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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Onda menos letal? - Alon Feuerwerker

Análise Política

Fernando Canzian, da Folha de S. Paulo, fez um levantamento interessante sobre o já conhecido certo descolamento entre as curvas de casos e mortes na "segunda onda" europeia de contaminação pelo SARS-CoV-2 (leia). E esse descolamento é mais pronunciado nas regiões mais duramente atingidas na primeira onda da Covid-19. E quais seriam as explicações?

Há várias hipóteses. Uma é a possibilidade de a população mais fragilizada ter sido mais vitimada na primeira onda. Outra é a possibilidade de o vírus sofrer uma mutação adaptativa que o torna menos letal, preservando o hospedeiro sem o qual o vírus não consegue se reproduzir. 

Outra ainda é a hipótese de cargas virais menores, atenuadas por exemplo pelo uso de máscaras, produzirem alguma imunidade. O certo é que a ciência está aprendendo a pilotar o avião em pleno voo, algo aliás absolutamente razoável no caso de um vírus novo. Nem seria justo esperar algo diferente. [Em face de que tudo no coronavírus é teoria, temos a nossa que é o alcance da imunidade de rebanho;

quanto esta é alcançada, a tendência é a queda da capacidade de contágio e do índice de letalidade. Oportuno lembrar que a capacidade de contágio do coronavírus é menor do que a gripe tradicional = a 'gripezinha' que nos acomete desde a infância.]

Resta torcer para que o conhecimento avance numa velocidade superior ao estrago provocado pelo novo coronavírus.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político



sábado, 17 de outubro de 2020

Os acusados são soltos quando deveriam estar presos

 Os acusados são soltos quando deveriam estar presos; e são presos, a depender do caso, quando melhor seria que estivessem soltos

Carta ao Leitor: O paradoxo brasileiro - Transcrito da Revista VEJA

FÁBRICA DE CRIMINOSOS - A população carcerária e “Marlboro”: de ladrão de galinhas a líder do PCC - Gláucio Dettmar/cnj; Reprodução/.

No mundo da aviação, sabe-se que, por trás de todo acidente aéreo, há uma sequência de erros que explica o triste episódio. Quase sempre é uma sinistra combinação de falhas humanas com as de equipamentos. Se nem todos esses equívocos tivessem acontecido simultaneamente, a catástrofe seria evitada e as vidas que se perderam com a queda da aeronave poderiam ser preservadas. Guardadas todas as proporções, a libertação do traficante André do Rap tem semelhanças com a soma de imperfeições que leva um avião a se destroçar em solo. Membro graduado de uma das facções mais perigosas do Brasil, o criminoso se beneficiou de uma sucessão de desacertos, que inclui a perda de prazo para a prorrogação de sua prisão, passa pelo mau funcionamento dos sistemas do STF e culmina em uma tentativa inoportuna do ministro Marco Aurélio Mello de marcar posição. Uma diferença de apenas algumas horas e o delinquente ainda estaria na cadeia, lugar apropriado para quem desempenha sua atividade.

Mas além das falhas e brechas que permitiram a libertação de um malfeitor de alta periculosidade, a trajetória de André do Rap revela, numa perspectiva mais profunda, um outro mal que põe em risco a segurança dos cidadãos brasileiros: as engrenagens que abastecem as fileiras do PCC, a maior e mais ameaçadora facção criminosa do país. Aos 19 anos, ele foi preso pela primeira vez com trinta papelotes de cocaína, em Santos. Não portava armas nem tinha antecedentes criminais, mas, como estava acompanhado de um comparsa de 17 anos, recebeu um agravamento de pena por corrupção de menores, sendo levado para o Carandiru, o famoso presídio paulista extinto em 2002. Começava ali mais uma carreira no mundo do crime. Considerado inteligente e educado pelos colegas, André acabou sendo recrutado pelo PCC em troca de segurança na penitenciária. Fora dela, pagou sua dívida com a organização transformando-se em um de seus líderes.

Assim como aconteceu com André do Rap, a superpopulação carcerária brasileira, a terceira maior do planeta, com mais de 750000 presos, tem sido base fértil para o recrutamento feito por organizações criminosas. Alguns entram no sistema por delitos banais e, uma vez aliciados por esses grupos, tornam-se bandidos de alto calibre. Um exemplo é o de Edson Chaves de Brito, o Marlboro. Em 2005, foi detido por furtar seis carneiros e algumas galinhas em Mato Grosso do Sul. Hoje, é um dos principais membros do bando, condenado a 22 anos de pena por tráfico de drogas e roubo de estabelecimentos comerciais. Nesta edição, VEJA faz um mergulho no tema mostrando todo o panorama dessa complicada equação, que precisa ser desmontada urgentemente. Eis o resumo do paradoxo brasileiro: os acusados são soltos quando deveriam estar presos; e são presos, a depender do caso, quando melhor seria que estivessem soltos. Enquanto essa sequência de erros não for interrompida, as tragédias se repetirão.

Publicado em VEJA, edição nº 2709 de 21 de outubro de 2020

 

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Truque renovado - Alon Feuerwerker

Análise Politica


O exercício do poder recomenda instalar fusíveis que possam ser descartados quando alguma coisa dá errado. Para preservar o comando central, e o próprio comandante. Na pandemia da Covid-19 Jair Bolsonaro ficou sem fusível para queimar. Não seria melhor para ele se hoje um ainda ministro Luiz Henrique Mandetta tivesse de responder pelos trágicos números?  Exercer e exibir poder pode ser prazeroso, mas traz custo. Aliás os maiores obstáculos e armadilhas enfrentados pelo presidente têm resultado quase sempre das decisões dele mesmo. [se o presidente Bolsonaro parar de agir de forma precipitada, a oposição se acaba e governará em céu de brigadeiro - o 'primeiro-ministro' se recolherá, os juristas que vêem inconstitucionalidade em tudo  que o presidente diz e pensa ficarão  quietos, mudos e os aplausos ao primeiro mandatário serão de toda a platéia.
A oposição no Brasil é tão incompetente, tão insignificante que Bolsonaro tem que fazer oposição a ele mesmo - e aí, vez ou outra exagera.
Só que sua natureza autoritária e seu estilo disciplinador o levam a precipitações.] Foi Bolsonaro quem decidiu chamar Sergio Moro para o ministério. Tivesse ficado em Curitiba, o ainda juiz estaria dando dor de cabeça só aos adversários do ocupante do Planalto.

Foi também Bolsonaro quem na formação do governo resolveu dar ouvidos ao canto de sereia da dita nova política. Fazer média com o eleitor-torcedor intoxicado pela antipolítica. Agora tem de consertar o avião em voo, trazendo de forma meio atabalhoada uma base capaz de evitar na Câmara dos Deputados o impeachment, ou a autorização para o processo no Supremo Tribunal Federal. Mas Bolsonaro também foi prudente, pelo menos num caso. Quando decidiu ignorar a eleição interna da corporação e nomeou um de fora da lista tríplice para procurador-geral da República. Como estaria o morador do Alvorada se o comando da PGR estivesse, como inaugurado pelo PT, sob controle da guilda dos procuradores? O risco persiste, claro, mas menor. [Optou por um sem vínculos nem com a guilda nem com o presidente = independência total; 
e nenhuma autoridade independente processará o presidente Bolsonaro, não realizará nem permitirá que interpretações criativas.]

Outra coisa arriscada: montar governo excessivamente com base em afinidade ideológica. O senso comum diz que os ideologicamente alinhados serão aliados mais fiéis. Quando o amor acaba, costuma ser o contrário. Os mais próximos no critério ideológico revelam-se os adversários mais ferozes. Desde Caim e Abel sabe-se: ódio entre irmãos é letal.
Eis minha engenharia da obra feita.

Mas talvez o principal problema do presidente resulte de um equívoco analítico: o erro na análise da conjuntura, da disposição das forças. Na identificação do inimigo mais perigoso. Enquanto Bolsonaro se dedica a infernizar a esquerda, quem lidera a operação de cerco e (tentativa de) aniquilamento contra ele são a direita e o dito centro atropelados na eleição presidencial de 2018. A esquerda está fora da linha de sucessão. E o objetivo das diversas frações dela é ganhar a eleição de 2022 surfando no desgaste do bolsonarismo. A alternativa seria confiar na tempestade perfeita em que 
1) o Tribunal Superior Eleitoral cassa a chapa Bolsonaro-Mourão, 
2) o STF referenda e 
3) no processo de liquidação do atual governo forma-se uma maioria eleitoral de esquerda. [Não é chute e sim convicção: a hipótese 1 não se realizará.
Bolsonaro está aprendendo e ainda há tempo para assumir o comando e o bolsonarismo se consolidará com BOLSONARO.]

Para a turma que pende à direita o caminho parece menos pedregoso. Poderiam por exemplo trabalhar mais firmemente o impeachment e a proposta de um governo de “união nacional” em torno do vice. Uma dificuldade dessa saída é Hamilton Mourão não parecer disposto a conspirar contra o chefe.
Diferente de recentes situações.
E tem sempre a alternativa do TSE, seguida do renovado truque de tentar a união em torno de um bolsonarismo sem Bolsonaro.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político - Análise Política




segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

O MUNDO SEGUNDO GRETA

Confesso-me impressionado com o poder da máquina publicitária montada em torno do ambientalismo. De repente, como se tivessem recebido uma revelação espiritual, pessoas de quem se espera discernimento reverenciam uma adolescente de 16 anos que fala sobre um apocalíptico fim do mundo. Com frêmitos de ira, chicoteia supostos vendilhões do planeta expulsando do templo da mãe terra qualquer um que ouse acender um lampião de querosene. [16 anos por ser a idade dedicada aos estudos, destacamos o único mérito da 'ativista': GAZETEAR aulas, a pretexto de protestas contra as agressões ao meio ambiente - na frente do parlamento sueco.
O destino dessa pirralha é logo ser esquecida, com a mesma rapidez que os misteriosos vazamentos de óleo nas costas brasileiras saíram do foco.
Nada contra a Suécia ou os suecos - foram excelentes anfitriões da Copa do Mundo de 58, época em que o Brasil tinha uma seleção, cujos integrantes eram selecionados por serem os melhores no futebol, hoje são selecionados os mais caros e os que dão vexame.] 

Ela mesma, para dar exemplo, perdeu 21 dias de aula viajando de Lisboa a Nova Iorque a bordo de um veleiro. Verdadeira multidão de repórteres a aguardava. Parecia uma tribo de selvagens de i-phone recebendo a visita de uma navegadora vinda do passado. Com Greta, chegava a redenção daquela turma motorizada. Com ela, retomavam-se as Grandes Navegações e os sete mares se fariam coloridos pelos velames da nova versão pop da marinha mercante. Milhões de toneladas de alimentos embarcadas em tonéis. Uma nova logística para a humanidade. Aleluia!
“How dare you!”. Essa expressão – “Como vocês se atrevem!” – saída da boca de uma adolescente, impressionou o mundo mesmo que não esteja muito claro de onde lhe vêm as credenciais se não do discurso decorado. O mundo é muito impressionável. Greta tem uma autoridade autorreferida, produto de um pânico implantado, endossado por uma mídia pronta para abraçar qualquer tese que sirva aos grandes negócios da agenda ambientalista e/ou aos interesses políticos da esquerda. A inimizade dessa imprensa com o progresso, com o desenvolvimento econômico e com a geração de empregos é mais do que declarada. Contudo, na ausência da trinca – progresso, desenvolvimento e empregos –, sobrevêm miséria e fome. [dizem que a ABORRESCENTE foi indicada para o Nobel da Paz - o presidiário Lula, temporariamente em prisão domiciliar, também foi, Raoni - o índio que não sabe andar na selva - também foi.
Com tais indicações, que valor resta ao Nobel da Paz?]

Com efeito, miséria e fome são males que frequentam o fim da estrada para as dezenas de experiências esquerdistas ao longo de um século inteiro. E eu não vejo como não esperar por ambos num cenário econômico movido a vento, onde os aeroportos (1), politicamente incorretos, todos, precisam esvaziar-se. O aplaudido antagonismo com a livre iniciativa deveria disparar, isto sim, um sinal de alerta, em direção inversa, a toda a humanidade. O ser humano não é ecológico. Nem os índios o são plenamente. Ao contrário da exclamação de Greta, nós é que deveríamos interpelar seus apoiadores: “How dare you!”. Não a utilizem para tais fins!

Muito mais realista do que o discurso que lhe ensinaram, longe do qual, sem a prévia redação ela já deu sinal de ficar sem conteúdo, é saber que os próprios navios da ONG Greenpeace se movem a óleo diesel e que, portanto, essa histeria contra combustíveis fósseis tem boa dose de hipocrisia. Faz o que eu digo, não faz o que eu faço.

Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.

(1) Há, na Suécia, um movimento com o intuito de criar constrangimento ético a quem viaja de avião. Chama-se “Vergonha de voar” (em sueco flygskam)...


sábado, 28 de setembro de 2019

Filho de Teori sobre Janot: 'Ainda querem me convencer que avião caiu por acidente' - O Globo



Marta Szpacenkopf
Francisco Zavascki, filho de Teori, se manifestou em seu Facebook após Rodrigo Janot revelar os planos para matar Gilmar Mendes:  — O ex-Procurador Geral da República abertamente admitindo que queria matar um Ministro do STF e ainda tem gente querendo me convencer que o avião caiu por acidente!

Teori Zavascki, então relator da Lava-Jato no STF, morreu em janeiro de 2017 num acidente de avião na região do litoral de Paraty (RJ).
Reprodução


Lauro Jardim, Coluna O Globo

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Por que você odeia pagar pela bagagem?

Não é apenas pelo valor. A sensação de perder algo que sempre foi de graça faz você rejeitar a cobrança, mesmo se estiver ganhando

O veto recente do presidente Jair Bolsonaro à franquia, nos voos domésticos, de bagagem de até 23 quilos certamente desagrada a muitos passageiros. Ninguém gosta de jogar dinheiro fora. Mas a bagagem não era e nem nunca foi gratuita. Sem a cobrança, todas as pessoas, que usavam ou não, eram obrigadas a pagar pelo serviço, com o custo repassado às passagens.

Ninguém vai a um restaurante esperando ser cobrado pelo vinho, beba ou não. Por que com a bagagem os passageiros pensam diferente? Existe uma razão comportamental. Por muito tempo as pessoas pagavam mais caro pela passagem, com direito a refeição, mais espaço entre as poltronas etc. Com todos esses confortos incluídos em um valor único, não havia tanta reclamação. Mas quando algo que parecia de graça passou a ser cobrado, as pessoas sentiram que houve uma perda.

Somos mais sensíveis a perder R$ 50 do que ganhar R$ 50, explica a Teoria da Perspectiva, de Daniel Kahneman, ganhador do Nobel de Economia, e o colega Amos Tverski. Não houve reclamações quando as companhias passaram a vender pacotes de Wi-Fi a bordo, pois era um serviço novo. Ninguém contesta também que viajar com mais conforto na primeira classe custe mais. Se esses luxos se tornassem gratuitos de repente, certamente ficaríamos felizes.

Mas a dor de ficar sem algo que tínhamos provoca reações mais intensas do que ganhar, explicam os dois psicólogos em artigo de 1979. Rejeitamos mais a mudança se achamos que perdemos. A venda de passagens, além disso, nos força a decidir cada aquisição. Mais espaço para as pernas? Lanche a bordo? Sentar perto da janela? Cada escolha ativa a sensação de estar gastando. Para o economista Scott Shane, as empresas aéreas também colaboram com esse sentimento quando anunciam que passarão a cobrar por algo que era de graça. Em um post em seu site pessoal, Shane, que também é professor na Universidade Case Western Reserve, diz que uma opção mais inteligente teria sido manter uma passagem mais cara com todos os serviços, mas oferecer a opção de desistir de alguns gastos.

Ao abrir mão de pagar pela comida em um voo de curta duração, do despacho da bagagem ou outro serviço, a tendência é se sentir mais economizando do que perdendo, explica Shane. Mas as empresas aéreas também defenderiam melhor os seus interesses, e com uma imagem mais simpática, se mostrassem aos passageiros que não apenas estão pagando a mais: a cobrança permite, por exemplo, embarcar e voar mais rápido.

Existe um ganho de tempo para todo mundo na cobrança do despacho de bagagens, indica um estudo de 2016. Quando as grandes empresas americanas começaram a cobrança, a Southwest resistiu, mantendo o despacho gratuito. Isso permitiu a Mariana Nicolae, Mazhar Arıkan, Vinayak Deshpande e Mark Ferguson, quatro professores da Universidade do Kansas, comparar como a tarifa influenciou o comportamento dos passageiros.  Em nove milhões de voos analisados, de 2007 a 2009, as pessoas passaram a carregar menos bagagem para não pagar os US$ 20 cobrados, em média, pelas empresas. Com menos volumes a embarcar, os aviões decolaram entre três e quatro minutos mais cedo. Todo mundo chegou mais rápido ao destino.

Dependendo do destino, o brasileiro paga muito pela passagem de avião. É natural que novas cobranças levem a reclamações. Mas nossa reação, muitas vezes, é irracional. A solução não virá impedindo as empresas de buscarem a saúde financeira, mas de mais competição. Se tivéssemos um mercado com muitas empresas, haveria mais ganhos nas tarifas para os passageiros. E em algumas a passagens.


Samy Dana - O Globo
 

segunda-feira, 24 de junho de 2019

O império de 100 milhões de João de Deus

ISTOÉ destrinchou o fabuloso patrimônio do médium acusado de abuso sexual e lavagem de dinheiro. São 90 imóveis em seu nome e no da mulher, além de fazendas, avião e aplicações financeiras de R$ 35 milhões

Preso desde dezembro do ano passado, o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, afirmou em um de seus primeiros depoimentos que não sabia precisar a quantidade de bens que havia acumulado. Disse que tinha dezenas de carros e casas. Mas nunca deu números concretos. Os investigadores da força-tarefa responsáveis pelo caso que abalou o espiritismo brasileiro descobriram que ele movimentou, somente em suas contas bancárias, mais de R$ 100 milhões, mas o seu patrimônio pode chegar ao triplo disso: em seu nome, e de testas de ferro, esconde-se um verdadeiro império imobiliário. Apenas em Abadiânia, cidade onde o médium fazia atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, estão registrados 27 imóveis. 

Também estão na mira da polícia outras 57 propriedades em Anápolis. Foram encontrados ainda registros de dezenas de outros empreendimentos em Goiânia em nome de João de Deus, o homem acusado de centenas de estupros de fieis, fraudes e lavagem de dinheiro. Na lista de seus bens estão terrenos, casas, apartamentos, fazendas e dezenas de automóveis de luxo.

Hoje, as autoridades acreditam que João de Faria tenha aproximadamente 90 imóveis em seu nome e no da atual mulher, Ana Keyla Teixeira Lourenço. O período de aquisição dos bens vai até novembro de 2018. Existe a possibilidade de que o médium tenha se utilizado do nome de laranjas como forma de ocultar parte do patrimônio. A Justiça de Goiás determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal de 12 pessoas ligadas a ele para cruzar informações. Todas são consideradas pessoas de extrema confiança do médium. Na lista de suspeitos, estão a mulher de João de Deus e o administrador da Casa Dom Inácio de Loyola, Hamilton Pereira. No caso específico de Hamilton, como ele foi prefeito de Abadiânia, os integrantes da Polícia Civil não descartam eventuais desdobramentos políticos, embora esse não seja, neste momento, o foco da investigação.

Fazendas e avião

(...)

O império milionário de alguém que sempre se vangloriou por ajudar pessoas sem qualquer tipo de pedido de vantagem financeira em troca pode ter sido erguido, curiosamente, com base na exploração de um enorme empreendimento produtivo que explorou a boa fé das pessoas. O ciclo arquitetado por João de Faria é engenhoso. O esquema de extorsão vai além das fraudes na casa Dom Inácio de Loyola. Os investigadores suspeitam que houve direcionamento de outros atendimentos para os fiéis que beneficiaram diretamente estabelecimentos ligados ao médium, como a Farmácia de Manipulação JFY, Lanchonete e Livraria Dom Inácio e Cristais Dom Inácio.

Também há a suspeita de que os fiéis eram orientados a ficar hospedados em pousadas indicadas por funcionários da casa Dom Inácio de Loyola aos milhares de turistas, inclusive internacionais, que o procuravam mensalmente. Os policiais agora apuram se houve algum tipo de pagamento dos donos de pousadas à casa Dom Inácio, mesmo que seja por meio de doações.

Atualmente, os investigadores têm em mãos dois relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que podem ajudar a desvendar o portentoso esquema. Em apenas um deles, é possível se ter uma ideia do fenômeno empresarial que se formou em torno de João de Deus. Em uma análise de apenas quatro meses nas suas contas, os investigadores conseguiram contabilizar transações atípicas na casa dos R$ 2,8 milhões. Essas contas monitoradas pelo Coaf lhe renderam algo em torno de R$ 9 milhões ao ano. Um número considerável, mas sem uma justificativa plausível, já que o médium disse nos depoimentos de dezembro que suas atividades como empresário lhe rendiam R$ 60 mil ao mês, o que oficialmente chegaria a somente R$ 700 mil por ano.

MATÉRIA COMPLETA em IstoÉ


quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

"É uma luta de Davi contra Golias", diz advogado detido por Lewandowski

Cristiano Caiado Acioli foi levado para a Superintendência da PF após discutir com o ministro do STF em um voo. Agora, diz que lutará até o fim para que o magistrado seja punido, uma vez que considera a detenção abusiva

O advogado Cristiano Caiado Acioli, 39 anos, detido pela Polícia Federal no aeroporto de Brasília após dizer que se envergonha do Supremo Tribunal Federal ao ministro Ricardo Lewandowski, diz se considerar vítima de abuso de autoridade e que gostaria de ver o magistrado, que ordenou sua condução, punido. No entanto, não acredita que terá sucesso na empreitada: "É uma luta de Davi contra Golias".   "Vamos estudar todas as medidas, mas é uma luta desigual. É de um cidadão contra um ministro do Supremo. E a Corte fará de tudo para se proteger. Não tem ninguém acima deles, e eu não sou ninguém", afirma ao Correio, um dia depois da discussão com Lewandowski num voo que vinha de São Paulo para Brasília. 

A confusão começou após Acioli, com a aeronave ainda em solo, se dirigir a Lewandowski e dizer que o "Supremo é uma vergonha nacional". O magistrado rebateu: "Você quer ser preso?". A cena foi filmada pelo próprio Acioli, que, assim que deixou a aeronave, em Brasília, foi abordado por agentes da Polícia Federal, que o esperavam na ala de desembarque.  De lá, conta o advogado, foi conduzido à Superintendência da corporação, onde prestou esclarecimentos sobre o ocorrido. "Eu fui conduzido sem ter crime. Não foi me dado uma opção. E eu tive cuidado de me manifestar de forma educada. Além disso, o ministro é uma pessoa pública, ele jamais poderia reagir daquela forma, ele abusou do poder, do cargo. É uma situação inadmissível", critica.  

Barroso estava no avião 
O advogado ficou o dia inteiro na sede da PF. "E a única coisa que eu perguntava era: 'Que crime eu cometi?'." "O ministro (Luís Roberto) Barroso também estava no voo e não mandou me prender", acrescentou. Em nota, enviada na terça-feira (5/12), Lewandowski informou que "presenciou uma injúria ao Supremo, e, como membro da Corte, entendeu que tinha o dever de proteger a instituição e contatar a autoridade policial, para que, se ocorreu algum descumprimento da lei, haja responsabilização”.
Caiado Acioli, no entanto, questiona a posição do ministro. "Praticar crime de injúria contra o Supremo me causa espanto. Não sei como o Supremo chora, ri, ou mesmo como o ministro consegue fazer essa interpretação. Se eu tinha vergonha ontem, hoje, eu tenho muito mais", diz.  
  
Como próximos passos, a defesa do advogado tentará explorar punição e impeachment do magistrado. "Essa vai ser minha meta. Pode não dar certo? Pode. Mas eu acho que, agora, tenho de ir até o fim", comentou. Nas redes sociais, Caiado Acioli já demonstrava ser crítico do Supremo. "Uma pessoa pública deve estar disposta a ouvir críticas. O cidadão tem o direito de sentir vergonha, orgulho. Ainda mais quando você se refere a um ente não vivo, como o STF", completou. 
Em publicação feita na manhã desta quarta-feira (5/12), no Facebook, ele também se manifestou pela primeira vez desde o ocorrido: "Já temos medo de tanta coisa, agora os brasileiros deverão ter medo até de ter vergonha?", escreveu. Um vídeo publicado pelo advogado mostra o momento em que ele foi abordado pela Polícia Federal. Na gravação, é possível ver Caiado Acioli dizendo não estar feliz por estar "sendo preso injustamente" .
Correio Braziliense



[NOTA: o que tornou, ao nosso ver,  o assunto passível de ser considerado 'ofensa pessoal' foi a frase  "Eu tenho vergonha de ser brasileiro quando vejo vocês", que levou a conversa para o campo pessoal.
O 'vocês' personalizou o assunto, por ser Lewandowski um dos incluídos na palavras.

Assim, o Blog Prontidão Total RATIFICA sua posição expressa em comentário aqui.]

 

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Avião com time da Chapecoense cai na Colômbia: 75 mortos e 6 sobreviventes

Time seguia para Medellín, onde faria primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana

[atualização: o número de sobreviventes passou de 5 para 6]
 
O avião que levava a equipe da Chapecoense para o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana caiu na madrugada desta terça-feira, nas proximidades de La Ceja, na Colômbia. O chefe da polícia de Antioquia, general Jose Azevedo, confirmou que há 76 mortos. São cinco sobreviventes, todos identificados: Alan Ruschel, lateral do time; Danilo, goleiro; Jackson Follman, goleiro; Ximena Suárez, comissária de bordo; e Rafael Henzel, jornalista. No voo estavam 72 passageiros e nove tripulantes. Seis pessoas tinham sido resgatadas com vida, mas uma delas morreu a caminho do hospital. A aeronave pertencia à companhia boliviana Lamia, e perdeu contato com a torre de controle ao sobrevoar o uma região montanhosa no município de La Ceja, perto de Medellín, no noroeste da Colômbia, por volta de 22h15m de segunda-feira (hora local). O avião teria sofrido falha elétrica, e o piloto descartou combustível antes de tentar pouso forçado. 
 Dentre os 72 passageiros, 48 eram integrantes da delegação da Chapecoense, que levou, além da comissão técnica, vários dirigentes. Estavam a bordo, ainda, 21 jornalistas e três convidados do clube.  O time da Chapecoense viajava para Medellin, onde na quarta-feira faria o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional. Os jogadores decolaram do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na segunda-feira, e chegaram a fazer escala técnica em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. A delegação teve que mudar seu plano de voo por uma decisão da autoridade da aviação brasileira, que o impediu de ir para Medellín num avião fretado desde Chapecó.

O prefeito de Medellín disse através de seu perfil no Twitter que a prefeitura disponibilizou a rede de hospitais e enviou uma equipe do Departamente Administrativo de Gestão de Risco e Desastre ao local do acidente.  A Confederação Sul-americana de Futebol confirmou que foi notificada por autoridades colombianas sobre o acidente envolvendo a aeronave que transportava a equipe da Chapecoense. No comunicado, a Conmebol lamenta o ocorrido: "A família Conmebol lamenta enormemente o ocorrido. Todas as atividades da confederação estão suspensas até um novo aviso", consta em um trecho da nota.

Ainda de acordo com o comunicado, o presidente da confederação, Alejandro Domínguez, está a caminho de Medellín. Um vídeo publicado na página da Chapecoense em uma rede social mostra a equipe e os jogadores do time no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, momentos antes do embarque. No registro, o gerente de futebol do clube, Cadu Gaúcho, afirmou que essa seria a viagem "mais importante do clube até agora".  A cada ano que passa a gente vai conseguindo marcar a história do clube. A gente espera que, novamente, numa final inédita sul-americana, a gente possa fazer um primeiro jogo muito bom — disse ele no vídeo.


Em seu perfil no Twitter, o Atlético Nacional lamentou o acidente e prestou solidariedade a Chapecoense: "Nacional lamenta profundamente e se solidariza com @chapecoensereal por acidente ocorrido e espera informação das autoridades."


Fonte: O Globo


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Afinal, quem inventou o avião?

No domingo, completaram-se 110 anos do histórico voo de Dumont com o 14 Bis.  

Entenda por que o brasileiro seria o Usain Bolt da aviação, enquanto os Wright ganharam mérito apenas por um feito duvidoso, realizado às escondidas (como um atleta que diz superar Bolt, sem se exibir a ninguém)


Agora, ao se pensar em Dumont, a primeira questão que vem à cabeça é: foi ele mesmo quem criou o avião? Alguns (em especial, americanos e brasileiros com síndrome de vira-lata, que gostam de rejeitar os heróis nacionais) defendem que, na real, foram os irmãos americanos Wright. Há, ainda, os que apontam o francês Clément Ader, responsável por cunhar o termo “avião” e que afirmava que fazia, ainda no século XIX, experimentos secretos com máquinas do tipo para militares de seu país. E aí, como fica?

Defendo a tese defendida por dois biógrafos ouvidos por mim, o holandês Albert Chapin e o brasileiro Henrique Lins de Barros: não há um pai da aviação, ou do avião. Na indústria da tecnologia, são raros os momentos históricos nos quais se atribui uma invenção a somente um nome.

Exemplo: se perguntarem pelas ruas quem criou o smartphone, muitos indicarão, de pronto, Steve Jobs. O mesmo nome seria destacado em relação ao primeiro computador pessoal. Contudo, veja só, já se idealizavam misturas de telefones com computadores desde a década de 1900, em ideias capitaneadas por gente do calibre de Nikola Tesla. Nas lojas, existem smartphones desde os anos 90. Só que foi Jobs quem deu a cara que conhecemos ao aparelho e o tornou viável para o dia a dia, com seu iPhone.

O mesmo vale para o computador pessoal, esse que colocamos em nossas mesas de trabalho. Seria errado esquecer, por exemplo, da famosa The Mother of All Demos (A Mãe de Todas as Demonstrações), na qual, já em 1968, o americano Douglas Engelbart (muito antes de Jobs) exibiu como funcionaria um PC (com mouse e tudo). Acabou o mérito de Jobs? Claro que não, pelo contrário. Mais uma vez foi ele, ao lado de outro Steve, o Wozniak (Woz, pros íntimos), quem deu forma à invenção e à levou ao público.

O que isso tem a ver com o avião? “Há vários pais das aeronaves e da aviação, em geral”, simplificou Chapin, biógrafo de Dumont. “Um inventava uma coisa ali, outro acrescentava um novo elemento, até o negócio decolar”, acrescentou. No caso do 14 Bis, de Dumont, o brasileiro misturou invenções alemãs, francesas e americanas (incluindo dos Wright) para criar sua máquina voadora. Assim como ele emprestava seus inventos (em opção que hoje seria tido como bem contemporânea, mas vista como inocente no início do século XX), sem cobrar pelas patentes, a colegas aviadores. Todos esses, por exemplo, devem muito a outro brasileiro, Bartolomeu Lourenço de Gusmão – que, em 1709, demonstrou à corte portuguesa o funcionamento de seu invento, o balão.

Entretanto, o povo adora ter 1 inventor. Somente 1. Não 2, 3, 4… Cai bem para os livros de história, certo? Se for assim, Dumont é o nome. Não Clément Ader, muito menos os Wright. Na reportagem de VEJA, destacam-se infográficos que comprovam o ineditismo do brasileiro.

Primeiro, por que não Ader, que, em termos de datas, seria o pioneiro:
— não se sabe se as aeronaves dele eram dirigíveis (ou seja, se podiam ser guiadas ou se voavam sem controle);
— nem se podiam decolar e pousar sozinhas;
— muito menos se eram seguras;
— e, isso tudo, por ele não ter feito exibições públicas ou, ao menos, a comissões de especialistas em aviação (requisitos para qualquer experimento científico que se preze).


Aí, no início da década de 1900, criaram-se as regras claras para o que seria definido, afinal, como um avião (ninguém tinha visto um, logo era impossível saber ao certo)
Deveria decolar por meios próprios, sem o uso do impulso do vento ou de outros aparelhos; 
Precisaria voar ao menos 100 metros, sem acidentes; 
O pouso (e, também, a decolagem) tinha de ser em terreno plano e horizontal, novamente sem ajuda externa 
Caberia a uma comissão de especialistas observar e avaliar o feito.
“Funcionava como na Olimpíada”, pontuou o biógrafo Henrique Lins de Barros. “Se o Usain Bolt corre, mais rápido que qualquer um, 100 metros, na frente do público, em evento especial, acompanhado por pessoas que medem a performance, atesta-se a façanha e ela vira um recorde”, completou. “Agora, se um atleta diz, só diz, que foi bem mais veloz correndo 100 metros na frente de sua casa, sem testemunhas que valham, além de familiares, amigos e afins… isso não vale”.

Os Wright se encaixam na segunda categoria. A começar, a única prova de que eles voaram antes veio deles mesmo, num telegrama. De testemunha, só tinham familiares e funcionários contratados pela dupla. Nada de especialistas, a não ser os próprios Wright. Ainda assim, eles demoraram anos para avisar ao mundo que teriam cumprido com o objetivo.

Alguns defendem que o sigilo se devia a quererem vender o projeto. Pois bem, a maior organização francesa de aviação ofereceu uma fortuna (novamente, confira na reportagem de VEJA) para que eles o demonstrassem em público. Recusarem. Na sequência, contudo, aceitariam vender, por bem menos, o projeto, para a mesma instituição (que não quis). Só que havia um grande “porém”, no período: o avião deles só decolaria ou com um impulso externo (como uma catapulta), ou com a ajuda de um vento a 40 quilômetros por hora (a exemplo de um planador), como se fez na primeira viagem deles, em 1903.

Ou seja, o aparelho dos Wright não atendia aos critérios científicos estabelecidos. Indo além, dentro das especificações, não seria muito distinto dos que Clément Ader alegava (assim como alegavam os Wright) ter fabricado, bem antes. Os americanos, portanto, equivaleriam a um atleta que diz, só diz, ter superado Bolt, às escondidas, correndo em frente a amigos.
Em 2003, americanos tentaram reproduzir o voo dos Wright, no vídeo deste link. Note como o Flyer dos irmãos só sai do chão, por pouquíssimo tempo, com a ajuda de um vento a 30 quilômetros por hora (no caso de Dumont, essa não era uma necessidade, pois a máquina decolava com o torque do próprio motor) #

Mesmo assim, termino retomando a ideia inicial: na real, não existe um pai da inovação. Tratou-se de uma colaboração. Agora, se é para entrar nos livros de história, o mérito é de Dumont. Ponto. Assim como uma glória bem maior dele: a de, cinco anos antes, em 1901, ter sido o primeiro ser humano a realmente controlar um objeto voador, circundando a Torre Eiffel com seu dirigível nº 6.

Aceitem, brasileiros. Essa honra – e o polêmico herói que a fez – nos pertence.

Nesta semana, assino uma reportagem biográfica sobre o genial brasileiro Alberto Santos Dumont, em razão dos 110 anos de sua decolagem com o 14 Bis e dos 115 de seu voo de dirigível em torno da Torre Eiffel – no link, um gostinho da matéria; na íntegra, na revista que está nas bancas.  

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