Não
é boa política brigar com estudantes, principalmente secundaristas.
Nunca foi. O erro político —tanto do presidente da República quanto do
ministro da Educação — de preferir viés ideológico a argumentos técnicos
para justificar cortes no orçamento de universidades e institutos
federais rendeu onda de protestos tão precoce quanto volumosa contra uma
gestão que não completou cinco meses. Não à toa, o movimento tomou as
redes sociais pela hashtag #tsunami da educação. [antes mesmo das duas letrinhas e de um número mágico que surgiram em 68 - AI 5 - a polícia já havia acabado com uma suposta impunidade ... imunidade territorial que os universitários entendiam existir e que os leva a entenderem que a polícia não podia entra no campus - no caso o da UnB.
A suposta imunidade evaporou, o que mais se via era a polícia no campus, estudantes em fila, mãos cruzadas na nuca - tanto em Brasília, quanto no Rio e outras cidades.
Os secundaristas também foram domados. Nada impede que, se necessário, a história se repita.
A suposta 'multidão' que participou dos protestos tem consistência - seja moral, ideológica, etc].
São, como bem definiu o presidente Jair Bolsonaro, 'idiotas úteis', que servem de massa de manobra para uma corja de espertalhões, que desesperados por ver que a cada dia a esquerda mingua, tentam encher a rua de estudantes.
Nada séria e que merece atenção especial. Na hora conveniente, voltaram para o curral.]
Tão habituados a usar tendências demográficas
para explicara necessidade de reformar a Previdência, os cérebros do
governo Jair Bolso na rode veriam ter consultado a pirâmide etária
também para antever o 15 de maio. As projeções de população do IBGE
sugerem que, neste 2019, há 50,4 milhões de brasileiros com idade entre
15 e 29 anos. Eles representam um em cada quatro habitantes. Os gestores
de um país que atravessa o pico da população juvenil não podem se dar
ao luxo de depreciar o grupo.
Na falta de estatísticas, uma passada olhos
nos livros de História ou nos arquivos de notícias tampouco faria mal.
Destratar estudantes nunca rendeu bons dividendos. Em março de 1968, o
assassinato do secundarista Edson Luís de Lima Souto por policiais
militares que invadiram o restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro,
resultou numa onda de protestos que abalou o regime militar. [o coitado do estudante foi um inocente útil que forneceu o cadáver que a esquerda queria;
digamos que ocorreu uma leve sacudida na estrutura do governo e que em dezembro do mesmo ano, com o surgimento das letrinhas citadas no inicio, as sacudidas cessaram e a esquerda foi sufocada.] No dia do
sepultamento, a cidade parou diante de atos e faixas que denunciavam:
“Mataram um estudante. E se fosse seu filho?”. Cinemas da Cinelândia
amanheceram com letreiros dos filmes “A noite dos generais”, “À queima
roupa” e “Coração de luto”. São Paulo também marchou. A onda de
manifestações atormentou a ditadura, que respondeu com o AI-5, marco dos
anos de chumbo.
Já no período de redemocratização, o
impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992, deve muito ao
movimento dos caras pintadas, jovens estudantes que saíram às ruas para
protestar contra o então presidente com os rostos riscados por tintas
preta, verde e amarela. O lema era Fora Collor. A tensão política que
culminou coma saída de Dilma Rousseff da Presidência, em 2016, começou
três anos antes, com manifestações de jovens, primeiro, contra o aumento
das passagens de ônibus; depois, contra-tudo-que-ali-estava. No Rio, a
mobilização deu na saída antecipada de Sérgio Cabral do Palácio
Guanabara, que cedeu a cadeira a Luiz Fernando Pezão, reeleito na
sequência, em 2014.
O rol de episódios sugere que estudantes despertam empatia. Não é por acaso que nos
lembramos de Alex Schomaker Bastos, estudante de Biologia da UFRJ, morto
aos 23 anos com sete tiros durante um assalto em frente ao campus da
universidade na Praia Vermelha, em 2015. E de Maria Eduarda Alves
Ferreira, a estudante de 13, baleada e morta por um PM dentro da escola,
em Acari, em 2017. E de Marcos Vinícius da Silva, de 14, assassinado a
caminho do colégio, na Maré, no ano passado. Nada mais triste que
tragédias com estudantes. [lembrar dos que morreram é normal e até mesmo desejado.
Também lamentar, especialmente quando são vitimas de fatalidades - os três casos citados.
Lembrar dos mortos em um gesto de humanidade é um DEVER e não significa convalidar quando os estudantes perturbam a ordem pública.]
A faixa etária, 2013 já ensinou, é a menos
contemplada com políticas públicas. O Bolsa Família vai até 17 anos
—recentemente, o ministro Osmar Terra, da Cidadania, anunciou um
bem-vindo, porém insuficiente, pagamento extra de R$ 48 a famílias com
jovens de 18 a 29 anos matriculados em cursos técnicos ou à frente de
negócios. Famílias brasileiras já incorporaram a educação como valor e
meio de entrar no mercado de trabalho e ascender socialmente. É natural
que se sensibilizem quando estudantes lideram manifestações contra corte
de verba na educação.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(IBGE 2017) mostrou que 87% dos adolescentes de 15 a 17 anos estão
matriculados; na faixa de 18 a 24, 31,7%. A despeito dos fenômenos da
evasão e dos nem-nem (aqueles que nem estudam nem trabalham), há um
contingente expressivo ligado a instituições de ensino, mais de 80% na
rede pública. É grave erro político tratar de
contingenciamento de recursos via depreciação de alunos e professores
por rancor pessoal e perseguição política, como fizeram Abraham
Weintraub e Jair Bolsonaro. [o contingenciamento é normal em época de escassez de recursos, caso da crise econômica que o Brasil atravessa;
por excesso de falta de bom senso é que o genial Weintraub, tentou apresentar uma situação que atingiu até o Ministério da Defesa em punição para três universidades, entre elas a de Brasília, que antes de Bolsonaro já vivia uma situação caótica e de conivência com a desordem e baderna.]
Se há incapacidade em Matemática e Química
dos estudantes, como afirmou o presidente, o antídoto é priorizar e
aumentar a eficiência dos gastos em educação, não aplicar uma tesourada
ideológica em universidades federais e instituições como o secular
Colégio Pedro II.
A resposta de estudantes, pais e professores
começou com uma marcha modesta até o Colégio Militar, no Rio, onde
Bolsonaro participava de cerimônia dez dias atrás. Acabou em protestos
caudalosos em duas centenas de cidades, aí incluídas todas as capitais,
no #15M. Se o governo não acertar o passo, sabe-se lá onde essa
caminhada vai parar. [a caminhada vai até onde o Governo permitir.]