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sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Lula não quer saber de prisão domiciliar e Editorial do Estadão: Golpistas úteis


Ex-presidente barrou iniciativa de tentar levá-lo para cumprir pena em casa - Lula diz a advogados que não quer saber de prisão domiciliar


Centro de uma controvérsia entre advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a possibilidade de um pedido de prisão domiciliar foi vetada pelo próprio petista. A hipótese chegou a ser considerada como medida para facilitar sua participação em entrevistas ou na produção de vídeos de campanha.

Lula quer apostar tudo na reversão da decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que o condenou a 12 anos e 1 mês de prisão no caso do tríplex do Guarujá“Não troco a minha liberdade pela minha dignidade”, tem dito a interlocutores, já que uma eventual progressão de regime seria encarada como uma “gentileza” do Judiciário — e ficaria nisso


O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence, que representa Lula nos tribunais superiores, chegou a apresentar um pedido de domiciliar à 2ª Turma da corte. O advogado Cristiano Zanin Martins, que acompanha Lula desde o início, sentiu-se surpreendido e reafirmou o desejo de seu cliente. Já Pertence avalia, desde então, deixar a defesa do ex-presidente. [se Pertence não fizesse questão de encerrar sua ex-brilhante carreira no ostracismo, não teria sequer pensado em ser defensor do condenado Lula.
O ex-ministro, e ex-brilhante advogado escolheu como destruir uma carreira brilhante.]

A única ideologia do PT é a que estiver mais à mão para satisfazer seu projeto de poder


A notícia de que o PT se aliou a vários partidos que apoiaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff, publicada pelo Estado, surpreende somente os incautos que ainda acreditam no discurso da pureza ideológica petista. Pois a única ideologia do PT é a que estiver mais à mão para satisfazer seu projeto de poder e de aparelhamento de setores fundamentais do Estado. Assim, o PT se apresenta hoje como partido de “esquerda” e como líder do “campo progressista” unicamente porque lhe é conveniente, e não por princípio ou convicção.
O assim chamado “socialismo” petista sobrevive apenas no palavrório de seus fanáticos militantes, pois na prova dos noves, quando exerceu o poder, o PT rapidamente esqueceu seu “socialismo”, julgando ser mais interessante associar-se aos compadres do capital para financiar sua permanência no poder. Flagrado com a boca na botija, e com seu demiurgo Lula da Silva na cadeia, o PT inventou o discurso da “perseguição política” e, em torno disso, retomou a verborreia esquerdista que tanto excita desavisados artistas e intelectuais, mas que, na prática, é mera tentativa  dar substância ideológica e sentido histórico ao que não passa de oportunismo barato.
Esse oportunismo se manifesta explicitamente na formação das alianças do PT nas disputas estaduais. A reportagem mostrou que em seis Estados o partido da defenestrada Dilma Rousseff será cabeça de chapa em candidaturas com legendas que os petistas classificam de “golpistas”. Em outros nove, o PT apoiará candidatos cujos partidos também ajudaram a derrubar Dilma.
É claro que os petistas, diligentes na hora de apontar as contradições dos adversários, já têm na ponta da língua argumentos para justificar seu constrangedor contorcionismo eleitoral. Segundo a presidente do PT, Gleisi Hoffman, “não há (contradição) porque estamos deixando claro que eles têm de apoiar Lula” e “ em todos esses casos (de alianças com os ‘golpistas’) tem apoio a Lula”. Ou seja, a necessidade de amparar seu encalacrado comandante obriga o PT a engolir seus alardeados princípios e associar-se a partidos e políticos que até outro dia demonizava furiosamente. É claro que isso tudo foi embalado pela conhecida retórica embusteira do PT – Gleisi informou que os partidos “golpistas” fizeram “uma autocrítica, inclusive”, razão pela qual estão agora devidamente higienizados e aptos a juntar-se aos virtuosos petistas.
No Ceará, por exemplo, o PT abriu mão de disputar uma vaga ao Senado para não atrapalhar a campanha à reeleição de Eunício Oliveira (MDB), que votou pelo impeachment de Dilma. E o presidente do Senado não decepcionou: “Eu sou eleitor do Lula. Eleições livres são eleições com Lula”, discursou Eunício em evento no dia 7 passado em Fortaleza.
O PT integra também a coligação do governador de Alagoas e candidato à reeleição, Renan Filho (MDB), filho do senador Renan Calheiros (MDB), outro que votou pelo impeachment de Dilma. Mas isso são águas passadas: o senador Renan conta com a popularidade de Lula da Silva para reeleger o filho e, por isso, não se constrange em vir a público para declarar apoio desbragado à “candidatura” do ex-presidente e, ao mesmo tempo, para maldizer o governo de seu correligionário Michel Temer. Segundo Gleisi Hoffman, agora Renan é parte do time: “O Renan teve um reposicionamento nessas questões que interessam ao campo progressista e popular”.
O tal interesse do “campo progressista e popular” foi definido de maneira bem mais singela pelo presidente do PT de Mato Grosso, deputado Valdir Barranco, ao explicar por que o partido está apoiando a candidatura ao governo do Estado do senador Wellington Fagundes (PR), que também votou pelo impeachment de Dilma. Segundo Barranco, não foi possível fechar alianças com siglas de centro-esquerda, razão pela qual o PT se viu obrigado a pensar em “suas prioridades”: “A política está em permanente mudança. Neste momento, a melhor tática é essa. Sem o ‘chapão’, não teríamos quociente eleitoral para eleger deputados”. Simples assim.
 


 

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