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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Moro e o imaginário popular



Popularidade é a única saída para Moro

O anão que mora debaixo da mesa presidencial no gabinete do Palácio do Planalto ouviu dizer que o presidente Jair Bolsonaro está caindo na pilha de assessores, nem sempre oficiais, que já tratam o ministro Sérgio Moro como um fardo político. Até o momento, no entanto, o presidente continua achando que Moro é um bom ativo político.  Além do desgaste com a divulgação dos diálogos hackeados entre Moro e o coordenador dos procuradores da Operação Lava-Jato, Deltan Dallagnol, pelo site Intercept Brasil e outros órgãos de imprensa, agravou a situação de Moro a crítica de um de seus principais assessores, o presidente do Coaf Roberto Leonel, à decisão do presidente do Supremo, Dias Toffoli, de suspender investigações realizadas sem autorização judicial. [sendo recorrente: os diálogos além de provas ilícitas, foram obtidos mediante a prática de crimes, não tem a autenticidade comprovada. Considerando que uma imagem vale por mil palavras, abaixo segue o valor do tiro disparado pelo 'verdevaldo', com o detalhe que o conteúdo do vaso sanitário se jogado em alguém, suja.

Quanto a demissão do presidente do Coaf é justa e natural, quem serve a um governo tem o direito de efetuar críticas, desde que em privado e sejam apresentadas ao seu superior imediato e, caso tenha acesso, ao criticado, jamais em entrevistas comícios.]


A lição do ex-ministro Rubens Ricupero continua atual.

Vídeo do escândalo da parabólica que derrubou o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero em 1994

A decisão beneficia diretamente o filho do presidente, o senador Flavio Bolsonaro, que foi a origem do apelo ao STF. Uma das queixas, de que Moro não corresponde ao esperado na segurança pública, parece mais desculpa do que uma razão, e começou a ter respostas  há algumas semanas.  Moro colhe bons frutos do trabalho da Polícia Federal, que encontrou os hackers que invadiram mil telefones de autoridades, e conseguiu recuperar, nos seis primeiros meses deste ano, mais dinheiro de corrupção e lavagem do que em todo o ano passado.

Moro parabenizou a PF pelo recorde de apreensão de bens relacionados ao tráfico de drogas. De acordo com os números oficiais, R$ 548 milhões já foram apreendidos de janeiro a julho deste ano. “ Estratégia universal, prisão dos membros do grupo, isolamento dos líderes, sequestro e confisco do patrimônio do crime. O crime não pode compensar”, sentenciou Moro pelo Twitter. A PF também fez  ontem grande operação contra a facção criminosa PCC, que tem ramificações em todo o país, com objetivo de cortar o financiamento dos criminosos, e disse ter encontrado planilhas que podem levar a outros financiadores.

Prova de que o trabalho anti-crime do ministro está tendo resultado neste momento, e que o combate ao crime organizado se dá em várias frentes, e não apenas na Lava-Jato.   Desde que foi escolhido para o Ministério da Justiça, Sérgio Moro anunciou que teria como foco principal o combate ao crime de lavagem de dinheiro, com o objetivo de asfixiar as organizações criminosas.  A equipe montada por ele tinha como base policiais especializados nesse tipo de ação, e por isso ele fez questão de levar para sua área o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), um instrumento fundamental para detectar dinheiro ilegal, proporcionando a investigação dos órgãos de controle, como a Receita Federal.  O termo usado na equipe que lidera o combate ao crime organizado é "descapitalização", para enfraquecer as organizações criminosas, seja de facções, ou de colarinho branco. Por isso seu pacote anticrime pede a alteração de algumas leis para que os órgãos de fiscalização tenham maior liberdade.

A perda do Coaf para o ministério da Fazenda foi política, uma derrota que o Congresso resolveu dar a ele em defesa própria, considerando que o Coaf na Fazenda não teria a mesma dedicação em investigar os políticos. Se houver mesmo a substituição do seu comando, essa tendência deve ser confirmada. [além do interesse de deputados e senadores enrolados com o crime em neutralizar Moro, só assim continuarão em liberdade;  existe também uma ação sistemática de parte da imprensa e do 'primeiro-ministro' Maia em desestabilizar o governo Bolsonaro - qualquer lama que respingue em Moro atinge, ainda que de raspão, Bolsonaro, sendo que o interesse do primeiro-ministro é a eleição presidencial de 2022.]
Os azares da sorte levaram os caminhos da política a um impasse:
investigar políticos esbarra na família Bolsonaro. Mas o presidente não pode dar a impressão de que está abandonando seu apoio à Lava-Jato para defender seu filho.   Alardear os feitos da Polícia Federal é uma saída, pois ela “realiza suas investigações com autonomia e mérito próprio. O papel do Ministério da Justiça e da Segurança Pública é dar estrutura e independência” (...) “Uma única orientação: focar em crime organizado e corrupção, as prioridades nacionais. As estratégias de investigação são parecidas, siga o dinheiro.”  Moro, que já deu provas de flexibilidade ao lidar com temas delicados como porte de armas, só tem uma saída: tornar-se cada vez mais o super Moro, indispensável no imaginário popular.

Merval Pereira, jornalista - O Globo
 
 
 


sexta-feira, 21 de junho de 2019

A chave do Supremo

Pesquisa mostra que 38% dos brasileiros acham que presidente pode fechar a corte

A última edição da pesquisa Barômetro das Américas mostrou que 38% dos brasileiros acham que o presidente pode fechar o STF caso o país enfrente dificuldades. O sentimento não é majoritário, mas sua escalada chama a atenção. Nos últimos dez anos, esse percentual nunca ultrapassou a casa dos 15%. Não é de hoje que a popularidade do Supremo está no fundo do poço. Ainda assim, é espantoso que tanta gente apoie a solução radical de passar a chave na porta do tribunal e mandar os ministros para casa.

Exposta a desgastes, a corte conquistou o desapreço de eleitores de esquerda (35%), de centro (25%) e, principalmente, de direita (52%). O ambiente pode se tornar ainda mais desfavorável, já que o STF permanece rachado em discussões criminais, assumiu protagonismo em pautas políticas e enfrenta o antagonismo do presidente da República e aliados. A divisão do tribunal em processos relacionados à Lava Jato e em julgamentos de corrupção é a causa mais visível dessa insatisfação. Não é coincidência que pedidos de fechamento do Supremo estivessem presentes nas manifestações de apoio ao ex-juiz Sergio Moro e ao governo Jair Bolsonaro, no fim de maio.

A corte continua tomando decisões nessa seara que desagradam às massas, mas também se mostra vulnerável ao mau humor das ruas. Um sinal disso é a hesitação do tribunal em enfrentar casos como a prisão após condenação em segunda instância e outros julgamentos que poderiam afetar o ex-presidente Lula.
Mais um ingrediente amargo dessa receita é a imagem de que o STF age contra o governo. Nos últimos meses, o tribunal barrou a decisão de Bolsonaro de extinguir conselhos federais e suspendeu a privatização de uma subsidiária da Petrobras. Na próxima semana, a corte também pode derrubar o decreto que ampliou o acesso a armas no país.

No papel de contrapeso, o Supremo deve continuar sob pressão. É natural que a corte seja sensível à opinião pública. Resta saber se ficará intimidada com gritos autoritários.
 

sábado, 11 de maio de 2019

Bolsonaro cita ‘alguns problemas’ no governo e fala em possível ‘tsunami’




Em evento da Caixa, presidente não explicou a que se referiu; Congresso, que analisa MP da reforma administrativa, impôs derrotas ao governo nesta semana




O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, 10, que seu governo enfrenta alguns problemas devido à forma como ele escolheu governar, preterindo indicações políticas na composição de sua equipe. Ele disse, ainda, que poderá enfrentar “um tsunami na semana que vem”, mas não explicou a que se referiu. O presidente participou do evento “Nação Caixa” nesta manhã, em Brasília, e falou brevemente a gestores da Caixa Econômica Federal.
“Se por ventura eu indicar alguém, falei para os ministros, eles têm poder de veto. O que eu quero deles, na ponta da linha, é produtividade. Tem que atender o fim, a quem se destina a instituição. E assim estamos governando. Alguns problemas? Sim, talvez tenha um tsunami na semana que vem. Mas a gente vence esse obstáculo com toda certeza. Somos humanos, alguns erram, uns erros são imperdoáveis, outros não”, comentou, sem maiores detalhes.

[presidente, se o 'aiatolá de Virginia'  calar a boca e sair de cena e seus filhos aceitarem que o Brasil não é uma monarquia - é uma República, da qual o senhor é o presidente, eleito com quase 60.000.000 de votos -  e cuidarem das funções institucionais deles (para as quais foram eleitos), seu Governo toma um bom rumo.

Não falo, nem posso, falar em nome do povo, mas, é isso o que se percebe.
Sua credibilidade ainda vai bem, com viés de queda,  devido as interferências astronômicas e familiares.

A popularidade que o senhor tinha quando foi eleito é recuperável, desde que o seu governo comece  - o que só vai ocorrer de verdade se as interferências cessarem.
 
Presidente, desautorize o filósofo, rompa publicamente com aquela figura e será EXCELENTE para o Brasil, para os brasileiros e para o seu governo.]

Nesta semana, o governo sofreu algumas derrotas no Congresso. Na quinta-feira, 9, a comissão especial responsável por analisar a medida provisória 870, que definiu a estrutura da gestão de Bolsonaro, decidiu transferir o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o Ministério da Economia. O ministro da Justiça, Sergio Moro, defendeu e continua insistindo que o órgão deve ficar sob sua responsabilidade. Os plenários da Câmara e do Senado ainda votarão a MP 870.

Na quinta-feira, 9, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encerrou a ordem do dia sem colocar a medida em votação pelo plenário da Casa, o que torna sua aprovação mais arriscada, já que o texto da reforma administrativa perde a validade em 3 de junho. A MP, no entanto, deverá ser pautada para votação na próxima semana.

Em sua fala, Jair Bolsonaro citou a própria Caixa como exemplo de distribuição de cargos que, para ele, “não tinha como dar certo” em governos anteriores. “A imagem distorcida da Caixa era em função disso. Cada partido tinha uma presidência, uma vice-presidência. Não tinha como dar certo. Escolhi nossos ministros por critério técnico, todos têm liberdade para decidir”, afirmou.

No evento desta sexta, Jair Bolsonaro disse também que quando conheceu o presidente do banco estatal, Pedro Guimarães, “foi amor à primeira vista”, e em seguida brincou que os dois se deram hoje um “abraço hétero”. O presidente ainda comentou o episódio em que foi atacado em Juiz de Fora (MG) durante a campanha eleitoral, se emocionou e foi aplaudido na sequência.

Veja


terça-feira, 16 de abril de 2019

Bolsonaro e os caminhoneiros

Jair Bolsonaro se julga comprometido com sua base eleitoral, como se fosse deputado, e não com os brasileiros em geral, como deveria fazer o presidente da República

Na campanha eleitoral do ano passado, o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro manifestou apoio à greve dos caminhoneiros que emparedou o governo, fez a sociedade de refém e causou imensos prejuízos econômicos a todo o País. Agora na condição de presidente da República, Jair Bolsonaro continua a agir como se fosse representante dos interesses dessa categoria profissional, em detrimento dos interesses dos demais brasileiros. “O presidente está do nosso lado”, comemorou Wallace Landim, vulgo “Chorão”, líder dos caminhoneiros. 

“Chorão” tem acesso direto ao gabinete do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e foi graças a esse trânsito que, na semana passada, fez chegar ao presidente Bolsonaro a ameaça de nova paralisação caso a Petrobrás consumasse o anunciado aumento de 5,7% no preço do óleo diesel. Como se sabe, no mesmo dia Bolsonaro telefonou para o presidente da Petrobrás e mandou suspender o reajuste

O custo econômico da interferência do presidente da República na política de preços da Petrobrás já é conhecido - a empresa perdeu R$ 32 bilhões em valor de mercado em questão de horas. Para o País, contudo, o episódio, do ponto de vista político, pode representar um prejuízo ainda maior, pois ficou claro que Jair Bolsonaro ainda se vê e ainda é visto como deputado, e não como presidente. Ou seja, Bolsonaro se julga comprometido com sua base eleitoral, como se fosse apenas deputado, e não com os brasileiros em geral, como deveria fazer o presidente da República. 

O episódio do reajuste do diesel pela Petrobrás é um indicativo do quão longe o presidente Bolsonaro pretende ir para preservar o que julga ser seu capital eleitoral. Ao Estado, “Chorão” lembrou que os caminhoneiros trabalharam para a campanha de Bolsonaro e que esse é “um comprometimento que ele tem com a categoria”. Informou ainda que, segundo lhe disseram seus contatos na Casa Civil, os caminhoneiros “sempre terão o respeito e respostas imediatas” do governo.
É bastante incômodo saber que líderes sindicais desse calibre têm tamanha influência sobre a cúpula do Executivo federal. Num passado recente, durante os governos lulopetistas, eram as centrais sindicais ligadas ao PT que desfrutavam da atenção incondicional do governo, gerando uma casta de privilegiados que impôs sua agenda retrógrada e economicamente danosa ao País. O mesmo parece estar acontecendo agora no governo de Bolsonaro, que, ao justificar a ordem para sustar o aumento do preço do diesel, se disse “preocupado” com os caminhoneiros, a quem prometeu tratar “com o devido carinho e atenção”. Pouco importam os efeitos desastrosos que esse “carinho” terá sobre o País e o conjunto da Nação. 

A esta altura, terão efeitos limitados os esforços do ministro da Economia, Paulo Guedes, para reduzir os danos causados pela decisão de Bolsonaro. “Se ele (o presidente) eventualmente fizer alguma coisa que não seja razoável (na economia), tenho certeza de que conseguiremos consertar”, disse Paulo Guedes. É possível, mas o problema de fundo não é a reconhecida ignorância de Bolsonaro sobre como funciona a economia, e sim o fato de que o presidente parece cada vez mais agir à mercê daqueles que considera seus eleitores - especialmente aqueles que, muito bem organizados, fazem da truculência sua forma preferida de comunicação. 

Diante do rápido derretimento de sua popularidade, Bolsonaro aparentemente passou a se dedicar com mais afinco a cultivar seu eleitorado fiel, entre os quais julga estarem os caminhoneiros. O problema é que, ao premiar com “carinho” a truculência dos líderes daquela categoria, o presidente sinaliza que está vulnerável a todo tipo de pressão, especialmente daqueles que julgam estar na base eleitoral de Bolsonaro. 

É tarefa do presidente da República preocupar-se com um movimento grevista que já se provou extremamente danoso para o País. Mas não cabe ao presidente, em nome desse imperativo, servir como porta-voz das reivindicações dessa ou de qualquer outra categoria profissional. Ao fazê-lo, Bolsonaro não só demonstra desconhecer a natureza do cargo que ocupa - ele não é procurador de interesses sindicais nem recebeu delegação para entregar a Nação, como refém, aos grupos que acreditam ter chegado com ele ao poder.


 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Em discurso, Bolsonaro faz aceno ao mercado e manda recado a opositores

Especialistas avaliam que discursos de Bolsonaro mantiveram consonância com a equipe econômica, ao priorizar reformas e austeridade fiscal, mas careceram de apelo à união. Deputado da oposição denuncia suposta agressão à democracia e desrespeito às diferenças 

Outrora criticado pela maneira intempestiva de tomar decisões, o presidente Jair Messias Bolsonaro foi elogiado ao tomar atitudes inesperadas no primeiro dia de governo. Durante a cerimônia repentinamente interativa, Bolsonaro quebrou protocolos, ao permitir que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, falasse no parlatório do Palácio do Planalto antes mesmo de se dirigir à população.  Bolsonaro também contrariou recomendações do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e desfilou em carro aberto, acompanhado da mulher  e de um dos filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ).

No discurso como presidente, Bolsonaro avisou que vai “combater a ideologia de gênero”, mas pediu “paciência com as diferenças”. Prometeudar condições de trabalho às polícias e às Forças Armadas”, atacar “a criminalidade e a corrupção” e “trabalhar incansavelmente para que o Brasil escreva um novo capítulo de sua história”. 
“Quero agradecer a Deus por estar vivo. Pelas mãos de profissionais que operaram um verdadeiro milagre. Com humildade, volto a esta Casa, onde, por 28 anos, estive como parlamentar. Me deram a oportunidade de crescer e de amadurecer”, declarou no Congresso Nacional.

Para Geraldo Tadeu, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), os discursos de campanha de Bolsonaro foram “recolocados” nas duas vezes em que o presidente se manifestou ontem. “Em nenhum momento, percebi o presidente fazendo referência à união de todos, uma postura que faltou para o ‘presidente de todos os brasileiros’, como ele se apresentou”, explicou. O cientista político acredita que trechos das manifestações de Bolsonaro foram pensados para “mandar recados” às entidades com as quais ele não concorda. “Quando falou da ideologização nefasta para tradições e do reforço ao direito à propriedade, ele mandou um recado direto aos movimentos sem-terra”, complementa Tadeu. [óbvio que o movimento conhecido como 'movimento sem terra' - mst é uma organização ilegal (sequer tem personalidade jurídica) e criminosa - já que promove e/ou estimula invasão de propriedades alheias;

pela ilegalidade e por se tratar de uma organização criminosa, aquela quadrilha tem que ser desmantelada e seus líderes presos.]

Ao condenar o “politicamente correto” no comunicado à nação, o presidente exclui os chamados grupos multiculturais, explica o especialista. “Notei uma visão limitante, quando ele enfatiza a necessidade de ‘entrega e renúncia’ para a recuperação moral do país. A menção de ataque ao ‘gigantismo estatal’ atende à demanda neoliberal, apesar das tendências (de origem) nitidamente mais estatais por parte do presidente. Não houve tema novo e, no tom, se assemelhou ao discurso de posse do Donald Trump, de um ‘entrante’ com olhar e palavras ligados à conjuntura percebidas no mundo, com ótica global”, acrescentou Tadeu.


No âmbito econômico, André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton, disse que o discurso sinaliza que Bolsonaro está alinhado com as ideias da equipe econômica, o que agrada ao mercado. “Ele tratou das reformas, de um país menos burocrático e eficiente. Eu achei que essa parte do discurso foi muito bem colocada. Do ponto de vista do mercado, é tudo que se queria ouvir”, destacou.

Perfeito também ressaltou que, apesar de o Congresso ter sido renovado, as declarações apontam para uma aproximação com os parlamentares. “Isso é essencial para a aprovação das reformas”, destacou. O economista-chefe destacou, porém, que Bolsonaro se propõe a ser “muito revolucionário” ao “alterar tudo” o que é colocado em prática até então na estrutura de governo e na economia. “Eu só acredito vendo. Não porque não creio nele, mas porque é muito forte essa proposta”  O economista José Márcio Camargo — que foi o coordenador da equipe econômica do então candidato à Presidência Henrique Meirelles — disse que o discurso está de acordo com a “execução” proposta pela equipe econômica. “Foi enfático ao destacar a necessidade de reformas, de austeridade fiscal e de fim dos privilégios. Foi muito claro nesse sentido”, avalia. Camargo participou de reuniões do governo de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Hélio Zylberstajn, economista e professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo, declarou que foi um discurso forte e bem marcado pelas escolhas ideológicas que ele representa, mas “sem surpresas” com o que ele defende para a economia.


Popularidade
Os sinais de popularidade à frente do Planalto não refletem a carreira do isolado deputado Jair Bolsonaro. Entre os aliados, os temas das rodas de conversa no Congresso são a esperança para o futuro. “As palavras podem até mentir, mas as atitudes falam a verdade. O que adianta fazer um belíssimo discurso e depois todo mundo ser preso? Os valores familiares estão distorcidos. Bolsonaro vai colocar em prática tudo o que disse. Essa coisa de militância aguerrida é coisa da esquerda. A nossa é espontânea”, explica o deputado novato Júnior Bozzella (PSL-SP).

No contraponto, opositores não se acanhavam em dizer que eventuais falhas de Jair Bolsonaro no plenário da Câmara poderiam se repetir no parlatório do Planalto. “Ele fez o discurso tosco de sempre. Não apresentou nenhuma ideia, usou aquela repetição de chavões e o resultado foi um pronunciamento de auto-ajuda. Nada do que ele disse tem valor no governo. Não dá para fazer um ‘chamamento’ para que o Congresso marche rumo ao Planalto, a fim de ajudar na administração. Além disso, o presidente não respeita a democracia, que pressupõe o respeito à diferença, e fica alfinetando quem não concorda com seu pensamento”, declara o também deputado Paulo Pimenta (PT-RS). [esse deputado Paulo Pimenta é mais um dos que desistiram de prestigiar o presidiário nas festas de final de ano.]


Correio Braziliense


 


 

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A marca do pitbull



Não há nenhuma surpresa na atuação do ministro Carlos Marun na articulação política do governo. Ou alguém esperava que o deputado conhecido como pitbull do governo fosse agir na negociação parlamentar de maneira diferente da que sempre usou e, aliás, foi a responsável pela sua escolha neste momento?   Marun exigir reciprocidade de governadores na votação da reforma da Previdência em troca de financiamentos de bancos públicos, e dizer que isso é uma “ação de governo”, é o reflexo de uma visão política que domina o governo Temer.

Trocar o presidente do Banco do Nordeste, substituindo-o pelo diretor financeiro Romildo Carneiro Rolim, num acerto com o presidente do Senado, Eunício Oliveira, também. Os governadores que reclamam da pressão explícita, que está sendo classificada de chantagem, se surpreendem à toa, pois há muito tempo é assim que a banda toca no governo Temer. Talvez Marun seja apenas mais explícito na tarefa de angariar votos, e tenha mais poder que o antecessor, o tucano Imbassahy. Toda essa movimentação nos bastidores do governo durante o recesso parlamentar só mostra como ele está empenhado em aprovar a reforma da Previdência, talvez a mais importante das que Temer se propôs a aprovar.

Não apenas pela sua importância em si mesma
, mas pela mensagem que enviará aos investidores internacionais. Depende dela a continuidade da retomada econômica, que surpreende não pela intensidade, que ainda é baixa, mas pela expectativa que gera no ano eleitoral. Os números da economia são bons, diante da tragédia que se abateu sobre o país nos últimos dois anos, mas ainda não servem para marcar o governo como um “aliado substancioso”, como sonha o presidente Temer.

Dobrar a popularidade de 3% para 6% chega a tirar risada do próprio, [convenhamos que pode ser dito, sem mentir, que a popularidade do presidente aumento 100%.] que tem a exata noção de que neste nível não vai a lugar nenhum. Ao contrário, só será rejeitado, mesmo pelos candidatos do próprio campo político.  Com a aprovação da reforma da Previdência, mesmo que seja impopular num primeiro momento para principalmente as corporações, ele tem chance de chegar ao ponto crucial da eleição presidencial como o presidente que comandou uma recuperação sólida da economia, reduzindo especialmente o nível de desemprego.

Dificilmente a melhora será de tal porte que permita ao ministro da Fazenda Henrique Meirelles se tornar um candidato competitivo, mas permitirá que Temer participe da eleição sem ser o alvo principal dos ataques dos adversários, como aconteceu com Sarney em 1989.  O que dificulta o reconhecimento dos avanços econômicos, além da natural lerdeza da repercussão no cotidiano da população, são os métodos adotados para atingir os objetivos. Esse estilo Marun de conduzir negociações políticas deixa um rastro fisiológico que incomoda a classe média e reforça a imagem de degradação da classe política.  Não importa que o objetivo esteja correto, nem que os resultados sejam surpreendentemente bons. Afinal, fechar o ano com uma inflação de 2,5%, na banda inferior da meta, quase exigindo uma explicação do Banco Central por ter ficado abaixo do acordado, não é trivial depois de uma recessão violenta como a que tivemos. E melhora o poder aquisitivo da população.

Mas a popularidade viria mais facilmente se a nuvem negra da corrupção não sobrevoasse o governo em todos os seus atos e gestos. As práticas renovadas do “é dando que se recebe” servem aos adversários, que têm nelas argumento para rebaixar a importância de reformas como a da Previdência, que beneficiará os menos aquinhoados, mas é apontada pelos privilegiados como uma maneira de retirar os direitos dos cidadãos, mesmo que esses supostos direitos sejam os principais responsáveis pela falência do sistema.

Merval Pereira - O Globo
 

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Popularidade e Reforma da Previdência a qualquer custo

Governo estuda aumentar isenção do imposto de renda

O governo federal estuda aumentar a isenção do imposto de renda. Em entrevista para rádios nesta segunda-feira, o presidente Michel Temer afirmou que apreciaria “muitíssimo” ampliar a faixa de isentos, mas reconheceu que é algo complicado e que está em discussões iniciais. — Foi apenas uma primeira conversa para ampliar a faixa-limite do imposto de renda. Se você aumenta a faixa de isenção, você está permitindo que muita gente possa economizar no pagamento do tributo para aplicar no varejo, onde seja — disse o peemedebista. 

Ele comparou a possibilidade à decisão do governo, em dezembro, de liberar o saque de contas inativas do FGTS. Temer enfatizou que os saques, que já superaram R$ 17 bilhões na última sexta-feira, contribuíram para aquecer o mercado.  — Não há isso concretamente. Eu apreciaria muitíssimo. Se você me disser: “Seria bom?” Seria bom, porque seria uma maneira de alcançar boa margem de trabalhadores, que serão beneficiados por isso de um lado, e por outro lado também a economia que fariam, ao invés de pagar o tributo, iriam gastar isso na economia nacional. Mas é uma coisa complicada.

O presidente não deu detalhes de quanto seria essa isenção no imposto ou com que prazos o governo trabalha. Neste ano, esteve livre de pagar o imposto de renda quem recebeu até R$ 28.559,70 em 2016, ou R$ 2.379,97 por mês. Temer atribuiu a "mesas, cadeiras e paredes" do palácio a divulgação da conversa no Palácio do Planalto sobre uma eventual mudança na tributação.

DEFASAGEM DE 83% EM DEZ ANOS

Se a tabela acompanhasse a inflação que fechou 2015 em 10,67% e em 6,29% no ano passado, a isenção para pagamento do imposto subiria para R$ 3.460,50 e não os R$ 1.903,98 da tabela atual em vigor. Com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) superior a 6% em 2016, o ano passado registrou a maior defasagem anual dos últimos 12 anos, segundo o sindicato.

As deduções de dependentes e de educação também estão muito defasadas e não houve qualquer correção esse ano. O abatimento dos gastos com dependentes, hoje de R$ 2.275,08 por ano, na verdade deveria ser de R$ 4.166,16 se a inflação acumulada no período tivesse sido aplicada. Já o montante deduzido por educação, hoje de R$ 3.561,50, deveria ser de R$ 6.521,85, pelos cálculos dos auditores.

Fonte: Extra
 

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

As urnas abrem o calvário do PT



A pecha da corrupção, pela Lava Jato, e a crise econômica fazem o partido encolher nas prefeituras. Assim, será mais difícil eleger deputados em 2018
De acordo apenas com os resultados nas capitais dos estados, já disponíveis, o calvário previsto para o PT está confirmado. Além da derrota do prefeito Fernando Haddad em São Paulo, que não conseguiu nem chegar ao segundo turno, o partido emplacou apenas um prefeito em primeiro turno – Marcus Alexandre, em Rio Branco, no Acre, reeleito. No Recife, João Paulo disputará o segundo turno. E só. Em 2012, o PT elegeu quatro prefeitos de capitais, sendo que uma delas era a maior do país. Hoje, tem apenas uma das menores. Os últimos quatro anos não foram gentis com o PT. O resultado disso está saindo das urnas.  

Em 2012, o Brasil sorria para o PT. A economia parecia estar em ordem – não havia ainda os efeitos da política econômica de expansão de gastos públicos e pedaladas fiscais, já em vigor em Brasília sob a Presidência de Dilma Rousseff. Não havia também o ronco das ruas. Não havia a Operação Lava Jato. Em pouco tempo, tudo mudou. Em 2013, as ruas foram tomadas por manifestantes que protestavam contra um reajuste em tarifas de transporte em São Paulo. Tornaram-se local de protestos contra o governo Dilma, a favor do impeachment e hoje contra o governo Temer. A maior recessão da história brasileira bateu na porta em 2013 e colou no PT a imagem da crise econômica.

O pior, que cobra a fatura hoje, é a Operação Lava Jato. O esquema de corrupção que sugou a Petrobras sangrou os partidos da aliança que elegeu Dilma Rousseff, mas o efeito sobre o PT foi o mais danoso. Dois dos três últimos tesoureiros do partido foram presos, e também dirigentes importantes como o ex-ministro José Dirceu. Lula se tornou réu por lavagem de dinheiro e corrupção há duas semanas. Assim, candidatos do PT, que em 2012 usavam santinhos com as fotos de Lula e Dilma, neste ano fugiram de ambos e até esconderam as cores e o nome PT de seus santinhos. Tiveram de fazer campanha com a pecha de pertencerem a um partido acusado de corrupção. Não puderam aproveitar a popularidade de Lula.

Em 2012, o PT elegeu 635 prefeitos, 11% a mais do que elegera quatro anos antes. Ninguém espera uma evolução neste ano: o tamanho da redução é que intriga. Um número menor de prefeitos significa, entre outras coisas, dificuldade maior para candidatos a deputado federal fazerem campanha em 2018. Será, portanto, mais difícil eleger deputados. Essa é a maior preocupação do PT hoje. Encolher nas cidades é ruim, mas encolher na Câmara é péssimo. Significa perder benesses como ser dono do maior fundo partidário, o dinheiro público dado às legendas. O PT sente neste momento o primeiro efeito prático da Lava Jato e da crise econômica, penduradas nas pontas de sua estrela. Carregará ambos por algum tempo. Será um deserto difícil de atravessar.

Fonte: Revista Época