Após o ex-presidente Lula ter posto lenha na fogueira, pedindo
que a companheirada não fugisse do embate com a oposição - mesmo que fosse preciso recorrer à briga
-, a tropa
petista obedeceu. O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) no
Rio de Janeiro, e atual prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá, postou em
sua página no Facebook um texto que exprime
bem a autoridade de que o comandante Lula ainda goza perante a sua militância.
Em sua página na rede social, Quaquá escreveu: "Contra o fascismo a porrada! Não podemos engolir esses fascistas
burguesinhos de merda! Tá na hora da militância e dos petistas responderam (sic) esses fdps que dão propina ao guarda,
roubam e fazem caixa dois em suas empresas, sonegam impostos dão uma de falsos
moralistas e querem achincalhar um partido e uma militância que melhorou (sic) a vida de milhões de Brasileiros. Vamos
pagar com a mesma moeda: agrediu, devolvemos dando porrada!".
A mensagem não podia ser mais clara. Tudo o que o PT tem
feito no poder - e que a cada dia vai ficando mais evidente, seja pelos efeitos daninhos na economia, seja pela dissolução da moral e dos bons costumes, de que as
investigações da Polícia Federal em torno da Operação Lava Jato são apenas um
exemplo -, tudo
isso estaria justificado pelo argumento de que o "partido (...)
melhorou a vida de milhões de brasileiros". E, dentro dessa
estranha ética - que aos companheiros
tudo desculpa, independentemente das suas ações e suas omissões -, se a atuação do PT no poder está assim justificada,
quem se opõe a esse modo de cuidar da coisa pública é visto como "fascista" e "falso moralista".
Questionado
sobre o teor violento da sua mensagem, Quaquá não titubeou: "Sou sociólogo e professor. Nasci na favela. Falo a linguagem do
povo. Não estamos defendendo que o PT saia dando socos e porradas sem motivo,
mas, se derem o primeiro soco, devemos responder com dois".
É lamentável que Quaquá atribua sua intemperança verbal ao fato de ter nascido numa favela. Muita gente lá nasceu e vive, sempre se comportando com honradez e civilidade. O presidente do PT do Rio revela assim um tremendo preconceito contra os moradores das comunidades carentes, que não adotam a violência como solução para os desafios da vida.
Para Quaquá, o motivo para a briga já existe - a ordem
do chefe Lula mandando a tropa sair às ruas. E a ida da militância às ruas já
tem data: o próximo dia 13.
Algumas centrais sindicais e movimentos sociais pretendem promover naquele dia
13 um ato na Avenida Paulista, com réplicas por todo o País.
Segundo o agitador-mor João Pedro Stédile, a pauta já está definida.
Para
o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), "temos que voltar às ruas no dia 13
de março para dizer que a Petrobrás é nossa e ninguém tasca". Stédile esquece, no entanto, que a Petrobrás não é "deles". A Petrobrás é do povo brasileiro, de todos os brasileiros. E agora,
mais do que nunca, é hora de devolver a
Petrobrás à sociedade brasileira, acabando com o
seu uso político, extinguindo o aparelhamento petista e pondo fim à corrupção
que encheu os bolsos de alguns, causando pesados prejuízos a muitos.
Mas isso não parece tirar o sono de Stédile. [Stédile incorreu em ato falho ao declarar que a
Petrobras ‘é nossa’; o nossa se refere à
petralhada que segue o principio ensinado pelo Lula: confundir o público com o
privado. A corja petralha é tão desavergonhada que roubou a Petrobras, mediante
o PETROLÃO – PT, com tanta avidez que passou a considerar a petrolífera coisa
deles.]
É evidente que o País vive momentos
difíceis e atravessa uma séria crise
política, econômica, social e também moral. Crise esta que é parte da herança maldita que o PT gerou ao longo dos seus anos no
poder federal. Como também é evidente, essa crise não se resolverá pelo
conflito ou pela violência, como irresponsavelmente propôs Lula aos seus
comparsas no Rio de Janeiro, durante o ato em "defesa" da Petrobrás.
A lógica do conflito, que é sempre
excludente, expõe uma visão distorcida da política e da vida social. Instigar o
conflito social, como vem fazendo Lula e sendo cegamente obedecido por sua tropa,
não acaba com a corrupção, não melhora o
emprego, não torna o Estado mais eficiente, não contribui com a educação
pública. É tática irresponsável de quem almeja governar sem o controle de instituições
democráticas e sem o dever de prestar contas à Nação.
Fonte: Editorial O
Estado de São Paulo
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