Essas e outras informações constam no relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), divulgado nessa quarta-feira (5) pela Câmara dos Deputados. A atuação de organizações criminosas dentro das unidades foi um dos principais problemas apontados nas investigações das unidades prisionais do país. O relatório cita que, em menos de cinco anos, o faturamento do PCC dobrou. A CPI lembra que um livro-caixa apreendido pela polícia mostrou que, em 2008, a facção arrecadava R$ 4,8 milhões por mês em média com assaltos, roubos a bancos, sequestros e outros crimes. "Esse número aumento para R$ 8 milhões por mês entre os anos de 2010 e 2013, passando a mais de R$ 16 milhões por mês nos dias atuais, segundo levantamento feito pelo Ministério Público, este é o movimento 'normal' da facção", apontou.
Para cuidar do dinheiro, existiria na facção a figura do 'contador', responsável pela contabilidade. O grupo tem até uma "poupança." "Como reserva para momentos de dificuldades, a facção criou as chamadas Minerais, espécie de cofres preenchidos com R$ 1 milhão cada um. As interceptações telefônicas do Ministério Público apontam a existência de ao menos sete Minerais escondidas em imóveis comprados pela facção. A localização delas é desconhecida", informou.
Organização e comunicação
O relatório traça um raio-x da maior organização criminosa do país. "Em São Paulo, o 'staff' da facção PCC, formado pelo chefe e subchefes, é chamado pelos detentos de 'Família Real'. Abaixo dos subchefes vêm os 'Pilotos'", ressalta.
Em depoimento à CPI, o promotor Lincoln Gaklya, integrante do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), disse que nem mesmo os bloqueadores de celulares conseguiram quebrar a cadeia de comando, já que há encontro com advogados que garantem a comunicação entre integrantes dentro e fora do presídio. "Essa eficiência da comunicação é um dos pontos fortes da facção e é capaz de fazer a informação chegar ao líder de cada setor, sem interceptações. Com a ajuda de uma rede de advogados instalados na 'Sintonia dos Gravatas', pagando até R$ 2.000 para mulheres visitarem presos levando informações e R$ 25.000 por cada celular entregue, e dessa forma a cúpula e os Sintonias Gerais e Finais conseguem comandar toda a cadeia produtiva da organização mesmo dentro do sistema penitenciário", ressalta.
Para os deputados da comissão, as lideranças do PCC exercem "domínio e fascínio sobre a massa carcerária." "Elas prometem ser a 'voz' dos detentos nas prisões e em muitos casos fazem acordos com diretores de presídios, que cedem a 'facilidades' em troca de ausência de motins", explica.
Combate é "diuturno", diz Estado
Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo diz que "combate diuturnamente o crime organizado em parceria com a inteligência das polícias e com o Ministério Público." Porém, informou que "mais informações não podem ser fornecidas por questão de segurança."
Diz, porém, que a política estadual é de "tolerância zero com relação à entrada de objetos ilícitos". "Todas as unidades prisionais do Estado estão equipadas com aparelhos de raio-x de menor e maior porte, além de detectores de metal de alta sensibilidade que ajudam a coibir a entrada de equipamentos e drogas, atreladas a vigilância constante dos agentes de segurança, treinados para evitar a entrada de ilícitos nos presídios", informou.
A secretaria afirma ainda que contratou uma empresa para instalar bloqueadores de sinal de celular nos presídios que abrigam presos líderes de facções criminosas e nas que possuem presos de alta periculosidade. "Inicialmente foram abrangidos inicialmente 23 presídios", finalizou.
Fonte: UOL.com.br
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