Rodrigo
Maia, presidente da Câmara, sabe que foi (re)eleito para o comando da
Casa em razão do apoio do presidente Michel Temer. Sabe também, e as
evidências são escancaradas, que o Ministério Público Federal apelou a
uma impressionante cadeia de ilegalidades para tentar depor o
presidente. Ocorre que ele continua aquele mesmo que foi alçado ao
comando de um partido (o então PFL) por Jorge Bornhausen e depois lhe
deu uma rasteira e que se tornou figura graúda na Câmara em razão do
apoio de Eduardo Cunha, a quem também aplicou uma rasteira. Em julho,
tentou, com movimento idêntico, levar o presidente ao chão. Falhou,
apesar do apoio de “gente poderosa”.
Então
continua a fazer a defesa em tese da reforma da Previdência — afinal,
parte do seu eleitorado quer isso —, mas a se mover muito discretamente
para efetivá-la. Ao contrário, na entrevista que concedeu à Folha,
acreditem!, ele tenta culpar Michel Temer pela dificuldade de aprovar a
PEC. Segundo diz, se Temer não tivesse recebido Joesley Battista, não
teria acontecido o resto.
Ao não
reconhecer que o presidente foi alvo de uma conspirata, Maia, mais uma
vez, tenta se desvencilhar de um aliado pensando apenas no próprio
umbigo. Bem, nesse umbigo, é bom que ele escarafunche as profundezas, há
uma acusação feita pelo Ministério Público Federal, não é? Que ele
certamente não hesitaria em chamar de injusta.
Não há
como. O meu santo é o de Maia não estão no mesmo altar. Eu acho que
lealdade e coragem não virtudes intransitivas, valem por si. Se a causa
em nome da qual ambas se exercem é ruim, então se combata a má causa,
mas não aquelas virtudes. Já o deputado parece, quando menos, entender
que a deslealdade e parte da política e tem de ser entendida como um
valor instrumental.
Digam-me cá: fossem vocês políticos, entregariam seus respectivos destinos à fidelidade e à lealdade de Rodrigo Maia? Tenho para
mim que ele jamais será o comandante, ou um deles, de uma legenda com
100 deputados e 20 senadores. Eu continuo a achar que o verdadeiro
desafio do DEM ainda é sobreviver com um partido ao menos mediano,
fugindo no naniquismo.
Blog do Reinaldo Azevedo
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