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quarta-feira, 19 de julho de 2023

Banco Central - Real Digital: Projeto de moeda eletrônica estatal permite cancelamento financeiro dos cidadãos - Ideias

Ideias - Roberta Ribeiro

Segundo análise de desenvolvedor, o piloto do Real Digital dá poderes totais ao Banco Central para congelar, transferir, criar e destruir ativos financeiros| Foto: Pixabay

O piloto do Real Digital, projeto do Banco Central para criar uma moeda eletrônica estatal brasileira, dá poder inédito ao governo sobre os ativos financeiros da população: acesso a todos os investimentos, gastos, financiamentos e outros serviços financeiros. 
O Real Digital, conforme está estruturado atualmente, ainda permite que o governo transfira quantias para outras contas, desconte impostos diretamente de rendimentos, decida por quanto tempo os recursos podem ser guardados ou simplesmente congele todo o patrimônio digital sem a permissão do efetivo dono do dinheiro.

O conjunto de programações da moeda digital brasileira foi compartilhada, no dia 3 de julho, pelo Banco Central do Brasil (Bacen) no GitHub, uma plataforma para desenvolvimento e compartilhamento de softwares.

Ao contrário do que ocorre em sistemas de moedas virtuais, nos quais os usuários têm autonomia e liberdade para gerir suas carteiras sem intermediações institucionais, o proposto pelo Bacen possibilita controle total pela autoridade financeira ou pelas instituições por ela designadas sobre os usuários e seus ativos.

O sistema também não apresenta quaisquer restrições para a criação das moedas digitais, o que equivaleria a imprimir notas indefinidamente, mesmo sem lastro. 
Outro aspecto importante é que o projeto piloto oferece uma capacidade praticamente instantânea de rastreamento e acesso a toda e qualquer informação de seus usuários. 
Ou seja, acesso e controle a toda sua vida financeira com apenas um clique.

É bom lembrar que fora do Brasil já se tornou comum restrições financeiras motivadas por visões políticas. A plataforma de pagamentos digitais PayPal, por exemplo, encerrou em 2022 a conta da Free Speech Union (União da Liberdade de Expressão), organização britânica que defende acadêmicos críticos e pessoas que perderam seus trabalhos por expressar opiniões, sem dar maiores explicações.

Durante protestos de caminhoneiros contra o passaporte vacinal da Covid-19, no início de 2022, o primeiro-ministro Justin Trudeau deu ordens para que bancos parassem de “oferecer quaisquer serviços financeiros a pessoas relacionadas aos protestos”, incluindo congelamento de contas, cancelamento de cartões e sequestro de fundos.

Mesmo no Brasil, medidas semelhantes já foram tomadas.
Em agosto do ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a desmonetização de 14 canais de direita hospedados no YouTube investigados por "comprovadamente" propagarem desinformação sobre as eleições.

Controle total
A descoberta das "funcionalidades" do protótipo do Bacen, que não deixa de se assemelhar a sistemas de controle imaginados em distopias totalitárias, é de Pedro Magalhães, desenvolvedor especialista em Blockchain e cofundador da Iora Labs, empresa que presta serviços de verificação de contratos digitais.

Ele afirma que, atualmente, não há um sistema de moedas digitais semelhante ao proposto pelo Banco Central. "No Bitcoin e no Ethereum [as duas principais moedas virtuais] você tem a chave para controlar a sua carteira [uma espécie de conta-corrente]. Também há regras específicas sobre como essas moedas podem ser criadas. Mas, no caso do Real Digital, tudo isso pode ser controlado pelo Banco Central, o que não existe em nenhum outro sistema".

A descoberta de Magalhães foi primeiramente divulgada pelo Portal do Bitcoin. Diante das alegações, o portal pediu a outros desenvolvedores que confirmassem a existência dessas funcionalidades no projeto piloto do ativo digital brasileiro, e a resposta foi afirmativa.

Blockchain
Mychel Mendes, contador e especialista em criptomoedas consultado por esta reportagem, disse que, do modo como está proposto, o projeto piloto do Real Digital praticamente não mudaria a forma como os usuários já utilizam os serviços de bancos digitais para fazerem transferências, pix, compras online ou pagar boletos. "As facilidades para os usuários do Real Digital não vão mudar em nada."

O que muda drasticamente são os benefícios e o controle que o Banco Central e as autoridades financeiras passam a ter ao incorporar as funcionalidades de redes de Blockchain ao sistema. "É um ganho tecnológico gigantesco, mas não para a gente (os usuários), e sim para o Banco Central. A Blockchain é mais segura, mais barata e mais fácil de se conectar, você pode enviar recursos diretamente para outros países, por exemplo, na mesma velocidade em que a gente faz um pix".

A Blockchain pode ser entendida como uma rede de negócios em que todos os registros, gravados de forma imutável, são compartilhados, o que facilita o processo das transações e de rastreamento de ativos, conforme está explicado no site da IBM. 
Além disso, como a rede é também mantida de forma conjunta - todos os usuários podem fornecer poder computacional para sua sustentação.


Por essas razões, as redes Blockchain são mais seguras e ágeis do que as redes bancárias convencionais, cujos dados ficam estocados em servidores. Essa alocação dificulta o acesso às informações, o que não ocorre quando são mantidas em rede, além de facilitar ataques de hackers, já que os dados ficam centralizados em um único local – da mesma forma que é mais fácil assaltar um único banco que roubar 100 agências de uma única vez.

Cancelamento digital
Outra característica que garante a segurança das redes Blockchain é que, para realizar mudanças na sua condução e nos processos, é preciso que elas sejam aprovadas por grande parte de seus usuários. No entanto, no caso do Real Digital essa premissa não é válida. "O Real Digital dá ainda mais controle para o Banco Central. Se eles quiserem dizer que essa conta é de um CNPJ e que vou descontar os tributos de tudo o que ele movimentar, eles podem fazer. Se eles quiserem dizer que você não pode armazenar o dinheiro por tanto tempo, porque o dinheiro parado é um problema para o banco, eles podem definir isso. Eles podem criar qualquer regra para o dinheiro", afirma Mendes.

Além disso, como no Blockchain o acesso aos dados é simples e praticamente imediato, é mais fácil que esse controle também seja exercido por outros órgãos, como Receita Federal. O Poder Judiciário poderia, por exemplo, bloquear o acesso de um cidadão a seus próprios recursos, uma espécie de cancelamento financeiro. "O risco é vender como criptomoeda o que não é. Esse modelo torna ilimitado o poder do Estado sobre o dinheiro", conclui Mendes.

O economista norte-americano Robert Wenzel tem opinião semelhante. Em 2020, quando o Federal Reserve (Fed – o Banco Central dos EUA) anunciou o lançamento de sua versão de moeda digital, a Fedcoin, ele comentou que “uma moeda digital criada pelo Fed poderia ser um dos passos mais perigosos tomados por uma agência do governo. Colocaria, nas mãos do governo, a possibilidade de criar uma moeda digital com a capacidade de rastrear todas as transações em uma economia — e proibir transações por algum motivo. Em termos de liberdade individual no futuro, isso seria um pesadelo”, afirmou e economista, segundo reportado pelo site Money Times.

Apenas testes
Conforme mencionado pelo Portal do Bitcoin, o Bacen afirmou que uma das razões de ser do projeto piloto é receber feedback de desenvolvedores e programadores para alterá-lo ou atualizá-lo em face das fragilidades encontradas. Ainda disse que o piloto tem uso destinado apenas para ambiente de testes e que não deve ser reproduzido para operações reais.[será???]

A respeito das descobertas de Magalhães, o Banco Central admitiu que é possível executar essas funções. “O Bacen e instituições já dispõem de funcionalidades similares no ambiente atual de sistemas como SPB e Pix, sendo seu uso regido por lei e regulamento”.

Para Pedro Magalhães, a proposta atual para o Real Digital se assemelha a "dar as chaves da sua casa para que alguém possa ter total acesso e controle dela". Mesmo que essas funcionalidades sejam reguladas por leis, a possibilidade de que tamanho controle seja exercido não deixa de ser uma ameaça à propriedade privada e às liberdades individuais.

Procurado pela Gazeta do Povo para comentar sobre o Real Digital e seu projeto piloto, o Banco Central não se pronunciou até a publicação desta reportagem.
  

Roberta Ribeiro, colunista - Ideias - Gazeta do Povo 

 

domingo, 27 de março de 2022

Guerra na Ucrânia: os três ciberataques russos que as potências ocidentais mais temem

 BBC

Joe Tidy - Repórter de segurança cibernética

Segundo Biden, a inteligência norte-americana acredita haver indícios de que a Rússia está planejando um ataque cibernético contra os Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, convocou empresas e organizações nos EUA a "trancar suas portas digitais". Segundo Biden, a inteligência norte-americana acredita haver indícios de que a Rússia está planejando um ataque cibernético contra seu país.

Autoridades do Reino Unido responsáveis por tecnologia e internet estão de acordo com os pedidos da Casa Branca por "aumento das precauções de segurança cibernética", embora não tenho sido fornecida nenhuma evidência de que a Rússia esteja planejando um ataque cibernético.

Moscou declarou em outras oportunidades que acusações do tipo são "russofóbicas".

No entanto, a Rússia é uma superpotência cibernética com hackers e grande capacidade de ataques disruptivos e potencialmente destrutivos. Do ponto de vista cibernético, a Ucrânia foi relativamente pouco atacada no atual conflito entre os dois países, mas especialistas agora apontam preocupações de que os alvos sejam os aliados da Ucrânia. "Os alertas de Biden parecem plausíveis, principalmente porque países do Ocidente determinaram mais sanções contra a Rússia, houve o envolvimento de ativistas hackers na briga e a movimentação em terra da invasão aparentemente não está saindo como planejado", diz Jen Ellis, da empresa de segurança cibernética Rapid7.

Abaixo, os ataques que os especialistas mais temem:

"BlackEnergy"

A Ucrânia é frequentemente descrita como um campo de testes dos hackers russos, por meio de de ataques realizados aparentemente com intuito de experimentar técnicas e ferramentas.

Em 2015, a rede elétrica da Ucrânia foi atingida por um ataque cibernético chamado "BlackEnergy", que causou um apagão de curta duração que afetou 80 mil pessoas no oeste do país.

Estação de energia na Ucrânia
Reuters
A rede elétrica ucraniana já foi alvo de hackers mais de uma vez

Quase um ano depois, outro ataque cibernético, que ficou conhecido como "Industroyer", bloqueou o fornecimento de energia elétrica em cerca de um quinto de Kiev, a capital ucraniana, por cerca de uma hora.

[comentário/pergunta de leigos: ministro Barroso,  após a leitura atenta da presente matéria, que comprova a força dos hackers, perguntamos: como é possível que  só o sistema de informática do TSE seja a prova de ataques hackers.?]

Os EUA e a União Europeia atribuíram o incidente a hackers militares russos.

"É totalmente possível que a Rússia tente executar um ataque como esse contra países ocidentais para demonstrar seu poderio e mandar um recado", diz a responsável pela segurança cibernética ucraniana Marina Krotofil, que ajudou a investigar os ataques de corte de energia.

"No entanto, nenhum ataque cibernético contra uma rede elétrica resultou em interrupção prolongada do fornecimento de energia. A execução de ataques cibernéticos de maneira eficiente em sistemas complexos de engenharia é extremamente difícil. Alcançar um efeito prejudicial prolongado muitas vezes é impossível devido aos esquemas de proteção."

Especialistas como Krotofil também levantam a hipótese de que esse tipo de conflito possa se voltar contra a Rússia, já que países ocidentais também têm condições de atingir redes russas.

A força do NotPetya

O NotPetya é considerado o ataque cibernético que mais prejuízos financeiros causou na história. A autoria foi ligada pelas autoridades dos EUA, Reino Unido e UE a um grupo de hackers militares russos.

O software com poder de destruição foi colocado em uma atualização de um programa de computador bastante usado para contabilidade na Ucrânia, mas se espalhou pelo mundo, devastando sistemas de computador de milhares de empresas e causando aproximadamente US$ 10 bilhões em danos.

Hackers norte-coreanos também foram acusados ??de causar grandes transtornos com um ataque parecidos um mês antes.

WannaCry
Reprodução/Webroot
O 'pedido de resgate' que aparecia com o worm WannaCry

O "worm" (um tipo de vírus ainda mais destrutivo) WannaCry foi usado para truncar ou borrar dados em aproximadamente 300 mil computadores em 150 países. O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido foi forçado a cancelar um grande número de consultas médicas."Esse tipo de ataque pode ser a maior oportunidade para gerar caos em massa, instabilidade econômica e até perda de vidas", diz Jen Ellis.

"Pode ser difícil de se imaginar, mas a infraestrutura crítica [de sistemas] geralmente depende de tecnologias conectadas, tal qual nossas vidas no mundo moderno. Vimos o potencial para isso com o impacto do WannaCry nos hospitais do Reino Unido."

Alan Woodward, professor e cientista da computação da Universidade de Surrey, no Reino Unido, lembra que esses ataques também trazem riscos para a Rússia."Esses tipos de hacks incontroláveis ??são muito mais parecidos com guerra biológica, pois é muito difícil atingir infraestrutura crítica de forma específica, localizada. O WannaCry e o NotPetya também fizeram vítimas na Rússia."

Ataque ao fornecimento de combustível

Em maio de 2021, vários Estados dos EUA adotaram esquemas de emergência depois que hackers conseguiram bloquear as operações de um oleoduto importante.

Filas em postos de combustível nos EUA
Getty Images
Ataque cibernético provocou corrida a postos de combustível nos EUA

O oleoduto transporta 45% do suprimento de diesel, gasolina e combustível de aviação da Costa Leste dos Estados Unidos. O ataque provocou uma corrida a postos de combustível.

Esse ataque não foi realizado por hackers ligados ao governo russo, mas pelo grupo de ransomware (modalidade em que criminosos exigem pagamento para desbloquear um sistema) DarkSide, que especialistas apontam estar baseado na Rússia.

A empresa afetada admitiu pagar aos criminosos US$ 4,4 milhões (mais de R$ 21 milhões) em Bitcoin com rastreabilidade dificultada para retomar o funcionamento dos sistemas.

Linha de produção da JBS
Reuters
A empresa brasileira JBS também foi alvo de ataque

Algumas semanas depois, o fornecimento de carne foi impactado quando outra equipe de ransomware chamada REvil atacou a brasileira JBS, a maior processadora de carne bovina do mundo.

Um dos grandes temores que os especialistas têm sobre as capacidades cibernéticas russas é que o Kremlin possa instruir grupos a coordenar ataques a alvos dos EUA, para maximizar a interrupção. "A vantagem de usar cibercriminosos para realizar ataques de ransomware é o caos geral que eles podem causar. Em grande número, eles podem causar sérios danos econômicos", diz Woodward, da Universidade de Surrey.

"Também vêm com o bônus de que é possível negar ligação com esses grupos, pois eles não têm uma conexão formal com o Estado russo".

Como os EUA poderiam responder?

No caso altamente improvável de que um país-membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) seja alvo de um ataque cibernético que cause perda de vidas ou danos irreparáveis, isso poderia desencadear o Artigo 5, a cláusula de defesa coletiva da aliança. Mas especialistas dizem que isso arrastaria a Otan para uma guerra da qual a organização não quer fazer parte, então é mais provável que as respostas venham diretamente dos EUA ou de aliados próximos.

Biden disse que os EUA "estão preparados para responder" se a Rússia lançar um grande ataque aos EUA.

Mas qualquer ação provavelmente será ponderada com muito cuidado.

Correio Braziliense


domingo, 15 de setembro de 2019

Criptomoeda: o futuro chegou - Moedas digitais revolucionaram os negócios e em breve estarão no seu dia a dia - Isto É


Criptomoeda: o futuro chegou

Conhecidas até recentemente apenas como ativos para investimento, as criptomoedas ganham novas funções para promover o comércio de bens e serviços

Moradora de uma cidadezinha da região amazônica, Neusa começou a usar cartão de crédito quando era estudante do ensino médio. Adquiria produtos que chegavam até sua casa após uma jornada de barco que terminava no cais, onde retirava as mercadorias já pagas. Hoje, faz compras com criptomoedas. Seu uso não exige o intermédio de uma operadora de cartão de crédito. Com a criptomoeda, ela também envia um dinheirinho para o filho sem pagar taxas bancárias. O mais velho faz intercâmbio no exterior e troca a criptomoeda por moeda corrente. Neusa é cabeleireira, mas poderia ser advogada, balconista, médica, faxineira, executiva, funcionária pública. Recebe por seus serviços também com outro tipo de criptomoeda, que ganha espaço concorrendo com os meios de pagamento tradicionais. Por enquanto fictício, este cenário está para se materializar no Brasil e no resto mundo com a consolidação das moedas virtuais, que revolucionam a forma como nos relacionamos economicamente. É o que almejam desde executivos gigantes, como David Marcus, CEO do Libra, a moeda virtual do Facebook, até empreendedores digitais, como o brasileiro Pedro Alexandre, CEO da Wiboo e criador do Wibx, moeda nacional direcionada ao varejo.


As criptomoedas ficaram famosas com o Bitcoin, que teve uma valorização meteórica em 2017 quando sua cotação passou de US$ 960 para US$ 20 mil. Depois de cair, voltou a se valorizar este ano, e atualmente está cotado em cerca de US$ 10 mil. Essa moeda começou de forma experimental e hoje é negociada em todo o mundo com um valor de mercado de US$ 180 bilhões. No Brasil, a incorporadora Tecnisa foi uma das pioneiras em trabalhar com ela, aceitando-a nas negociações de imóveis. Segundo a empresa, foi a primeira construtora listada em bolsa do mundo a aceitar a criptomoeda. Essa trajetória fez vários investidores se familiarizarem com as novas moedas, cuja compra e venda é realizada principalmente nas chamadas exchanges (corretoras). Mas agora, com as chamadas criptomoedas de segunda geração, as funções se ampliaram. É o caso do Wibx, que representa três modelos de negócio: é um criptoativo, uma moeda para o varejo e um meio de fidelização. Essas novas funções estão fortalecendo e ampliando o mercado, diz Fabrício Tota, diretor de OTC em grandes clientes no Mercado Bitcoin, umas das maiores corretoras do País, que negocia as principais moedas como Bitcoin, Litecoin e Ethereum. Só essa exchange tem 1,6 milhão de clientes cadastrados, contra 1,2 milhão no final do ano passado. O volume negociado em 2019 já alcança R$ 3,5 bilhões. “O mercado está crescendo de forma sustentada. É uma cadeia, não uma explosão. A alta ocorre até num momento de maior estabilidade, como vivemos agora, com volatilidade pequena”, diz.
Criptomoedas ficaram famosas com o Bitcoin, que teve valorização meteórica. Hoje, crescem de forma sustentada

No caso do Wibx, o objetivo é entregar valorização, recompensa ao usuário (como os programas de fidelidade) e promover a descentralização da publicidade (como fazem as redes sociais, por meio do engajamento). Assim que houver a possibilidade de conversão (a troca da criptomoeda por dinheiro), ela estará apta para ser aceita também no varejo. “O celular se tornou a ferramenta mais poderosa do planeta. Com ele, as pessoas vão se tornar seus próprios bancos”, diz Alexandre. Diferente de outras criptomoedas mais antigas, como o Bitcoin, que funciona como um ativo de investimento, mas não possui penetração no varejo, a nova moeda virtual brasileira quer ser uma parceira das empresas de meios de pagamento (as maquininhas). “Seremos um integrador com outras plataformas, o que deve incluir também serviços de streaming, telefonia móvel em um modelo ponto-a-ponto”, diz Alexandre. “O Wibx beneficia o varejista porque estimula que as pessoas usem para comprar. Fomenta a economia real”, diz Guga Stocco, co-fundador da Domo Invest e um dos conselheiros da Wiboo.

POPULARIZAÇÃO Sucesso das criptomoedas levou o comércio a adotar a novidade. No Brasil, o Wibx será parceiro da Cielo (Crédito:Weedezign)
(...)

Para apoiar o negócio, algumas iniciativas de impacto estão em curso. A Cielo, uma das principais plataformas de meios de pagamento do Brasil, será parceira. O Wibx também vai ser empregado para aquisição de produtos licenciados nos Jogos Pan-Americanos Masters, no Rio de Janeiro, em setembro do ano que vem. A expectativa é que 15 mil atletas amadores participem do evento. Uma das primeiras ações da empresa foi fechar uma parceria com a Associação Nacional de Restaurantes, oferecendo integração com as grandes redes.

No mundo, as iniciativas se multiplicam e atraem as novas gerações. “Vamos chegar onde as moedas correntes não chegam”, afirma Fernando Barrueco, diretor jurídico da Bolsa de Moedas Virtuais Empresariais de São Paulo (Bomesp), que defende o potencial desse novo ecossistema. Graças à rastreabilidade, as criptomoedas podem reduzir custos. É o caso de cinco grandes indústrias farmacêuticas brasileiras, que gastam até R$ 230 milhões ao ano com a distribuição de 200 mil amostras grátis de remédios — cerca de 5% do faturamento. Com a adoção das moedas, esses laboratórios vão distribuir “cupons” virtuais aos médicos, que os repassarão aos pacientes. Ao serem retirados nas redes de farmácias, a indústria saberá quem e como seus produtos são usados, já que os médicos não têm a obrigação de prestar relatórios aos fabricantes.
As corretoras tradicionais buscam seu espaço nesse imenso campo de possibilidades. A B&T Câmbio criou a Z.ro Bank para liquidação de moedas virtuais. Eles pretendem ser o elo final de uma cadeia que vai da grande marca ao motorista de aplicativo. “As plataformas [de pagamento] ainda não estão preparadas”, afirma o CEO Edísio Pereira Neto. A empresa pretende dar rapidez às operações de conversão, que vão demorar segundos, permitindo que o dinheiro de verdade caia na conta em poucas horas. Hoje, a demora é um dos problemas de algumas corretoras, o que provoca desistências de consumidores e empresas.

O negócio do dinheiro virtual poderá movimentará centenas de bilhões de dólares nos próximos anos. Só nos EUA há mais de 1 bilhão de dólares reservados por empresas americanas que buscam investimentos de risco em criptomoedas. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, até 2027 10% do PIB global será armazenado na forma de criptoativos. Essa nova economia foi sacudida este ano com a notícia de que o Facebook iria lançar sua própria moeda, o Libra, em 2020. Com uma base de 2,3 bilhões de usuários, a rede social tem o potencial de mudar a dinâmica de como o mercado funciona. Lastreado no dólar, euro, iene, libra esterlina e dólar de Cingapura, o Libra chamou a atenção dos Bancos Centrais do mundo inteiro. O temor é que possa desestabilizar moedas internacionais. Como o Libra é registrado na Suíça, o governo americano pressiona o CEO David Marcus, temendo manipulações chinesas com o yuan. O Facebook, por seu lado, disse que vai colaborar com as autoridades. “Ainda há muitas perguntas a serem respondidas e preocupações a serem abordadas, mas, mesmo assim, avançamos”, diz Marcus.
Com o Libra e uma base de 2,3 bilhões de usuários, o Facebook pode mudar  a dinâmica de como o mercado funciona

Enquanto a moeda do Facebook não se concretiza — o plano inicial era ser lançada em junho do próximo ano —, autoridades se debruçam sobre formas de driblar os riscos de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, por exemplo. No Brasil, por determinação da Receita Federal, operações com criptomoedas passaram a ser informadas a partir de agosto. Já as operações realizadas em corretoras no exterior e as feitas entre as próprias pessoas físicas ou jurídicas sem intermédio de corretoras precisam ser reportadas pelos usuários. O imposto é sobre operações, indo de 15% a 22% sobre o lucro na venda, a partir de R$ 35 mil ao mês. O Banco Central já determinou que o dinheiro virtual é uma commoditie digital passível de entrar em balanços, deixando o mercado se desenvolver – o que contraria nossa lógica histórica de intervencionismo. “Estamos no início, mas as perspectivas são de valorização. Há muito potencial e o governo se mostra aberto”, diz Safiri Felix, diretor-executivo da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto). Ou seja, acostume-se com as moedas digitais: muito em breve, você ainda vai ter uma.

Em IstoÉleia MATÉRIA COMPLETA



domingo, 21 de janeiro de 2018

O risco de investir em bitcoins



Deveria ser pressuposto ético de quem luta por inovação o dever de informar quando uma nova tecnologia ou invento está supervalorizado ou indo bastante além de sua real capacidade de disrupção.  Infelizmente, no caso do bitcoin, como em todas as outras bolhas do capitalismo moderno, os atores relevantes e os entusiastas de plantão (que pouco estudam, mas muito propagam) estão aproveitando a curva de valorização do ativo para deturpar o sistema econômico.

Basta estudar a história das bolhas anteriores para saber que o pico de valorização só antecede uma pequena queda e, momento seguinte, o abismo.  É verdade que a criptomoeda tem um número limitado de emissões (21 milhões), o que a tornaria um novo tipo de ouro porque finita. Mas também é verdade que a precursora das criptomoedas não passa disso: o primeiro invento de seu tipo, ainda mal acabado e com sem-fim de vulnerabilidades.

Seu mérito é o mesmo que o do avião de Santos Dumont (1873-1932): provar que é possível a existência do que não acreditávamos, um mercado sem uma autoridade central nesse caso. Mas é preciso abrir os olhos também para os defeitos de uma invenção ainda prototípica.   Em primeiro lugar, é bom ressaltar que o valor de obtenção de um bitcoin dobra a cada quatro anos —o que intensifica o uso de energia para tal fim. Com o uso crescente de energia, é possível que nem se atinja a emissão total, já que se o valor da moeda sofrer uma forte desvalorização repentina, ela deixará de ser viável simplesmente porque não pagará a conta de energia.

Em segundo lugar, a blockchain utilizada pelo bitcoin está, em diversos aspectos, já superada: ela demora até uma hora para confirmar uma única transação. Nem o maior entusiasta da criptomoeda é capaz de convencer que, com esse tempo de confirmação, a moeda seja capaz de se viabilizar como meio efetivo de pagamentos para o futuro. E, talvez o mais importante, a moeda não é legalmente segura, o que, sem uma mudança efetiva, a inviabilizará no médio prazo. O bitcoin está abrigado numa cadeia pública de informações, descentralizada, bem distribuída e criptografada.

Significa dizer que, até que o usuário da moeda a converta em pagamento real, não é possível descobrir o verdadeiro dono do ativo. A privacidade nesse caso pode dar abrigo à evasão, à sonegação e até à corrupção (nesse último caso, inclusive como um meio melhor que o próprio dinheiro em espécie). As implicações criminais certamente despertarão a atenção dos legisladores no curto prazo —que precisarão responder com medidas eficazes.  É preciso, portanto, que além do cuidado com a valorização aparentemente despropositada, o investidor tenha claro o risco legal: tão logo as autoridades percebam o vazio regulatório, é possível que novas e robustas regulações inibam ou limitem o comércio da moeda.

Mais imediatamente, seria auspicioso que os mercados de criptomoedas estabelecidos no Brasil adotassem medidas efetivas de compliance frente ao aporte crescente nesse tipo de ativo. O maior mercado desse tipo no mundo, o Coinbase, enviou recentemente para todos os seus usuários um singelo alerta quanto a investimentos responsáveis, algo inédito até então. Não é mera coincidência.

Folha de S. Paulo - Gustavo Mascarenhas, advogado, mestre e doutorando em direito pela USP, foi pesquisador visitante de compliance de dados da Universidade de Utrecht (Holanda)

domingo, 26 de novembro de 2017

Inimigos da democracia

Eleição de 2018 ameaçada por crime organizado, criptomoedas e Fake News

Enquanto na superfície se discutem presidenciáveis, partidos e alianças, nas profundezas a busca é por algo cada vez mais complicado: o financiamento das campanhas de 2018, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou as doações privadas e a opinião pública rejeitou fundos realistas para as eleições. Sem uma coisa nem outra, o que sobra?

Campanhas são sofisticadas e caras. E quem tem dinheiro para campanhas neste País? O crime organizado, as igrejas com seus dízimos e os partidos que ainda conseguem esconder fortunas em algum lugar do planeta. A Polícia Federal já trabalha com a hipótese de dinheiro vivo em iates, contêineres, caminhões e depósitos, além de apartamentos como aquele com R$ 51 milhões do ex-ministro e agora presidiário Geddel Vieira Lima.

O chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, não esconde o temor da influência do crime organizado na eleição, que projeta influência também nos próximos governos e legislativos. Lembra, inclusive, de episódios de eleições recentes, como a morte de uma dezena de candidatos e cabos eleitorais na Baixada Fluminense, criminosos incendiando locais de votação no Maranhão e avisos de “aqui mando eu” em escolas que recebiam urnas eletrônicas.

O GSI integra uma força-tarefa com TSE, Defesa, Justiça e PF, para tentar dar, sem garantia de sucesso, alguma ordem a esse caos, que inclui não só a infiltração de quadrilhas (comuns…) como também novas formas de comprometer o resultado. Uma delas são as criptomoedas, como o bitcoin, que crescem exponencialmente e sem controle. São legais, mas dependem da ética de cada um, algo para lá de abstrato. Qual é o Banco Central para esse tipo de dinheiro? Quem fiscaliza? Quem pode rastreá-las? “A criminalidade migrou para as criptomoedas”, diz Etchegoyen, reconhecendo a força do inimigo, que representou um grande fluxo de dinheiro, por exemplo, nas eleições municipais de 2016. Com um detalhe: a dificuldade de monitoramento, que pode caracterizar quebra de sigilo, invasão de computadores… Ou seja, um prato feito para criminosos e para verbas de campanha.

Outro alvo da força tarefa são as chamadas “fake news”, que usam a tecnologia, particularmente a internet, para espalhar mentiras que se propagam com uma velocidade estonteante. Em minutos, atingem milhões de pessoas em diferentes partes do mundo e transformam-se em verdade. Sempre perigoso, nas eleições é capaz de inverter resultados. As “fake news” tanto podem ser a favor do candidato-cliente quanto contra os seus adversários.  Depois que o estrago é feito, especialmente na reta final da eleição, não há como revertê-lo. O estrago propaga-se rapidamente, mas a correção é lenta como a justiça brasileira e, até ser feita, Inês é Morta e o candidato, derrotado. Junto com sua biografia, sua imagem e seu conceito público.

Assim como no caso das criptomoedas, rastrear as “Fake News” é como procurar agulha no palheiro. Na greve de policiais no Espírito Santo, em fevereiro, as mensagens “viralizaram” do nada. Soube-se depois que se originavam em Portugal e eram multiplicadas por “robôs”.  O Centro de Tecnologia da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) já avançou muito na detecção dessa prática, assim como o Comando de Defesa Cibernética do Exército vem treinando, com sucesso, desde a Copa e a Olimpíada. Mas combater esse inimigo quase invisível não é fácil.

Os candidatos a presidente, portanto, são apenas uma parte das eleições, num momento de financiamento curto, denúncias intermináveis, desenvoltura do crime organizado e novas formas, não de fazer política, mas de cometer crimes a partir da política. E seja o que Deus e a tecnologia quiserem!

Eliane Cantanhêde

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Bitcoin = moeda digital

Operação no DF combate pirâmide financeira que usa moeda digital Kriptacoin

A Polícia Civil do Distrito Federal e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) deflagraram hoje (21) a Operação Patrick, contra a empresa Wall Street Corporate, investigada por suposto esquema de organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro, uso de documentos falsos e por crime de pirâmide financeira por meio do uso da moeda digital Kriptacoin.

Nesta manhã estão sendo cumpridos 13 mandados de prisão preventiva e 18 de busca e apreensão no Distrito Federal, Águas Lindas e em Goiânia. Por meio do Twitter, a Polícia Civil informou que o esquema pode ter movimentado R$ 250 milhões.  A 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon), do MPDFT informou que as fraudes podem gerar prejuízo a 40 mil investidores, que eram convencidos a aplicar dinheiro na moeda digital. A organização criminosa atuava por meio de laranjas, com nomes e documentos falsos.

Fonte: Agência Brasil 


 

 

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Saiba como se proteger de ataques cibernéticos como o do vírus Wannacry

Vírus que infectou computadores em 150 países deixa usuários em alerta

A principal dica para o internauta comum é manter os programas da máquina atualizados

Apesar da presença constante da internet no dia a dia, as ameaças virtuais não são levadas tão a sério quanto deveriam. O ataque em escala global ocorrido no último dia 12 é um alerta de que usuários mal-intencionados podem causar danos até em sistemas públicos estratégicos, como hospitais e torres de controle de voo, e de que as práticas de segurança devem ser tão corriqueiras quanto a postagem de um texto ou de um vídeo nas redes sociais.

Responsável pela mais recente ameaça de cibercaos, o WannaCry é um tipo de vírus conhecido como ransomware, que criptografa os dados do computador infectado, impedindo o seu uso, e cobra um resgate do dono da máquina para liberá-la. Caso o valor não seja pago, o vírus deleta as informações sequestradas. Em menos de uma semana, ele infectou ao menos 300 mil computadores em pelo menos 150 países, incluindo o Brasil.

Sistemas operacionais antigos, desatualizados, e computadores sem programas de proteção permitiram que o WannaCry tivesse um alcance global, sendo que a imunização para o ataque havia sido divulgada cerca de dois meses antes.  Empresas e órgãos públicos foram as maiores vítimas, mas ataques do tipo podem prejudicar usuários comuns. Por isso, alertam especialistas, a necessidade das boas práticas digitais.

 
A mais importante delas é manter as atualizações das máquinas em dia. O WannaCry explora uma falha nos sistemas Windows conhecida como MS17-10, divulgada em abril pelo grupo de hackers The Shadow Brokers. Porém, a própria Microsoft disponibilizou uma correção para essa vulnerabilidade um mês antes. “Sistemas operacionais novos ou com suporte ativo não foram afetados”, diz Eduardo Maffessoni, engenheiro e instrutor da Arbor Networks, empresa de segurança digital.


O problema é que grande parte dos computadores utiliza sistemas antigos ou que não recebem as atualizações divulgadas pelos fabricantes. Uma das instituições mais afetadas pelo ataque, o Serviço Nacional de Saúde britânico, trabalha com um sistema operacional lançado 16 anos atrás.  “Eles ainda usam muito o Windows XP. É um sistema antigo, que já foi abandonado pela Microsoft.”, explica Fábio Assolini, analista sênior de segurança da empresa Kaspersky Lab. “Isso não é questão somente de falta de verba, muitos equipamentos médicos só funcionam com esse sistema. Acontece a mesma coisa em outros hospitais do mundo, inclusive no Brasil.”


O problema persiste também nos computadores pessoais. “O usuário, em geral, tem a falha de não se preocupar com a atualização”, afirma Eduardo Honorato, diretor de segurança da empresa Agility Networks. “Máquinas atualizadas não sofreram nenhum tipo de ataque.” Além disso, o uso de sistemas pirateados, que não têm acesso ao suporte oferecido pelos fabricantes, é muito comum.

Outra forma de defesa muito importante são os programas antivírus. Eles conseguem identificar uma ameaça presente no computador e neutralizá-la antes que cause danos. Mas, assim como os sistemas operacionais, é importante manter esses softwares constantemente atualizados.  “Se o seu antivírus disser ‘Olha, isso aqui pode dizer alguma coisa’, você deve atualizá-lo imediatamente. Esse é o procedimento a ser tomado em casa”, alerta Glória Guimarães, diretora presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados, o Serpro.


Segundo Glória Guimarães, a rede do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) chegou a ser atingida pelo WannaCry. Os sites da Petrobras e do Ministério das Relações Exteriores saíram momentaneamente do ar. Fábio Assolini relata um caso de infecção. “No dia 12, registramos mais de 2.100 ataques só no Brasil. Mas só tivemos um caso de um cliente que foi infectado porque uma máquina da rede estava com o antivírus desligado”, conta.


Em outra frente, o backup não impede o ataque em si, mas pode poupar muita dor de cabeça ao usuário. Mas há um cuidado: a cópia dos arquivos presentes em um computador deve ser armazenada em um dispositivo sem acesso à internet e atualizada com frequência. Assim, mesmo que seus dados sejam sequestrados, ou deletados, por um vírus, uma cópia deles sempre estará segura e poderá ser recuperada em pouco tempo. Isso protege não apenas contra ataques, mas também contra defeitos na máquina e roubos. “A gente precisa cuidar, quem lida com internet precisa ter backups frequentes”, ensina Glória Guimarães.

» Setor em alta
O risco de cibercaos tem aquecido o setor de segurança digital. Segundo estudo da Gartner, esse mercado — que engloba desde empresas de antivírus a especialista em intervenção de urgência — movimentou, no ano passado, US$ 81,6 bilhões e deve fechar em US$ 120 bilhões neste ano, frente aos US$ 3,5 bilhões em 2004. “A cibercriminalidade continua alimentando o crescimento do mercado”, ressalta o estudo. A estimativa é de que o valor se multiplique por 35 em 13 anos.


Ataques ficarão mais frequentes
O  ataque do WannaCry trouxe à tona lacunas graves de segurança na internet e o quanto empresas e serviços públicos estão dependentes da rede. Daí a preocupação de uma ação que cause grandes estragos globais. Segundo especialistas, há, sim, o risco de um cibercaos. Além disso, a tendência é haver um aumento no número de práticas do tipo. “Um grande, de sucesso, pode incentivar hackers a usar a mesma tática.”, afirma Fábio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky Lab. "O que nós esperamos é o aparecimento de outras famílias de malwares usando a mesma vulnerabilidade e o reaparecimento de vírus já conhecidos, modificados para explorar essa falha.”


Segundo especialistas, o fato de o vírus funcionar em dezenas de idiomas mostra que os hackers tinham a intenção de realizar um estrago em escala mundial. Quatro dias depois do ataque, em uma conferência internacional sobre cibersegurança em Haia, o responsável pelos serviços secretos holandeses, Rob Bertholee, alertou que o mundo pode sofrer, em breve, um “ato grave de sabotagem digital”. “Imaginem o que poderia acontecer se todo o sistema bancário sofresse uma sabotagem por um ou dois dias, ou inclusive uma semana. Ou se ocorresse uma avaria em nossa rede de transportes. Ou se os controladores de tráfego aéreo fossem vítimas de ciberataques enquanto dão instruções de voo. As consequências seriam catastróficas”, ilustrou.

Diretor de Educação da Sociedade Brasileira de Computação, Avelino Zorzo ressalta que, a despeito dos cuidados organizacionais, o cidadão comum precisa puxar para si a importância de manter as boas práticas na internet. “As pessoas não estão muito acostumadas com o mundo virtual. É preciso ter os mesmos cuidados que elas tomam no mundo real”, defende. Segundo o especialista, as informações de segurança estão disponíveis, mas é preciso divulgá-las. “O Centro de Estudo e Respostas do Brasil, o CERT, tem, em seu site, várias cartilhas de como se defender de ataques, como funcionam as redes”, indica. “O mundo virtual deve ser tratado de maneira séria.” (VC)

» Três perguntas para


Fabio Assolini, analista sênior da empresa de segurança digital Kaspersky Lab

Considerando que ataques de vírus são comuns e acontecem diariamente, o que houve de diferente no caso WannaCry?

Ele não é um vírus qualquer, é diferenciado. Esses ataques de ransomware existem desde 1989. Nos últimos anos, nós tivemos um boom de ataques desde que o bitcoin se tornou popular. Até o último dia 11, a maioria deles era classificada como trojans, quando é necessária uma interação com um ser humano. Eles tentam enganar você para que você infecte o seu computador. Já o WannaCry é do tipo worm. Não requer nenhuma ação humana, infecta de forma automática. Worms não são muito comuns, o último grande ataque foi em 2009, do Conficker. Ataques como esses, de alcance global, não são comuns. Como ransomware, o WannaCry se destaca, ele afetou muita gente em pouco tempo — 300 mil infecções é um número considerável. Mas, comparado com outros worms, é um número até pequeno. O Conficker pode ter afetado em torno de 15 milhões.

Como é feita a contagem do alcance de um vírus desse tipo?
Ninguém consegue saber o número de computadores infectados, mas, no caso do WannaCry, temos esse valor mais ou menos confiável de quase 300 mil ataques. Essa contagem usa os IPs atingidos, mas uma rede pode ter vários computadores no mesmo IP. Ou seja, esse número é o mínimo de computadores afetados.

As vítimas de ataques de ransomwares devem pagar o resgate?

Nós não recomendamos que nenhuma vítima pague o resgate por cinco razões. Primeiro, você corre o risco de pagar e não recuperar seus arquivos, e isso está acontecendo com o WannaCry. Os seus criadores estão usando apenas três carteiras de bitcoins, o que significa que eles não têm como saber de quem é cada pagamento. Os resgates também alimentam o cibercrime, podem financiar mais ataques. Além disso, pagar não é garantia que você não será atacado novamente. Seus dados podem ser liberados hoje, mas amanhã você pega o vírus de novo e tem que pagar duas, três vezes o resgate. Os criminosos também podem começar um processo de chantagem, exigindo cada vez mais dinheiro para o resgate. E a última razão, talvez a mais importante, é que, em alguns casos, é possível recuperar os dados sem pagar. O site No More Ransom é uma iniciativa que disponibiliza gratuitamente ferramentas para descriptografar esses dados. O que eu digo para as vítimas é: “Não se desesperem, aguardem que boas notícias podem vir”.


Fonte: Correio Braziliense