Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador verdade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador verdade. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Concurso de narrativas - Percival Puggina

         Meu barbeiro em Porto Alegre é um engenheiro venezuelano, ex-funcionário da PDVSA, a maior petroleira daquele país que conheci democrático e próspero no final dos anos 80
Meu engenheiro-barbeiro está feliz no Brasil onde pode se alimentar e “hacer otras cositas” com o produto de seu trabalho.
 
Ao passar a palavra a seu convidado de honra – o criminoso Nicolas Maduro Lula disse-lhe que falasse à “imprensa livre do Brasil e de seu país”.  
O presidente brasileiro solidarizou-se com ele reclamando das narrativas que se fazem sobre a situação da Venezuela e recomendando-lhe que criasse sua própria narrativa, pois essa seria “infinitamente melhor do que a que eles têm contado contra você”.

Quando um ser humano deixa de lado os fatos e a verdade sobre os fatos, para se dedicar a narrativas, existem poucos lugares que pode passar a frequentar. Entre os que me ocorrem estão aqueles onde infelizes vendem seu amor, traficantes anunciam os prazeres de suas drogas, meliantes aplicam seus golpes e onde vicejam as vilanias e insânias do ciberespaço.

Uma sociedade minimamente prudente deve evitar que pessoas assim, ocupadas com “boas narrativas”, se envolvam com o interesse público, relações familiares, negócios sérios, educação de sua juventude, vida religiosa, etc. Não dá! É perigoso demais.

Infelizmente, o Brasil mergulhou de cabeça na tese de que as questões mais graves do país possam ser objeto de um concurso de narrativas, onde a única verdade que interessa é a que cerca um cartão de vacina ou o ato de fé num sistema de votação. 
Mas a que decide uma eleição é a narrativa vigarista de que o ex-presidente é responsável por 700 mil (por vezes 700 milhões) de mortes para que palermas de carteirinha a repitam freneticamente.

Ao dizer para o ditador da Venezuela que crie uma narrativa melhor do que a de seus adversários, Lula está fazendo um discurso completo sobre si mesmo. É o Confiteor de um impenitente orgulhoso de sua perdição.

Os seres humanos são livres, para o bem e para o mal. Deus nos quis assim, mas convenhamos, triste destino o nosso, cujo horizonte foi consumido pelas narrativas admitidas na disputa eleitoral de 2022. Prefiro dormir intranquilo, preocupado com meu país, do que dormir em paz depois de lhe haver feito tanto mal.

Em viagem na Itália, percebendo que sou brasileiro, pessoas me perguntam o que está acontecendo em meu país. 
Tenho respondido que, hoje, o bom povo brasileiro, se percebe irrelevante. A Lava Jato foi difamada e sepultada. 
Os delinquentes da política voltaram a seus negócios. 
Os bons congressistas são em número insuficiente para produzir algo que se possa chamar de democracia e estado de Direito.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sexta-feira, 28 de abril de 2023

Silêncio!... - Sílvio Munhoz


         “Silêncio, abanem os lenços. Chora o vento em despedida”. Os dois versos de uma antiga música gaúcha expressam o que restará ao Brasil caso terça-feira próxima seja aprovado o PL das Fake News, nº 2630/20. Só lamentar a morte da liberdade de expressão!..

 Objetivo, controlar as redes sociais. Tentarão criar um Ministério da Verdade à la Orwell com algum apelido bonito, Conselho Autônomo ou outro qualquer, com  membros escolhidos pelo Governo e a função de decidir o que é verdade ou Fake News. Claro, vai funcionar... afinal, o Brasil viu nos últimos anos que órgãos autônomos, com membros nomeados pelo Governo continuam isentos, imparciais sem a balança pender para o lado de quem os nomeou. Vai funcionar!..

Como cravou Puggina você conhece algum país onde [...] Os democratas querem calar o povo e entram em êxtase com a imposição de tiranias”. Sei, o nome do país está na ponta da língua, mas você teve aquela pequena falha de memória e não lembra. Entendo, afinal, pode ficar perigoso pensar ou falar caso a PL vire lei.

Bem capaz... alguém diria, a CF garante que o cidadão só seja punido quando lei anterior defina o crime e impede lei nova de retroagir em prejuízo do acusado (juridiquês: vedada retroatividade in malam partem). Sério! Ou o “tribunal autônomo” dos membros nomeados pelo governo destruiu esse e outros preceitos da Carta Magna. [se a CF não é respeitada, podemos esquecer o artigo 1º do Código Penal que chega a ser didático.]

Aliás, a última moda é denunciar “em lote” dizendo na denúncia “embora não exista até o momento prova da participação” e ser o recebimento das denúncias  julgado pelo “tribunal autônomo”, que é incompetente. Verdadeiros processos Kafkianos. 
Há quem sustente que ainda vivemos em um “estado democrático de direito”... Que direito? Hoje “direito” não é o que está na Constituição ou nas Leis, mas, o que é ditado pelas cabeças pensantes na jurisprudência “enedimensional do tribunal autônomo”. Estado democrático?

Ah os “democratas”, vejam as listas de quem votou o regime de urgência para o PL 2360/20 (voto direto em plenário, sem passar por Comissões e sem debates dos representantes do povo, os Deputados e sem ter nem mesmo um texto final). Viram? A maioria dos votos é dos partidos que compõem o governo e através da história se autoproclamam “democratas e defensores da liberdade”. Que no exercício cristalino de democracia chamam quem discorda de seu pensamento de antidemocrático, autoritário e fascista!..

Não, não estão preocupados com notícias falsas e com o prejuízo que possa acarretar à democracia, o que lhes assusta, realmente, é a verdade. Estavam acostumados com os tempos anteriores às redes sociais, quando criavam narrativas que, a troco de propagandas pagas com verbas do erário – dinheiro dos pagadores de impostos –, eram difundidas por grande parte dos órgãos de imprensa, hoje apelidada  ex-imprensa.

A divulgação maciça sem contrapontos criava o fenômeno chamado espiral do silêncio”... as pessoas não expressavam suas ideias, por medo de serem isoladas ou ridicularizadas, quando sua opinião era diferente da dominante, que por falta de contestação parecia ser aquela divulgada pelas grandes redes...

As redes sociais quebraram a espiral do silêncio, terminando com a “polarização feliz – o conspiratório “teatro das tesouras”. Quebrado o silêncio foram difundidas outras ideias e surgiram inúmeros players novos no cenário político e muitos foram ouvidos e eleitos. Não, não pode... Como novas ideias e gente nova se elegendo... Necessário voltar aos tempos da “narrativa” ditada por nós. Esse o objetivo, não há dúvidas.

“O problema não é com os boatos falsos, mas sim com os fatos verdadeiros e com as opiniões que me contrariam: a liberdade de expressão é perigosa”, como escreveu meu irmão Adriano.

Sem liberdade de expressão não há democracia
Como denunciar as arbitrariedades quando não se pode expressar ideia diferente da “narrativa oficial”... estão umbilicalmente ligadas democracia e liberdade de expressão, uma não sobrevive sem a outra.

A votação está programada para terça-feira, lute, converse ou mande e-mail para seu deputado. O Brasil não pode voltar aos tempos de censura.

Aprovada só restará dar adeus à liberdade de expressão e à democracia.

“Silêncio abanem os lenços

Chora o vento em despedida.” Luiz Coronel.

Que Deus tenha piedade de nós!..

Conservadores e Liberais - Silvio Munhoz


A censura está a ponto de ser institucionalizada – para a alegria de Lula, a esquerda e o STF - J. R. Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo

A Câmara dos Deputados se prepara para cometer uma infâmia – a criação, por lei, da censura no Brasil.  
Lula, o PT e a esquerda se dizem chocados quando ouvem isso, jurando que querem “aperfeiçoar” o exercício da livre expressão, mas é puro fingimento. Eles, mais do que todos, querem essa lei justamente porque ela cria a censura nas redes sociais um sonho que perseguem há anos, e é realidade em todas as ditaduras do mundo.

A lei entrega ao governo, para resumir as coisas e falar em português claro, uma ferramenta que lhe dá o poder de proibir ou permitir o que a população pode falar ou mostrar na internet. A população, e não os jornalistas ou os meios de comunicação – quem perde a proteção do artigo 5 da Constituição Federal, que garante como “cláusula pétrea” a liberdade de palavra e de expressão, é o cidadão brasileiro. A cláusula, como se pode ver, não é de pedra.

Lula e o seu sistema, em parceria com o STF, passam para o Estado a função inédita de definir o que é verdade e mentira.

O esforço para chamar esse ataque direto à democracia de “Lei da Liberdade” na internet (e também, é claro, da “responsabilidade” e da “transparência”), é uma piada – jamais, na experiência humana, a liberdade verdadeira se tornou mais ampla ou mais garantida por causa de leis. É o contrário. A liberdade só é amputada quando querem melhorá-la através de peças de legislação, pelo simplíssimo fato de que o propósito real de quem escreve todas essas leis é reduzir os direitos da população, e não aumentar.

Querem sempre regular, controlar, condicionar, especificar, limitar – e o resultado prático disso tudo é que em algum momento aparece, inevitavelmente, que isso ou aquilo é proibido, que isso ou aquilo vai ser punido, e assim por diante. 
No caso da censura que a Câmara se dedica a impor à sociedade brasileira, Lula e o seu sistema, em parceria com o STF, passam para o Estado a função inédita de definir o que é verdade e mentira – e, por conta disso, o poder de decidir o que pode e o que não pode ser dito nas redes sociais.

O que estão querendo é fornecer ao governo a licença legal para instalar a censura, a polícia do pensamento e a repressão política neste país.

O mecanismo para se fazer isso é um “Conselho Nacional”, a quem caberá, se a lei da censura for aprovada, decretar o que é “fake news”, ou “desinformação”, ou “opinião nociva”, ou “conclusão falsa” e mais um mundo de coisas – na prática, tudo o que o governo não quer que seja publicado. Em cima desse veredito supremo, vai proibir a publicação e, pior ainda, punir quem falou.  

Está na cara que é assim, na prática, que a coisa vai funcionar: o “Conselho” será formado por “representantes da sociedade”, e até uma criança com 10 anos de idade sabe quem vão ser eles.  
Alguém espera que um negócio desses seja imparcial? 
Que tenha membros de direita, ou não alinhados com o PT? 
Que seja capaz de condenar uma mentira dita em público pelo presidente da República? [não pode ser olvidado que o atual presidente é uma mentiroso patológico,no popular, um mitomaníaco.]

Mais desconexo ainda é o argumento central da esquerda em toda essa questão – a necessidade de se colocar ordem na “selva” da internet e das grandes plataformas de comunicação, para eliminar a transmissão de “mentiras”, “insultos”, “mensagens de “ódio”, postagens “antidemocráticas”, “golpistas” ou de “extrema direita” e todos os horrores que o mal humano pode causar. É, ao mesmo tempo, falso e idiota.


Não há selva nenhuma; a liberdade de expressão no Brasil é exercida dentro de limites claros e perfeitamente definidos por lei. O indivíduo pode dizer o que quer – mas é responsável, sim, por tudo o que diz.  
O Código Penal e o restante da legislação punem, como crime, a calúnia, injúria, difamação, golpe de Estado, incitação ao crime, racismo, nazismo, “homofobia” (é equivalente ao racismo, segundo o STF) e tudo mais que o sujeito possa fazer de errado usando o direito à palavra livre. Está sujeito, igualmente, a pagar indenizações pecuniárias pelos danos que provocou.
 
A nova lei não quer colocar ordem em nada, pois os instrumentos para impedir que a liberdade de um venha a prejudicar o direito de outro existem há mais de 80 anos na lei brasileira. 
O que estão querendo, na vida real, é fornecer ao governo a licença legal para instalar a censura, a polícia do pensamento e a repressão política neste país.
 
Nota: para acompanhar em tempo real quais são os parlamentares a favor e contra o PL da Censura, acesse pldacensura.com
 
J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

sexta-feira, 21 de abril de 2023

A verdade foi sepultada viva - Percival Puggina


         Sob sete palmos de terra e cinco anos de sigilo, a Verdade gemia dentro do caixão. A balbúrdia dos militantes nas tribunas, nos microfones, ante as câmeras, nas redações, abafava seus clamores. Parente próxima da Verdade, a Lógica corria de porta em porta e alertava nas esquinas e mesas de bar que ela sobrevivia; sufocada, mas viva. O governo gastava promessas, anunciava emendas, prometia recursos e cargos (a moeda oficial da compra de consciências em instituições enfermas) para que nenhuma comissão parlamentar de inquérito a fosse resgatar.

Era muito mais conveniente ao governo um inquérito que aplicou tornozeleiras e colocou atrás das grades mais de duas mil pessoas. Todas empacotadas com o rótulo de terroristas, ou vândalas, ou golpistas responsáveis por incitação ao crime e associação criminosa (vândalos reais e seus financiadores, se presos, estão no lugar certo).

Aos donos do poder vinha sendo bem mais confortável pespegar rótulos à oposição do que examinar os próprios meios de ação desde uma perspectiva moral. Ontem, a propósito, um jornalista da Jovem Pan retirou do baú da memória uma brilhante frase que o ex-senador José Serra usava para denunciar a conduta dos petistas no parlamento dizendo que batiam a carteira e saíam gritando “Pega ladrão!”.

Era muito, muito conveniente examinar aqueles vídeos, sepultá-los no ataúde da Verdade, mandar prender o secretário de segurança do Distrito Federal que estava em férias, destituir o governador do DF e convocar Bolsonaro para depor.  
Ao mesmo tempo, deixar solto o general Gonçalves Dias, sem sequer ouvir o Ministro da Justiça. 
Aos vídeos, diziam, impunha-se sigilo por uma questão de “segurança das próprias instalações de segurança do Palácio do Planalto”. Não entendo de segurança, mas reconheço uma hipocrisia.

O general Gonçalves Dias, também se soube ontem, foi Secretário de Segurança da Presidência da República nos dois mandatos anteriores de Lula e chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional da ex-presidente Dilma Rousseff.

Com o que se sabe hoje, devo exclamar: Que inquérito, senhores! Que inquérito!

Aqui, desde esta pequena cápsula de trabalho a que chamo gabinete, penso no omisso senador mineiro Rodrigo Pacheco e nos enfeitados caciques partidários que com larga margem o reelegeram para presidir o Senado Federal. Talvez agora, que o chão se abriu sob seus pés e as vítimas dessa omissão caem no seu colo, o senador, enfim, se disponha à desagradável e inédita experiência de cumprir seu dever para com a nação.

A Lógica, sentada ao lado do túmulo da verdade, aguarda a CPMI e a exumação da parente sepultada viva.   

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

quinta-feira, 20 de abril de 2023

Uma paródia grosseira de mulher - Revista Oeste

Brendan O'Neill, da Spiked

A ideia de que um homem pode se tornar uma garota é irracional, sinistra e sexista

Dylan Mulvaney | Foto: Montagem Revista Oeste/Lev Radin/Shutterstock
 

Vivemos num mundo em que um homem que se fantasia de atleta feminina é coberto de louros e dinheiro, enquanto uma atleta feminina de verdade é chamada de “vadia desgraçada” e leva um soco no rosto. Um mundo em que um sujeito pode receber milhares de dólares para desfilar de top esportivo em uma paródia grotesca de uma atleta, enquanto atletas femininas de verdade são atacadas por uma multidão furiosa aos gritos de “voltem para casa”. 

Um mundo em que um homem usando leggings fazendo um arremedo de Dick Emery sobre ser mulher é tratado como exemplo, enquanto uma jovem que treinou a vida inteira para ser uma atleta de elite é chamada de preconceituosa e “vadia transfóbica”.  

Esses são os casos de Dylan Mulvaney e Riley Gaines. Mulvaney é um homem de 26 anos que opera sob a ilusão de que é uma garota. No último ano, no hospício moderno que é o TikTok, ele tem documentado sua “jornada para se tornar uma garota”, sua “transição de homem para garota”, como batizou o Daily Mail, capturando de modo brilhante a loucura pós-verdade e a imoralidade completa desse homem adulto que diz: “Sou uma garota!”.  

Gaines é uma mulher — à moda antiga, que tem vagina, como diz Ricky Gervais — e exímia nadadora. Ela foi campeã universitária de natação nos Estados Unidos e está bem irritada que homens grandes e barbados, como Lia Thomas 1,80 metro, pênis e cheio dos músculos que os machos da espécie adquirem na puberdade , sejam autorizados a competir com uma mulher como ela. Tanto Mulvaney quanto Gaines foram parar nas manchetes nos últimos dias, e suas histórias mostram como o culto à transgeneridade se tornou tóxico e ameaçador.  

Um homem faz uma imitação sarcástica de um treino “para meninas delicadas”, e os progressistas gritam animadamente: “Vamos, garota”. Uma mulher se manifesta pelos direitos das mulheres de terem seus próprios esportes, e os progressistas vociferam: “Cale a boca, vadia”

O sr. Mulvaney chegou ao noticiário por assinar um generoso contrato com a Nike Women. Ele postou um vídeo se exercitando com uma calça legging Zenvy e um top Alate, da Nike Women. Falei se exercitando. Está mais distante de Jamie Lee Curtis no filme Perfeição e mais próximo de Tim Curry em The Rocky Horror Show. Ele dá chutes altos desajeitados e faz polichinelos, o tempo todo com a boca entreaberta e a expressão de quem está com tontura. Meninas, como vocês são! Como muitas mulheres enfurecidas comentaram, não se parece em nada com uma mulher fazendo exercícios. Parece mais um ator amador fazendo teste para o espetáculo A Chorus Line. O que, na essência, Dylan Mulvaney é. No entanto, ele é coberto de louros e elogios. Empresas o estão enchendo de dinheiro. Ele é tratado como uma mulher de verdade — ou, que aflição!, uma garota —, inclusive pela Casa Branca.  

Gaines chegou ao noticiário depois de ser inundada não com amor e dinheiro, mas com insultos misóginos horríveis. Ela está em uma missão de salvar os esportes femininos. E já fez declarações tocantes sobre a injustiça de forçar atletas mulheres como ela a competirem com homens. 

 Quando Lia Thomas era o bom e velho Will Thomas, ele era um nadador universitário mediano dos Estados Unidos. 

Quando se tornou Lia, chegou ao topo dos rankings femininos. Mulheres que treinaram por anos para ser as melhores foram deixadas para trás nas ondas feitas por suas mãos grandes e masculinas. 

Gaines fez um discurso na Universidade Estadual de São Francisco na quinta-feira passada sobre as razões de por que os esportes femininos devem ser proibidos para homens, e a reação foi extraordinária. 

Uma multidão furiosa a cercou. Gritaram insultos. Ela foi chamada de vadia. Gaines afirma que levou dois socos. E teve de se esconder em uma sala por três horas, para escapar da caça às bruxas furiosa.  

 

Aí está. Um homem usando trajes esportivos femininos é bajulado pelos virtuosos, enquanto uma mulher que quer proteger os esportes femininos é demonizada por eles. Um homem faz uma imitação sarcástica de um treino “para meninas delicadas”, e os progressistas gritam animadamente: “Vamos, garota”.

 Uma mulher se manifesta pelos direitos das mulheres de terem seus próprios esportes, e os progressistas vociferam: “Cale a boca, vadia”. A confluência dessas duas histórias é perfeita. Ela ilustra o impacto devastador que a ideologia trans teve não só nos direitos das mulheres, mas também em toda a condição de mulher. Que as elites se sintam mais confortáveis com uma performance frívola de mulher feita por um homem do que com a defesa apaixonada e racional de sua própria condição feita por uma mulher confirma que a ideologia trans fez estragos na realidade, na ciência e na igualdade sexual. 

Tudo o que resta nessa ideologia profundamente misógina são a casca da mulher, os acessórios, a máscara, as roupas e o batom. É por isso que, em determinados círculos, Dylan Mulvaney é uma “mulher” mais respeitada do que Riley Gaines — porque ele faz a caricatura muito melhor que ela.   

The prisoners are running the asylum at SFSU…I was ambushed and physically hit twice by a man. This is proof that women need sex-protected spaces.

Still only further assures me I’m doing something right. When they want you silent, speak louder. ️ pic.twitter.com/uJW3x9RERf

— Riley Gaines (@Riley_Gaines_) April 7, 2023

Em julho de 1989, Germaine Greer escreveu um artigo para o Independent  intitulado “Por que a mudança de sexo é uma mentira”. Ele sempre é usado pela geração Z como prova cabal na cruzada para transformar Greer em uma velha preconceituosa e má, mas, na verdade, o texto é brilhante, um lembrete da polemista feroz e excelente que ela foi. Greer descreve um encontro com um transexual nos Estados Unidos nos anos 1970, o rosto “coberto com uma maquiagem pesada pela qual a barba já estava aparente”. Ele vestia “roupas esvoaçantes”. E apertou a mão dela com — para aqueles que se ofendem com facilidade, fechem os olhos — sua “pata enorme, ossuda, peluda e cheia de anéis”. E na sequência aparece uma das frases mais famosas de Greer sobre a questão trans: esse homem, disse ela, era uma “paródia grosseira do meu sexo”. “Os bons modos instintivos” exigiram que eu o aceitasse como mulher, ela reclama, “ao ponto de permitir que ele fosse ao banheiro comigo”.

“Paródia grosseira do meu sexo” — essas palavras ecoam nos meus ouvidos sempre que vejo Dylan Mulvaney. E muitas outras “mulheres trans” que devemos tratar como mulheres de verdade. “Mulheres trans são mulheres”, diz o mantra. Um mantra que foi repetido com uma ferocidade medieval para a bruxa Riley Gaines. Mas hoje temos mais do que “os bons modos instintivos” exigindo que reconheçamos essas figuras com barba e dedos peludos como mulheres. Uma máquina totalmente nova de autoritarismo foi criada para nos pressionar a acreditar que mulheres trans são mulheres e punir aqueles que, como Gaines, ousarem fazer objeções. Constrangimento público, listas negras e até violência passaram a ser empregados para nos forçar a concordar com a ideia de que alguém como Dylan Mulvaney é uma garota.  

A performance de Mulvaney é incrivelmente sexista. Seu diário de “transformação em garota” dá a impressão de que a feminilidade é uma interpretação. Você achava que ser mulher era algo biológico, cultural, histórico e relacional, algo que tem substância e significado reais? Tente outra vez. É uma performance de drag queen, basicamente. É sombra para os olhos e apliques de cabelo. De tutoriais de maquiagem até os vídeos sobre como esconder o saco escrotal no maiô, a imagem que Mulvaney tem de “ser mulher” é totalmente ilusória. Ser mulher é um traje, pelo jeito.  

Vamos falar abertamente sobre isso: a ideia de que um homem se torna uma mulher apenas fazendo um procedimento fácil, tomando alguns comprimidos e talvez removendo seu pênis é profundamente misógina. Nas palavras de Greer, em 1989, isso promove a ideia “de que a fêmea não passa de um macho castrado”

Hoje em dia, um sujeito não precisa nem ser castrado para se tornar uma mulher. A degradação de tratar mulheres como machos castrados foi substituída por uma degradação ainda mais repugnante de tratá-las como machos enfeitados. Amigos, se vocês têm acesso a máscara de cílios, perucas e fita adesiva para esconder seu pinto, vocês também podem se tornar uma mulher. Vistam uma calça legging, façam alguns exercícios, abram a boca para parecer frágil e boba e, voilà, você é uma dama. Qualquer um consegue. 

A ideologia trans tornou os direitos das mulheres insignificantes. Ela esvaziou suas verdades e os reduziu a uma mera fantasia que qualquer um pode vestir. Como Greer argumentou, a ideologia trans é totalmente contrafeminista, à medida que trata a “feminilidade” como o cerne de ser mulher. Feminilidade é um papel que você desempenha, afirma Greer, “e que isso se torne a identidade atribuída às mulheres é uma ideia profundamente prejudicial”. De fato, ela se tornou a identidade atribuída às mulheres. Mulvaney é celebrada como “mulher” exatamente porque faz a performance da feminilidade de modo tão entusiasmado, enquanto Gaines é uma mulher demonizada por ter a audácia de reagir à ideia de que ser mulher é uma performance e argumentar que, na verdade, é algo real. Biológica e culturalmente real. Que a paródia grosseira de uma mulher feita por Mulvaney goze de mais validação que a defesa sincera dos direitos das mulheres feita por Gaines revela a misoginia que foi desencadeada pelo culto trans.  

LEIA TAMBÉM: Mulher trans’ é presa por estupro em abrigo feminino

Vítima denunciou agressão à polícia no começo de abril

O problema não é Dylan Mulvaney em si. É o fato de que a intelectualidade, a Casa Branca e as grandes empresas, como a Nike Women e a Bud Light, estão se jogando a seus pés e dizendo: “Sim, Dylan, você é uma garota”.  

Ao fazer isso, eles não só alimentam as ilusões do rapaz, mas também sancionam oficialmente a ideia sexista de que ser mulher não passa de um cosplay. E se as mulheres não são reais, qual é a necessidade dos direitos das mulheres? É uma curta distância em tratar a condição da mulher como uma piada até tratar as mulheres como piadas.  

Leia também “Um olho por uma mágoa”

Brendan O'Neill, da Spiked - Revista Oeste

 

quarta-feira, 29 de março de 2023

Silêncio hipócrita - Onde está Alexandre de Moraes?

Vozes - Paulo Polzonoff Jr

"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

Ganha um “parabéns” quem encontrar Alexandre de Moraes na imagem. do clássico “Onde Está Wally?”| Foto: Reprodução

Ué. Alexandre de Moraes não era o grande xerife da democracia?  
O cruzado do Estado Democrático de Direito? 
O protetor das instituições? 
O guerreiro contra as fake news e outras ameaças nascidas de seu intelecto brilhante e de sua aguçada visão jurídica? 
Não era ele quem estava disposto a tudo para proteger o país do fascismo, da extrema-direita e de outros espantalhos tão queridos do petismo?
 
Pois então. Curiosamente, na semana em que Lula disse que só sossegaria quando f&%$#*! o seu algoz, o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro, Alexandre de Moraes desapareceu do noticiário. Pior: na semana em que foi descoberto um plano para matar o mesmo senador, plano do qual o presidente da República zombou, Alexandre de Moraes fugiu dos holofotes e dos microfones como petista foge da verdade.[quando o Brasil esperava que, no mínimo, o ministro Moraes determinasse que no prazo máximo de dez dias, o boquirroto ex-presidiário explicasse a ameaça que proferiu contra um Senador da República.] 
 
Não só ele. Luís Roberto Perdeu Mané Barroso e Carmen Cala Boca Já Morreu Lúcia, ministros dados a grandiosos clichês sentimentaloides que a imprensa militante repercute como se fossem aforismos dignos de antologia, também estão emudecidos. 
De bico fechado e incapazes de uma só palavra de reprimenda ao apedeuta-em-chefe também estão Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Edson Fachin e Rosa Weber. E Luís Fux? 
Por onde anda o ministro no qual os lavajatistas tanto confiavam e que não deu um pio em apoio ao senador Sergio Moro? 
Sem contar Gilmar Mendes, claro. Mas esse daí... De onde menos se espera é que não sai nada mesmo.
 
Há tempos não se ouve a voz do Trovão da Justiça. 
Que não ousa repreender Lula pelo palavrão e por aquilo que muita gente considerou uma ameaça velada a Sergio Moro. 
Que não se dignou nem mesmo a uma notinha de repúdio pelo plano de matar o senador. 
Aliás, Alexandre de Moraes tampouco se manifestou em relação à violência imposta por uma facção criminosa no Rio Grande do Norte - atos terroristas que, misteriosamente, não levaram ao afastamento da governadora petista.

Silêncio bem-vindo

E, no entanto, ouso dizer que o silêncio dos ministros do Supremo Tribunal Federal é institucionalmente bem-vindo. Porque é o certo. 
Digo, em outro momento, sob as bênçãos da democracia plena e cristalina, seria até de se louvar que os membros da altíssima cúpula do Poder Judiciário não se intrometessem em questões envolvendo outros poderes. 
Que se recolhessem a seus papéis constitucionais. Que se manifestassem apenas nos autos.

Mas até Alexandre de Moraes há de convir que, na atual circunstância, nessa democracia de fachada em que vivemos, e sobretudo depois do que se viu e ouviu nos últimos quatro anos, esse silêncio nada mais é do que uma expressão da mais suprema hipocrisia. É a mais perfeita tradução (“alguma coisa acontece no meu coração”) de um espírito jurídico contaminado por paixões partidárias e por uma visão de mundo que, num acesso de generosidade, chamarei aqui apenas de “estreita”.

Afinal, o que fizeram Alexandre de Moraes & Seus Togas Pretas nos últimos quatro anos além de perseguir primeiro os bolsonaristas mais ferrenhos (Eustáquio, Allan dos Santos, Daniel Silveira) e, depois, qualquer um que suas imaginações considerassem uma ameaça? 
Até humorista eles prenderam! 
 Sem falar na intromissão incessante no Poder Executivo, que não podia nem dar um espirro sem ter de explicar, no prazo de 48 horas, o motivo do delicioso espasmo.
 
E falaram, hein? Ah, como falaram! Provocaram. Debocharam. Impuseram o medo. 
Teve até gesto de decapitação, lembra? Teve a decretação de um Estado de Exceção. Teve a volta da censura. 
O STF fez das tripas coração para deslegitimar, quando não criminalizar, os anseios de pelo menos metade dos brasileiros. 
A ponto de levar muitos deles a desacreditarem nas impolutas instituições. Se hoje muitos veem o STF como uma agremiação de militantes escolhidos por conveniência política e que agem contra a mesma sociedade que deveriam proteger da tirania do Estado, a culpa é das línguas (e canetas) soltas dos ministros.

Além de hipócrita, ou melhor, porque hipócrita, o silêncio de Alexandre de Moraes & Cia soa também como uma confissão de que temos no STF alguém (ou alguéns) que, na “melhor” das hipóteses, é apenas mais um antibolsonarista inveterado. 

Alguém que, veja só!, não hesitou em pôr em dúvida a legitimidade de todo o sistema eleitoral brasileiro, das urnas à atuação do TSE, só para tirar do poder um presidente que ele e os seus consideravam estética e ideologicamente repugnante.

(R.: Alexandre de Moraes está no canto inferior direito da imagem)

 Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


segunda-feira, 27 de março de 2023

Em 107 minutos Lula provou que não está à altura do cargo - Deltan Dallagnol

Gazeta do Povo - VOZES  

Existem numerosas fábulas que contam histórias sobre a importância de dizer a verdade. Uma delas é a do menino que pastoreava ovelhas e mentia que havia um lobo. Ele gritava por ajuda falsamente
Quando ele realmente precisou de ajuda, ninguém veio em seu auxílio. Acabou sendo devorado por um lobo e expondo as suas ovelhas a um verdadeiro perigo.  
Lula mente, mas vive numa realidade um pouco diferente, um “multiverso da loucura” na expressão usada por Sergio Moro. E muita gente o acompanha nessa realidade paralela. 
Mesmo quando Lula mente e engana, é idolatrado e aplaudido por muitos na esquerda, [tão estúpidos,  idiotas, ignorantes e imbecis quanto o 'pinóquio' do Planalto apedeuta] ainda que suas mentiras exponham a sociedade ao perigo de lobos reais.
 
[Leiam e, por favor, respondam: depois de um esculacho desse,só com VERDADES, sobrou alguma coisa do ex-presidiário?]

Ontem, Lula riu do plano do PCC para matar a família de Sergio Moro. Afirmou ser uma “armação de Moro”. Com isso, chama de mentiroso seu próprio ministro da Justiça, os presidentes da Câmara e Senado, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, o GAECO de São Paulo e a Justiça, que afirmam de forma unânime existirem provas do plano para matar Moro e o promotor Lincoln Gakiya. Ao mesmo tempo, Lula negou os investimentos de R$ 5 milhões pelo PCC no plano de assassinato, os imóveis alugados para monitorar a família, os carros e o dinheiro apreendido e o mapeamento da rotina dos filhos e dos postos de gasolina usados para abastecer os carros. Como na Lava Jato, Lula nega as provas e constrói uma teoria da conspiração.

A atitude de Lula enfraquece a importante comoção e resposta da sociedade contra o crime organizado para proteger as famílias ameaçadas.

Lula se coloca ao lado do PCC, que se torna vítima de uma armação, e contra os agentes da lei ameaçados. Como o garoto pastor, Lula mente. Contudo, Lula faz o contrário: grita que não há lobo por meio do seu megafone presencial, mas aqui o lobo é de verdade. O efeito é perigoso. Ele desmobiliza a reação social e moral contra o crime organizado. 
Como presidente, ele é a personalização máxima das instituições e sua atitude enfraquece a importante comoção e resposta da sociedade contra o crime organizado para proteger as famílias ameaçadas. É um falso pastor, que abandona as ovelhas aos lobos, violando a dignidade e o decoro do cargo e traindo seus deveres de proteção dos brasileiros.
 
O propósito da mentira é claro. Um grupo de jornalistas entrevistou Lula pelo blog 247, nesta mesma semana, aceitando suas mentiras e elogiando fatos inexistentes. Nessa entrevista, Lula revelou que, na prisão, afirmava: “Só vou ficar bem quando ‘f0der’ esse Moro”. 
A verdade é que Sergio Moro confrontou duas perigosas organizações criminosas: o PCC e o sistema corrupto de Brasília.  
A reação do crime organizado das ruas e dos palácios vem com suas próprias armas. O PCC reage com fuzis e pistolas
Os corruptos palacianos reagem com o poder da caneta, da articulação política e das instituições.

Essa entrevista de Lula é assustadora, não só pelas mentiras, mas porque as ilusões que cria são repercutidas como se fossem reais.

Esse posicionamento de Lula revela um desejo claro de vingança em relação à Operação Lava Jato e aos que combatem a corrupção como um todo. 
Ele parece estar obcecado com a ideia de se vingar daqueles que o impediram de morar em um triplex de luxo. 
 Não é à toa que os agentes da lei que trabalharam na Lava Jato vêm sendo atacados de todos os lados. 
Enquanto Cabral fica solto, Bretas é punido pelo Conselho Nacional de Justiça e o procurador El Hage, pelo Conselho Nacional do Ministério Público, sem que nada consistente tenha sido provado contra eles. 
O Tribunal de Contas da União avançou contra procuradores da Lava Jato, numa investida que a Justiça Federal afirmou estar recheada de “manifestas e evidentes ilegalidades”, destacando ainda a existência de indícios de “quebra de impessoalidade” – leia-se, perseguição. Quem capitaneou a investida é o mesmo ministro Bruno Dantas que agora pretende ser nomeado ministro do STF por Lula.
 
Essa entrevista de Lula ao blog é assustadora, não só pelas mentiras de Lula, mas porque as ilusões que cria são repercutidas pelos jornalistas blogueiros como se fossem reais
Um dos pontos mais chocantes foi exatamente este: a revelação do projeto de vingança de Lula, juntamente com seus absurdos insultos a Moro. A cena de um presidente da República proferindo tamanha violência verbal a um senador é um sinal alarmante do quão grave é o atual período político no Brasil. 
Em tempos de polarização política e desinformação, é preocupante observar como Lula atacou Moro, criando um ambiente favorável para crimes de ódio na mesma semana em que um petista matou um bolsonarista após uma briga em Mato Grosso.
 
Contudo, as mentiras de Lula vão muito além disso e são endossadas por seus apoiadores. Em contraste com a fábula em que o menino que mentia muito é punido pela sua desonestidade, Lula é idolatrado mesmo quando mente, engana e suas falsas narrativas colocam em risco a vida de terceiros
Infelizmente, o espaço limitado deste artigo não é suficiente para abordar todas as mentiras e hipocrisias proferidas por Lula durante sua entrevista de apenas 107 minutos com esse grupo de blogueiros. Páginas e mais páginas de crítica poderiam ser escritas para desmenti-lo e apontar suas próprias contradições.
Uma afirmação de Lula, por exemplo, beirou um incidente diplomático ao atacar a maior potência mundial: ele afirmou que a imprensa e a Lava Jato agiram contra ele, na Lava Jato, por influência do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.  
 
Segundo Lula, o governo americano agiu assim porque a Odebrecht ganhou uma licitação em Miami. Essa declaração descaradamente mentirosa levanta suspeitas infundadas sobre as instituições de um país estrangeiro – o segundo com o qual o Brasil mais tem relações comerciais.[sobre conduta de mandatário estrangeiro que foi anfitrião do casal Lula, não há suspeitas infundadas - só pensam assim os que são, ... natos.] Tudo isso apenas para tentar apagar os seus crimes e os de seus aliados, que foram apontados em condenações e confessados por vários deles, como Antonio Palocci e Sergio Cabral.

A Lava Jato tirou a oportunidade de que o programa "meu triplex, minha propina" fosse ampliado em todo o país.

Outro ponto interessante da entrevista é sobre como a Lava Jato atrapalhou as empresas brasileiras de engenharia. Eu assumo a responsabilidade por isto: a Lava Jato realmente atrapalhou a corrupção das empresas de engenharia com os políticos – inclusive com ele, segundo a condenação de Lula proferida por três tribunais que examinaram o mérito do seu caso, antes de ser anulada pelo STF por razões formais.  
 
Com nosso trabalho, impedimos desvios de verbas e corrupção bilionária em licitações de várias construtoras brasileiras que conjuntamente com políticos assaltaram os cofres públicos. 
Ao expor sua corrupção, a Lava Jato impactou sim o valor de mercado dessas empreiteiras, campeãs nacionais da corrupção. 
Além disso, a operação dificultou que elas realizassem obras em países sérios enquanto não fizessem um acordo para devolver o dinheiro roubado e não se comprometessem com a honestidade em seus negócios. E, assim agindo, a Lava Jato simplesmente fez valer a lei.

É bom ressaltar que enquanto Lula pede e dá segundas chances aos criminosos, viajando com Joesley Batista para a China e aplaudindo o multicondenado José Dirceu na cerimônia de aniversário do PT, ele condena os agentes da lei que descobriram seus crimes. Se tivéssemos ignorado a corrupção, a Odebrecht cresceria, roubaria mais e conseguiria construir mais triplex.

 A Lava Jato certamente tirou a oportunidade de que o programa "meu triplex, minha propina" fosse ampliado em todo o país pela organização criminosa que tomou conta do governo no Brasil.

Além de atacar homens e mulheres da lei que incomodaram ao prender corruptos como nunca, Lula pretende culpar outros por sua má decisão de governança.

Além disso, Lula ocultou o fato de que a depressão econômica e das empresas foi causada pela política econômica desastrosa do PT, que no final do governo Dilma conduziu o Brasil à maior crise econômica da história. 
Entre 2015 e 2016, o PIB caiu 7,56% – a pior queda desde que o número começou a ser medido pelo IBGE em 1948.  
Em quase 70 anos, não havíamos tido dois resultados negativos anuais. Até mesmo na pandemia, tomados os anos de 2020 e 2021, o saldo do PIB foi positivocaiu 3,9% em 2020, mas avançou 4,6% em 2021. Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro apontou que Dilma teve o terceiro pior PIB em 127 anos e atribuiu 90% da culpa disso à inépcia do seu governo. A diretriz do seu governo, segundo o professor responsável pelo estudo, Reinaldo Gonçalves, foi “errar, errar de novo, errar pior”. Contudo, para Lula, a culpa é da Lava Jato.
 
Lula se vangloriou ainda, na entrevista, de ter iniciado a construção de 12 estádios enquanto era presidente da República. No entanto, é preciso ressaltar a péssima decisão de investir em algo desnecessário em detrimento de questões urgentes do país.  
A Copa do Mundo foi um gasto que resultou em corrupção equivalente à vergonhosa derrota de 7 a 1 e em prejuízos aos cofres públicos. 
É irônico que Lula, que proibiu falar sobre gastos com educação no início da entrevista, tenha deixado cortes nos investimentos de educação enquanto construía estádios. No mundo ideal da esquerda que fica babando durante a entrevista, esse é um tópico jamais mencionado.

As palavras de um presidente têm consequências: fomentam o ódio, enfraquecem a governança, expõem os agentes da lei e a sociedade a riscos.

Não satisfeito em culpar a Lava Jato por todos os males do país, Lula agora afirma que não seguirá a lista tríplice para indicar o procurador-geral da República, porque os promotores eram "moleques". Isso é um absurdo. Os “moleques” atacados conseguiram recuperar 25 bilhões de reais aos cofres públicos brasileiros que estavam com corruptos, algo nunca antes feito na história desse país. 
Além de atacar homens e mulheres da lei que incomodaram ao prender corruptos como nunca, Lula pretende culpar outros por sua má decisão de governança da mesma forma como quer culpar a Lava Jato pelos males do país, transferindo uma responsabilidade que é dele e unicamente dele. Foi ele quem criticou Bolsonaro por não seguir a lista tríplice, quando a Lava Jato já havia acontecido. Nada mudou. O que ele faz agora é renegar uma promessa que fez, mostrando que não cumpre sua palavra.
 
Outra afirmação interessante de Lula na entrevista é que todos os envolvidos nos crimes do dia 8 de janeiro serão punidos, mas como podemos ter certeza disso se ele próprio busca impedir a instauração da CPI? 
 Pairam no ar acusações de que teriam prometido 60 milhões de reais para deputados que retirassem suas assinaturas. 
É no mínimo hipócrita criticar a falta de investigação mais profunda sobre os culpados se ele próprio tenta impedir que isso aconteça – e, segundo acusações feitas, por meios que não seriam nem republicanos.

Lula não está à altura do cargo que ocupa. E quem diz isso é a lei, que estabelece que é crime de responsabilidade proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo.

Na entrevista, Lula também criticou o atual presidente do Banco Central, Campos Neto, indicado por Bolsonaro, por manter os juros altos. No entanto, é curioso que ele próprio, Lula, tenha aprovado e aceitado a mesma política quando Henrique Meirelles era o presidente do Banco Central durante o seu governo. Meirelles, aliás, apoia e elogia a decisão de Campos Neto. 
Por que, então, Lula ataca tanto uma política que ele próprio usou no passado? 
É importante lembrar que a questão dos juros é sensível e pode ser facilmente usada para assustar a população. Como o Banco Central é independente agora, Lula gera suspeitas sobre a economia sugerindo que ela não está crescendo como deveria por causa dos juros altos.
 
Como um menino que grita “lobo” e aponta para um inocente, Lula insinua que o Banco Central é composto por inimigos do povo. Tudo isso é uma estratégia política irresponsável para buscar apoio para revogar a independência do Banco Central, a qual é essencial para sua boa governança. 
A autonomia do banco o torna mais técnico e menos suscetível a interferência política. 
Além disso, Lula cria antecipadamente um bode expiatório para possíveis falhas econômicas ou insucessos de seu ministro da Fazenda, um político sem as competências exigidas para o cargo que até mesmo o PT tem criticado.

Ao se aproximar do final da entrevista, Lula surpreendeu ao afirmar que, para ser um bom presidente, é preciso ter sorte. A sorte de Lula parece ser nosso constante azar, pois vivemos em um país marcado pela injustiça e impunidade, governados por um condenado por corrupção, sem a sorte de ter nossos problemas resolvidos por governantes que destilam ódio para além de suas promessas vazias.

Falando em promessas vazias, uma outra promessa feita por Lula nesta mesma entrevista me chamou a atenção: a de que ele irá trabalhar pela paz mundial. Diante de um cenário de conflitos e tensões internacionais cada vez mais preocupantes, é reconfortante ouvir um líder político se comprometer com uma causa tão nobre e urgente. [concordamos que reconforta  um líder politico se comprometer com a paz mundial - um líder político, ressalte-se, que Lula NÃO É, NUNCA FOI e NUNCA SERÁ líder  político ou de qualquer coisa que produza algo de útil.] 
Resta saber como alguém que não tem nem conseguido a paz entre Senado e Câmara dos Deputados irá conseguir entre a Ucrânia e a Rússia. Os jornalistas acharam provável que consiga, afinal, no multiverso da loucura, nunca antes na história desse país Lula mentiu.
 
O problema dessas ilusões é que não são inofensivas. Diferentemente do menino pastor que mentia e sofreu ele mesmo as consequências, Lula coloca a sociedade em risco com as suas mentiras
As palavras de um presidente têm consequências: fomentam o ódio, enfraquecem a governança, criam problemas nas relações internacionais e expõem os agentes da lei e a sociedade a riscos de segurança.  
De fato, para ficar só neste último ponto, se os agentes da lei não forem protegidos quando combaterem o crime organizado, ninguém mais ousará enfrentá-lo no futuro. As falas do presidente fazem vítimas. Lula não está à altura do cargo que ocupa. 
E quem diz isso é a lei, que estabelece que é crime de responsabilidade proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo. Lula precisa ser chamado à responsabilidade.
 
 Deltan Dallagnol, colunista  - Gazeta do Povo - VOZES