizadas em um país em que milhões de milhões de pessoas não sabem o que é fazer três refeições por dia - tais pessoas são envolvidas com esse papo de esquerda e o único resultado que obtém é piorar a situação. 

Esse 'especialista' não entende que grande parte dos alunos das escolas públicas vivem em condições de carência e não estão preocupados com a possibilidade  da política para diversidade se perder - já descobriram que ninguém se alimenta da tal política. ]

 (...)

Formação cívica
O doutor em sociologia pela UnB Antônio Flávio Testa avalia a iniciativa por outro viés. Para ele, a militarização do ensino é um grande acerto e pode contribuir para a melhoria da educação brasileira. “Traz para os alunos a formação cívica, uma educação que eles nem sempre recebem. Escolas assim são muito necessárias, principalmente nesse momento, em que o Brasil precisa rever o projeto pedagógico”, acredita.

“Se o GDF tiver condições de ampliar esse modelo, será relevante, principalmente nas áreas mais carentes. Temos exemplos com bom resultado em Goiás, no Entorno”, alega. No estado vizinho, há 60 escolas com participação da PM na gestão. A medida, para o sociólogo, também contribui para a segurança pública. “Você diminui o risco de crianças serem capturadas pelo crime organizado. Elas começam a conviver com outros valores, criam uma outra lógica, que pode ser muito eficaz”, explica Testa.

Para o professor da UnB e doutor em sociologia pela Universidade de Erlangen-Nuremberga (Alemanha) Lúcio de Brito Castelo Branco, o modelo militarizado é uma “resposta à anarquia e à diluição da ordem que tomou conta das escolas”. “A escola é um espaço que deve transmitir a disciplina. A educação é a domesticação de instintos. Se não há autoridade, não há avanço”, defende.
(...)
Respeito à Pátria
A rotina dos alunos de escolas sob a gestão compartilhada também mudou. Após a implementação do modelo, os estudantes passaram a cantar o Hino Nacional diariamente. No período matutino, durante o hasteamento da Bandeira Nacional; no vespertino, no arriamento. Para isso, organizam-se em filas que devem ter o mesmo tamanho e ficam “em posição de descanso”, com as mãos para trás. Ao explicar a dinâmica, os policiais afirmam que a medida visa despertar o respeito à Pátria.

No CED 3 de Sobradinho, que abriu uma turma do 1º ano do ensino médio para atender à demanda após o anúncio da militarização, as mudanças começam a ganhar destaque. Quando professores faltam e não deixam tarefas designadas, policiais monitores assumem as turmas e lecionam disciplinas da cultura cívico-militar, como ordem unida.

Entre os alunos, a presença deles, mesmo com armas e cassetetes, é aceita, assim como a padronização dos uniformes. “Ninguém vai ficar se achando ou diminuindo os outros, porque estaremos todos parecidos”, acredita Gabriel Fiuza. O menino, de 14 anos, pretende ser PM e acredita que a gestão compartilhada pode ajudá-lo a alcançar o sonho. “Vai fazer de mim uma pessoa melhor e mais responsável”, completa.

Como em Ceilândia, no entanto, há ressalvas quanto à restrição a adereços e penteados. “A escola não pode se meter em algo tão pessoal. É como se, aqui, fossemos um personagem. Queremos ser quem somos dentro e fora da escola”, argumenta Sabrina Lopes, 13, que sonha seguir a carreira de médica ou de advogada. [quem pensa da forma dessa garota, com apenas 13 anos já querendo impor suas vontades e sua conduta, caso não mude a forma de pensar, tem todas as chances de chegar aos 50 anos querendo ser advogada, médica ou qualquer outra profissão.]

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Diminui poder de Lula para transferir votos

PT tem pouco tempo para viabilizar Haddad presidente


A menos que sofra uma violenta queda nas intenções de voto, o deputado Jair Bolsonaro é o cara a ser batido nas eleições presidenciais. Há precedentes de reversão rápida de expectativa, sendo o mais próximo o de Marina Silva (Rede Sustentabilidade), que em 48 horas perdeu o lugar no segundo turno para o senador Aécio Neves (PSDB), o que parecia assegurado, após sofrer intensa campanha negativa movida pelo PT na propaganda oficial, em 2014. [Marina Silva é candidata fraca, de primeiro turno, perdeu para Aécio Neves e em qualquer disputa para ir ao segundo turno ela perde.]

Ainda na noite do sábado que antecedeu a eleição, Marina teve uma reunião com o então presidente do PSB, Roberto Amaral, para tratar de providências para o segundo turno. Os dois foram dormir certos de permanecer na campanha e disputar com a ex-presidente Dilma Rousseff a principal cadeira do Palácio do Planalto, mas acordaram no dia seguinte com Aécio Neves com o pé na porta.

[pessoal, entendemos que em uma eleição os eleitores devem estar devidamente instruídos para que votem no candidato de sua preferencia e sabemos que grande parte do eleitorado petista tem dificuldade de exercer o direito do voto.
Diante disse, abaixo áudio com orientações sobre como votar em Lula.

Sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa, só uma campanha semelhante de desconstrução – e com o mesmo sucesso – pode ameaçar a posição de Bolsonaro. Os próximos sete, dez dias dirão sobre a eficácia dos petardos dirigidos contra o candidato do PSL, principalmente do aspirante do PSDB, Geraldo Alckmin. Mas o navio de Bolsonaro, aparentemente, segue sem grandes danos estruturais no casco. Nesse ritmo, a disputa de 7 de outubro é pela segunda vaga.

Quem vai, Marina, que hoje ocupa a segunda colocação, Alckmin, que ainda não decolou, Ciro Gomes (PDT), que ficou isolado ou Fernando Haddad, o ex-prefeito de São Paulo, com total apoio de Lula? Em geral os analistas têm afirmado que Lula terá capacidade de transferência de votos suficiente para colocar Haddad no segundo turno. Logo o próximo presidente sairia de uma disputa entre Bolsonaro e Haddad. Há controvérsia. [ousamos afirmar e, se necessário, apostar que Haddad NÃO VAI para o segundo turno;

Ciro Gomes é um navio afundando, Marina vai no mesmo caminho, assim, se houver segundo turno o adversário do futuro presidente da República será ALCKMIN - mais por falta de adversários para lhe tomar o segundo posto do que por competência do tucano.

Apesar da nossa posição, ainda achamos que o sistema de governo brasileiro possibilitasse um governo conjunto - Alckmin e Bolsonaro - deixando com Alckmin a parte da educação, saúde, agricultura, comércio e industria, relações exteriores e assuntos assemelhados e por conta do Bolsonaro a Segurança Pública, FF AA,  o combate as aberrações que pessoas insanas insistem em tentar implantar no Brasil, teríamos um governo excelente.

De qualquer forma, todas as áreas que neste governo dual poderiam ficar com Alckmin serão bem administradas por pessoas competentes escolhidas por Bolsonaro.]

O professor David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), vê mais obstáculos à frente de Haddad do que de Marina Silva e Geraldo Alckmin. Entre a última sexta-feira e o início desta semana foi possível perceber o motivo das dúvidas do professor: a campanha de Haddad com Lula é uma coisa e sem Lula é outra inteiramente diferente.
Como a sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cassou o registro da candidatura Lula terminou tarde da noite, já na madrugada de quinta-feira para sexta-feira, o programa do PT e algumas inserções ainda tiveram uma forte presença do ex-presidente – menos em São Paulo, onde o Tribunal Regional Eleitoral acabou com a festa e impediu a vinculação do programa do candidato petista ao governo, Luiz Marinho, tendo Lula como cabo eleitoral.

As pesquisas de intenção de votos que mostram Haddad com 12%, 14% na largada partem do pressuposto do total apoio de Lula, que não estará disponível, ao ex-prefeito. Ou seja, mostram o “Andrade”, como o vice na chapa do PT estaria sendo chamado no Nordeste, e não o Haddad, que sem a cobertura de Lula patina na mesma faixa de um dígito que Alckmin e Ciro, nas pesquisas eleitorais.

Em 2014 Lula empenhou todo seu prestígio e os recursos do PT na campanha de Dilma Rousseff, mas não conseguiu evitar o segundo turno e Dilma ganhou com estreita margem de diferença. É provável que Lula seja hoje um cabo eleitoral menos eficiente do que pode ser em 2014, a menos que a vitimização patrocinada pelo PT tenha efetivamente transformado o ex-presidente num mártir, o que ainda carece de comprovação.

O que deve reduzir o impacto do apoio de Lula é o seu banimento da telinha e das ondas do rádio, determinados pela Justiça Eleitoral. Em resumo, não pode ter comercial com Lula apoiando Haddad. Está proibido pelo TSE, decisão que vem sendo cumprida com rigor por seus ministros. Já nesta segunda-feira o ministro Luiz Salomão determinou que o PT suspenda a veiculação no horário eleitoral de uma peça para o rádio que apresenta Lula como candidato a presidente. Multa de R$ 500 mil em caso de descumprimento.

Esse era o dilema ontem enfrentado pelo PT. As cabeças mais frias do partido argumentavam pela decisão imediata da substituição do candidato, a fim de dar tempo para que Haddad possa desencadear uma ofensiva de cinco semanas para tentar se fazer conhecido e escapar da faixa dos candidatos com um dígito.  Esses lembram que o partido perdeu fragorosamente a eleição municipal de 2016, o que sempre tem influência na eleição presidencial, dois anos mais tarde. Se perder com Haddad, o PT precisa ao menos sobreviver com uma bancada de média para grande no Congresso, para poder garantir recursos para as eleições seguintes de 2020 e 2022. Essa turma tem pressa. E duvida, mesmo quando as pesquisas informam que o PT é um partido com 24% das preferências do eleitorado, léguas à frente do segundo colocado.

Adiar seria o suicídio político. Esperar até o dia 11, prazo estipulado pelo TSE, para substituir Lula por Haddad deixaria o candidato com apenas três semanas de campanha. Se já parecia difícil, ficaria pior. Ou como diz Fleischer: o PT está naquela situação de que se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Os radicais do partido, que têm prevalecido na discussão, ainda não se conformaram em por fim à vitimização de Lula. Querem um mártir. Os mais sensatos queriam uma decisão ontem mesmo.

Resta saber como os outros candidatos vão tirar proveito dessa situação do PT. Alckmin segue na linha de tirar o máximo de votos possíveis de Bolsonaro. Há dúvida sobre se é a melhor estratégia. Ao redor do candidato já há quem defenda que ele deve partir logo para uma disputa do voto útil tendo como alvo não Bolsonaro, mas Marina Silva, hoje uma ameaça real à passagem do tucano para o segundo turno, se der certo a aposta de Alckmin no horário eleitoral para deixar a segunda divisão dos candidatos.

As pesquisas até agora mostraram que quem tira mais votos de Lula é Marina Silva. A candidata do Rede Sustentabilidade sobe de 8% para 16%, na disputa sem Lula. Difícil dizer se essa é a tendência que vai vingar. Mas é certo que a manutenção de Lula, a partir de agora, só prejudica o candidato do PT.

Valor Economico - Raymundo Costa

terça-feira, 27 de março de 2018

Corretivo no elemento?

Eleição ou guerra? Socos em repórteres, ovos e pedras, a ameaça de cadáveres…

O ex-presidente Lula saiu da sua zona de conforto e foi se meter na Região Sul, onde a recepção à sua caravana tem sido bastante diferente da que encontrou no Nordeste. Pedras, ovos, gritos e estradas bloqueadas estão mostrando não só a irritação contra Lula e o PT, mas também o grau de radicalização da campanha, que tende a piorar. Soou estranho, até uma provocação, Lula sair em caravana no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina justamente quando o TRF-4, de Porto Alegre, estaria confirmando a sua condenação a 12 anos e 1 mês. Primeiro, porque ele se pôs perigosamente próximo ao palco da decisão. Segundo, porque o Sul é refratário a Lula – e não é de hoje. Terceiro, porque a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que está na primeira fila das ações no STF, é do Paraná.
 
Rejeite-se qualquer tipo de violência e agressividade contra candidatos, que pode ir num crescendo e acabar virando uma nova modalidade de guerra de torcidas que, nos estádios, já coleciona feridos e mortos. Se Lula sobe no palanque antes da hora (e a Justiça Eleitoral não vê nada de mais), deixa o homem falar. Ouve quem quer. Feita a ressalva, preocupa também a reação de Lula, que não poupa ameaças de revide e, em São Miguel do Oeste (SC), recorreu a uma expressão nada democrática ao atiçar a polícia para entrar na casa de um manifestante e “dar um corretivo” nele. Como assim? Invadir a casa do cidadão? Dar um corretivo? Lula quer que a PM encha o “elemento” de pancada?
 
Pela força, simbologia e significado, vale a pena transcrever a fala do ex-presidente, que, um dia, décadas atrás, já foi alvo da polícia por [dizer, fingir] defender a democracia e os direitos dos trabalhadores: “Tem um canalha esperando que a gente vá lá e dê uma surra nele. A gente não vai fazer isso. Eu espero que a PM tenha a responsabilidade de entrar naquela casa, pegar esse canalha e dar um corretivo nele”. Os petistas e seus satélites nunca jogaram ovo em ninguém? Nunca atiraram pedra em protestos contra adversários? E Lula nunca ameaçou convocar o “exército do Stédile”, referindo-se a João Pedro Stédile, do MST? Então, é aquela velha história: pimenta nos olhos dos outros…
Se a campanha oficial nem começou e já chegamos à fase de ovadas e pedradas, o risco é a eleição sair do controle, estimulada pelo excesso de candidatos versus a falta de ideias e programas, pelos processos, condenações e salvos-condutos envolvendo um ex-presidente que é o líder das pesquisas.
 
Uma coisa não está clara, mesmo quando se lê o noticiário: quem são os que protestam contra Lula na Região Sul? Eles são vinculados a algum setor, igreja, movimento? E estavam ou não a serviço de uma outra candidatura e partido? Espontaneamente ou a soldo? Na versão de petistas, eles são da “extrema direita”. Apoiadores de Jair Bolsonaro, por exemplo? Uma coisa é protesto contra mensalão, petrolão, triplex, sítio… Outra é o surgimento de milícias movidas a ideologia que querem confronto e pavor. Ainda mais depois de Gleisi dizer que, “para prender o Lula, vai ter que matar gente”.Ela falou isso quando a condenação de Lula já conduzia à conclusão lógica – e jurídica – de que ele acabaria sendo efetivamente preso. Só não foi, [ainda]  frise-se, por um salvo-conduto do STF que contraria o próprio entendimento do STF autorizando a prisão após segunda instância.
 
Se um lado ameaça com cadáveres e esmurra repórteres, enquanto outro reage com ovos e pedras, será eleição ou guerra campal? (In)coerência. Os indignados com O Mecanismo, de José Padilha, são os mesmos que aplaudiram a cadeira “O Golpe de 2016”, na UnB, uma universidade pública. É a história da pimenta, de novo…
 

terça-feira, 27 de junho de 2017

Greve geral na sexta-feira ou bandidos obrigando trabalhadores a pararem?

Greve geral marcada para esta semana deve parar vários serviços no DF

[a exemplo do que se viu na última 'greve' - na realidade, um grupo de bandidos a serviço dos sindicatos (que não aceitam perder a mamata do imposto sindical) impediu o transporte coletivo de circular (no que contaram com a preciosa ajuda dos baderneiros também chamados de 'rodoviários') e impediu, até mesmo com agressões físicas, que trabalhadores que queriam trabalhar alcançassem seu intento e os contratantes de tais bandidos tiveram a ousadia de chamar conduta tão desprezível, verdadeiro boicote aos que pretendiam trabalhar,  de greve geral.]

Veja os serviços que devem parar em Brasília com a greve geral de sexta

Centrais sindicais de várias categorias já confirmaram a participação no movimento nacional contra as reformas da Previdência e Trabalhista, propostas pelo governo de Michel Temer [o Brasil dos que querem trabalhar, dos que estão a favor da ORDEM e PROGRESSO,  espera que o presidente Temer se antecipe e já na quinta-feira assine decretos de Garantia da Lei e da Ordem e coloque as Forças Armadas nas ruas de Brasília e principais capitais para manter a ordem e garantir o direito constitucional  de ir e vir.

UM LEMBRETE = 64 começou assim]

A segunda greve geral [???] nacional de 2017, programada para ocorrer na próxima sexta-feira (30/06), deve mobilizar trabalhadores de vários setores do Distrito Federal. Assim como na paralisação realizada em 28 de abril, as centrais sindicais das principais categorias já realizaram convocações de adesão ao movimento.



Os protestos serão direcionados contra às reformas da Previdência e trabalhista, propostas pelo presidente Michel Temer. Em Brasília, os atos devem ocorrer na Esplanada dos Ministérios, apesar de o Governo do Distrito Federal (GDF) dizer que não há previsão de manifestações no local e nem sobre a possibilidade de interrupção do trânsito na região.

A Polícia Civil não deverá aderir ao movimento. O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), recomendou que seus filiados permaneçam cumprindo as demandas, sem sair em viaturas com efetivo reduzido ou sem coletes balísticos. Todas as ocorrências serão registradas pela corporação. Segundo o Sinpol, a falta de efetivo, por si só, já tem reduzido, as investigações e as prisões de criminosos.



O Sindicato dos Trabalhadores em Atividades de Trânsito do Distrito Federal (Sindetran-DF), que atua pelos órgãos de fiscalização e policiamento de trânsito, também confirmou que não irá aderir à paralisação. Segundo Fábio Medeiros, presidente da categoria, o grupo se prepara para uma possível greve no segundo semestre, mas a movimentação de sexta-feira não foi aprovada.


Confira alguns setores que irão aderir ao movimento:

Transporte
 O Sindicato dos Metroviários (Sindmetro) já confirmou que irá paralisar as atividades por 24h. O Sindicatos dos Rodoviários também está convocando os trabalhadores da categoria para participar do movimento. [Sindicato dos Metroviários não sustenta greve e os baderneiros do sindicato dos baderneiros, também conhecidos por rodoviários, nunca perdem a oportunidade de uma bagunça.]


Bancários
 Através de um comunicado, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Brasília (SEEBB-DF) informou que irá aderir à greve. A categoria realizará uma assembleia na noite de hoje para ratificar a decisão. [só fazem greve por aumento salarial, o que costuma ocorrer em setembro.]


Professores

Segundo o diretor do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), Cláudio Antunes, não haverá aulas nas escolas públicas do Distrito Federal na sexta-feira. O sindicato tem mobilizado os professores a se reunirem pelo período da manhã, na Praça do Relógio, em Taguatinga, onde será realizado um ato em favor do movimento. Além das pautas nacionais, como o protesto contra as reformas trabalhistas e da Previdência, o Sinpro-DF defende mais investimentos para a educação. [os professores fazem greve pelo simples prazer de deixar os alunos sem aula; colocam na pauta outros motivos mas o que querem mesmo é aumento de salário - que aliás o petista Agnelo prometeu e não cumpriu.
Rollemberg vai ficar mais chateado especialmente agora que a 'lei pró gay' foi revogada pela bancada evangélica e ele ficou chupando um dedo.
Dizem que vão recorrer ao MP, recurso imbecil, já que o MP não tem poderes para obrigar os deputados a legislar ou não, o Poder Legislativo não pode ser pautado pelo Ministério Público.]


Saúde
A presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, confirmou a participação do sindicato na greve. Ela adiantou que o mapa da paralisação, que determinará o funcionamento dos hospitais da rede pública, será definido na tarde desta terça-feira (27/6). O presidente do SindMédico (Sindicato dos Médicos do Distrito Federal), Gutemberg Fialho, informou que haverá uma reunião também nesta terça-feira para definir se os médicos participarão da greve. [a incompetência do Rollemberg já acabou com a saúde pública no DF; falta funcionários, falta medicamentos, falta equipamentos, faltar mais alguns funcionários não fará diferença.]

Correios 

Os trabalhadores dos Correios também foram convocados para participar da greve. O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos (Sintec-DF) convocou uma assembleia na quinta-feira (29/6), às 18 horas, em frente ao edifício sede dos Correios, para deflagrar a paralisação. [os serviços prestados pelos Correios perderam importância, com as novas tecnologias, e seus funcionários estão mais preocupados é em conseguir se aposentar, ainda que parcialmente, com o POSTALIS, que a exemplo de outros Fundos de Pensão, foi roubado nos governos Lula e Dilma.]


CEB e Caesb

O Sindicato dos Urbanitários convocou os trabalhadores da CEB para definir se a categoria irá aderir ao movimento. A definição ocorrerá em reunião que será realizada às 9h desta quarta-feira (28/6). O Sindágua, que atua pelos trabalhadores da Caesb, também realizará assembléia às 8h30 desta quinta-feira (29/6) para deliberar sobre o indicativo de greve da categoria. [não haverá paralisação de importância; a preocupação na CEB e CAESB é mais por parte da alta direção, com o risco da extinção dos supersalários.
Os peixes miúdos querem mesmo é preservar o emprego e o elevado índice de terceirização garante o funcionamento dos serviços de emergência.]


UnB

Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília confirmou, em reunião realizada na última terça-feira (20/6), que os trabalhadores da categoria também irão participar da greve geral de sexta-feira (30/6). [a UnB sempre tem setores em greve; um aumento da paralisação não causará não vai melhorar nem piorar nada.]

Assistência Social 

O Sindicato dos Servidores da Assistencia Social e Cultural do GDF (Sindsasc-DF) também convocou os servidores da categoria para aderir à greve geral. O sindicato representa órgãos como a Secretaria Adjunta de Desenvolvimento Social. [cada dia parado represente menor despesa para a sociedade.]
Judiciário e MPU
Em assembléia realizada na tarde de segunda-feira (26/6), o Sindjus confirmou que a categoria decidiu por unanimidade pela adesão à greve. Em nota, o sindicato informou que os servidores do poder judiciário e do MPU irão realizar um ato na Praça dos Três Poderes em defesa da justiça do trabalho e eleitoral. [será uma paralisação realizada na véspera do inicio do recesso do Poder Judiciário; não será sequer percebida, tendo em conta que alguns 'gatos pingados' irão ao tal ato - o Sindjus está desprestigiado para convocar qualquer coisa.]


 Fonte: Correio Braziliense

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Opositores ao Governo Militar eram movidos a maconha

"Baseado" acabou com grupo de resistência que lutava contra ditadura no DF

De acordo com os documentos, os militantes foram encarcerados em unidades policiais distintas e todos sofreram algum tipo de tortura

A prisão por porte de maconha na Asa Sul levou ao desmantelamento de uma das células de grupos de esquerda que lutavam contra a ditadura militar no Brasil. A partir de uma usuária flagrada com um “baseado”, agentes da repressão chegaram aos endereços dos “inimigos” e prenderam 20 pessoas no Plano Piloto sob a acusação de integrar o que denominaram Grupo Caratinga. Encarcerados em unidades policiais distintas, todos sofreram algum tipo de tortura. Inclusive quem não teve relação comprovada com a resistência.

A ação contra o Grupo Caratinga ocorreu em 1973, mas só agora, 44 anos depois, é possível saber os detalhes da investigação. Elaborado pelo Exército, o dossiê confidencial faz parte do acervo de documentos da SSP-DF que teve o sigilo quebrado na semana passada. Compartilhado com 18 órgãos de segurança, incluindo o Serviço de Inteligência da PMDF, o dossiê concluído em 10 de setembro de 1973 identifica o trabalho como “Infiltração subversiva no meio universitário em Brasília”.

O documento mostra os passos dos investigadores até a queda do grupo. O batismo da ação se deu em função de sete integrantes terem nascido em Caratinga (MG). Eles foram presos por militares na terra natal, em Vitória (ES) e em Brasília. E quem estava com eles no momento acabou levado e mantido encarcerado, por semanas, sem acusação formal e sem a família sequer ser comunicada.

A derrocada do Grupo Caratinga no DF começou em 15 de junho de 1973, quando policiais federais flagraram uma menina fumando maconha embaixo do Bloco F da 409 Sul. Obrigada a subir ao apartamento, acabou revelando alguns segredos da resistência. Com mandado de busca e apreensão, os agentes vasculharam o imóvel e encontraram “material subversivo remetido do exterior (Suécia) por Marcos Santilli, filho de deputado federal Santilli Sobrinho (MDB-SP)”.

Por isso, os federais prenderam quatro pessoas no apartamento e uma quinta na entrada do prédio. Todas moravam em endereços diferentes no Plano Piloto. Os agentes concluíram que o apartamento do Bloco F da 409 Sul era o ponto de encontro do “grupo subversivo”. Após arrancar informações de alguns presos, outra equipe foi mandada ao Bloco F da 408 Sul, pertencente a um dos detidos na 409. Agentes do DOI-CODI monitoraram o imóvel do Bloco F da 408 Sul de 16 a 18 de junho de 1973.

Torturas
Os suspeitos foram levados à carceragem da Superintendência da PF, em Brasília. Após os primeiros depoimentos, uma equipe do serviço secreto do Exército deu continuidade à operação do DOI-CODI. Meses depois da investida nas quadras 408 e 409, o Bloco I da 312 Norte amanheceu cercado em uma sexta-feira de agosto de 1973. Agentes prenderam seis suspeitos. No mesmo momento, outras ações ocorriam no Plano Piloto, com mais quatro detidos. A partir de então, os 20 presos no segundo semestre de 1973, em Brasília, acusados de envolvimento com o Grupo Caratinga, foram fichados e torturados. Familiares de alguns os deram como desaparecidos, pois não sabiam das prisões.

Após as operações, estavam nas mãos dos agentes da ditadura os sete que os militares acreditavam ser integrantes da cúpula do Grupo Caratinga. São eles: Gustavo do Vale, José Lourenço Cindra, Maria das Graças de Sena, Miriam Leitão, Romário César Schettino, Valtair Almeida e Selma Sena. “Era fim de tarde. Eu saía do Banco Central, onde trabalhava. Quando cheguei perto do meu Fusca, fui cercado por policiais armados até os dentes. Arrancaram os meus óculos, cobriram a minha cabeça com um capuz preto e me jogaram no chão do Fusca, entre os bancos. Alguém assumiu a direção e fui parar onde suponho ser o subsolo do Ministério do Exército, na Esplanada. Fiquei desaparecido por 25 dias”, lembra o ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas do DF Romário Schettino, à época estudante de história da UnB.

Nos porões da ditadura, ele enfrentou 10 dias de interrogatório sob extrema violência para que revelasse a relação com os colegas de república — ele dividia o imóvel do Bloco I da 312 Norte com outros jovens. Depois, o transferiram para uma cela, no Setor Militar Urbano (SMU), onde ficou 15 dias. “Tive uma forte dor nos rins. Gritava e ninguém aparecia. Até outros presos mandarem gritar mais alto. Enchia os pulmões e gritava. Veio um médico militar e aplicou uma injeção de Buscopan”, conta.

O fim do cárcere e da tortura ocorreu de forma semelhante à captura. Com um capuz preto, agentes colocaram o jornalista em um carro e o abandonaram em um matagal, no fim da Asa Norte. Os militares devolveram o Fusca. Até hoje Romário não sabe quem foram seus algozes. Antes de ser liberado, foi advertido de que deveria deixar Brasília. Ele perdeu o emprego no banco, vaga conquistada com concurso público. Partiu para o exílio na França, onde morou um ano e meio. Também passou seis meses na Alemanha. Quando voltou ao Brasil, o general Ernesto Geisel iniciava um processo de abrandamento das atrocidades cometidas contra setores da população. “Voltei para a UnB, mas no curso de jornalismo. Durante muito tempo tive pesadelos. Acordava molhado de suor. Vivia com a sensação de ser perseguido.”

Absolvidos
Jornalista do grupo Globo, Miriam Leitão não é citada no dossiê do Grupo Caratinga produzido por militares do DF e disponíveis no Arquivo Público local. Mas era uma das integrantes e também acabou presa na manhã de 3 de dezembro de 1972, um ano antes do desmantelamento do grupo. Ela e o companheiro à época, Marcelo Netto, estudante de medicina, moravam em uma favela de Vitória (ES), o Morro da Fonte Grande. O casal era filiado ao PCdoB. Foram detidos no centro da cidade, a caminho da praia, e levados ao quartel do 38º Batalhão de Infantaria do Exército.

Miriam levou mais de 40 anos para revelar em detalhes as torturas sofridas. Em 2014, ela fez o relato ao Observatório da Imprensa. Então com 19 anos e grávida, Miriam ficou trancada nua em um cômodo, tendo uma cobra como companhia e ameaça. Em 2 meses de prisão, chegou aos 39kg, 11 a menos do que quando chegou. Marcelo passou nove meses em uma solitária.

Os dois e outros presos se encontraram em junho de 1973, na 2ª Auditoria da Aeronáutica, para o que os militares chamavam de sumário de culpa, o único momento em que o réu falava. Miriam estava no sétimo mês de gravidez. O processo, que envolvia 28 pessoas, a maioria jovens, os acusava de tentativa de organizar o PCdoB no Espírito Santo, de aliciamento de estudantes, panfletagem e pichações. No fim, Miriam e a maioria conseguiram absolvição.

Marcelo foi condenado a 1 ano de cadeia e acabou expulso do curso de medicina. Solto, virou jornalista. Outro integrante do Grupo de Caratinga, Gustavo do Vale também perdeu o curso de medicina. Ficou mais de um ano preso. Quando ganhou a liberdade, teve de ficar por três anos parado, sem poder dar continuidade aos estudos, devido a uma das normas da mais pesada lei da ditadura, o AI-5.


Fonte: Correio Braziliense
 

 

sexta-feira, 10 de junho de 2016

A barbárie socialista na Universidade de Brasília


“Nossa paciência conquistará mais do que nossa força”
Edmund Burke

É bastante alardeado por grupos de esquerda, dos moderados aos radicais, que a universidade brasileira deve ser um espaço democrático e plural. Esses grupos denunciam, a torto e a direito, o que chamam de ataques às minorias. Dizem defender o debate franco, a diversidade e o pluralismo. Tudo muito bonito… mas falso. No dia 7 de junho de 2016, terça-feira, participei de um ato do Movimento Reação Universitária (MRU) na Universidade de Brasília (UnB).

VÍDEO: Estudantes brigam na UnB


Estudo naquela instituição e faço parte do MRU, que congrega estudantes conservadores e liberais que querem exercer sua liberdade de expressão sem medo de agressões covardes. A principal pauta de nossa manifestação pacífica — que, aliás, foi avisada à Reitoria da UnB antes de ocorrer — eram as paralisações que alguns grupos de estudantes e professores querem promover “contra o golpe”. Reunimos cerca de 30 alunos no prédio principal do Campus Darcy Ribeiro, o Instituto Central de Ciências (ICC), na entrada da ala norte. Chegamos um pouco antes do meio-dia, horário marcado para começar nosso ato, para confeccionar alguns cartazes e dar início a tudo.

Pouco depois do meio-dia, grupos de duas outras manifestações, que começaram em outros pontos do ICC, caminharam até onde estávamos e se juntaram com um único objetivo: nos hostilizar. Eram cerca de 150 pessoas — cinco vezes mais do que nós. Ali onde estávamos, experimentamos, por longos minutos, o grau de tolerância da esquerda universitária: nos xingaram de fascistas, racistas, machistas e homofóbicos; nos empurraram, apontaram dedos em nossos rostos e nos cuspiram; arrancaram cartazes das mãos de algumas meninas que protestavam junto conosco; lançaram tinta vermelha contra nós. Tudo isso aos berros, e embalado por palavras de ordem deste tipo:
"É NO FUZIL
É NA PEIXEIRA
NA UNB A JUVENTUDE É GUERRILHEIRA"


Ouvimos que não pertencíamos à UnB. Acusaram-nos de sermos assassinos. Chegamos a ouvir que, se eles pudessem, teriam nos matado. E tudo isso sob o olhar passivo do corpo de segurança da universidade. Em dado momento, um simpatizante da nossa manifestação, que estava no mezanino da área onde éramos hostilizados, desfraldou uma bandeira do Brasil Império. 

Membros da horda que nos intimidava correram até ele e tentaram arrancar-lhe a bandeira. O vídeo do ocorrido já está sendo amplamente divulgado. (N.doE.: O vídeo acima.) O rapaz tomou dois socos tão fortes que seus óculos arrebentaram no rosto. Uma equipe da UnB TV tentou nos entrevistar, mas fomos ainda mais hostilizados. Ficou claro que o corpo de segurança da universidade nada faria para impedir que mais violência fosse cometida. Assim, decidimos abandonar o espaço por volta das 13h30.

Todas essas agressões foram registradas em foto e vídeo. Tudo relatado aqui traduz fielmente o que aconteceu naquele dia, onde, por quase uma hora e meia, experimentamos o autoritarismo e a barbárie dos grupos ideológicos que, formados por alunos e incitados por professores e partidos políticos, instauraram na UnB um clima de terror ideológico. Se há alguma dúvida de que o patrulhamento político e a doutrinação ideológica são a base do cotidiano acadêmico na UnB, já não resta mais dúvida alguma.

A Universidade de Brasília também é nossa. A liberdade de expressão é um direito sagrado de todos, e reconhecido como tal pela Constituição Federal. Mas não há liberdade de agressão, e nenhuma das agressões que sofremos (e registramos) ficará impune. A violência que sofremos não nos esmorece: nos  fortalece. E, diante de tudo, garantimos uma coisa: nós chegamos para ficar.
Não parar.
Não precipitar.
Não retroceder.


https:
//medium.com/@felipeoamelo