O
presidente Michel Temer fechou um acordo com o Judiciário para incluir o
reajuste salarial dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)
no Orçamento de 2019, que será enviado ao Congresso na sexta-feira. Para evitar
que o aumento, de 16,38%, impacte ainda mais as contas públicas, os ministros
da Corte se comprometeram a mandar ao Parlamento uma proposta acabando com o
auxílio-moradia. Para
reduzir o desgaste com o funcionalismo de aumentar apenas os salários dos
ministros do STF, Temer também desistiu de encaminhar ao Congresso uma proposta
para adiar o reajuste salarial dos servidores públicos de 2019 para 2020.
Segundo
técnicos do governo, a medida representaria uma economia de R$ 6,9 bilhões para
os cofres públicos e era importante para o fechamento das contas do ano que
vem. Hoje, cada juiz ganha, em média, de R$ 4 mil a R$ 6 mil de
auxílio-moradia. O custo ao Judiciário é de cerca de R$ 289 milhões por ano. Segundo
interlocutores do Palácio do Planalto, o Supremo vai entregar ao governo ainda
nesta quinta-feira uma proposta orçamentária na qual o reajuste será compensado
integralmente pela extinção do auxílio.
— Já está
resolvido, esse aumento incorpora o auxílio-moradia. O auxílio deixa de existir
e incorpora o aumento no salário. A proposta vale para todo o Judiciário
federal — afirmou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
No
entanto, apesar do discurso otimista do governo, o consultor de orçamento da
Câmara dos Deputados, Ricardo Volpe, estima que ainda fique pendente uma
diferença de cerca de R$ 350 milhões entre o valor do reajuste e o valor da
extinção do auxílio-moradia. Segundo Volpe, o reajuste salarial no Judiciário e
Ministério Público deve gerar impacto de R$ 930 milhões, enquanto o fim do
auxílio-moradia para o mesmo setor deve gerar uma economia entre R$ 530 milhões
e R$ 600 milhões.
Isso sem
contar o efeito cascata que o aumento de salário no Judiciário vai gerar entre
servidores do Executivo e Legislativo, já que o teto salarial do funcionalismo
é determinado pelos rendimentos ganhos pelos ministros do Supremo. Há dois
tipos de impacto decorrente do aumento do salário: o primeiro é o reajuste
automático nos vencimentos de magistrados de tribunais superiores (como o
Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior Eleitoral e Superior Tribunal
do Trabalho). Eles devem ganhar 95% do que recebe um ministro do Supremo.
O segundo
impacto é no teto do funcionalismo federal, que tem o subsídio de ministro do
Supremo como o valor máximo a ser pago a servidores públicos. Quando o
vencimento sobe, o teto acompanha esse aumento. Nos estados, que têm o salário
do desembargador do Tribunal de Justiça como teto do Judiciário estadual, o impacto
também se reflete. Temer
deve encontrar hoje o ministro Dias Toffoli para fechar os detalhes do projeto.
O presidente começou a negociar o acordo em conversas com Toffoli e o ministro
Luiz Fux na semana passada.
Depois do
acerto com o governo, o Supremo deve derrubar, em plenário, a regra atual do
auxílio-moradia. Hoje, ele é concedido a todos os magistrados, mesmo que já
tenham imóveis e não precisem pagar o aluguel. A tendência é a Corte reduzir o
pagamento apenas a casos específicos, onde não haja imóveis funcionais
disponíveis, e mediante a apresentação de recibo do pagamento do aluguel. Nos
bastidores, integrantes do STF tratam com prioridade definir logo o assunto,
agora que a disputa pelo reajuste parece equacionada. Ministros também querem
aproveitar para julgar processos sobre outros penduricalhos nos contracheques
do Judiciário e do Ministério Público. Toffoli, que vai assumir a presidência
da Corte no dia 13 de setembro, já sinalizou a colegas que tem interesse em
resolver o assunto de uma vez por todas. [Temer e membros do Poder Judiciários querem confundir alhos com bugalhos.
Vamos lá: o reajuste que estava sob ameaça de ser adiado era o dos funcionários do EXECUTIVO -= dificilmente seria adiado, visto o pagamento das parcelas anteriores o que tornaria altamente improvável adiar o pagamento apenas de uma parcela.
O reajuste dos servidores do JUDICIÁRIO e do EXECUTIVO não corria risco de ser adiado, visto que os servidores dos dois Poderes já receberam desde 2017 todas as parcelas do último aumento.
Assim, vai ser dificil que aqueles servidores 'engulam' a lorota de que o aumento deles, repetimos, que já teve todas as parcelas pagas - a última paga ainda em 2017 - seria adiado.
Traduzindo: agora aquela turma vai 'correr atrás' para obter reajuste, evitando o natural desgaste de aumento apenas para os salários do ministros do STF e demais membros do Poder Judiciário - tal desgaste também ocorrerá entre os funcionários do Legislativo, que ficarão sem reajuste, enquanto senadores e deputados receberão aumento salarial devido o efeito cascata.]
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