Foi preso nesta manhã desta quarta-feira (6), na Comunidade do Arará, na Zona Norte do Rio, o traficante Rogério Avelino dos Santos, o Rogério 157. Ele é o chefe do tráfico na favela da Rocinha, Zona Sul do Rio, e foi o responsável pelo início da guerra na comunidade em setembro deste ano.
Rogério
157 - Algemado, na Cidade da Polícia - Reprodução
Rogério
157 era um dos bandidos mais procurados do Rio de Janeiro e foi preso
na comunidade do Arará, na Zona Norte do Rio, e levado para a Cidade da
Polícia, no Jacarezinho, onde deve prestar depoimento. O
traficante foi localizado durante uma ação das polícias Civil, Militar e
Federal, da Força Nacional e das Forças Armadas nas favelas da
Mangueira, Tuiuti, Arará, Mandela 1, Mandela 2 e Barreira do Vasco. A
recompensa por informações que levassem à prisão de Rogério 157 era de
R$ 50 mil.
Ele era procurado por tráfico, associação para o tráfico de
drogas, extorsão e homicídio. Nesta
manhã, 2,9 mil homens das Forças Armadas participam da ação. Os
militares são responsáveis pelo cerco das comunidades. O espaço aéreo
também está controlado, mas não há interferência nas operações dos
aeroportos. Logo após a chegada na comunidade, no fim da madrugada, os
militares retiraram barricadas nos acessos às comunidades.
Memória sobre Rogério 157
A selfie da policial - WhatsApp / Reprodução
Memória sobre Rogério 157
A invasão
da favela da Rocinha foi ordenada pela cúpula da Amigos dos Amigos (ADA), após Rogério ter se
recusado a obedecer a uma determinação de Nem: ele deveria entregar o controle
da favela. Isolado na facção, o traficante agora busca novos aliados para
recuperar o território perdido. No áudio, ele cita o presídio onde cumprem pena
bandidos de uma facção rival, o Terceiro Comando Puro (TCP): “Bagulho agora é Bangu 6”.
“O Nem não é mais dono de nada
não, não é nosso patrão, não é nosso amigo. Ele mandou dar tiro na gente”. Num áudio investigado pela
polícia, Rogério 157 deixa bem claro para seu bando que rompeu de vez com seu
antigo chefe: Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que cumpre pena num
presídio federal em Rondônia. Segundo a polícia, o áudio foi feito após a
invasão da favela, no domingo, que culminou na expulsão de Rogério. O bandido,
que estaria escondido na mata atrás da Rocinha, teria mandado o recado à
quadrilha.
Rogério entrou no crime pelas
mãos de seu atual desafeto: ele era o segurança
pessoal de Nem. O
bandido fez parte do grupo de traficantes que invadiu o Hotel Intercontinental,
em São Conrado, em agosto de 2010. Na ocasião, o bando voltava de um baile funk
no Morro de São Carlos, no Estácio, quando se deparou com a polícia. Nem
conseguiu fugir. Rogério foi preso.
Também
fazia parte do grupo outro pivô da atual disputa pela Rocinha: Ítalo Jesus Campos, o Perninha, braço-direito de Nem. Ítalo foi encontrado morto no porta-malas
de um carro no dia 13 de agosto. A investigação da Delegacia de Homicídios
concluiu que Rogério foi o mandante da morte: ele temia que Perninha tomasse a
favela a mando de Nem.
Desde que
assumiu o controle da favela, em 2013, Rogério
ignora a existência da UPP no local. Sua quadrilha, inclusive, criou uma solução ousada para monitorar a movimentação dos
policiais: instalou câmeras dentro de caixas de plástico pretas em
diversos locais da Rocinha e do Vidigal. No último dia 24 de maio, sete dessas
câmeras foram apreendidas por policiais — uma na Rocinha e outras seis no
Vidigal, perto da base da UPP. Um inquérito foi aberto na 11ª DP (Rocinha) para
investigar o caso.
Diante da
falta de ação da polícia, o bando passou a contar com outras fontes de lucro na
favela. Além da venda de drogas —
que proporciona à quadrilha o maior faturamento da cidade, segundo a Polícia
Civil —, Rogério também decidiu explorar os moradores da favela: passou a cobrar pedágio pela venda de gás.
Informações
que chegaram ao Ministério Público dão conta de que, em oututbro — período que coincide com o assassinato de
Perninha —, o preço do gás passou de R$ 70 a R$ 100 na parte alta da favela.
Aos moradores, bandidos ligados a Rogério punham a culpa do aumento em Nem:
parentes do bandido estariam pedindo mais dinheiro a Rogério. Agentes que
investigam a Rocinha acreditam que o bandido usou o caso para trazer os
moradores para seu lado na disputa.
O Globo
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