Jornalista brasiliense nega ter motivado ataques
racistas na internet
Mensagens de carinho também a intrigaram: 'Como se ser preta e linda fosse algo
extraordinário'
A jornalista Cristiane Damacena,
que foi vítima de um ataque racista quando trocou de
foto em uma rede social
e causou forte comoção nacional, agora escreve sobre o tema em um blog. Nesta terça-feira (10), ela divulgou seu
primeiro post e negou que os ataques racistas tenham
acontecido por conta de alguma atitude dela ou por motivação pessoal. — É racismo! Puro! Cruel! Escancarado! —
escreveu.
A jornalista diz que passou dias se perguntando como tudo seria se ela fosse uma mulher considerada feia. — Neste caso tudo bem sofrer racismo? É como se ser feia significasse abrir um precedente para a opressão racista ou até mesmo merecer passar por este tipo de violência. Obviamente, isso é um absurdo!
Ela finaliza o post afirmando que ser uma mulher negra é “maravilhoso”, mas que não acredita que isso seja motivo de inveja para alguém no Brasil, como muitos afirmaram nas mensagens enviadas. — A repercussão dessa violência racial contra mim, uma mulher preta, escancarou a perversidade do pensamento racista ainda presente na sociedade brasileira. Pior que tudo isso, há quem ainda acredite que o saldo é positivo e que ser vítima de um crime na internet mudou a minha vida para melhor. Não há nem um pingo de alegria em ser vítima de racismo.
RELEMBRANDO
Cristiane
Damacena publicou, no dia 24 de abril, uma nova foto no Facebook e cinco dias
depois passou a sofrer injúrias de cunho racial
por ao menos 5 perfis diferentes. Ela foi chamada de “macaca” e “escrava” e
sofreu zombarias por causa da cor da pele. Atualmente, a foto tem mais de 24
mil curtidas, 610 compartilhamentos e mais de 16 mil comentários que tratam de
racismo no Brasil.
Depois de identificados, os responsáveis podem responder pelo crime de injúria qualificada com pena que varia de um a três anos. Para a advogada Indira Quaresma, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-DF, as vítimas de injúria racial devem tirar uma cópia da página em que as ofensas estão postadas e com ela fazer um boletim de ocorrência. A partir do boletim a investigação começa a ser feita pela Polícia mediante uma ação penal privada.
De acordo com a SEPPIR, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, a pasta recebeu 567 denúncias de racismo em 2014 (entre casos virtuais e não virtuais) e 200 só neste ano.
Nota do Blog Prontidão Total: pedimos desculpas aos nossos dois leitores – NINGUÉM e TODO MUNDO – pela não publicação de fotos da jornalista Cristiane Damasceno – é nossa política não dirigir holofotes sobre pessoas que buscam aparecer.
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