Percival Puggina
Para resolver tais
casos, a Constituição disponibiliza o processo de impeachment. Que tem lei
própria.
A mobilização em favor
do impeachment é ato de respeito próprio. É questão de decoro nacional.
Expiação ante o mundo civilizado.
Nada seria mais danoso às
carreiras ligadas ao Direito e à Justiça do que a unanimidade das opiniões
jurídicas. Vale o
mesmo para a imprensa. Nas sociedades livres, a divergência integra o ser
social. Não existe ponto sem contraponto. E é por aí que muitos trabalham. As
sociedades submetidas ao totalitarismo funcionam ao contrário: dissentir,
pensar diferente do rebanho ou de seus pastores, gera consequências que vão dos
adjetivos pejorativos às sentenças de morte. Por isso, a
afirmação de que o impeachment da presidente Dilma constitui demanda ridícula,
golpista, sem fundamento jurídico, não
é uma sentença final, irrefutável. É apenas uma das
posições possíveis perante o assunto.
Com apenas 7% da opinião pública
a seu favor, a permanência de Dilma no poder nada tem a ver com
democracia, mas com Estado de Direito. É este que a sustenta contra aquela. Para
resolver tais casos, a Constituição disponibiliza o processo de impeachment. Que
tem lei própria. Que é um instituto de natureza eminentemente política, nem surdo
nem mudo, com motivações éticas e regras claras. Golpe, só não percebe quem não quer, foi dado
ao país antes, durante e depois da eleição.
Antes, com governança irresponsável, com franquias à corrupção, com
esbanjamento dos recursos públicos para fins eleitorais, com negligência no
controle dos gastos, com a ruína da aritmética. Durante, com repetição de despudoradas mistificações, com ocultação
da realidade nacional, com a estratégia serial killer de reputações e a
imputação aos adversários das maldades que o governo viria a cometer. Depois, no agir como se o dia 27 de
outubro nada tivesse a ver com o dia 26. E transcorresse noutro país, sob outra
realidade, perante outro povo. Mas o que
é isso, companheira?
A presidente, por tudo que fez e
deixou de fazer, precipitou a nação no descrédito e nos
afundou numa crise em que não deveríamos estar. A improbidade se instalou no
governo como quem reclina a poltrona e põe os pés sobre a mesa. É um seriado de
infinitos episódios. Milhões de brasileiros que não perceberam isso antes
compreenderam agora, em dois meses. Emendar-se, o governo não vai! Então, a mobilização em favor do impeachment é ato
de respeito próprio. É questão de decoro nacional.
Expiação ante o mundo civilizado.
Contrapor
que isso causaria faniquitos em Stédile e outros como
ele, não é argumento. É afofar a cama dos brutamontes! Para isentar-se
de qualquer culpa por toda improbidade praticada em sua gestão, seria
necessário que a presidente estivesse muito longe daqui, comandando, quem sabe,
outro país e outro governo. No Brasil, não vejo como.
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