Quando o sujeito comunica a alguém que lhe deixou uma herança, não há
coisa mais decente a fazer do que morrer rapidamente. Mas Lula retarda o
enterro de sua candidatura-fantasma. Nesta semana, Fernando Haddad
percorre o mapa do Nordeste fazendo pose de herdeiro natural. Contudo, a
nova pesquisa do Datafolha sinaliza que o espólio eleitoral de Lula será disputado numa guerra fratricida entre Haddad, Marina Silva e Ciro Gomes. [que se explodam; Bolsonaro segue impávido e sem adversários.]
Com
sua teimosia metódica, Lula já conseguiu energizar o anti-Lula Jair
Bolsonaro (22%), mas mantém o companheiro Haddad (4%) em cena como um
poste apagado. No cenário sem Lula, informou o Datafolha, Marina (16%) e
Ciro (10%) dobram suas taxas de intenção de votos. Os dois já pegam em
lanças para avançar sobre o patrimônio da divindade petista, a quem
serviram como ministros. Forçam o PT a discutir se vale a pena esticar a
ficção que mantém Haddad longe dos debates.
Escorado numa
mega-amostra de 8.433 entrevistas, o Datafolha revela que, por ora, a
grande realização de Lula foi colocar Bolsonaro com um pé no segundo
turno. O capitão carrega a maior taxa de rejeição (39%). [taxa de rejeição que importância tem, quando o rejeitado é o melhor entre os demais melhores.
As mortes de militares ocorridas em confronto no Rio já mostram que Bolsonaro é a ÚNICA SOLUÇÃO.
Ou ele ou a institucionalização da criminalidade comandando o Brasil - não ficará restrita aos limites da Cidade Maravilhosa.] Porém,
empurrado pelo cabo eleitoral petista, furou o teto dos 20%. Seu
eleitorado parece rochoso o bastante para enviá-lo ao segundo round.
Confirmando-se essa tendência, restaria na disputa apenas uma vaga —a
vaga de candidato a oponente de Bolsonaro.
Mesmo preso e
inelegível, Lula é o preferido de 39% dos eleitores. Com o provável veto
que sofrerá do TSE, restará uma pergunta: conseguirá promover uma
transfusão de votos para Haddad? [Lula já era; quando a imprensa vai aceitar que mencionar Lula ´~e mencionar o nada = afinal a ideia virou um pum... .] O eleitorado dividiu-se praticamente ao
meio: 48% afirmam que jamais votariam num candidato indicado por Lula.
Mas outros 49% manifestam a disposição de votar no poste petista (31%)
ou pelo menos afirmam que “talvez” votem (18%).
Parece improvável
que Haddad (4%) permaneça rigorosamente empatado com Alvaro Dias (4%)
por muito tempo. Pela lógica, o prestígio de Lula o levaria a emparelhar
rapidamente com Geraldo Alckmin (9%), passando a enxergar Ciro (10%) e
Marina (16%) no para-brisas. O problema é que a campanha de 2018 é
curta. E o relógio do PT já não tem ponteiros, mas espadas.
Blog do Josias de Souza
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