Quem são os líderes dos movimentos pró-impeachment e anti-PT que dedicam seu tempo a uma missão: cobrar mudanças e tirar Dilma do Planalto
Será que existem líderes no movimento ESPONTÂNEO contra Dilma? contra a corrupção que domina o Brasil com o aval explícito, desde 2003, do governo petralha?
contra a CORRUPÇÃO, a FALTA de ÉTICA, de MORAL?
contra o desemprego, os juros altos e crescentes, o desemprego voltando mais forte, a inflação crescendo a cada mês, recessão aumentando?
Faz três semanas que o nervo ciático do empresário paulista Rogério Chequer o leva a sentir dores insuportáveis. Anti-inflamatórios e fisioterapia têm sido a salvação para deixar de pé o fundador e porta-voz do movimento Vem pra Rua. Mesmo assim ele atravessa mancando uma faixa de pedestres no Itaim, bairro nobre de São Paulo, às 22h de segunda-feira 10, depois de jantar um sanduíche de rosbife numa padaria. “Nem que seja de cadeira de rodas estarei na manifestação de 15 de março. Vai ser um momento histórico”, diz. Se é verdade que a classe média é a coluna vertebral de uma nação, as dores que há um ano levaram o moderado empresário a se jogar de cabeça no ativismo não são exatamente as de sua lombar. Um grau crescente de indignação, assegura ele, lhe dói há mais tempo.
Desde o panelaço de domingo 8, a rua está
se mostrando como uma força de oposição erguida por uma soma de
insatisfações. Elas resultam em diferentes propostas apresentadas por
pessoas de variados perfis. Os movimentos anti-PT criados por jovens
liberais, empresários moderados e outros mais radicais prometem parar o
Brasil no domingo 15 em mais de 200 cidades. A convocação é igual:
mensagens por WhatsApp, Facebook e Twitter enviadas a mais de 22 milhões
de usuários. Enquanto o Movimento Brasil Livre e o Revoltados Online
defendem a saída da presidente, o Vem Pra Rua e o Quero Me Defender
acreditam não existir ainda base jurídica e política para o impeachment,
mas vão às ruas contra a corrupção e a crise econômica. Querem um
basta.
“Acredito que 80% das pessoas que fizeram barulho no panelaço não
viram convocação nenhuma. Ela foi endêmica e contagiante”, diz Chequer,
46 anos, engenheiro da USP e sócio da Soap, uma empresa de soluções de
comunicação. Mas essa equação da sociedade indignada tem um denominador
comum – a rejeição a Dilma Rousseff e ao PT – e uma mesma lógica: a
partir de uma determinada manifestação, o próximo objetivo é fazer um
protesto maior.
No Vem Pra Rua, o custo para organizar as
manifestações que antecederam o segundo turno das eleições presidenciais
era de R$ 4,5 mil. No último protesto, em 6 de dezembro, o valor chegou
a R$ 8,5 mil. O dinheiro seria arrecadado com vaquinhas e doações. No
domingo 15, cerca de R$10 mil pagarão a conta da participação do
movimento no protesto. Antes de criar com amigos mais discretos o Vem
Pra Rua, movimento que desde setembro do ano passado se define como
suprapartidário, Chequer garante: nunca havia participado nem de
movimentos estudantis na juventude. “Sempre fui zero político. Mas
indignação sem ação tem limite. Votei no Aécio e o apoiamos em 2014, mas
não sou defensor do PSDB nem recebemos dinheiro deles”, diz ele. A
única ação com o PSDB foi às vésperas do segundo turno.
Como era ano de eleição, passou a focar no tema. Ex-executivo, Reis já foi pastor e ficou desempregado em dezembro após ir ao Congresso se manifestar contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Lá, foi agredido e chamado de neonazista no plenário da Câmara. Ela passa 24h focado no grupo. Uma cama está ao lado de seu computador na sede do movimento, onde dorme duas horas por noite. Além de convocar para domingo 15, seus quase 700 mil seguidores no Facebook, o Revoltados Online organizou as passeatas na quarta-feira 11 no Rio de Janeiro e na sexta-feira 13, na avenida Paulista. Os três protestos custarão R$ 30 mil para o grupo, que já chegou a gastar R$ 40 mil em uma passeata em 2014 – a metade era só para pagar o aluguel do maior trio-elétrico do Brasil. Eles também desembolsam cerca de R$ 12 mil por mês para manter o Banco de Dados com mais de um milhão de assinaturas que defendem o impeachment de Dilma.
Para arrecadar a verba necessária para seus projetos, o grupo diz vender camisetas e bonés personalizadas pró-impeachment pela internet, além de aceitar doações. Ele nega receber dinheiro de partidos políticos. Reis diz já ter recebido ameaças de militantes petistas e é criticado por intervencionistas por não mais apoiar a intervenção militar. Já chegou a defender a causa, mas hoje se diz um democrata. [nem sempre a intervenção militar representa ato antidemocrático - a própria Constituição Federal prevê a intervenção militar, bem como prevê o impeachment.]
Também defensor do impeachment de Dilma, o
Movimento Brasil Livre (MBL) é coordenado por 150 jovens entre 18 e 31
anos em dez estados do País. Em São Paulo, o jovem Kim Kataguiri, de 19
anos, está à frente do movimento.Fundado em 2013, o
MBL ganhou força no ano passado. “Nós percebemos que a vitória de Dilma
pode levar o Brasil a uma questão irreversível na própria democracia”,
diz um dos fundadores do movimento e o mais velho do grupo, Renan
Santos, de 31 anos. O grupo afirma não apoiar nenhum partido, mas
simpatiza com políticos como os senadores Ronaldo Caiado (DEM) e Álvaro
Dias (PSDB), que foram convidados para discursar em seus carros de som.
Eles gastam entre R$ 7 mil a R$ 8 mil em manifestações. Para arrecadar a
verba, publicam vídeos no YouTube e aceitam doações.
Entre os movimentos mais moderados, o Quero
Me Defender foi fundado no ano passado e é administrado pelo advogado
Cláudio Camargo Penteado e sua mulher, Christiane. “Percebemos que as
pessoas só leem o que se publica no Facebook”, diz Cláudio. A página
ganhou 370 mil seguidores. O advogado não irá as ruas para pedir o
impeachment. “Vou contra a corrupção e impunidade”, diz. Cláudio não
aceita doações e tudo que faz paga com dinheiro próprio. Para o dia 15,
contratou pela primeira vez um caminhão, totalizando um gasto de R$ 2,5
mil. “Não comercializo nada. Você não precisa receber dinheiro, senão
estará fazendo a mesma coisa pela qual supostamente luta contra”,
afirma.
Fotos: Claudio Gatti, Gabriel Chiarastelli, Airam Abel e João Castellano – Agência Istoé
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