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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Fosse você político, entregaria seu destino à lealdade de Maia?

Rodrigo Maia, presidente da Câmara, sabe que foi (re)eleito para o comando da Casa em razão do apoio do presidente Michel Temer. Sabe também, e as evidências são escancaradas, que o Ministério Público Federal apelou a uma impressionante cadeia de ilegalidades para tentar depor o presidente. Ocorre que ele continua aquele mesmo que foi alçado ao comando de um partido (o então PFL) por Jorge Bornhausen e depois lhe deu uma rasteira e que se tornou figura graúda na Câmara em razão do apoio de Eduardo Cunha, a quem também aplicou uma rasteira. Em julho, tentou, com movimento idêntico, levar o presidente ao chão. Falhou, apesar do apoio de “gente poderosa”.

Então continua a fazer a defesa em tese da reforma da Previdência afinal, parte do seu eleitorado quer isso —, mas a se mover muito discretamente para efetivá-la. Ao contrário, na entrevista que concedeu à Folha, acreditem!, ele tenta culpar Michel Temer pela dificuldade de aprovar a PEC. Segundo diz, se Temer não tivesse recebido Joesley Battista, não teria acontecido o resto.

Ao não reconhecer que o presidente foi alvo de uma conspirata, Maia, mais uma vez, tenta se desvencilhar de um aliado pensando apenas no próprio umbigo. Bem, nesse umbigo, é bom que ele escarafunche as profundezas, há uma acusação feita pelo Ministério Público Federal, não é? Que ele certamente não hesitaria em chamar de injusta.

Não há como. O meu santo é o de Maia não estão no mesmo altar. Eu acho que lealdade e coragem não virtudes intransitivas, valem por si. Se a causa em nome da qual ambas se exercem é ruim, então se combata a má causa, mas não aquelas virtudes. Já o deputado parece, quando menos, entender que a deslealdade e parte da política e tem de ser entendida como um valor instrumental. 

Digam-me cá: fossem vocês políticos, entregariam seus respectivos destinos à fidelidade e à lealdade de Rodrigo Maia?  Tenho para mim que ele jamais será o comandante, ou um deles, de uma legenda com 100 deputados e 20 senadores. Eu continuo a achar que o verdadeiro desafio do DEM ainda é sobreviver com um partido ao menos mediano, fugindo no naniquismo.

Blog do Reinaldo Azevedo 



 

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