Quando o registro do PCB foi cassado em 1947 o PCB deu por finda sua
política de “conciliação de classe” que o tinha levado a aconselhar os
operários a apertar os cintos. Greve por melhores salários, nem pensar.
Era antipatriótica, conspirava contra o governo de salvação nacional de
Getúlio Vargas. O PCB sentiu-se traído pela burguesia, que, guiada pela lógica da
guerra-fria, embarcou de proa na onda anticomunista que varreu o mundo.
Os comunistas entenderam que o pacto social estabelecido foi rompido e
movimentou seu pêndulo para esquerda.
O Manifesto de agosto de 1950, assinado por Prestes, foi a maior
expressão da guinada esquerdista. Os comunistas abandonaram os
sindicatos e a via parlamentar para se concentrar na via extra
institucional. Deliraram com a pregação do armamento geral do povo e a
criação de um exército popular de libertação nacional. A política sectária levou o PCB ao gueto, com a perda de vínculos com
a classe da qual se auto atribuía porta-voz e vanguarda. Isolado,
perdeu vínculos com a sociedade e suas fileiras definharam. Só voltou a ser um sujeito da vida política nacional depois que suas
bases atropelaram o sectarismo e pressionaram por enterra-lo, coisa que
iria se consolidar com a Declaração de Março de 1958.
A referência ao Manifesto de Agosto vem ao caso para entender o
movimento que o PT vem operando. Desde o impichi, sente-se traído pela
burguesia. A carta que José Dirceu escreveu ainda na prisão reclama
quanto a ruptura do pacto estabelecido e preconiza a inflexão à
esquerda, propondo um retorno aos tempos da política de “classes contra
classes” praticada pelo PT antes do seu amancebamento. [amancebamento que só prejudicou a outra parte, mais ainda o Brasil e mais, muito mais, aos 13.000.000 de desempregados gerados pelo maldito governo Dilma, fruto do maldito PT e corja lulopetista.]
O sentimento de traição entende-se porque, no seu governo, Lula
domesticou a CUT, o MST, a UNE e assemelhados, levando a pelegada ao
paraíso das estatais. Mais ainda, porque uma das poucas verdades que
Lula disse em sua vida é que empresários e bancos nunca ganharam tanto
como no seu governo. Quem leu o artigo de José Dirceu pregando o diálogo com os militares
percebe claramente que o PT está de volta aos anos 50, quando a esquerda
via o capital externo como um polvo a sugar as riquezas nacionais e
dividia as Forças Armadas entre oficiais “entreguistas e golpistas” e
“nacionalistas democráticos”.
Conheceremos melhor o “Manifesto de Agosto” petista no dia 24 de
janeiro, quando Lula será julgado pela segunda instância da Justiça
Federal. O PT quer fazer dessa data o seu 7 de maio de 1947, dia que o
registro legal do PCB foi cassado. Há uma falácia terrível nessa paródia. O PCB perdeu o seu registro
sem ter cometido qualquer desvio de conduta no terreno ético. Já Lula
corre o risco de ser condenado em segunda instância por ter pisado na
jaca em matéria de corrupção.
Mesmo assim, o PT e Lula anunciam uma estratégia de apostar no
confronto e de “ir até as últimas consequências” com a candidatura Lula.
Em outras palavras, travará mais a batalha no campo extra institucional
– leia-se por meio da “pressão das massas” – e menos no terreno
jurídico. [pressão das massas !!! isso é piada pra petista otário e outros militontos se autoenganarem; quando Dilma estava para ser escarrada, o presidente da CUT disse que iria pegar em armas, o estrupício do Lula falou aos quatro ventos que ia convocar o 'exército' de Stédile e Dilma foi escarrada, banida do governo e nada foi feito pela corja lulopetista.
Quanto o TRF-4 confirmar a condenação de Lula (a primeira de uma ´serie de 8) e determinar seu encarceramento a corja vai apenas dizer que foi golpe - tornando mais que atual o velho adágio: 'enquanto os cães ladram, a caravana passa' e, óbvio, que os cães são os militontos lulopetista.
E caso queiram perturbar a ordem pública no dia do julgamento as Polícias Militares dispõem de um bom estoque de 'spray de pimenta' e balas de borracha e sabem usar.]
Este será usado à exaustão com vistas a criar um clima de comoção
nacional. Lula e o PT acreditam que as massas emparedarão o Poder
Judiciário. Confia ainda que manterá seu bloco unido até o suspiro
final. A estratégia do tudo ou nada sempre dá em nada. Não será diferente com Lula. A esquerda sempre teve uma fé messiânica de que na hora do aperto as massas sempre saem em seu socorro.
Quando a Aliança Nacional Libertadora foi colocada na ilegalidade por
Getúlio Vargas, o PCB e a ala esquerda do tenentismo achavam que
estavam dadas as condições de uma insurreição que seria respaldada por
um levante popular. O putsch de 1935 não passou de uma quartelada sem
respaldo nas massas populares. O PCB, quando cassado, também não foi socorrido pelas massas,
sobretudo porque enveredou pelo sectarismo. Nada indica que será
diferente com o PT, se der consequência prática à sua estratégia
aventureira. Além do furo de não contar com as massas de um país cujo povo é
refratário a radicalizações, o estratagema petista tem dois outros
furos.
O primeiro é acreditar que a Justiça deixará seu caso arrastar-se até
a undécima hora, a ponto de fazer irreversível sua presença na urna
eletrônica. Tenho pra mim que a celeridade da Justiça Federal da 4ª
Região não será um episódio isolado no caso desse julgamento de Lula.
Por uma razão simples: todas as instâncias da Justiças terão o mesmo
entendimento que a eleição não pode ocorrer em meio a tamanha
insegurança jurídica.
O segundo furo é confiar na firmeza de aliados como Renan, Eunício,
Roseana Sarney e demais coronéis do Nordeste. Se não houver a garantia
de que a candidatura Lula não será impugnada ao fim do processo, eles
pulam do barco. Ou sequer entram nele.
O complicador para Lula é que não é possível ter uma estratégia de
dois bicos. Um, a sua candidatura e outro o chamado plano B. Essa coisa
faz água para um lado ou para outro., quando não faz para os dois.
Pensar em plano B para agosto é coisa para kamikaze. Mas pensar antes é
mandar para a cidade de pés juntos a candidatura de Lula.
Se para o PCB agosto de 50 foi a data histórica do seu movimento
pendular para a esquerda, para o PT agosto de 2018 pode ser seu mês de
cachorro louco.
Tibério Canuto - FAP
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