Maioridade penal: o debate a toque de caixa na Câmara
Temas espinhosos costumam permanecer intocados no Congresso Nacional.
Só avançam quando há uma ampla articulação motivada por interesses
específicos - no caso da redução da maioridade penal, a grande aceitação
da opinião pública e uma forma de, mais uma vez, colocar o Legislativo e
o Executivo em um embate de forças. Com uma agilidade inédita, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tenta levar a proposta
que diminui a idade penal de 18 para 16 anos ao plenário apenas quatro
meses após o início dos debates de um projeto que tramita há 22 anos,
tem 37 textos apensados e sofreu cinco arquivamentos.
Deputados pedem mais tempo para a comissão especial analisar a emenda
à Constituição - tiveram apenas 20 encontros, quando o normal é o dobro
- e realizar diligências nos centros de internação. Atrasado, o Palácio
do Planalto montou às pressas um grupo de trabalho para buscar uma
alternativa e também defende um adiamento. Mas o chefe da Câmara
mostra-se reticente em recuar no prazo.
Na véspera da votação, no entanto, ainda há mais dúvidas do que
respostas entre os deputados: não há um consenso se a redução
aconteceria apenas no caso de crimes hediondos ou para qualquer ato
infracional.
Também está em discussão se seria possível criar um modelo
de avaliação do discernimento do jovem diferente da faixa etária como,
por exemplo, feito por uma equipe multiprofissional. Há ainda forte
pressão pela manutenção da idade penal em 18 anos e, em contrapartida,
aprovar medidas alternativas, como o aumento do período máximo de
internação.
A comissão
A comissão especial para discutir a redução da maioridade foi formada
no dia 8 de abril com a sua isenção em xeque: é composta por uma
significativa parte dos 27 membros com conhecida posição favorável à
diminuição idade penal.
Quem é quem na comissão da maioridade
-
"Um dos mais fieis aliados do presidente Eduardo Cunha na Câmara,
o deputado é favorável à redução da maioridade penal. Em 2011, ele
apresentou uma PEC defendendo a alteração da idade penal para 16 anos."
Presidente André Moura (PSC-SE)
-
"Relator de propostas de consulta popular com plebiscito ou
referendo sobre a idade penal, o deputado paraibano defende a redução da
maioridade para casos de crime hediondo ou jovens reincidentes."
Vice-presidente Efraim Filho (DEM-PB)
-
"É ex-delegado da Polícia Civil e sempre teve uma posição clara
sobre a maioridade penal: defende a redução e, se possível, a extinção
do limite legal. O deputado fez do enfrentamento à criminalidade sua
principal bandeira de campanha. Agora, como relator da proposta na
Câmara, evita antecipar sua posição no relatório final. Mas não deve
haver surpresas. "
Relator Laerte Bessa (PR-DF)
O grupo poderia deliberar sobre o tema em até
quarenta sessões, mas decidiu reduzir a duração do colegiado à metade –
cerca de dois meses. Ao todo quatro pontos principais são discutidos
entre as 37 propostas de emenda à Constituição (PECs) que tramitam em
conjunto na comissão.
Ainda sem acordo, deputados pressionam para
estender o prazo do colegiado. O adiamento, no entanto, bate de frente
com cronograma proposto pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que
tenta levar a matéria ao plenário no final de junho. [qual o motivo, ou motivos, dos interessados em adiar a discussão de um assunto que já tramita no Congresso há apenas 22 anos?
será que algum nobre parlamentar quer o adiamento para dar tempo a um filho 'di menor' criminoso completar 21 anos? os motivos dos que querem adiar algo encalhado há tanto tempo, certamente não podem ser incluídos entre razões nobres.]
Fonte: Revista VEJA
Nenhum comentário:
Postar um comentário